quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3412: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (11): Ainda o Honório, o Jagudi... ou o puro gozo de voar (Jorge Félix)

Matosinhos > Restaurante Casa Teresa > 9 de Abril de 2008 > Reunião habitual, às 4.ªs feiras, da Tabanca de Matosinhos, a que compareceram desta vez os seguintes camaradas da Guiné, da esquerda para a direita: de pé, A. Marques Lopes, João Rocha, Eduardo Reis, José Teixeira, Armindo; na primeira fila, Jorge Félix (assinalado com um círculo a amarelo), Xico Allen e Silvério Lobo... À entrada da Casa Teresa, o António Pimentel. A tertúlia mudou, entretanto, de pouso, por falta de espaço.

Foto: © José Teixeira (2008). Direitos reservados


1. Mensagem, de 25/10/2008, do Jorge Félix, Ex-Alf Mil Pilav Helicópteros Alouette III, BA 12, Bissalanca, 1968/70, residente actualmente em Vila Nova de Gaia:

Assunto - O Honório

Caro Carlos:

Junto um mail que enviei ao editor do Blogue Especialistas da BA 12, Bissalanca, Guiné 65/74, e que gostaria que publicasses.

Julgo que pouco mais há a acrescentar, ou melhor, "faltar ao respeito ao Honório era acabar com os gloriosos malucos das máquinas voadoras" no nosso Blogue, [Luís Graça & Camaradas da Guiné,] e não contar outras histórias, mesmo que difícil entendimento, em prol da verdade que se pretende por estes lados.

Já agora: alguma vez tiveram que fazer uma "operação relâmpago", para recuperar o correio que o Honório, "inadvertidamente", atirava em rapadas que fazia enquanto gritava "Correio aéreo, amanhã trago-vos o saco" ?

Quando lhe apetecia verter águas, e continuo a falar das diabruras do Honório, com todo o respeito, o Jagudi (nome de guerra do H), lá aterrava na primeira pista que via. Antes que a protecção à pista tivesse chegado, já meia mijinha tinha sido feita. E o relatório era invariavelmente o mesmo:
- Então, necessitam de alguma coisa?.

Até acontecia,um ou outro, apanhar boleia à custa da bexiga do glorioso.

Por hoje já vou longo. Voltarei com o Honório se mantiverem os gloriosos malucos das máquinas voadoras (*).

Como disse o Luís, aqui a pista é larga. Pode-se fazer o toca e anda e, enquanto formos vivos, assobiar para o lado.

Jorge Félix (amigo pessoal de alguns malucos).


2. Mensagem de 24 de Outubro de 2008 do Jorge Félix para o Vitor Barata:

Vitor:

Já há muito que descobri que tu tens as tuas regras para gerir o Blogue. Pelo facto não deves esquecer que os outros, neste caso eu, também têm as suas...

Escreves para o Blogue do Luís Graça, poste P3351, e em determinada altura dizes:

"Seria possível, tanto humana como tecnicamente , um piloto da FAP rapar na bolanha para acertar nos nativos ...?" (seguem considerandos sobre o Honório que me escuso de escrever. Já não tenho pachorra para essas lengalengas).

Quem opinou deste modo sobre o Honório fui eu no poste P3259, de 1 de Outubro de 2008, e foi desta maneira:

" ... O Branquinho estava convencido que o Honório voava T6. Na verdade o Honório voou na primeira comissão, mas - e daí ficou a sua lenda - como fazia rapadas abaixo do nível do mar, a fim de acertar nos trabalhadores das bolanhas, foi impedido de voar T6 e passou a voar somente DO27.

Fui largado na Guiné depois de voar na companhia do Honório, de 28 Setembro até 17 de Outubro de 1968, e sem faltar ao respeito ao Glorioso Maluco das Máquinas Voadoras Honório, quero te dizer que testemunhei outras "manobras" que tanto técnica como humanamente parecem fora do alcance de "um qualquer" mas eram feitas para "gozo" de quem gosta de voar.

Claro que, na Guiné não se voava abaixo do nível do mar. Foi uma imagem de estilo para dizer que o Honório se mandava para cima dos nativos e os obrigava a saltar para dentro das bolanhas, durante as fugas das picadas dos D027.

Foi dele que escutei:
- Quando voava de T6 era com a hélice que lhes queria acertar!

Logicamente , se tocasse com a hélice "nos nativos", acabaria por ter um acidente.

Neste singelo dito, pretendi transmitir a personalidade do Honório. Tu Vitor, não percebeste.

Vou dar conhecimento deste mail ao Luís Graça

Jorge Félix

3. Comentário de L.G.:

Ainda bem que tu, Jorge Félix, glorioso representante dessa classe, em extinção, os Gloriosos Malucos das Máquinas Voadores, és o primeiro a reconhecer que esta série é uma homenagem, pura, singela, aos nossos camaradas da FAP que viviam no manicómio de Bissalanca e trabalhavam no inferno da Guiné... Era seria (é) uma razão mais do que suficiente para manter actividade dessa série. É verdade que tem estado muito centrada nessa fígura, mítica, ímpar, da nossa gloriosa FAP, muito popular entre o pessoal do Exército na Guiné... Refiro-me ao Sargento Piloto Aviador Honório...

Mas eu ainda acredito que vão aparecer mais histórias sobre os nossos pilotos e restante pessoal da FAP... Menos importante (ou interessante) pode ser o quid pro quo entre o Jorge Félix e o Victor Barata, resultante de um défice de comunicação entre os dois...

O raio das palavras que usamos, de vez em quando estão a traír-nos... Não quereria, no entanto que os dois únicos representantes da FAP no nosso blogue - se a memória não me atraiçoa - se travassem de razões por causa do Honório... Seria mau para eles, para nós, para a FAP, para todos os amigos e camaradas da Guiné. Sobretudo seria injusto para o Honório que, lá em cima, no Olimpo dos Pilav, deve estar a rir, a bandeiras despregadas, das partidas que nos pregava, e das evocações que delas fazemos, aqui no blogue dos Amigos e Camaradas da Guiné e no blogue dos Especialistas da BA12, dirigido pelo Victor Barata.

Que os nossos dois blogues sejam, por fim, um traço de união e não de divisão.

Um Alfa Bravo para o Victor e para o Jorge.
_____________

Nota de L.G.:

(*) Vd postes da série Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras:

23 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3226: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (1): Honório, Sargento Pil Av de DO 27 (Jorge Félix / J. L. Monteiro Ribeiro)

24 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3232: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (2): O Honório, meu amigo (Torcato Mendonça / Alberto Branquinho)

24 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3234: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (3): O Honório que eu conheci... em Luanda (Joaquim Mexia Alves)

26 de Setembro de 2008 Guiné 63/74 - P3245: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (4): Honório, o cow-boy dos ares (José Nunes)

30 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3256: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (5): Lembrando o Ten Pil Av Bettencourt (Henrique Matos)

1 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3259: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (6): Alguns esclarecimentos (Jorge Félix)

8 de Outubro de 2008 >Guiné 63/74 - P3281: Gloriosos malucos das máquinas voadoras (7): Desfazendo equívocos (Alberto Branquinho)

24 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3351: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (8): Homenagem à memória do Honório e do Manso (Victor Barata)

25 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3355: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (9): Ainda falando do Sarg Pil Av Honório (Rui Silva)

30 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3380: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (10): Quanda a guerra era com os copos... ou o elogio do Tosco, em Lisboa (Jorge Félix)


2 comentários:

Anónimo disse...

A propósito dos Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras alguém lembra-se da “estória” que no meu tempo corria de um piloto do Fiat que picava tão próximo da copa das árvores que quando subia na vertical incendiava a mata com o jacto do motor.?!!!
Henrique Matos

Anónimo disse...

O meu conhecimento do Honório.



Aquando dos reabastecimentos ou outra acção aérea, sabíamos de antemão quem era o piloto. A sua aproximação à pista logo o indiciava, esta no seu topo tinha uma série de arbustos em linha. Lá vinha a Dornier, com o seu trem de aterragem quase a tocar nos arbustos e contacto com o solo para se deter poucas dezenas de metros à frente. Perguntei-lhe uma vez qual a razão destas aterragens curtas, respondeu-me com a sua habitual boa disposição, que andava a tentar bater o recorde.

Tive oportunidade de voar com ele. Era bastante exibicionista, isso custou-me a quase engolir o estômago, quando ele picou e se elevou com rapidez. Consegui ficar caladinho só por uma questão de vergonha.

Era sabido que o Honório era bastante produtivo, isto é, por sua conta e risco aproveitava o regresso das suas missões para fazer mossas nos acampamentos IN."