Guiné > Zona Leste > Contuboel > CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 > Junho de 1969 > Uma fotografia politicamente incorrecta do meu álbum... Furriéis Levezinho e Henriques (eu...), no oásis de paz que era então Contuboel, no bem-bom da instrução de especialidade dada aos soldados, do recrutamento local, da futura CCAÇ 12 (na altura CCAÇ 2590)...
No fim da instrução, passado um meio e meio, a companhia, em farda nº 3 (!), estava a levar porrada da grossa, em Madina Xaquili... Em Contuboel, havia tempo para tudo, para longos passeios no Geba, viagens de carro, sem escola, e até para brincadeiras estúpidas... ou tão inocentes como esta simulação de um catana a exercer o seu mister no delicado pescoço de um tuga (o Levezinho)... Não tenho, no entanto, ideia de ter ido até Fajonquito, na fronteira... A Sonaco, sim... E, claro, Bafatá... (LG)
Foto: © António Levezinho (2006). Direitos reservados
1. Publicámos ontem o último texto das memórias do Chico, menino e moço, hoje o Sr. Eng. Cherno Baldé (*). Eis o mail que lhe mandei:
Querido amigo e irmão: Publiquei tudo o que me mandaste... Passaste a figurar, permanentemente, na lista dos membros da nossa Tabanca Grande... Espero que estejas bem, com a tua querida família, e que Deus, Alá e os bons irãs protejam o teu povo e o teu país... Conta connosco. Mantenhas. Luís Graça.
2. Ele acabou de responder-me nestes termos, o que quer dizer que
vivemos de facto na mesma Tabanca, a Tabanca Global:
Amigo e irmão Luis Graça,
Foi com muita satisfação que segui a publicação das minhas crónicas que chamei de 'memórias' . Pela reacção e comentários que se seguiram, acho que as pessoas compreenderam, e melhor que isso aceitaram, mesmo que só por algum momento, uma forma diferente de ver e de interpretar as coisas.
Agradeço a todos os amigos que fazem parte desta nossa Tabanca Grande e faço votos para que este ambiente de amizade e tolerância continuem a ser a pedra angular da nossa confraternização e irmandade.
Eu, apesar de pertencer a uma geração um pouco mais nova e nunca ter pegado em armas para combater, tive o grato privilégio de viver junto dos protagonistas da guerra de um lado e d´outro. Com os portugueses antes e os combatentes do PAIGC depois. Uns e outros apresentam forças e fraquezas, vantagens e inconvenientes, mas eu não tenho qualquer pretensão de julgar ou emitir juízos de valor, mas tão somente apresentar o meu modesto testemunho sobre factos e experiências que influenciaram a minha forma de ver e viver o mundo.
Não tenho quaisquer receios em especial na apresentação do meu testemunho e procurarei ser fiel ao principio da verdade e da imparcialidade e, fiquei admirado pela forma como todos conseguiram entender e penetrar lá dentro do meu espírito apesar das poucas palavras e do medíocre falar português.
Prometo continuar a colaborar na medida do possível e , nomeadamente, responder a algumas perguntas formuladas na sequência desta primeira publicação. A toda a equipa do Blogue e em especial ao meu amigo de Contuboel o meu obrigado e até breve.
Cherno A. Baldé
PS - O Luis Graça está, certamente, ao corrente de que entre Contuboel e Fajonquito, duas localidades vizinhas, existia e ainda hoje existe uma forte rivalidade e os seus encontros de futebol, por exemplo, sempre terminam na confusão porque nenhuma das duas partes admite a derrota.
_________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 6 de Julho de 2009 >Guiné 63/74 - P4646: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (5): A família extensa, reunida em Fajonquito, em 1968
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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4 comentários:
Também eu te chamo irmão, com aquele sentido bem próprio dos Guineenses. Devo dizer-te que,ao contrário do que julgas, expressas-te muito bem e fazes-nos sentir mais perto da «nossa»Guiné.Sim a Guiné também é nossa, não no sentido de possessão mas no sentido de comunhão com as suas tristezas e alegrias.A tua disponibilidade para integrares a nossa tabanca para além de representar uma grande valorização deste espaço de diálogo fraterno, revela um cidadão Guineense de grande categoria. Peço-te Cherno, que continues a falar da Guiné.
Quando aí voltar procurar-te-ei.
Carvalho- estive em Mampatá em1972/74.
Um grande abraço.
Cherno
Medíocre português?! Quem disse?
Venham mais escritos nesse... "medíocre português". Podem ser, também, em crioulo. Esses escritos ajudam-nos a ver a realidade da população com outras lentes. É assim como se observassemos a outra face da lua.
Parabens.
Abraço
Alberto Branquinho
CARO CHERNO,
NÃO NOS FAÇAS ESPERAR MUITO.
UM ABRAÇO
MANUEL MAIA
Cherno, caro camarada tabanquenho, não te fiques só pelo prefácio.
Esperamos pelos Capítulos que se seguirão.
Um abraço
Jorge Picado
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