Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Guiné 63/74 - P5607: Memória dos lugares (66): Iemberém, sede do Parque Nacional do Cantanhez, outrora campo de batalha (Luís Graça / António Faneco)
Guiné-Bissau > Região de Tombali > AD - Acção para o Desenvolvimento - Foto da Semana > 3 de Janeiro de 2010 > "Cantanhez – várias opções de turismo responsável. Cada vez mais, o Parque Nacional de Cantanhez oferece alternativas agradáveis a todos quantos gostam da natureza, de conviver de perto com as comunidades locais e conhecer a sua cultura, forma de viver e de pensar.
"Para os turistas que lá se deslocam é também uma oportunidade de ver como é que a partir de um programa de turismo responsável, as populações locais melhoraram as suas condições de vida, tendo agora acesso a um grande número de escolas, unidades de saúde, poços de água, instrumentos de transformação de produtos agrícolas e informação local via rádio e televisão.
"As mulheres assumem um maior protagonismo em iniciativas que lhes permitem aceder a novos recursos financeiros, da mesma forma que os jovens encontram novos empregos complementares com a sua actividade principal, a agricultura, ao se capacitarem enquanto guias ecoturísticos, escultores de madeira, guardas comunitários florestais e cantores" (Foto tirada em 16/9/2009).
Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2010). Direitos reservados. (Com a devida vénia...)
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Iemberém > 2005 > "Foto de um marco existente em Iemberem, sede da nossa ONG em Cantanhez, que foi reparado e que, em homenagem à ONG portuguesa Instituto Marquês Valle Flôr-IMVF (que intervém na zona e com quem vamos trabalhar no projecto Guiledje), se chama Praça IMVF.
"Este pequeno monumento evoca a passagem, por aquelas paragens, de uma companhia, presumivelmente de caçadores ou de artilharia, a 6521... No mural lê-se: OS NÓMADAS, PIONEIROS DE JEMBEREM, Pelundo > 27 Out 72, Cadique > 21 Jan 73, Jemberem > 20 Abr 73" (*)... Não sei quem é a simpatíquissima e bela menina, aqui na foto... provavelmente alguma cooperante ou até precoce ecoturista. O autor da foto não a quis identificar (LG)...
Foto (e legenda): © Carlos Schwarz / AD - Acção para o Desenvolvimento (2005). Direitos reservados (*)
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Jemberém (ou Iemberém, de acordo com a toponomia actual) é uma localidade onde a AD - Acção para o Desenvolvimento tem a sua base operacional (instalações de apoio aos projectos desenvolvidos no Cantanhez). É hoje uma das aldeias mais dinâmicas da Guiné-Bissau, sede do Parque Nacional de Cantanhez, cada vez mais visitado nomeadamente por truistas estrangeiros... Foto de Luís Graça, tirada em 2 de Março de 2008, por ocasião da visita , ao sul, dos participantes do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008) (**).
É espantoso como eles vestígios dos tugas sobreviveram, no todo ou em parte, à independência... tendo sido mais tarde, há alguns anos, carinhosamente perservados e restaurados pelos nossos amigos da AD - Acção para o Desemvolvimento e pela população local....
Neste caso, trata-se do monumento erigido pela a 1ª CART do BART 6521/72 (1972/74)... De acordo com a inscrição que se encontra na base do respectivo monumento, colocado na actual Praça IMVF - Instituto Marquês Valle Flôr (é visível o logótipo do IMVF na placa toponímica que foi acrescentada ao monumento, há uns anos atrás).].
O António Faneco (de alcunha, na tropa, o Massamá), que agora nos visita (e com quem já telefonei pelo telefone, tendo aceite o meu convite para se juntar à nossa Tabanca Grande) vem confirmar, na qualidade de ex-1.º Cabo da 1.ª CART/BART 6521/72, que a esta companhia, vinda do Pelundo, foi destacada para reforçar a reocupação do Cantanhez, chegando a "Cadique no dia 20 de Abril de 1973 pelas 8 horas da manhã e (...) a Jemberém pelas 12 horas, sensivelmente",, local onde montou a tenda (não havia qualquer povoação) e ali "permanecemos até dia 9 de Setembro de 1973, altura em que regressámos ao Pelundo", (**), depois de terem apanho muita porrada e sofrido dois mortos em combate (segundo me disse a telefone o António Faneco).
Eram naturalmente vizinhos da CCAÇ 4540 ("Somos um caso série"), que esteva em Cadique, na mesma altura, e a que pertenceram os nossos camaradas Eduardo Camnpos, Vasco Ferreira, António Santos, Albertino Nunes Ferreira (peço desculpa se, por lapso, omito alguém)...
O António Faneco mora hoje no Montiijo e prometeu visitar-me e mandar uma foto actual, como é da praxe.
Guiné > Região de Tombali > Cantanhez > Jemberém (como então diziam os tugas, de acordo de resto com a carta de Cacine..) > "Monumento que se encontra em Jemberém (este sim, é tal e qual como o deixámos), assim como o monumento em homenagem aos falecidos em combate… Paz à sua alma… Hoje vejo algo por cima do monumento… não percebo de que símbolo se trata" (António Faneco)...
Como eu já expliquei acma, trata-se de um simples placa topononímica, relativa á principal praça da aldeia, a Praça IMVF [Instituto Marquês Valle Flôr]. (LG).
Foto (e legenda) : © António Faneco (2009). Direitos reservados.
_____________
Notas de L.G..:
(*) Vd. poste de 3 Novembro 2005 > Guiné 63/74 - CCLVII: Projecto Guileje (2): arquitecto paisagista, precisa-se! (Carlos Schwarz)
(...) Caro Luís Graça: Só agora lhe respondo, uma vez que tivemos sérios problemas de acesso à internet no país.
Será com muito prazer que integrarei a vossa (já agora nossa) tertúlia.
Gostaria de aceitar a vossa sugestão de envolvimento no projecto e propor-vos, para já, que ela se materializasse na reconstituição do que era o quartel de Guiledje na época.
Procurei por várias formas aceder ao mapa do quartel aí em Portugal, tendo chegado à conclusão que provavelmente ele nunca terá existido. Nada que não possa ser ultrapassado, uma vez que com as duas fotografias tiradas de avião, um bom arquitecto não possa refazer o mapa e até uma maqueta.
É que nós gostaríamos de reconstruir o quartel à imagem daquilo que ele era, desde que isso não implicasse a destruição de belas árvores que entretanto se desenvolveram no interior.
Para isso, iremos fazer durante a época seca um levantamento topográfico com a sua localização, para que se possa casar com o mapa do antigo quartel.
Pensamos que os pavilhões da messe, etc possam ser adaptados para a formação de jovens no futuro CENAR (Centro de Aprendizagem Rural) e que a zona onde habitava a população possa ser aproveitada para: instalar habitações para novos habitantes da região e reservar uma zona para casas de passagem de visitantes interessados em fazer ecoturismo.
Ora é neste ponto que gostaríamos de ter o vosso apoio. Será que vocês poderão identificar um arquitecto, de preferência paisagista, que aceite fazer de forma solidária, a partir das fotografias aéreas, um mapa com todas as instalações, incluindo uma escala que nos possibilite saber as distâncias entre os edifícios, ruelas, etc?
Proponho igualmente que, quando for aí a Portugal no próximo ano, possamos fazer um encontro com as pessoas interessadas no projecto para incorporarmos as suas ideias. (...)
(**) 29 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2695: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral (29/2 a 7/3/2008) (11): Iemberém, uma luz ao fundo do túnel (Luís Graça)
(**) Vd. poste de 7 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5605: O Nosso Livro de Visitas (78): António Faneco, ex-1.º Cabo da 1.ª CART/BART 6521/72 (1972/74)
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6 comentários:
Caro Luís,
Ainda que de interesse lateral relativamente ao importante assunto do poste, aqui vai a informação da Companhia:
- CCaç 3327, mobilizada pelo BII 17, Angra do Heroísmo. Comandada pelo Cap Mil Artª. Rogério Rebocho Alves. Comissão de Janeiro de 71 a Janeiro de 73.
Integrou esta Companhia o nosso Amigo José Câmara.
Um abraço,
Carlos Cordeiro
Oops. Desculpa. Há mais nómadas na Terra e mesmo simultaneamente na Guiné.
Os nómadas de que falei pressuroso são, afinal, outros!
Um abraço,
Carlos Cordeiro
Conjugando os post's 5605 e 5607, sobretudo as fotos do marco d'OS NÓMADAS, PIONEIROS DE JEMBEREM, é pena que a peservação da memória dos tugas, esse marco, tenha sido alterado.
No meu entender, era preferivel colocar a placa toponimica noutro suporte. A memória seria mais genuina, e aquele pais mantinha a memória do seu passado que, indelevelmente passa por todos e cada um dos que lá estiveram.
José Martins
Caro camaradas,
Nós, os da CCaç 3327, já tinhamos perdido as penas quando os outros "Nómadas" apareceram.
Como os bons exemplos devem ser seguidos, não me admira que outros tenham usado o nosso nome.
De admirar, isso sim, foi o uso do mesmo nbome, quando "Os Nómadas" de Bissassema já eram bem conhecidos na Guiné, fruto dos discos pedidos através dos programas da rádio.
O nome "Os nómadas", da CCaç 3327, só apareceu quando a companhia foi transferida para Bissássema, em Novembro de 1971.
Até aí a companhia tinha conhecido os Adidos, o AGRBIS, dois acampamentos na Mata dos Madeiros, Teixeirra Pinto, os Destcamanentos de Teixeira Pinto e, finalmente, Bissássema (subsector de Tite).
Com excepção do AGRBIS, a companhia passou sempre pelo uso das tendas de campanha. Nos destacamentos de Teixeira Pinto só aconteceu durante o período de sobreposição, e em Teixeira Pinto estavamos em transição.
Para além disso a companhia só esteve junta (excepção feita à secretaria) quando esteve na Mata dos Madeiros.
São os factos que justificaram o nome "Os nómadas".
A ttulo de curiosidade, quando a CCaç 3327 chegou à Guiné, o seu crachá era bem diferente. Infelizmente não tenho nenhum exemplar, mas dizia "Açoriano não teme turra". Esse nome teve o aval da maioria, mas nunca nos deixou muito stisfeitos.
Já na Guiné, quando começamos a carregar as malas nas viaturas, para sairmos do AGRBIS para o nosso novo destino, um soldado gritou "Malas às Costas". Foi o início do processo da mudança de nome para "Os nómnadas".
Um abraço amigo,
José Câmara
Carlos: Todas as achegas são importantes... Obrigado. Assim, vamos compondo o nosso "puzzle"...
Soldado 020220 João Marques lopes
1 cart/bart 6521/72
Gostaria contactar com antigos camaradas da companhia
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