1. O nosso Camarada José Marcelino Martins, (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos mais uma mensagem, em 22 de Outubro de 2010, da série “Patronos e Padroeiros do Exército”:
Patronos e Padroeiros do Exército
Padroeira do Destacamento
© Foto: José Marcelino Martins (1969) – Direitos reservados
Nossa Senhora do Cheche
A imagem intitulada Nossa Senhora do Cheche, não é mais que a imagem da Senhora de Fátima que, para lá foi transportada, provavelmente, por um militar europeu.
A primeira unidade a instalar-se naquele destacamento foi a Companhia de Cavalaria nº 702, que em 5 de Junho de 1965 para ali enviou uma secção, reforçada poucos dias depois por um pelotão da Polícia Administrativa que, por sua vez, é substituído por um pelotão de Milícias.
Em 1 de Abril de 1967, a 3ª Companhia de Caçadores Indígenas já guarnece o destacamento do Cheche, quando é alterado o seu nome para Companhia de Caçadores nº 5, permanecendo naquele destacamento um Grupo de Combate (reforçado) e o Pelotão de Milícias nº 163.
Aquele destacamento passa a ser guarnecido por um Grupo de Combate (reforçado) da Companhia de Artilharia nº 2338, até ao dia 6 de Fevereiro de 1969, data em que é desactivado, após a retirada da guarnição que se encontrava no Cheche.
A imagem que se encontrava no Cheche em Junho de 1968, vem para Canjadude onde, em 12 de Maio de 1968, é incorporada numa procissão de velas, data em que se celebrava o 51º aniversário da primeira aparição, em Fátima, de Nossa Senhora aos pastorinhos.
Rezando e cantando, a procissão percorreu o caminho que levava à porta sul, na direcção do Cheche, tantas vezes percorrido pelas patrulhas quando se dirigiam para efectuarem operações para aqueles lados. Chegando ao fim do caminho, circundou uma árvore enorme, à sombra da qual se davam reuniam os “homens grandes”, regressando pelo mesmo caminho até ao aquartelamento.
Se no percurso de ida o caminho estava ladeado pela população que tinha acorrido, não só atraído pelas “ladainhas e cânticos”, mas também pelo cortejo de luz que as velas proporcionavam, no regresso pouca gente se via. Poucas pessoas estavam ao longo do percurso.
Feitas as orações finais e quando o padre Libório se voltou para os militares para proferir a despedida, ficou surpreso, direi mesmo espantado. Misturados com os militares metropolitanos estavam quase todos os habitantes civis que, tendo à frente os seus “sacerdotes”, com os seus terços, rezando a Alá, se foram integrando no cortejo, fazendo daquela procissão, um acto ecuménico espontâneo.
Quando deixamos Canjadude em Maio de 1970 a imagem ainda lá permanecia, desconhecendo-se se foi trazida por algum militar ou, na altura da desactivação do aquartelamento, teria ficado esquecida ou foi destruída involuntariamente.
José Marcelino Martins
Fur Mil Trms da CCAÇ 5
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
9 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7106: Patronos e Padroeiros (José Martins) (17): Curso 1962/1967 da Escola Naval - Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo
2 comentários:
Amigo José Martins
São interessantes estas descrições de harmonias de sentimentos religiosos, de nativos, com metropolitanos.
Quanto à imagem de Nossa Senhora do Cheche, (imagem da Senhora de Fátima) que estava no destacamento de Canjadude. Já enviei uma foto, eu junto da imagem, que foi publicada no poste P-5745. Aquilo que eu sei, é que essa imagem estava dentro do edifício da secretaria, no local oposto à porta de entrada, colocada numa peanhazinha. Quando eu deixei Canjadude, no final de Junho de 1971, ainda lá permanecia.
Um abraço
José Corceiro
Caro José Martins
Curiosa e interessante descrição sobre a imagem da Senhora do Cheche,aglotinadora de Almas e Crenças.
Um abraço
Luis Faria
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