Como diz quem sabe e por lá passou, Mampatá inspirava os 'Poetas', talvez por isso vários foram escritos por quem tinha arte e jeito. O Zé Manuel [Lopes], além de arte e engenho para tal, teve o condão de nos despertar para as rimas contadas das vivências por todos os que passaram por Mampatá... Aos que naquela estrada Buba-Aldeia Formosa lutaram. Mário Pinto
Cancioneiro de Mampatá (3) (**)
ESTRADA DA MORTE
Naquela maldita estrada,
A morte nos espreita;
Se o IN nos metralha,
A malta logo se deita.
Há minas e fornilhos
Que fazem muitas mazelas,
As picas vão a caminho
Com a malta à procura delas.
De repente a emboscada,
Na curva de Sare Usso,
A malta responde à metralha
Com tudo o que tem a uso.
Chamem os bombardeiros
Para os turras desalojar,
Bombas, roquetes e tiroteios,
Tudo para o IN matar.
Na puta da confusão
Abrimos fogo, ao desnorte,
Os turras fugiram em turbilhão
E nós tivemos manga de sorte.
Buba, estamos chegando,
Vindos de Mampatá,
Com' esta 'strada d'embrulhanço,
De má memória, não há.
Escrito por:
António Samarra
Sold At Cart 2519
(Os Morcegos de Mampatá, Mampatá, 1969/71)
[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 14 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8416: Blogpoesia (151): Gostava de vos falar dos esquecidos... (Josema)
(**) Último poste da série > 14 de Março de 2011 > Guiné
63/74 - P7942: Cancioneiro de Mampatá (2): Versos de Edmundo Santos (CART 2515,
Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1969/71), reproduzidos no blogue do nosso
camarada Mário Pinto
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