1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem:
Camaradas,
Ao aproximar-se o dia 20 de Junho de 2011, toda a CART 2519 “Os Morcegos de Mampatá” relembra o fatídico dia (jamais esquecido), do falecimento de um camarada nosso, que acompanhava a construção da maldita estrada nova Buba – Aldeia Formosa.
«Logo ao nascer do sol seguiu na frente da coluna constituída por máquinas da TECIL, capinadores, outros Grupos de Combate e uma força da CART 2519, constituída por 2 Grupos de Combate comandados pelo Alf Mil Frade - 2.º Comandante da Companhia -, em direcção aos trabalhos da estrada nova Buba-Aldeia Formosa.
Enquanto duas Secções picavam a estrada, o 2º. Grupo de Combate flanqueava o lado esquerdo da estrada em direcção a Sare Usso, num cruzamento que dividia a estrada velha da nova, local sempre considerado de grande tensão e perigo iminente, pois era um dos locais mais perigosos e fatídicos da ZO.
Passado o local sem incidentes seguiu a força, com a mesma disposição, em direcção a Sare Dibane onde se iriam começar os trabalhos desse dia.
Antes da nossa chegada à Zona dos trabalhos desse dia a mesma iria ser batida por granadas de obus 14 cm, como previamente estava estabelecido tendo nós - os flanqueadores -, recebido ordens para quando chegássemos a um determinado sector comunicar com o quartel, para que se iniciassem os disparos do obus, o que veio acontecer.
Como não houve resposta, progredimos em direcção ao objectivo, atingindo-o pouco depois.
O 2.º Grupo de Combate recebeu ordens para se instalar na periferia e fazer protecção aos trabalhos de estrada, tendo iniciado a capinação do mato.
Os trabalhos foram decorrendo com normalidade e, nesse dia, tudo parecia calmo, sem o IN dar sinal de vida o que era uma raridade.
Antes da nossa chegada à Zona dos trabalhos desse dia a mesma iria ser batida por granadas de obus 14 cm, como previamente estava estabelecido tendo nós - os flanqueadores -, recebido ordens para quando chegássemos a um determinado sector comunicar com o quartel, para que se iniciassem os disparos do obus, o que veio acontecer.
Como não houve resposta, progredimos em direcção ao objectivo, atingindo-o pouco depois.
O 2.º Grupo de Combate recebeu ordens para se instalar na periferia e fazer protecção aos trabalhos de estrada, tendo iniciado a capinação do mato.
Os trabalhos foram decorrendo com normalidade e, nesse dia, tudo parecia calmo, sem o IN dar sinal de vida o que era uma raridade.
Já passava das 14H00, perto de iniciarmos o regresso a Mampatá, quando a tragédia aconteceu. Um grupo do IN, estimado em 20 elementos aproximou-se do local onde se encontrava a força de protecção, sem ser detectado e abriu fogo de RPG 2 e tiro de metralhadora ligeira sobre a NT durante alguns minutos.
Primeiro foi a surpresa e logo depois a nossa reacção ao fogo do IN, que devido a nossa resposta retirou em direcção a Samba Sabali.
Nesta acção, o IN causou as primeiras 3 baixas à CART 2519: Primeiro foi a surpresa e logo depois a nossa reacção ao fogo do IN, que devido a nossa resposta retirou em direcção a Samba Sabali.
- Sold. At. N.º 17618068 - Vítor Manuel Parreira Caetano - Morto;
- ..."....."....".. 14218368 - José Ferreira Rodrigues Serrano - Ferido;
- ..."....."....".. 19101268 - António Relha Chouriço - Ferido.
Sob a protecção dos T-6, que entretanto levantaram da Pista de Aldeia Formosa, deu-se a evacuação dos feridos e o transporte do nosso camarada morto em combate, para Bissau, num helicóptero solicitado para o efeito.
Nesse dia á noite a consternação foi enorme nas hostes da Companhia, sabendo que no dia a seguir teríamos que voltar ao mesmo local. Felizmente o pessoal recuperou bem e, nos dias seguintes da construção da estrada, a CART 2519 cresceu, amadureceu e deixou de ser “PIRIQUITA”, pois as amarguras da guerra já a tinham marcado.
Os restos mortais do Vítor Manuel Parreira Caetano, estão sepultados no cemitério de Beringel, Distrito de Beja, de onde era natural.
Os seus camaradas nunca o esqueceram e todos os anos por esta altura vários elementos da Companhia da zona de Beja depositam uma coroa de flores na sua campa em nome da CART 2519.»
Descansa em PAZ camarada!
Mário Pinto
Fur Mil At Inf da CART 2519
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série de 12 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8410: Efemérides (50): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (Miguel Pessoa)
Sob a protecção dos T-6, que entretanto levantaram da Pista de Aldeia Formosa, deu-se a evacuação dos feridos e o transporte do nosso camarada morto em combate, para Bissau, num helicóptero solicitado para o efeito.
Nesse dia á noite a consternação foi enorme nas hostes da Companhia, sabendo que no dia a seguir teríamos que voltar ao mesmo local. Felizmente o pessoal recuperou bem e, nos dias seguintes da construção da estrada, a CART 2519 cresceu, amadureceu e deixou de ser “PIRIQUITA”, pois as amarguras da guerra já a tinham marcado.
Os restos mortais do Vítor Manuel Parreira Caetano, estão sepultados no cemitério de Beringel, Distrito de Beja, de onde era natural.
Os seus camaradas nunca o esqueceram e todos os anos por esta altura vários elementos da Companhia da zona de Beja depositam uma coroa de flores na sua campa em nome da CART 2519.»
Descansa em PAZ camarada!
Mário Pinto
Fur Mil At Inf da CART 2519
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série de 12 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8410: Efemérides (50): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (Miguel Pessoa)
2 comentários:
Camarigo Mário
É nisto que nós Combatentes, somos Diferentes.
"HONRAMOS OS NOSSOS MORTOS E TRAZEMO-LOS NA MEMÓRIA ATRAVÉS DOS TEMPOS"
Alfa Bravo
Luís Borrega
Caro Mário Pinto,
Embora não haja duas situações iguais, as experiências dizem-me que os trabalhos de proteção às estradas em construção eram extenuantes, complexos, perigosos, imprevisíveis.
Com o espectro da morte sempre a acompanhar-nos.
A tua história veio relembrar-me tudo isso.
Um abraço amigo,
José Câmara
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