1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Mexia Alves (ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73), com data de 18 de Dezembro de 2012:
Meus caros camarigos
Chegou o tempo do Natal, e eu lembrei-me de um sem número de situações.
Mas aquela que de mais me lembrei é a situação daqueles que andam por fora, (por tantas e tantas razões), e nestas alturas de festa, (sobretudo as da família), regressam a casa, para juntos gozarem a união de sentimentos.
É que afinal eles nunca saíram verdadeiramente de casa, apenas se ausentaram por uns tempos, sem importar verdadeiramente a razão ou necessidade que os levou a ausentarem-se.
Muitos até gostam de fazer surpresas e sem avisarem ninguém, um dia batem à porta, e dizem a quem abre: Bom dia! Aqui estou! Fui ali e já voltei!
São normalmente recebidos com grande regozijo por uns, outros sentem-se incomodados, mas de um modo geral a festa faz-se, porque é sempre bom rever aqueles que se tinham ausentado.
Vêm sempre mais velhos, com outros modos de lidar com “as coisas”, mas nem por isso deixaram o seu feitio e o seu modo de ser pelas paragens por onde andaram.
Apenas, de um modo geral, aprenderam a lidar melhor consigo próprios e a responder às diversas solicitações com que são confrontados, com uma calma e uma serenidade que lhes advém do “curtido” da vida!
Já são velhos para mudar, e por isso mesmo aquilo de que não gostavam, continuam a não gostar, mas arranjaram maneira de lidar com isso, com um “afastamento” emocional, que os deixa mais imunes às coisas a que são avessos.
Por isso mesmo me lembrei, neste tempo das festas natalícias, festas eminentemente familiares, de regressar ao “lar” dos “antigos” combatentes da Guiné, de onde aliás nunca tinha partido, mas apenas ausentado, para uma viagem curta a fim de desanuviar o espírito.
Por isso mesmo bato à porta da Tabanca Grande, e a quem me abrir, digo: Bom dia! Aqui estou! Fui ali e já voltei!
E esta vontade de regressar é ainda maior, quando ouço vaticínios de que “um dia a casa vem abaixo”, e isso eu não quero, porque também trabalhei um pouco nos seus caboucos!
Continuo a não gostar do que não gostava, mas como estou mais careca, o “fervilhar” dos sentimentos escapa-se com mais facilidade pela “moleirinha”, vulgo cabeça!!!
Hei-de comentar, hei-de rir e hei-de chorar, mas não mais me hei-de deixar incomodar!
Um Santo e Feliz Natal para todos e um Novo Ano ligeiramente melhor do que este que está acabar, e apenas ligeiramente, porque é sempre bom não “abusar da sorte”!
O grande e sempre camarigo abraço do
Joaquim Mexia Alves
Marinha Grande, 18 de Dezembro de 2012
2. Comentário de CV:
Caro Joaquim, camarigo
Chega-se aqui pelo Natal, conta-se uma história de alguém que sai e um dia volta, batendo à porta, para entrar, dando uma desculpa esfarrapada de que foi ali e já veio.
Pois é, mas o teu caso, mesmo no Natal, época em que os homens se sentem mais irmãos, não é fácil resolver. Sabes que tenho o pelouro de "abrir" as "portas" da Tabanca Grande aos novos tertulianos, camaradas ou não, estando portanto à vontade para tentar tratar da tua gravíssima situação.
Analizemo-la.
És um dos tertulianos mais antigos, fazendo já parte da mobília. Podemos até dizer que és uma peça muito pesada para ser removida. É que, quem tem 197 (cento e noventa e sete) entradas no Blogue e um número enorme de comentários publicados nos postes, não sai de ânimo leve. Pode dizer que saiu, mas a obra, leia-se colaboração, ficou e é património do Blogue e dos outros camaradas.
Posto isto, já viste a minha situação? Como posso abrir-te a porta se ela nunca se te fechou, melhor dizendo, se nem portas temos?
Para não perder mais tempo, nem te dou as boas-vindas. (Re)ocupa o lugar que foi sempre teu e faz de conta que não se passou nada. A propósito, de que estamos a falar?
Muito obrigado pelos teus votos natalícios, que a tertúlia agradece e retribui.
O teu camarigo
Carlos Vinhal
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 18 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10821: Tabanca Grande (373): João Manuel Pereira Rebola, ex-Fur Mil da CCAÇ 2444 (Guiné, 1968/70)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
9 comentários:
Caro camarada Mexia Alves
Nem calculas a importância que tem (pelo menos no meu pensar) o teres "ido ali e voltares".Podes crer que quando aderi ao nosso blogue tu eras um personagem que me impressionou e na realidade quando "foste ali"fiquei um pouco desiludido,mas o apareceres nesta altura vem precisamente dar uma "Boa Chapada de luva branca" a certos anónimos da treta.
Nunca consegui ir aos encontros da Tabanca Grande a Monte Real,mas tenho a firme convicção que um dia te irei conhecer pessoalmente.
Quem sabe um dia me faço convidado e vou provar um cozido á portuguêsa á Tabanca Centro.
Um abraço para ti e para todos os tertulianos de "Boa Fé "
Henrique Cerqueira
Olá Camarada
Já tinha andando à tua procura, mas não t'achei. Não te dou as boas vindas. Não se saúda quem não se esquece. Dá-se um "bacalhau" e diz-se: "Atão? E tudo começa a ser como era. Simples, mas quente é a melhor forma de recepção. Por isso, deixo aqui os meus votos de tenhas um Feliz Natal, na companhia dos que te são queridos, e que o ano de 20 e treze seja melhor que o de 20 e 12.
Um A. do
António J. P. Costa
Se há uma coisa que o Joaquim não é nem poderia ser... é "desertor"!... De resto, nunca dei conta que ele tenha "abandonado" a nossa Tabanca Grande, ostensiva ou discretamente.
Momentos de tensão, de conflito, de desconforto, em que o Joaquim manifestou, de viva voz, o seu desacordo em relação a "opiniões" individuais, aqui expressas nalguns postes ?... Ah!, sim, isso houve, sem que na maior parte das vezes isso viesse ao de cima, ao conhecimento dos nossos leitores...
Mas o que eu posso garantir é que ele nunca me/nos pressionou ou chantageou, com ameaças do género "Ou eu ou o caos!"...
O que é público é sua a posição, legítima, de num dado momento entender que deveria tornar-se menos ativo, quer como autor de postes, quer como comentador... E dedicar-se à Tabanca do Centro de que é régulo, incontado e incontestável... Aliás, pediu-me, de maneira afável mas determinada, como é seu timbre, para eu o dispensar das funções de consultor ou colaborador permanente da Tabanca Grande... O mesmo aliás aconteceu, na altura, com o José Manuel Dinis e com o Miguel Pessoa. Todas as "guerras intestinas" da nossa Tabanca Grande fossem essas!...
Em boa verdade, com quase 9 anos de existência e 7 encontros nacionais (três dos quais, com o selo organizativo da dupla Mexia Alves- Carlos Vinhal), eu acho que a nossa Tabanca Grande deveria ser um "estudo de caso", não só em Portugal, como em todo o mundo, de uma comunidade (não apenas virtual mas também física , real) de antigos combatentes que são capazes de sobrevalorizar o que os une e minimizar o que os divide, dando um extraordinário exemplo de tolerância, camaradagem, amizade, solidariedade e vontade de partilhar memórias e afetos.
Sei que esta quadra natalícia lhe diz muito a ele, Joaquim, que é um cristão de fé e um homem de paz e de boa vontade... Como diz, o Natal, a quase todos nós portugueses, culturalmente cristãos, mais praticantes uns ou menos outros ou mesmo nada, os restantes... Por isso permito-me sugerir a (re)leitura dum poema do livro do Joaquim, "Orando em Verso", que eu há tempos aqui reproduzi, e sobre o qual escrevi:
(...)" Para já, reproduzo aqui um dos poemas de que mais gosto, na sequência de uma primeira leitura: 'Natal no Iraque' (pp. 93/95). É uma forte afirmação da fé cristã do poeta, mas também é um sereno apelo à paz e à boa vontade entre os homens de todos os credos e nações, do próximo oriente ao próximo ocidente. Ah!, e como todos nós precisamos, hoje e agora, de paz e boa vontade entre todos os seres vivos que pertencem à espécie 'Homo Sapiens Sapiens', muitas vezes pouco ou nada sapiente, pouco ou nada inteligente, pouco ou nada tolerante... Enfim, um poema em forma de oração que bem podia ter sido escrito noutra data, noutro contexto. No Mato Cão, 1973... por exemplo" (...).
Obrigado, Joaquim, pelo teu testemunho, pelo teu exemplo, pela tua camarigagem (um termo do teu/nosso léxic)o... Um feliz e santo Natal de 2012. Luis Graça
_________________
1 DE JUNHO DE 2012
Guiné 63/74 - P9977: Blogpoesia (189): Natal no Iraque... (Joaquim Mexia Alves)
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/06/guine-6374-p9977-blgpoesia-189-natal-no.html
Sabes Joaquim,alguns abraços dizem
tudo.Mando-te um desses!
E os votos de um Natal-Natal!
J.Cabral
Caro Camarigo Mexia Alves,
Apreciei imenso "ta rentrée", assim como os votos de um Feliz e Santo Natal.
Peço a Deus que tos retribua a dobrar a ti e aos teus.
Um grande abraço.
Adriano Moreira
É difícil, quase impossível escaparmos ao sortilégio deste blogue.
Mesmo com desconforto, com tiros no pé, é sempre muito mais tudo o que nos une do que aquilo que nos separa.
Forte abraço, meu caro caro Joaquim,
um Santo Natal e um Bom Ano 2013.
Conta comigo no dia 30 de Janeiro.
A 29 tenho exames com os meus alunos da Universidade de Aveiro e no regresso ao Estoril faço escala em Monte Real, para o ataque ao cozido
da D. Preciosa, na preciosa, valorosa e valiosa companhia dos
tabanqueiros do Centro.
E foi através deste singular e único blogue que nos conhecemos todos, o que enriqueceu as nossas vidas.
Abraço,
António Graça de Abreu
Olá, caro Joaquim!
Também quero deitar faladura a propósito deste teu "regresso" (qual regresso?) a esta casa que, se por vezes pode parecer um "albergue espanhol", não o é de certeza nem acredito que para lá caminhe.
Tenho tido o prazer de nos encontrarmos na "tua/nossa" Tabanca do Centro, por isso a tua ausência tornou-se-me menos notada do que aconteceria se não tivéssemos essa outra casa para nos encontrarmos.
Mesmo que os não tenhas sentido, tenho a certeza que recebeste grandes e pequenos abraços de muitos (no meu caso tem de ser quase uma intenção de abraço porque, para este existir, ou me levantas ou terás de te ajoelhar!), é natural haver indiferença de alguns mas não acredito que possa haver repulsa de alguém perante a tua volta a esta nossa casa após uma ausência que achaste necessária para arejares um pouco.
Bem, a sério, baixa-te lá para te dar um forte e amigo abraço. Eh pá, também não era preciso ajoelhares, não sou assim tão pequenino! Tenho 1.63 m!
Ver-nos-emos, espero, a 30 de Janeiro lá pelas terras de Ulmar!
Com amizade
Manuel Joaquim
Ora eu, "puto novo" cá na casa, o que gostei de ler isto escrito "pelo mais velho":
"E esta vontade de regressar é ainda maior, quando ouço vaticínios de que “um dia a casa vem abaixo”, e isso eu não quero, porque também trabalhei um pouco nos seus caboucos!
Continuo a não gostar do que não gostava, mas como estou mais careca, o “fervilhar” dos sentimentos escapa-se com mais facilidade pela “moleirinha”, vulgo cabeça!!!
Hei-de comentar, hei-de rir e hei-de chorar, mas não mais me hei-de deixar incomodar!"
Picaram-nos?
Então agora têm que os aturar.
Um Abraço ao Joaquim Mexia Alves.
armando pires
Camarada Joaquim Mexia Alves
Como para mim tu nunca saíste desta casa, desta nossa imensa Tabanca Grande(e se foste ali, foi para fazer algum xixizinho rápido), eu apenas aproveito para te desejar e à tua família um Bom e Santo Natal, com muitas prendas (agora com a nossa idade somos mais de dar, do que receber - é assim a vida)e, também, um Feliz Ano Novo, com muita saúde e com a esperança num mundo melhor.
Um abraço amigo.
Luís Dias
Enviar um comentário