1. Apresentamos hoje o primeiro capítulo, de quatro, do Conto de Natal, "Papagiao Verde Versus Estrela do Norte", um original do nosso camarada Armor Pires Mota (ex-Alf Mil Cav da CCAV 488/BCAV 490, Guiné, 1963/65), oferecido pelo próprio, ao nosso Blogue, para ser publicado nesta quadra.
CONTO DE NATAL
PAPAGAIO VERDE
Versus ESTRELA DO NORTE
A dois combatentes lucidamente
apaixonados pela Guiné-Bissau,
Drs. Mário Beja Santos e Carlos Silva
A velha aldeia de Lala…
(Ou melhor, de Algures, por razões óbvias, que o meu tenente-coronel irá certamente descortinar) foi terra de África onde amei e sofri que nem um capado. Pois, que nem um capado! Agora, Algures mudou de sítio, mas não de nome. Nem de chefe de tabanca, o Gibril, o mais alto e o mais velho de todos. Tão pouco medrou. Fica na saída para Samã, onde me encontro neste preciso momento, de visita. Entre pesadas lágrimas e comoções fortes.
Apesar de tudo e dos anos, não esqueci o lugar amargo, onde volto, não para combater fantasmas, medos, mas para rever a boa gente. Logo, ao nosso anúncio, no barulho de um jipão ou na sua travagem brusca, me havia de aparecer Abdul, homem feito, já avô, à frente de um colorido cortejo a perguntar: corpo di bó? Corpo di bó… nosso alfero Casanova? Reconhecemo-nos os dois, depois de alguma natural hesitação, num abraço irmão, gritando os nomes. Foi assim neste preparo que Abdul começou a falar no Papagaio Verde… Outros olhavam-me desconfiados. Tiveram dificuldade em lembrar-se, obviamente, de meus traços. Muito normal. Perdi o cabelo, ganhei rugas com os trabalhos, mas, sobretudo, com os desgostos da vida; o azul dos olhos é menos limpo e preciso. Amarrotado, será o termo exacto. É certo que queria lembrar-me de todos os nomes. Só consegui recordar-me de alguns, que saltaram lá do fundo das areias movediças da memória. Antes de partir, revi papéis, até aerogramas em busca de nomes de gente e de terras. De peripécias também.
Para desfazer as dúvidas, fui forçado a mostrar-lhes fotografias do velho aquartelamento e da velha tabanca. Fotos que, pelo sim pelo não, levava comigo. Foram quase o meu cartão de apresentação. Mostrando-lhas, ia perguntando por cada um, este e aquele e aqueloutro, lembrando, também eles, nomes, capitães, alferes, furriéis, soldados, contando casos. E o reverso também foi verdade e eloquente. Daí a pouco, estávamos sintonizados, sem qualquer espécie de receios. Apesar da guerra e do tempo transcorrido sobre enxames de cicatrizes, não nos havíamos expulsado da vida uns dos outros. Por isso, não tardou a despertar a empatia de outros tempos. Agora, era só dar corda, fazer conversa. Desmontar o tempo e prolongá-lo. Desfivelar lembranças e dar-lhes guita.
Entre lágrimas e abraços largos ou contidos, estou entre gente negra e boa do meu tempo e de outras crianças, como então, igualmente de olhos mansos e muito húmidos e ainda de umbigos intumescidos. Crianças que os pais e os professores ensinam a aprender, devagar, um país novo, a soletrar outros sonhos, a adivinhar outros horizontes, a fazer contas de crescer. Mas confesso que logo senti o vazio de tanta gente que faltava, mas, sabia também, tinha uma certeza, que estava do meu lado de dentro, no vértice da alma. É certo que envelhecem as nossas mãos ao mesmo tempo, mas, às vezes, não envelhecem as memórias, apesar das sombras que carregamos de um tempo e de um lugar.
O terreiro ainda cheira às chuvas que tombaram de um céu de chumbo, anunciadas por relâmpagos tracejantes, ontem, e já esta manhã. As rajadas das chuvas e dos ventos queriam, à viva força, levar as cangras das moranças. O costume. As nuvens, volumosas e apressadas, correm para o sul. Como há trinta anos, Nas nuvens correm a minha alma e o meu corpo esfarrapado pelas memórias, restos de vidas de outros camaradas, enquanto o vento escreve ásperas melodias nos ramos de todas as árvores que no fundo incomodam. É isso que eu pressinto.
Com todos, o alquebrado chefe Gibril, que enxotava dois ou três cães magros, aturdidos pelas moscas, rilhando o dente, e com os mais velhos, parto mantenhas. Com as crianças reparto afectos na oferta de livros e lápis, lápis de todas as cores que África tem: branco-sumaúma, manga-laranja, banana-papaia, noitibó-colibri, azul eléctrico, azul-marinho, verde-tarrafo, pomba-verde, amarelo-dendém, negro-Papel-Balanta, chocolate-Fula-Futa, Fula, vermelho-acácia-buganvília, cadernos, muitos cadernos, para que pintem sua casa e sua terra, seus rios e suas canoas, um rebanho de volta, uma manada de vacas na cerca, um bando de pássaros conversando coisas de sempre sobre palmeiras e rios, gazelas e galinholas, sobre tanta coisa que sabem, pousados nos dorsos ou nos cornos de algumas vacas; livros, brinquedos, plasticina e, por acaso, meia dúzia de iô-iôs. Mas também bolachas e bombons, muitas bolachas e rebuçados. Esvaziei duas malas. Mais que fossem.
Foi uma festa. As crianças, descalças como no princípio do mundo, essas andavam num sino: batiam palmas, saltavam à minha volta, quase entravam em batuque, que é onde melhor se respiram os ritmos da alma africana e, em dias de ronco, onde explodem todas as paixões eróticas. Por mim, senti-me quase triste: tudo aquilo não era nada. Gesto de quase nada perante aqueles olhos infinitamente abertos, numa expressão de grande ansiedade, mãos desertas de pão macio e novo.
Nada, se comparado com as muitas caixas, cheias de livros escolares, novos e velhos, roupas e calçado, mais material hospitalar, mais mãos abertas, mais afectos, que, mais do que uma vez por ano, lhes deixa, com largas mantenhas e coração a derreter-se de ternuras e comoções, vicentinamente, o branco de coraçon, o rei-mago de prendas e afectos, que também viveu e sofreu na tabanca de Algures, o Carlos Silva. Trabalho cansado, dizem os mais velhos, mas muito gratificante e significativo, acrescento eu.
Os miúdos, esses arregalavam os olhos e voltavam a saltar, cantando; os homens e mulheres, com as mesmas chinelas plásticas de enfiar o dedo de há mais de trinta anos, interrogavam: quando volta home de coraçon, nosso alfero? Por certo, não iria demorar, adiantava-lhes como um crédito de esperança, o único banco para quem é pobre. Como eles.
As mulheres e as raparigas, mama firme, regressavam das lalas, que agora cultivavam sem medos e sem obrigação de dividir o arroz ou a mancarra por terceiros, com a resignação de quem aceita uma lei, de quem não tem meios para escapar à exploração, fossem administradores ou simples chefes de posto, que guardavam uma parte do fruto do seu suor e trabalho. Depois, ainda havia, antes da guerra, alguns lojeiros sem escrúpulos, onde as contas nunca diminuíam, pelo contrário, avolumavam-se como nuvem no céu em tempo de tornado.
Algumas mulheres chegavam, de balaios à cabeça, cheios de quase nada. As mais novas traziam as crianças atadas às costas com amplo lenço. As raparigas alegres como pássaros, com panos vistosos presos à cintura, mostravam a pele luzidia, a mama firme, sempre atraente, ardendo sonhos e desejos. Um ou outro homem vinha das bolanhas ou campadas com a velha catana debaixo do braço.
Todos queriam estar no centro do acontecimento. Era um homem branco. Olhos perscrutadores. Os homens mais velhos, de rostos enxutos (rapazotes ao tempo), mas, agora anavalhados de rugas, ali estavam ainda: Gibril Sosso, Mamadu Sissé. Esses contavam, no bentabá, histórias passadas, ou faziam tempo à sombra. O costume. Vida mansa, corriqueira, sem grandes horizontes. Entre as mulheres, que se iam juntando, receosas, reconheci pelos traços a Fili, a Sano, a Fatu, as belas raparigas do meu tempo, mas faltavam outras. Outras, mais novas, eram totalmente desconhecidas. Mesmo assim, sorriam a alma, mansamente, à minha presença. Pressentiam amizades antigas com seus avós.
Na contra luz, Algures desola-me. Mudou-se e não mudou. Não sei porquê, dói-me. Pouco ou nada sobra de nós. Uns pedaços de vida, mais de dor e morte, que a guerra não desaparece nunca. À primeira vista, só um marco ficou: a amizade.
A nova tabanca está mais pequena, julgo que com menos moranças, mas também posso estar enganado. E falta-lhe a serração do cabo-verdiano que, quando sentiu a ameaça do PAIGC, se escapuliu. O campo de aviação é uma seara de capim, onde só os pássaros pousam e levantam. Mais as nuvens das rolas. As populações reocuparam as antigas aldeias, como Fambantã, e os terrenos que haviam abandonado. Não há sinais da nossa passagem e de outros. Paisagem quase desabitada de nós. Ao contrário dos antigos aquartelamentos do sector (como Nema, Cuntima, Candjambare), tudo foi demolido e arrasados todos os abrigos das metralhadoras e do pessoal. Também, afinal, para que prestavam? Tudo, não direi bem. Salvaram-se a messe e a casa onde dormiam o capitão e os furriéis. E a bela Mónica, pois, num Natal, por sinal, sem dedos no gatilho. De qualquer modo, tudo me faz regressar mais de trinta anos atrás, quando a aldeia estava deserta e já não barulhava sob o estridular das máquinas de uma serração.
Quando a tropa lá chegou, estava abandonada.
Rodeado de tantas mulheres, a quem custava falar, me pareceu, por via de todos os trastes que carregavam à cabeça e nas mãos (e não era por via disso, só entendi mais tarde) ou por outra razão que só elas sabiam, logo perguntei, como para confirmar o que, infelizmente já sabia, via Net, pela que fora a menina bonita da tabanca, do quartel, a mais querida, a inesquecível Usse ou melhor, na nossa terna linguagem, Usita, de corpo franzino e de uns olhos cintilantes, um sorriso profundo e tranquilo, e que, por vezes, à noitinha, muito terna, se ia sentar, ora nas pernas do Dr. H. S. Franco, solteiro, mas muito paternal, ora nas do furriel Lima, que Deus também já lá tem, muito solícito e menineiro, amparada de mimos nos seus braços.
O resto do sol, alaranjado como cacho de palmeira, dourava-lhe a pele macia, o cabelo em trança. Nos pulsos usava malilas. Era sempre a primeira a esperar-nos junto do cavalo-de-frisa, feito de cibe, quando regressávamos do mato. Às vezes, chorava a nossa tristeza ou esconjurava o nosso desânimo com o seu sorriso enorme, pegando na nossa mão. Também outras a imitavam na sua inocência. Cenas ontem comoventes e lembradas agora dolorosamente no local com lágrimas que tentei apagar com palavras desconexas e puxando o boné para os olhos.
Mostrei-lhes uma foto, a cores, de Usita. Tinha uns belíssimos 18 anos. Trajava um vestido florido, onde sobressaía a cor rosa, e um lenço, apertado no coruto da cabeça, escondia-lhe o cabelo, todo em bandós, tombando sobre o pescoço, alto e elegante, adornado com um colar de várias e belas missangas. O vestido, nada decotado e sem mangas, era curto, bem por cima do joelho, e justo o suficiente para desenhar-lhe um grácil busto, onde marcavam pontos os seios rijos e as ancas cheias.
Os olhos eram redondos e festivos. Dos lábios carnudos desprendia-se o lume de um sorriso fino e redondo, largo e infinito, arregaçado até à quase luxúria, bem desenhado por entre a fieira dos dentes, impecavelmente brancos. A pele luzidia. Macia e boa. Nas orelhas reluzentes brincos; no braço direito uma pulseira fina. Os dedos pingando uma malinha branca. Calçava sandálias de couro. Estava feliz. A tropa e o pessoal da tabanca continuaram a respeitar-se, depois de nós, era quase uma família. Por outro lado, Usita tinha ali, todos os dias, sob os seus olhos, às vezes sob os seus lábios, o grande amor da sua vida, o seu alfero. (Omite-se, obviamente, o nome, para salvaguardar relações actuais). A rapariga só tinha olhos para ele. Suponho, não tenho a certeza, que foi o próprio oficial miliciano que quis guardá-la, como num filme, aquele momento, no esplendor da sua beleza.
Por mim, confesso que, quando vi a sua foto no écran do computador, graças ao e-mail do Carlos Silva, fiquei radiante, a admirá-la. Encantadora, de verdade! Porém, este embevecimento foi efémero. Essa alegria logo entrou em ruína, quando, em nota de rodapé, soube que casara com um combatente da liberdade, que gostava tanto de usar as camisas cubanas, as goiabeiras, como as palavras e barbas de Fidel. Não sei por quantas vacas foi ajustada aos pais (também não será de bom tom perguntar-lhes, nem isso interessa para o caso) ou por quantos pesos. Duas vacas valiam mais ou menos quinhentos pesos. Mas sei que ela valia muito mais: respeito, amor, carinho, um chão livre.
Casada, fora então viver para “o chão papel” de Bissau, onde sofreu violência doméstica de toda a ordem, pois, desconsiderações, maus-tratos, vindo a morrer. Havia-se enamorado, bem antes deste casamento, esclareça-se, de um alferes com quem continuara, ainda por algum tempo, a corresponder-se em português escorreito. Ardendo paixão antiga, fogo ardente. As cartas eram verdadeiros hinos ao amor. Disse-mo o meu amigo e eu acredito. Estava ali, salvo as devidas distâncias, uma pequena sóror Mariana Alcoforado de África, que dizia do seu sofrimento pela ausência do alferes e das vezes que lhe passara pela cabeça pôr termo à vida.
“ (…) Não posso viver mais sem ti. A minha vida é um calvário, todos os dias. Escolhi o marido errado, que pensa mais na revolução do que em mim. Na revolução e nas mulheres combatentes. Vem buscar-me. Leva-me contigo. Combinaremos quando e como. Estou desesperada. Sozinha, não sei o que realmente fazer. Já pensei várias vezes em matar-me. Se calhar, é o que irei fazer, não sei quando, mas não tenho outra saída. A única é o teu amor por mim. Amo-te imenso, não me sais do coração, ora em fogo por ti, ora em revolta surda contra o Mamadu Candé (…)
Creia, meu tenente-coronel, que, ao confirmar, mais uma vez, a sua morte, levei um segundo murro no estômago. Ainda mais forte. Como se a terna rapariga fosse da minha família. Parece impossível, mas foi isso que aconteceu, passado todo este tempo.
Eu, como todos, gostava dela e do seu sorriso quente, orvalhado de azul. Duas lágrimas fenderam-me os olhos, doeram fundo, e lembrei ali o que já havia escrito, mais ou menos isto, numa pausa de tristeza e silêncio. Coisa pindérica, dirá, nunca foi com a poesia, mas, olhe, são palavras muito sofridas:
Choro, Usita, a tua ausência, nos teus eternos olhos transparentes e buliçosos de colibri. Durante quase dois anos, eu ia a escrever desde sempre, conheci os teus olhos e mãos, dedos longos, escrevendo em cadernos letra redonda, de mão firme e sábia, e doçuras na tardinha, quando vinhas trazer-me a roupa lavada. Lembras-te ainda? A tua mãe era a minha lavadeira. Dava-te sempre mais alguns pesos.
As tuas mãos e os olhos inocentes traziam-me assim a força e o desejo da paz e sei que da tua boca se soltava um sorriso fresco como se fosse um pássaro azul. Hoje, trazes-me a tua lembrança branca de eternidade, dás-me de tão longe a tua mão branca. Talvez, um dia, ainda possa vir a escrever um livro ou um poema de África, que comece e acabe, exactamente, com o teu nome. O título até já o desenhei: “A menina que tinha sorriso de pássaro azul”. Ou já estou escrevendo. Hoje, trazes-me a África que passa constantemente por debaixo das janelas dos meus dias, da varanda da minha casa. Trazes-me a luz limpa das madrugadas amanhecendo o perfume e a cor das acácias vermelhas e o rumor dos rios. Não é o tempo que me faz falta. É o teu sorriso azul, o resto da tua história, da tua acesa paixão pelo alferes, bela como um conto de fadas… Com um fim que não merecia, eu sei.
Alá esteja contigo onde quer que estejas, querida Usita!
Alah uquibaro!
Quem também não enxerguei foi a bela Fatumata.
Fiz algumas perguntas: Casou com o João? Teve filhos? O que lhe aconteceu, que não a vejo? Que papel desempenhara na luta? Em que tabanca morou?
Consegui saber naquele momento pouco menos do que nada. Que acompanhara o João na clandestinidade, na fuga ao inevitável cutelo ameaçador, mas já não chegara com ele a Algures, adiantou uma mulher alta em seus ombros estreitos, deitando algumas lágrimas que escondeu com as mãos. Foi como que um segredo que fez crescer o alforge das angústias e das perplexidades. Ficámos por ali. Mas prometi-lhes que ainda havíamos de falar noutra altura. O grupo fechara-se nesse aspecto, adensando a nebulosa de um mistério. Talvez as lágrimas fossem o caminho para desvendar mais alguma coisa, pensei, mas a sós. Noutra ocasião. Queria, no fundo, sacudir alguns fantasmas, que estavam a surgir, mas alguns pingos apressados de chuva rasgaram as nuvens e mataram naquele ponto a conversa. Fomos uns para cada lado.
(Continua)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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4 comentários:
Meu caro Armor Pires Mota:
Que turbilhão de emoções e de memórias, nesse teu regresso a Algures/Nenhures!... Só um grande escritor, com o teu talento, sensilidade, maturidade e recursos estilísticos, consegue dominar esse caudal, tão poderoso como os rápidos do Saltinho!
Deixa dizer-te quanto nos honras, a todos nós, amigos e camaradas da Guiné, aqui reunidos sob o secular, mágico, frondoso e fraterno poilão da Tabanca Grande, com a generosa oferta deste teu Conto de Natal, inédito. Confesso que foi um surpresa bem guardada e bem gerida pelo Carlos Vinhal e pelo Beja Santos. Estou a ler o texto pela primeira vez, e li-o de rajada, com um brilhozinho nos olhos!
Está aqui o melhor do Armor Pires Mota, o homem e o escritor, que já nos deu algumas das melhores obras que vão ficar para a história da literatura da guerra colonial.
Fico ansioso por ler a continuação do teu Conto de Natal, mas o que já li foi o sufuciente para te dizer que esta era mesmo a prenda de Natal que a nossa Tabanca Grande estava a precisar de receber, a 4 meses de completar, em 23 de abril de 2013, nove anos de existência.
Sei que não és homem de tertúlias, mas o teu gesto, de grande generosidade, ao oferecer o teu conto à nossa Tabanca Grande e ao dedicá-lo a dois grã-tabanqueiros como o Carlos Silva e o Mário Beja Santos, só pode ter um significado, o de quereres honrar-nos, daqui para o futuro, com a tua presença, física e simbólica, sentado no bentém da nossa Tabanca Grande, à sombra do nosso poilão.
É a minha modesta prenda de Natal, peço-te que a aceitas, companheiro, o lugar nº 592, à mesa redonda da Tabanca Grande, a imensa mesa onde comemos o mesmo pão, uma mistura que eu diria - sem querer ofender nenhum crente - que foi amassada por Deus e pelo Diabo.
Espero que o Carlos Silva e o Beja Santos consigam o que eu ainda, até agora, não consegui, que é aceitares o modesto convite que te fiz em tempos, e que agora transformo em prendinha de Natal. Ao fim e ao cabo, é a única maneira de te mostrar o nosso reconhecimento, como teus camaradas e teus leitores.
Um santo e alegre Natal para ti e para todas as Usitas da Guiné-Bissau!
Há dias, inocentemente vejo agora, propus-me escrever e o Carlos Vinhal mais o Luis Graça, até derem me derem guarida e publicaram os meus "melhores 40 meses da minha vida". Agora depois de ler e ver como se escreve (e até já estava a escrevinhar novas coisitas) desisto e serei um apenas, também um leitor do Armor Pires Mota, que espero aceite o "modesto convite" dos editores do Blog.
Abraços, boas festas.
Veríssimo Ferreira CCAÇ 1422, K3, 8/65 a 4/67.
Veríssimo... Desistir, nunca! A escrita é uma tarefa árdua. Como a vida. Como tudo na vida, para quem, como nós, não nasceu em "berço de oiro"...
A escrita melhora-se, justamente escrevendo... Tal como tu aprendeste a andar, andando, caindo, levantando-te e andando...
A tua mensagem pode ser entendida, pelos nossos camaradas que acham que têm menos "talento" para a escrita, como um desencorajamento!...
Sei que não é esse o teu propósito, nem o blogue é um concurso literário!... Todos temos aqui lugar, com as nossas histórias... Tu próprio tens sido uma agradável surpresa, pela espontaneidade, irreverência e originalidade da tua escrita... Em suma, não penses que te vais livrar de nós, teus leitores!...
Agradeço, em todo o caso, o teu contributo para que as nossas "diligências diplomáticas" sejam bem recebidas pelo nosso camarada e ilustre escritor Armor Pires Mota.
Prezado Armor Pires Mota,
Falar do seu talento literário, é uma repetição.
Vou falar do tempo onde a minha memória me levou ao ler seu nome: mais de quarenta anos atrás. Lembro de meu pai e meus tios (os Pires de Samel, professores em Samel, Bustos, Anadia...)se referirem a você em termos elogiosos. Talvez tenha registado,porque era raro ouvir elogios da parte deles.
forte abraço Vasco Pires
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