1. Quarto e último capítulo do conto de Natal "Papagiao Verde Versus Estrela do Norte", um original do nosso
camarada Armor Pires Mota (ex-Alf Mil Cav da CCAV 488/BCAV 490, Guiné,
1963/65):
CONTO DE NATAL
PAPAGAIO VERDE
Versus ESTRELA DO NORTE
A dois combatentes lucidamente
apaixonados pela Guiné-Bissau,
Drs. Mário Beja Santos e Carlos Silva
A velha aldeia de Lala…
Quando as flores secaram e acabou o stock, o Azambuja
nunca mais enviou folhas de manjerico e a noiva perguntava
constantemente por elas, segundo me confidenciava, e se ele… já tinha
mudado de sítio. Ou se já a tinha trocado por uma negra. Nunca me
descosi. Depressa, o jardim foi a antítese da paz e da harmonia, uma
trincheira.
4.º Episódio
Quando acabámos de fazer o Papagaio Verde, que íamos
dizendo, entre goladas de vinho do Porto, bem saboreadas, e alguns
sorrisos breves, que era para o Menino Jesus, mas era, na verdade, para o
menino negro, caminhava para a meia noite e nem uma voz longínqua,
pelos quintos do inferno, ou leve restolhada acordavam a solidão que
pasmava pelas profundezas da mata além.
Mas nasceria, simbolicamente, Deus naquela noite como
na aldeia, no presépio, um pouquinho em nós? Mistério de Deus. Uma coisa
todos sabíamos: é que nem o capelão viera. Fora para Guidage, sempre
muito assediada pelo IN, dissera o radiotelegrafista. Disse e todos
ficaram tristes como qualquer poeta de sonhos de menino. Àquela hora, ao
rés-do-chão do Senegal, talvez até tivesse dado já a beijar a imagem,
que levara em mala de mão, entre paramentos e estampas. Nós, só ao outro
dia. Se o Menino Jesus não se deixasse apanhar pelos guerrilheiros cujo
número crescia, brincava eu…
A mulher do capitão, sentada em cadeira com breve
espaldar de madeira, soprava-se, agitando um leque, de jornal feito. Ou
era um leque de palha? Olhe, já não me lembro bem! Para o efeito
literário tanto faz. O ar fazia forno e, via-se, vadiava os olhos por
longe, em terra nenhuma. Como nós. Imensas vezes.
– Ser mãe de soldado ou mulher de capitão, hoje, não é fácil. É
princípio de lágrimas. A desgraça pode bater-lhes à porta pelas cinco da
tarde, como diz o poeta – desabafou, voz corrida, a professora.
– Tens medo de quê, Mónica? – Era o capitão a questioná-la.
– Nem sei bem, mas cheira a coisa estranha, ruim.
Mónica, muito pensativa, como se, antes de dizê-las, penteasse as palavras, os pensamentos:
– Aqui não se pode falar em medos, pois não?
– Olha, hoje é noite de Natal. Querida, não se fala mais nisso… que dói. E, ponto final!
E muito menos se falaria no caso do Pônas.
Para a missa erguemos um arco triunfal de palmas,
arrancadas às jovens palmeiras da beira do rio, ao lado da mesa da
messe, onde a gente comia bifes de vaca velha, de anos e anos. Por
vezes, regados com um carrascão de se lhe tirar o chapéu. Até dava para
escrever nas paredes palavras obscenas, que alguns se lembraram de
disfarçar para o padre capelão não se escandalizar, e muito menos o
Menino. Em face disso, ainda chegámos a pensar em pedir ao almany
permissão para a missa ser celebrada na mesquita, que o pelotão do
alferes Cunha Matos decidira erguer, com a aprovação de negros e
brancos, no centro da aldeia. Distinguia-se do comum das casas. Mas era
seguramente um longínquo arremedo da bela mesquita de Bafatá que pousava
no meio da povoação. Fora construída sobre o comprido e tinha porta
voltada para Meca. Como se fosse a ábside. Tinha também, a anteceder o
edifício, se é que posso dizer assim, um alpendre amplo, também coberto
de chapa de zinco. Contornava o arremedo do templo ainda outro alpendre,
este mais estreito. Isto, depois de construída uma tabanca de raiz, com
os mesmos materiais: adobes feitos de terra negra, misturada com algum
capim e calcada pelos negros. Com uma diferença: era coberta a chapa de
zinco. Uma e outra coisa tiveram eco nas aldeias em volta, embora
distantes. O chão, que era atapetado de esteiras, velhas e novas, onde
os negros rezavam, curvando-se muito até tocar o chão na direcção de
Meca, todos os dias, era varrido pelas meninas (hoje, mulheres feitas,
foram as primeiras a reconhecerem-me, logo a seguir ao Abdul) com toscas
vassouras, feitas de folhas de jovens palmeiras. Eram também elas que,
entre uma algaraviada de vozes e uma nuvem cariciosa de sorrisos
frescos, limpavam o terreiro em frente de suas casas e também da caserna
e da messe (que nome pomposo, não é!) dos oficiais e sargentos.
Levava-se para lá, para a mesquita, o arco de
palmeiras, a mesa do bar para servir de mesa de altar, e pronto, dizia
eu. Acabámos por não ir, já não sei por que motivos ou ponderosas
razões. De guerra talvez.
Quanto à nova tabanca de Algures, daí a pouco,
Papagaio Verde, era importante dar uma casa a cada uma das famílias,
recolhidas à nossa sombra. Era raro tal acontecer, mas a verdade é que
aconteceu.
Para o bom relacionamento entre nativos e a tropa,
foram definidas algumas regras de sã convivência: muito respeito para
com todos, sobretudo em relação às raparigas, suprema tentação dos
soldados, e para com os idosos. O respeito era muito lindo, dizia o
capitão, e o mais recomendável é que nada de relações sexuais. Brincar,
sim, mas… À maior parte, sabe como era, custou a cumprir tais
recomendações. Quem ultrapassou todas as marcas foi o António Pônas,
castiço alentejano, que estava agregado à cozinha. Viram-no sair, mais
do que uma vez, da arrecadação dos abastecimentos, com a mulher mais
velha da população, mulher garandi, boca desdentada, que passava muitas
tardes fumando seu longo cachimbo de cana e de paz. Vida mansa! Quase
sempre com um ou mais cães à volta das canelas, lambendo o sol ou a
sombra, mordendo a sarna do tempo velho.
De um modo geral, de mãos escanifradas, fumava de
olhos fechados, ou melhor, com um ar adormecido ou enigmático, e lançava
o fumo, se o vento estava de feição, para o lado do sul, de onde
retinha a primeira memória, o sul. Outras vezes, para o ar, acima de sua
cabeça. Ficava pasmada, de quase nenhum lugar, pairava num mundo longe,
quem sabe, voava, aos poucos, enrolada nas espirais de fumo. Tinha uma
idade indefinida e um número incontável de rugas. Um rio de solidão, que
lhe nascia nos olhos pequenos e curvava no peito seco, atravessava-lhe,
sem dúvida, o corpo todo e desaguava na sua sombra monótona e
estilizada. Era quase nada. Uma ilhota sem barcos nem cais.
Quando
falava, coisa rara, era um fio de voz resignada que ia resistindo à
ameaça de um esquecimento que parecia aproximar-se, sempre mais para o
fim das tardes cansativas de tanto calor.
Isto acontecia (ou melhor aconteceu, uma vez) quando a
companhia saiu para o mato. Ao certo, nunca se soube como as coisas se
passaram. Dizia-se que, a pretexto de ir buscar alguns pães e leite,
sobretudo café, de antecipada combinação, a mulher se enfiava na
arrecadação. A mulher adorava café sobre todas as coisas. Ainda fez
parte de grupos de alguns guinéus que embarcaram, noutros tempos, para
suar as estopinhas e os nervos nas roças de S. Tomé. Era então uma
rapariga. Sobrou-lhe o vício, também a penúria. Embora evitasse
queixar-se.
Por recato, não desço a pormenores que soube mais
tarde. Por inverosímeis, não confirmo. Mas houve espanto e escândalo de
todos, negros e brancos, quando se rompeu o propalado desaforo. Ele
sempre negou tudo, a pés juntos, com um riso breve e malandro. Quase
sempre dúbio. Ainda hoje, falar-lhe nisso, nos nossos encontros do 490, é
moer-lhe o miolo. Mas não se livrou de severa punição. O acto foi
considerado uma afronta ao chefe da aldeia de Algures e também ao
capitão Varela. Foi o único momento (dias) em que subiu a tensão entre a
tropa e a população. Embora para a mulher fazer sexo por ali fosse a
coisa mais natural do mundo. Tão natural que os homens grandes, como bem
sabe, é dos livros, quando, anos antes, recebiam homem branco, de algum
estatuto, lhe ofereciam a mais nova e bela mulher do seu harém para uma
noite. Era um gesto de amizade e hospitalidade. Nunca teve essa
cortesia, esse sinal de paz e amizade? Se não teve, olhe, esqueça, que
eu faço o mesmo.
– Cheiras a catinga! – diziam, trocistas, os soldados, na cara
deslavada do Pônas, que ia negando e também rindo.
Claro, o capitão que não admitia desobediências às
ordens, aplicou-lhe um castigo exemplar. Mesmo sem levantar auto, que
dava trabalho e chatices. Evitava os papéis. O Pônas começava a sair
para o mato, para as emboscadas, mesmo nocturnas, para as operações.
Para o pior. Mas o 314 houve-se de tal modo que depressa foram
esquecidos os casos e lembrados os feitos, dignos de louvor. Mostrava
que os tinha. Não quis mesmo voltar à cozinha. Ficou a substitui-lo o
Benjamim, rapaz de Vouzela, que andava esgotado e a ameaçar loucura. Ao
subir para os unimogues chorava que nem uma virgem; ao sair para as
emboscadas, o raio da mesma cantilena.
Ganhámos todos com a troca. Já ninguém prescindia do Pônas.
Quando se soube que a esposa do capitão ia passar ali o
Natal, todos prometeram não levar à conversa este caso, chocante para
uma senhora, que até era professora universitária, embora ainda muito
jovem e belíssima. Sob todos os ângulos. Docemente angulosa era toda
ela, como todos concluíam, nus, retorcendo-se em pensamentos e actos
lascivos, no calor da caserna, mas, evidentemente, só o capitão lhe
tirava as medidas no quarto maior da casa de habitação, onde funcionava
também o emissor-receptor, que, nesses abrasados e cansados dias, alfa,
ómega, rómio, teve de mudar para a caserna. Contra o despeito e a raiva
do telegrafista, alfa, ómega, rómio… Ora merda!
À meia-noite, a todos apeteceu a cama e, como não
havia Menino Jesus nem Nossa Senhora, tão pouco S. José, figuras que não
eram lá muito da família dos soldados alentejanos, todos se despediram
de Mónica Azevedo, com um beijo de um bom Natal, e do capitão Varela
Pinto com um aperto de mão ou um abraço, conforme maior ou menor
proximidade.
Por mim, fiquei-me para ali a conjecturar coisas. Se
calhar, nada. Mas uma coisa que pensei foi que poderia suspender o
papagaio dos dois seguros ramos de palmeira que ladeavam o altar, para,
no outro dia, nele deitar o Menino, que pesava bem menos do que o nosso
olhar, carregado de insónias e sinistras imagens de guerra, destruição,
mortos e feridos, e que viria de avioneta com o capelão. E ainda cogitei
uma outra: desenhar as figuras da Senhora e do Menino sobre o corpo dos
aerogramas. Tinha algum jeito para desenhar. Desde miúdo. Tanto assim
que a minha professora disse que dava engenheiro. Dei advogado. Busquei
um marcador, para ali esquecido, e desenhei aquelas sempre simpáticas
figuras. Só que a mão fugiu-me, Deus me perdoe. Agora, imagine para quem
e para onde… para o perfil da belíssima Fatumata e para o intumescido
umbigo do garoto. Para mim, naquele momento e naquela terra, ficava tudo
mais a condizer com a paisagem humana. Ficou bonito, todos disseram, a
começar por Mónica.
E assim foi, depois que o padre capelão deu a imagem a
beijar, até que, na tarde do dia de Natal, entreguei o papagaio ao
garoto, que o deixou voar, voar, voar… por cima do aquartelamento. Ou
sobre o rio. Em boa hora o fiz. Já verá por quê.
À medida que o capelão, voz bem timbrada e gestos
convincentes, foi dando o Menino a beijar, depois da missa, começou a
entregar a cada um dos presentes, poucos, uma estampa, ilustrada pelas
figuras do presépio, Nossa Senhora, São José, o Menino. Até aqui, nada
de especial. E todos os presentes gostaram. Especial era a legenda que
aditara, além das palavras, já banais, já gastas, se calhar mesmo
hipócritas e hipotecadas à rotina, Boas Festas, Feliz Natal. Em letra
geométrica, bom recorte, acrescentou: “esta família ama a paz”. Para
quem soubesse ler, o que aquela mensagem queria dizer é que aquela
família de Nazaré não queria a guerra. E nós, bem lá no fundo das nossas
consciências, também não. A Mónica e o capitão, que resmungou, souberam
ler muito bem. O Bretão, nem se fala. Era açoriano. De todos nós era o
oficial mais politizado. Os comandos em Bissau não gostaram e o padre
José Azevedo, voz bem timbrada e gestos convincentes, pagou caro por
essa ousada dedicatória de Natal. Foi recambiado. Não posso garantir que
a Pide, que tudo sabia ler e tresler, não o tenha incomodado. Consta
que sim.
Como ia dizendo, já lhe contei que o papagaio começou
a voar em boa hora, e com razão. Enquanto o Papagaio Verde voou, preso
das mãos do menino negro, o Abdul, agora feliz avô, ou do telhado da
mesquita, que também foi demolida, e foram, no mínimo, duas semanas,
entre nuvens e sol, entre azul, brisas e pássaros, e ainda lá mais em
cima, entre as pegadas de Deus na brisa e, cá em baixo, os venenos da
terra, ronceira e pesada, às vezes permissiva aos feiticeiros que
chamavam os espíritos para nos tramarem nestas remotas terras - vá lá
saber-se por quê, nem mo pergunte - nesse período, nunca mais fomos
atacados, nem houve emboscadas pelos caminhos abrasadores e perigosos do
Oio. Mas, depois dessa paz podre, pagámos bem caro o estranho sossego.
Por quê?
Bela pergunta. Olhe, não sei. Para mim, que, por
vezes, nem acredito muito na grande proximidade de Deus com os homens,
muito menos em milagres ao desbarato, ainda hoje desconfio que houve por
ali, naquelas três semanas, a mão do Menino.
Não acredita?
Olhe, que há coisas, meu tenente-coronel!
Foi, então, a partir daí, que a aldeia começou a mudar de nome, aos
poucos, sobretudo nas conversas entre militares, Papagaio, Papagaio
Verde, que tinha tudo: casas de adobe, rectangulares ou quadradas,
assistência médica diária, personalizada, até uma mesquita para as
orações a Alá, Nosso Senhor, o respeito da tropa. E, olhe, foram
exactamente estas imagens de Natal a primeira coisa que logo me veio à
folha azul ou sombreada da lembrança, quando ontem cheguei a Alguresm,
suava a alma… a Fatumata, a Usita, o Papagaio Verde, o Abdul, o João, o
Bassiro, o Gibril, até a belíssima Mónica e o friso simpático das
raparigas negras, que, naquele remoto Natal, vestimos com blusas novas,
muito garridas, ainda a mesquita, porta voltada para Meca, a tabanca por
nós construída com adobes, com ruas e nomes portugueses, a aldeia que
tinha realmente tudo.
As raparigas, que bem acabo de reconhecer mulheres,
mais ou menos com a minha idade, de seios flácidos, caídos e chupados
pelos filhos, estavam, (como me lembro…), naquele inesquecível Natal, um
doce e mitigador encanto e pareciam voar nos panos e blusas novas,
soltos os bandós. O seu esplendor de olhos e seios está, agora,
esmorecido. Não admira: já se passaram umas boas três décadas.
Papagaio Verde (ou fosse Algures) é que, então, ainda
não tinha um céu limpo de nuvens sobre um país novo. E tão pouco voava
nas asas do sonho das acácias vermelhas… como, agora, também ainda não
voa, ainda que brinque nas brisas de um céu mais límpido, tocado pelo
rumor da paz, a “Estrela do Norte”.
(FIM)
Armor Pires Mota
__________
Glossário:
alfero – alferes
morança – casa
tabanca – aldeia
almany – padre muçulmano, líder espiritual
Puto – Portugal
bajuda – rapariga
jagudis – abutres
mama firme – seio rijo e direito
cabaço – hímen (virgindade = catota)
irã – ser sobrenatural que vive na floresta
corpo di bó? – como vai de saúde?
mim cá sibi – eu não sei
partir ou falar mantenhas – apresentar cumprimentos e considerações
passadas – histórias
mulher garandi – mulher considerada importante pela idade
guardas de corpo – mezinhos contra os males
chuvas – anos
Alah, uquibaro – Alá seja louvado!
malilas (dialecto balanta) – braceletes (pulseiras) feitas de fibras vegetais
trabalho cansado – trabalho que exige bastante esforço
peso – um peso correspondia a um escudo: trata-se de uma reminiscência da denominação espanhola nos séc. XVII/XVIII, quando ampliou a sua administração à antiga Guiné, onde mandava os seus barcos negreiros arrancar braços para a agricultura na América espanhola, segundo Alexandre Barbosa, em “Guinéus”.
____________
Notas de CV:
Vd. postes anteriores do conto Papagaio Verde versus Estrela Polar de:
17 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10812: Conto de Natal (1): Papagaio Verde Versus Estrela do Norte (1) (Armor Pires Mota)
18 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10817: Conto de Natal (2): Papagaio Verde Versus Estrela do Norte (2) (Armor Pires Mota)
e
19 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10824: Conto de Natal (3): Papagaio Verde Versus Estrela do Norte (3) (Armor Pires Mota)
Vd. último poste da série de 19 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10828: Conto de Natal (4): Era uma vez tantos soldados na guerra (Armando Pires)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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