segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13906: Agenda cultural (357): Apresentação do livro "Nós Enfermeiras Paraquedistas", dia 26 de Novembro de 2014, pelas 18h00, no Estado-Maior da Força Aérea, em Alfragide (Miguel Pessoa)



"NÓS, ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS"
LIVRO VAI SER APRESENTADO NO PRÓXIMO DIA 26 DE NOVEMBRO, PELAS 18H00
NO ESTADO-MAIOR DA FORÇA AÉREA, EM ALFRAGIDE

Custou, mas... Finalmente, está prestes a ver a luz do dia o livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", uma obra para a qual contribuiu um bom número de enfermeiras paraquedistas com as suas memórias pessoais de um período muito rico da sua vida pessoal e profissional ao serviço da Força Aérea.

O livro é pois o resultado do esforço desse grupo de enfermeiras que decidiu dar cumprimento a um desejo da sua colega Zulmira, infelizmente já falecida, de escrever um livro sobre a vivência deste grupo de mulheres na Força Aérea, nos tempos da guerra do Ultramar.

Vários livros têm sido publicados sobre a actividade das enfermeiras paraquedistas, mas nenhum por iniciativa própria. Talvez por isso, nenhuma dessas obras traduz o que elas pensavam e sentiam naquele que a maioria considera hoje ter sido um "período de ouro” das suas vidas.

Nenhuma dessas obras narra os seus sentimentos, as suas angústias, as suas alegrias, o medo que tantas vezes as assaltava, a saudade que as corroía, as dúvidas que por vezes as intimidavam, o sentimento de culpa pelos insucessos, o entusiasmo ou o desânimo, e muitos outros sentimentos que as assoberbavam no dia a dia de dura labuta, em terra ou no ar, na Metrópole, em Angola, Moçambique ou Guiné, ou ainda sobrevoando o Atlântico nas longas evacuações de feridos. O que passaram, que caminhos trilharam, os riscos que correram, o que viram e tudo a que assistiram, ao serviço da Força Aérea! Era tudo isso que pretendiam contar, num livro.

Também nenhuma dessas obras descreve o que arrastou cada uma delas para aquela “aventura”; ou o que sentiram ao entrar num mundo exclusivo dos homens, ou como a ele se adaptaram; ou o que custou, a quem nunca tinha sequer estado junto a um avião, saltar dele em voo, utilizando um paraquedas que lhe colocaram nas costas, prometendo-lhe que ele ia abrir “de certeza absoluta”. Nenhuma dessas obras refere o que, passados tantos anos, cada uma delas pensa do que foi servir na Força Aérea como enfermeira paraquedista e o que “isso” significou depois ao longo das suas vidas.

É tudo isto ─ não apenas as suas memórias, mas também os sentimentos que então as acompanharam ─ e muito mais, que quiseram expressar num livro, para deixar às gerações futuras.

Decidiram por isso que, em vez de darem o seu contributo para a elaboração de livros de outros, deveriam tomar a iniciativa de serem elas próprias a escrever num livro a forma como desempenharam a sua profissão num ambiente tão diferente do tradicional, que incluiu mesmo o de guerra. E que, para aquelas que tenham filhos e netos (e depois virão os bisnetos e …), isso seria uma forma ─ a melhor e mais perdurável ─ de lhes dar a conhecer algo de um período crítico da História do seu País, mas também de eles saberem que tinham tido uma avó (bisavó, trisavó, …) que contribuíra para essa mesma História andando na guerra, nas missões mais arriscadas, em África (ainda para mais como voluntária!), onde tinha passado as “passas do Algarve”, mas também usufruído de bons momentos…

No livro procuraram articular as suas memórias dos acontecimentos ou factos que viveram ou que testemunharam, ao longo daquele tempo. Uns são dramáticos, por vezes mesmo trágicos; outros são divertidos, se não mesmo cómicos; outros respeitam ao dia a dia no trabalho normal ou à forma como passavam os momentos de ócio; outros relatam a forma como conviviam num ambiente quase exclusivamente masculino, outros evidenciam a camaradagem e a amizade que estabeleceram com aqueles com quem trabalharam; outros focam o relacionamento com as populações; outros referem situações cheias de humanismo a que assistiram, sobretudo referentes aos feridos e às suas famílias. E tanta coisa mais que tinham para contar!

Uma obra que dará certamente uma panorâmica realista da actividade das nossas enfermeiras paraquedistas ao serviço da Força Aérea.

O livro, que tem como aliciante um prefácio escrito pelo Sr. Professor Adriano Moreira, será apresentado no auditório do Estado-Maior da Força Aérea, em Alfragide, pelas 18H00 do próximo dia 26 de Novembro.
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13891: Agenda cultural (356): Apresentação do livro "O Corredor da Morte", dia 18 de Novembro de 2014, pelas 15h30, na Associação Apoiar, Lisboa (Mário Gaspar)

1 comentário:

Anónimo disse...



Bravas e meigas enfermeiras, em terra no mar ou no ar, são como anjos, que com medicamentos, carinho e sorrisos, aliviam as nossas dores
Na Guiné nunca fui ferido. Há alguns dias tive que fazer uma pequena operação cirúrgica, no hospital de Santo António, no Porto. A operação foi feita com anestesia local. Apesar disso por vezes sentia alguma dor. Demorou quase uma hora e talvez a meio, o cirurgião recebeu uma chamada de telemóvel e disse para eu descansar um pouco enquanto ele foi atender a chamada. A enfermeira que estava, do outro lado a ajudar o médico nesse espaço de tempo, com a mão fez-me umas festas no ombro, que transmitiam tanto afecto e calor humano, que eu já suportei muito melhor o resto da operação.
Obrigado enfermeiras, que além dos cuidados médicos, distribuis tanto amor e carinho por todos os doentes de Portugal e que sois tão menosprezadas, maltradas até, pelo governo da nação.
Já referi no blogue um grande acidente, que em 1971, houve em Buba com uma granada, da qual resultou um morto e cerca de 17 feridos, alguns graves. Foram evacuados por via aérea e quase todos os militares foram à pista, para ver sair os camaradas e também para ver as enfermeiras paraquedistas. Eram sete ou oito enfermeiras muito pesarosas ao ver o espectáculo de tantos jovens feridos, alguns deles mutilados para toda a vida.
Segundo ouvi dizer, teriam chegado poucos dias antes a Bissau e era a primeira saída que faziam.
Além do carinho com que terão tratado os camaradas feridos, desculpai mas a guerra tem destas contradições, sem o quererem, só pela sua presença deram muita alegria a essas jovens que acorreram à pista pois muitos deles já não viam uma mulher branca há mais de um ano.

Um beijo a todas as enfermeiras praquedistas e às outras, se não se importarem também

Francisco Baptista