quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13917: Meteorologia na Guiné (Jorge Teixeira - Portojo - ex-Fur Mil do Pel Canh S/R 2054)

1. Mensagem do nosso camarada Jorge Teixeira (Portojo), (ex-Fur Mil do Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió, 1968/70), enviada no dia 18 de Novembro de 2014 a propósito do recente falecimento do meteorologista Anthímio Azevedo:

Amigo Carlos,
Ao ler a história de vida do meteorologista Anthímio de Azevedo falecido ontem, lembrei-me dos meteorologistas que passaram por Catió. Também o Anthímio passou pela Guiné entre 67 e 71, aonde regressou já depois da revolução, entre 76 e 77. Ver o artigo da autoria de Teresa Firmino no jornal Público

Cruzei-me durante a comissão com vários meteorologistas ligados à Força Aérea, que faziam medições de humidade e outras coisas a partir de um aparelho localizado no "aeroporto" de Catió.

Embora me tenham explicado o quanto eram importantes essas medições, agora já não me recordo delas, das explicações, mas lembro que nos ríamos fazendo perguntas do tipo, se formos atacados os Fiat's não saem porque a tua leitura meteorológica dá nuvens negras ou muita chuva para o sector?. Ou calor que derrete as chapas dos bichos? Imagina estarmos a levar na corneta e só porque mandaste uma mensagem negativa sobre o sector e estares aqui connosco a aguentar sem ajuda dos céus. Os abrigos são só para os das transmissões, não dão para todos.
Enfim, aquelas cenas com que o pessoal do mato atrofiava a cabeça dos senhores de Bissau vindos para passar uma temporada connosco.

Um dia experimentámos o Cabo Mendes, Meteorologista da Força Aérea e as suas investigações meteorológicas. Estava no final a comissão da CCS do BART 1913. Uma malta que nunca esquecerei.
Resolvemos ir mijar no recipiente que recolhia a humidade ou lá que era do aparelhómetro colocado no aeroporto. O Mendes ia dando em maluco porque não poderia haver tanta humidade que enchesse o "cantarinho". Não sabia o que fazer para mandar a mensagem diária.
Já não me lembro como tudo acabou. Mas ele deve ter aldrabado os registos.

Estas lembranças são porque morreu um senhor comunicador e cientista, Ahthímio de Azevedo, Açoriano.

Madrugada da despedida da CCS do BART1913: Da esquerda para a direita: Ernesto, nome próprio, Ché Guevara, apelido; Eu; Cabo Mendes meteorologista da FA e Quim Mendes, Artilheiro.

Nesta foto: De costas e à esquerda, dois meteorologistas da FA - os nomes esqueci. Os outros jogadores são o Quim Mendes da Artilharia; também esqueci o nome do outro jogador, um sapador. Os assistentes são o André e o Arménio Almeida.

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8 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo Portojo...
É sempre bom que se escreva algo sobre pessoas que passaram pela Guiné, neste caso, sobre este Senhor Meteorologista Anthímio de Azevedo, recentemente falecido.
Deixou obra e fez o melhor que soube e pôde dentro da sua profissão, tal como nós, dentro de cada uma das nossas profissões que soubemos também desempenhar com rigor e sabedoria.
Daqui, do Algarve, expresso os meus sentidos pêsames à família do falecido.

Luís Graça disse...

Recorte de jornal:


(...) Numa primeira fase, Anthímio de Azevedo deu a cara pela meteorologia portuguesa de 1 de Novembro de 1964 a 1967. Interrompeu depois a apresentação meteorológica na RTP para ir chefiar o Serviço Meteorológico da Guiné. Voltou à RTP entre 1971 e 1975, para ir em novamente para Serviço Meteorológico da Guiné, entre 1976 e 1977, então como técnico da Organização Meteorológica Mundial para organizar o novo serviço nacional e formação de pessoal. Regressou uma última vez à apresentação do tempo na RTP entre 1981 a 1990 – altura em que este serviço meteorológico na televisão pública foi interrompido pela primeira vez, para ser retomado em 2007 e voltar a desaparecer em Abril deste ano da RTP, o único canal que ainda tinha este serviço. A informação meteorológica passou a ser apresentada só em mapas ou pelos pivots dos telejornais ou pelas chamadas “meninas do tempo”. Anthímio de Azevedo até era flexível neste aspecto. “Não é preciso ser-se um especialista, mas é preciso saber-se o que se diz”, considerava na conversa com o PÚBLICO.

O último cargo institucional que ocupou foi o de director do Serviço Regional dos Açores. Aposentou-se do serviço público e, entre 1992 e 1996, apresentou o tempo na TVI. Escreveu e traduziu livros científicos, em particular de meteorologia, climatologia, fenómenos de tempo adverso e alterações climáticas. (...)

Morreu Anthímio José de Azevedo, o "Sr. Meteorologia"
CLÁUDIA BANCALEIRO e TERESA FIRMINO 17/11/2014 - 12:26

http://www.publico.pt/ciencia/noticia/morreu-anthimio-jose-de-azevedo-o-sr-meteorologia-1676521?page=-1

Luís Graça disse...

Obrigado, Jorge... Não sabia que havia metereologistas na tropa... É muita ignorância minha... Claro que a FAP, se tinha aeródromos e aviões, tinha que ter metereologistas... O que a gente aprende na Tabanca Grande !... Aquele abraço. Luis

Unknown disse...

Caros amigos. Não sei se se chamavam meteorologistas. Mas não custa nada aplicar-se-lhes estes termos. Foram camaradas com uma missão. Eu tinha uma fotografia do aparelhómetro que desapareceu. Mas era um pau com uma caixote em cima, tipo colmeia, com umas grades tipo das janelas de madeira. Lá dentro tinha o pucarinho para onde escorria a humidade e a chuva, acho. Tinas outras coisas de que já não me lembro. E tinha uma ventoinha. O nosso gozo de quando estamos de serviço à pista. Velhos tempos, camaradas.

Unknown disse...

A coisa comentário anterior saiu cheia de erros, mas paciencia.

Jorge Narciso disse...

Meus caros Jorge e Luis

Caros Jorge e Luis
Começo por manifestar um sincero lamento pelo morte do reconhecido meteorologista Anthímio de Azevedo de quem nos habituámos a apreciar o enorme poder comunicativo e simpatia e de quem não sabia ter as referidas ligações à Guiné.

Depois aduzir alguns comentários relativos à Meteorogia militar,
Assim:
Na FAP haviam (e continuam a formar-se) mesmo Meteorologista e a sua actividade, nomeadamente no que ao Sul da Guiné dizia respeito, era de facto muito importante para, por exemplo, perceber por antecipação a formação e evolução de fenómenos meteorológicos extremos que tendencialmente evoluiam daí para Norte.

Pela dificuldade da matéria curricular a Meteorologia era uma especialidade, em conjunto com a de Controlador de Trafego, onde o nivel de habilitações era tido mais em conta para a selecção.
Mais ainda nesta última, a mais disputada, pois sendo a unica em que a habilitação minima exigida era o antigo 5ºano, em decorrencia o posto atingido no final do curso era o de Furriel Miliciano.
Também eu na ida para a FAP ia nessa mira, só que na minha incorporação ela não abriu.

Por falar em habilitações escolares (ou literárias como eram designadas)e tendo em conta apenas o meu turno 3ª/66, dos 400 incorporados, seguramente muito perto de metade possuia tal habilitação e muitos ainda superior a ela.
Opções, talvez ditadas, não custa admitir, pela busca de uma "tropa" mais resguardada, condição à pala da qual o Estado, , contratava mão de obra que preparava para funções muito especializadas (daí a designação de Especialistas) a longo tempo e com os custos reduzidos,

Só que em muitos casos, veja-se o exemplo dos meteorologistas e as suas longas estadias pelo chamado "mato", Catió era disso exemplo, bem como noutras especialidades cujas funções (o pessoal ligado à actividades efectivas de voo, nas quais
já agora me incluia), não foram (sei que a referencia do Jorge não teve intenção depreciativa)
"Senhores de Bissau"

Em relação às fotos e reconhecendo naturalmente o Mendes que é do meu tempo, menos os dois "jogadores" que estão de costas, admito que um deles possa ser o ZAGALO (não sei se o nome é relembrável pelo Jorge), esse sim do meus curso, que penso terá passado mais tempo em Catió que na Base.

Abraço

Jorge Narciso

Unknown disse...

Caro Jorge Narciso. Recordas e bem o Zagalo, de cujo nome não me lembrava. Creio que era madeirense.
Um abraço

Jorge Narciso disse...

Caro homónimo

Era de Almada.
Já há alguns anos que lhe perdi o rasto
Abraço