Septuagésimo quinto episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.
Dia 6 de Julho de 2014
Era manhã quando deixámos a cidade de Whitehorse,
onde se encontra o “Historic Milepost 918”, na província
do Yukon, o trajecto que iríamos percorrer, pelo menos até
à cidade de Calgary, na província de Alberta, era o mesmo
que fizemos na viagem de ida e, que já explicámos em
textos anteriores.
Depois de algumas horas com algumas paragens, umas
vezes por animais na estrada, outras por obras de
manutenção, pois nesta zona do interior do “Alaska
Highway”, portanto longe do início ou do fim desta
histórica estrada, não existem obras de alteração, é só
obras de manutenção, outras vezes ajudando outros
veículos com problemas, parámos na povoação de Teslin,
que marca o “Historic Milepost 777”, na povoação de
Watson Lake, que marca o “Historic Milepost 635”, na
povoação de Liard River, que marca o “Historic Milepost
496” e, viemos, neste dia dormir no parque de campismo,
junto ao Muncho Lake, que marca o “Historic Milepost
456”, com um “cenário de um milhão de dolares”, que
também já explicámos em textos anteriores, onde depois
de passar um pequeno período de tempo em que choveu,
grelhámos o resto do salmão que tínhamos pescado no
“Russian River”, lá no estado do Alasca.
Neste dia, não tivémos qualquer ploblema com o Jeep e a
caravana, que sempre se adaptaram ao terreno, por
vezes acidentado, com alguma lama, quando houve
período de chuva, percorremos mais ou menos 490
milhas, com preço da gasolina a variar entre $1.82 e
$1.91 o litro.
No próximo dia, era madrugada, lavámos a cara na água
fria e pura do Muncho Lake, continuámos a nossa
jornada, rumo ao leste, parámos para ceder a gasolina, de
um dos nossos tanques extras, a um casal aflito, oriundo
do estado do Arizona, que andava em “lua de mel”,
viajando numa pick-up, que rebocava uma caravana muito
parecida com a nossa, seguindo-nos depois, até à
povoação de Fort Nelson, que marca o “Historic Milepost
300”, aqui parámos por algum tempo, comprámos
gasolina, café, água e fruta.
De novo na estrada, um camião, em sentido contrário,
faz-nos sinal de luzes por diversas vezes, avisando-nos
de algo, depois de uma extensa subida, deparámos com a
estrada completamente ocupada por búfalos que
teimavam em não se mover do local, passámos muito
devagar, não buzinámos, mas olhávam-nos com olhos de
repreenção, pois o local era deles, nós é que somos os
“intrusos”, ocupámos a sua área, ocupámos o seu
“quintal”.
Seguimos em frente, a povoação de Fort St. John, era
próxima, que marca o “Historic Milepost 47” e, finalmente,
sem qualquer outro incidente, chegámos ao ponto de
partida do, como já mencionámos por diversas vezes,
histórico “Alaska Highway”, que é a cidade de Dawson
Creek, onde se encontra o marco do “Historic Milepost 0”.
Fomos de novo visitar o Centro de Turismo, tirámos as
últimas fotos no local que marca o início do “Alaska
Highway”, tomando de seguida a estrada número 43 até
à cidade de Grande Praire, que é uma pequena
“metrópole” no deserto, onde, depois de procurar hotel de
acordo com a nossa condição financeira, pois havia por
onde escolher, fomos dormir, comendo ainda o resto do
salmão, que ia na caixa frigorífica.
Neste dia, saímos do “Alaska Highway”, sem problemas
no Jeep ou na caravana, percorremos 598 milhas, com o
preço da gasolina a variar entre $1.82 e $1.92 o litro.
No dia seguinte, pela manhã, procurámos uma oficina
especializada, nesta pequena “metrópole”, que é a cidade
de Grande Praire, trocámos o óleo do motor, fazendo uma
pequena revisão por baixo do Jeep e da caravana, tudo
em ordem, continuámos o mesmo trajecto da viagem de
ida, até às proximidades da cidade de Edmonton,
continuando depois pela estrada número 2, que já é
rápida em algumas zonas, até à cidade de Calgary, na
província de Alberta, depois de passar a cidade,
continuando na estrada número 2, sempre em direcção ao
sul, tentando percorrer a maior distância possível, em
direcção à fronteira. Já era noite, mesmo noite, pois já
tínhamos passado a zona do paralelo 48, começamos a
ouvir o som de chuva, de encontro ao vidro da frente, mas
não era chuva, eram mosquitos, que de encontro ao vidro
morriam, o mecanismo de limpeza do vidro ainda sujava
mais, começou a faltar a visibilidade, parávamos de
quinze em quinze minutos, para limpar o vidro com o
equipamento que levávamos, que era um tanque de água,
com algum sabão e um limpa neve, quando saíamos fora
do Jeep, era uma “praga” de mosquitos a morder. Na
primeira povoação que encontrámos, procurámos onde
dormir, não havia, depois de pedirmos água para
continuar com a limpeza do vidro, nos disseram que
possívelmente na vila de Graum, mais ao sul, devíamos encontrar. Desesperados, seguimos em frente, sempre com a
mesma situação, finalmente surgiu a vila de Granum,
onde um simpático empregado do Lazzy Motel, vendo-nos
desesperados, embora não tivesse vagas, por favor nos
deixou dormir num quarto, que possivelmente era para
ele. Saímos do Jeep, trancámos as portas, correndo para
dentro do Motel, com o que levávamos vestido.
Explicáram-nos que nesta altura do ano, principalmente
de noite, esta área é o “paraíso” dos mosquitos, pela
zona de terreno ser de origem alagadiça.
Neste dia percorremos 726 milhas, com o preço da
gasolina variando entre $1.53 e $1.57 o litro.
Tony Borie.
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Nota do editor
Último poste da série de 15 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13897: Bom ou mau tempo na bolanha (74): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (15) (Tony Borié)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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