Guiné > Região de Tombali > Nhala (a nordeste de Buba) > 1974 > Agosto de 1974 > Os "Unidos de Mampatá", em final de comissão, foram despedir-se dos "periquitos" de Nhala (2ª CCAÇ/BCAÇ 4513)... À esquerda, assinalado por um quadrado amarelo, o nosso António Carvallho, o Toni, mais conhecido por Carvalho de Mampatá. Esta foto foi o pretexto para a nossa sondagem desta semana.
Foto: © António Murta (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]
A. Resultados preliminares da nossa sondagem (n=65)
"AO FIM DESTES 40/50 ANOS, MUDEI MUITO, FÍSICA E PSICOLOGICAMENTE" (RESPOSTA MÚLTIPLA)
1. Sim, mudei muito > 17 (26%)
2. Mudei muito fisicamemnte > 29 (44%)
3. Mudei muito psicologicamente > 24 (36%)
4. Não, não mudei muito > 18 (27%)
5. Não mudei muito fisicamente > 13 (20%)
6. Não mudei muito psicologicamente > 15 (23%)
7. Não sei > 2 (3%)
Dias que restam para votar: 4 (até ao dia 3 de março)
B. Comentário do Carvalho de Mampatá (*)
Caro Luís: Eu e o meu irmão (posso falar por ele) não nos zangamos por coisa pouca ou por nenhuma coisa. Sobre nós podes publicar tudo porque sabemos que és um rapaz muito ajuizado e jamais publicarias o impublicável. Devo acrescentar que ambos ficámos muito contentes, para não dizer envaidecidos, por sermos alvo da tua atenção, mesmo sabendo que isso se deve à circunstância pouco comum de ambos termos estado no mesmo conflito.
Já agora quero-te informar que o meu irmão é que me deu conta deste post, em comunicação por telemóvel. Na verdade ele dedica-se mais ao computador do que eu e, por isso, costuma alertar-me sempre que aparece algo de novo por estas bandas. Eu, normalmente, só pela calada da noite é que abro esta caixa.
Sobre o inquérito, já respondi dizendo que estou diferente, física e psicologicamente, porque as marcas da idade e dos escolhos da vida são inelutáveis.
Aproveito para, reiteradamente, manifestar-te a minha gratidão por tudo o que tens feito em prol da manutenção deste nosso blog, intervindo algumas vezes com sabedoria e paciência para curar uma ou outra ferida que, às vezes, emerge.
Um abração
Carvalho de Mampatá.
C. Comentário do Vasco Pires (Brasil) (*):
(i) (...) Boa pergunta, diria eu, andei até a pensar em fazer um "post "
intitulado "Retrato de um jovem soldado, (re)visto por um sexagenário ".
Me pergunto se aquilo que escrevemos são memórias ou construções mentais. Memória voluntária? Memória involuntária? Escrevo sobre mim, ou o "Alfero di canhão" é um outro?
Forte abraço.
VP
(ii) ... Ao que o nosso editor respondeu nestes termos: "Vasco, fico a aguardar o teu poste... Se a nossa pergunta é boa, a tua questão ainda é melhor: (...) "Me pergunto se aquilo que escrevemos são memórias ou construções mentais. Memória voluntária? Memória involuntária? Escrevo sobre mim, ou o 'Alfero di canhão' é um outro?" (...)
(iii) Resposta imediata do Vasco Pires, o brasileiro mais "bairradino" do Brasil:
(...) "Luis, a tua pergunta, me fez lembrar adaptação de uma frase de um notável escritor,afixada numa República de Coimbra que no original diz: 'eu não sou eu nem sou o outro, sou qualquer coisa de intermédio: pilar da ponte de tédio, que vai de mim para o outro' - Mário de Sá-Carneiro" (...).
___________
2. Mudei muito fisicamemnte > 29 (44%)
3. Mudei muito psicologicamente > 24 (36%)
4. Não, não mudei muito > 18 (27%)
5. Não mudei muito fisicamente > 13 (20%)
6. Não mudei muito psicologicamente > 15 (23%)
7. Não sei > 2 (3%)
Votos apurados: 65
Dias que restam para votar: 4 (até ao dia 3 de março)
B. Comentário do Carvalho de Mampatá (*)
Caro Luís: Eu e o meu irmão (posso falar por ele) não nos zangamos por coisa pouca ou por nenhuma coisa. Sobre nós podes publicar tudo porque sabemos que és um rapaz muito ajuizado e jamais publicarias o impublicável. Devo acrescentar que ambos ficámos muito contentes, para não dizer envaidecidos, por sermos alvo da tua atenção, mesmo sabendo que isso se deve à circunstância pouco comum de ambos termos estado no mesmo conflito.
Já agora quero-te informar que o meu irmão é que me deu conta deste post, em comunicação por telemóvel. Na verdade ele dedica-se mais ao computador do que eu e, por isso, costuma alertar-me sempre que aparece algo de novo por estas bandas. Eu, normalmente, só pela calada da noite é que abro esta caixa.
Sobre o inquérito, já respondi dizendo que estou diferente, física e psicologicamente, porque as marcas da idade e dos escolhos da vida são inelutáveis.
Aproveito para, reiteradamente, manifestar-te a minha gratidão por tudo o que tens feito em prol da manutenção deste nosso blog, intervindo algumas vezes com sabedoria e paciência para curar uma ou outra ferida que, às vezes, emerge.
Um abração
Carvalho de Mampatá.
C. Comentário do Vasco Pires (Brasil) (*):
(i) (...) Boa pergunta, diria eu, andei até a pensar em fazer um "post "
intitulado "Retrato de um jovem soldado, (re)visto por um sexagenário ".
Me pergunto se aquilo que escrevemos são memórias ou construções mentais. Memória voluntária? Memória involuntária? Escrevo sobre mim, ou o "Alfero di canhão" é um outro?
Forte abraço.
VP
(ii) ... Ao que o nosso editor respondeu nestes termos: "Vasco, fico a aguardar o teu poste... Se a nossa pergunta é boa, a tua questão ainda é melhor: (...) "Me pergunto se aquilo que escrevemos são memórias ou construções mentais. Memória voluntária? Memória involuntária? Escrevo sobre mim, ou o 'Alfero di canhão' é um outro?" (...)
(iii) Resposta imediata do Vasco Pires, o brasileiro mais "bairradino" do Brasil:
(...) "Luis, a tua pergunta, me fez lembrar adaptação de uma frase de um notável escritor,afixada numa República de Coimbra que no original diz: 'eu não sou eu nem sou o outro, sou qualquer coisa de intermédio: pilar da ponte de tédio, que vai de mim para o outro' - Mário de Sá-Carneiro" (...).
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Nota do editor:
12 comentários:
Gandas vaidosos, aqueles que acham que não mudaram muito...
Em 40 anos ou mais? Ah "gandas conservadoiros"!
E os que não sabem se mudaram?
Os velhos têm cada uma!
Um Ab.
António J. P. Costa
Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.
(Lisboa, fevereiro de 1914)
Mário de Sá-Carneiro
Autoria às vezes atribuída, falsamente, a Adriana Calcanhoto, que musicou o poema:
http://letras.com/adriana-calcanhotto/87113/
________________
Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro revela as suas razões para se suicidar:
Meu querido Amigo.
A menos de um milagre na próxima segunda-feira, 3 (ou mesmo na véspera), o seu Mário de
Sá-Carneiro tomará uma forte dose de estricnina e desaparecerá deste mundo. É assim tal e
qual – mas custa-me tanto a escrever esta carta pelo ridículo que sempre encontrei nas «cartas
de despedida»... Não vale a pena lastimar-me, meu querido Fernando: afinal tenho o que quero:
o que tanto sempre quis – e eu, em verdade, já não fazia nada por aqui... Já dera o que tinha
a dar. Eu não me mato por coisa nenhuma: eu mato-me porque me coloquei pelas circunstâncias –
ou melhor: fui colocado por elas, numa áurea temeridade – numa situação para a qual, a
meus olhos, não há outra saída. Antes assim. É a única maneira de fazer o que devo fazer. Vivo
há quinze dias uma vida como sempre sonhei: tive tudo durante eles: realizada a parte
sexual, enfim, da minha obra – vivido o histerismo do seu ópio, as luas zebradas, os
mosqueiros roxos da sua Ilusão. Podia ser feliz mais tempo, tudo me corre, psicologicamente,
às mil maravilhas, mas não tenho dinheiro. [...]
Mário de Sá-Carneiro, carta para Fernando Pessoa, 31 de Março de 1916.
Um génio do modernismo português que se suicidou, lucidamente, aos 25 anos. Nasceu em Lisboa, em 1890, morreu em Paris, em 1916, a 26 de abril, no Hôtel de Nice, no bairro de Montmartre, depois de ter ingerido cinco frascos de arseniato de estricnina.
Excerto da carta que mandou ao Fernando Pessoa, umas semanas antes de se suicidar:
Meu querido Amigo.
A menos de um milagre na próxima segunda-feira, 3 (ou mesmo na véspera), o seu Mário de
Sá-Carneiro tomará uma forte dose de estricnina e desaparecerá deste mundo. É assim tal e
qual – mas custa-me tanto a escrever esta carta pelo ridículo que sempre encontrei nas «cartas
de despedida»... Não vale a pena lastimar-me, meu querido Fernando: afinal tenho o que quero:
o que tanto sempre quis – e eu, em verdade, já não fazia nada por aqui... Já dera o que tinha
a dar. Eu não me mato por coisa nenhuma: eu mato-me porque me coloquei pelas circunstâncias –
ou melhor: fui colocado por elas, numa áurea temeridade – numa situação para a qual, a
meus olhos, não há outra saída. Antes assim. É a única maneira de fazer o que devo fazer. Vivo
há quinze dias uma vida como sempre sonhei: tive tudo durante eles: realizada a parte
sexual, enfim, da minha obra – vivido o histerismo do seu ópio, as luas zebradas, os
mosqueiros roxos da sua Ilusão. Podia ser feliz mais tempo, tudo me corre, psicologicamente,
às mil maravilhas, mas não tenho dinheiro. [...]
Mário de Sá-Carneiro, carta para Fernando Pessoa, 31 de Março de 1916.
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_de_S%C3%A1-Carneiro
Caro amigo António José Pereira da Costa só para dizer que o teu comentário vem ao encontro daquilo que penso permite-me que o subscreva.
Parabéns pelo humor.
Um abraço
Colaço.
Olá Camaradas
Os textos que aqui aparecem fazem parte de uma peça de Jaime Salazar Sampaio: Fernando (Talvez) Pessoa que hei-de representar em MAI15.~
É uma peça só para iniciados.
Por isso, ou se gosta ou se não gosta...
Aqui para nós não me parece que acrescentem algo à "problemática" em apreço...
Digo eu.
Um Ab.
António. J. P. Costa
Olá Amigos e Camaradas
Achei piada a esta sondagem bem como aos comentários complementares...
Oh! Amigo e Camarada Luís Graça..achas que passadas mais de 45 Luas (no meu caso) que não mudei muito? Claro que mudei...não muito mas mudei...principalmente fisicamente (o contrário só se tivesse sido "embalsamado" aos 30 anos e agora "ressuscitado".
Contudo, acho que psicologicamente a mudança - até à data - não foi muito acentuada (salvo quanto a uma maior dificuldade em fixar e relembrar-me nomes e fisionomias - o que aliás, diga-se, foi quase desde sempre um defeito muito meu)...pois continuo o mesmo Varela com os seus pontos fracos e fortes mas sempre com os mesmos valores que sempre me pautaram - quer na guerra quer na paz - e que herdei dos meus saudosos pais e que fui adaptando e actualizando a cada momento da minha vida.
Caro amigo e camarada Luís Graça venho novamente aqui só para te dizer que gostei da escolha que fizeste ao postar aqui esse poema de Mário de Sá-Carneiro.
É mesmo isso Luís Graça...apropriado e oportuno.
Abraços para ti e para os restantes Camaradas.
António Pimentel
2/03/2015
Mudei muito, fisicamente.... muito mais pesado (+/-) 25 kgs.. sem cabelo e até o pé cresceu... de 44 para 45....
Um abraço
António Pimentel
Carlos Esteves Vinhal
2/03/2015
Caro Luís
Quando respondi ao inquérito, fui o segundo a dizer que tinha mudado muito. Folgo por a rapaziada se estar a aproximar do meu ponto de vista. Somo já quase um terço dos respondentes. É que se somarmos o aspecto físico com a inevitável alteração psicológica, a verdade andará pelos 80%. Atendamos a que mesmo entre os que cumpriram a sua comissão só em Bissau havia muitos (inexplicavelmente?) apanhados do clima.
Abraço
Carlos
Guilherme Ganança
2/03/2015
Olá camaradas.
Em resposta à sondagem,
Creio que não mudei muito. A minha posição será a 4.
Grande abraço
Guilherme Ganança
Joaquim Pinheiro da Silva
2/03/2015
Amigo Luis Graça, boa noite!
Respondendo á sua enquete....
Pois eu fui (e sou) um dos que depois de 40 anos ausente, tive o prazer de participar de um encontro anual da minha Companhia; a C.Caç 3566 "Os Metralhas" Guine (Empada e Catió) 72/74.
Entrei em desespero!!! pois cedo ja me encontrava no hotel em que iria acontecer o encontro...e eis que alguns dos antigos companheiros vão chegando e eu os olho como que se estranhos fossem.... Estava dificil pra reconhecer algumas fisionomias. Assim como também notei que alguns não me reconheciam e perguntavam aos que me rodeava... Quem é este gajo? (referindo-se a mim)... Mas tudo isso é compreensivel, pois tenho a plena consciencia que mudei muito (infelismente pra pior, pois era um jovem bem apresentável de 22 anos... e hoje sou um velhote de 65...rsrsrsrsrs)... Mas o mais incrivel, é que tenho um amigo que foi enfermeiro, daqueles com o qual partilhamos muitas vezes uma boa conversa, uns copos e por aí vai... Eu passava pra lá e pra cá lá no salão e via um gajo sentado numa poltrona.... mas não o reconhecia... Em dado momento indaguei ao meu amigo Allen; "Xico; aonde está o Santos enfermeiro que ainda não o ví???? E por coincidência o mesmo Santos (que era o gajo que estava sentado na poltrona) ja havia perguntado "Por onde anda o brasileiro? Disseram que ele está por aí.... mas ainda não o vi.... Torna-se até engraçado coisas destas... Estou enviando em anexo as minhas fotos... uma em Chaves (03/72) e a outra nos dias de hoje.....
Receba um abraço do lado de cá do Atlântico, deste Metralha abrasileirado...
Obrigado pelo espaço que nos permite.... e que a Metralhada me espere no encontro do próximo dia 28 deste mês em Fátima... Lá estarei... Se Deus assim o permitir.
[Junto duas fotos]
Joaquim Pinheiro da Silva
2/03/2015
Desculpe-me.. estava tão entusiasmado que nem respondi á enquete...rssrs
Respondendo:
1- Mudei muito
2- mudei muito fisicamente
5 Não mudei muito psicologicamente
José Carlos Pimentel
2/03/2015
4. Não, não mudei muito
6. Não mudei muito psicologicamente
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