quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14300: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXII: novembro de 1973: crescente africanização da guerra de contraguerrilha no setor L1: são a CCAÇ 12 e a CCAÇ 21, constituídas por militares do recrutamento local, quem se arrisca a ir à sempre temida região do Poindom / Ponta do Inglês


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > c. 1970/72 > Paisagem típica da bacia hidrográfica do rios Geba e Corubal.

Foto: © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados.


1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e não como voluntário, como por lapso incialmente indicamos); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; foto atual à esquerda].

O destaque do mês de novembro de 1973 (pp. 74/77) vai para:

(i) fraca atividade do IN no setor L1 (Bambadinca), com flagelações ao Enxalé e ao Xime; intensificação da atividade no sul da província, no subsetor de Cobumba (onde o BART 3873 tinha uma companhia destacada, a CART 3493, que antes guarnecia  Mansambo);

(ii) crescente pressão do PAIGC sobre as populações sob o seu controlo na zona de Madina/Enxalé;

(iii) crescente "africanização da guerra de contraguerrilha" no setor L1: são a CCAÇ 12 (agora unidade de quadrícula do Xime) e a CCAÇ 21 (unidade de intervenção ao serviço do comando do BART 3893), ambaS "constituídas por militares do recrutamento provincial", quem se arrisca a ir à sempre temida região do Poindom / Ponta do Inglês; percebe-se: os "tugas" do BART 3893 estão em fim de comissão;

 (iv) a CCAÇ 21, comandada pelo ten comando graduado Jamanca,  tinha regressado ao setor L1 (Bambadinca), vinda do setor L6 (Pirada); a ela pertencia o nosso saudoso Amadu Bailo Jaló (1940-2015), com o posto de alferes comando graduado;

(v) visita,  a Bambadinca, de jornalistas brasileiros e dinamarqueses.

(vi) reafirmação do "perfeito entendimento" entre civis e militares e entre militares europeus e guineenses;

(vii) atribuição do "13º mês", beneficiando os militares do recrutamento provincial;

(viii) Sexa Governador e Com-chefe, gen Bettencourt Rodrigues visita, pela 1ª vez, Bambadinca, no exercício das suas funções; guarda de honra constituída por uma companhia a três pelotões; 

(ix) preocupações, do comando do BART 3873,  com o crescente entendimento do Senegal com o PAIGC.










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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de janeiro de  2015 > Guiné 63/74 - P14189: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXI: outubro de 1973: Flagelação, pela primeira vez, do reordenamento de Nhabijões, de maioria balanta, com parentes no mato...

4 comentários:

Luís Graça disse...

Amigos, ajudem-me a decifrar a sigla P.A.D., p. 77, última linha: O 2ª comandante militar visitou as obras do P.A.D., o PIN [Pelotão de Intendência] 9285 e esteve no Xime e em Missirá...

Que era o PAD? Posto de Abastecimento e Desenvolvimento ? Porto de Abastecimento e Descarga ? Porto ? Posto ? Pelotão de Auto Defesa ? DEviam ser "instalações", já que estavam em "obras"...

jpscandeias disse...

Camarada, António Duarte!
A ideia que me ficou quando estava de partida da 12 a caminho do CIME era que alguns cabos da 12 tinham sido promovidos a furriéis e integrados na 21. Refiro-me concretamente ao cabo do meu grupo de combate, o quarto, de que não recordo o nome, mas que partilhei contigo por foto. Sabes alguma coisa
sobre esta situação.

Caro Luís, PAD era sigla de pelotão de Apoio Directo

Um abraço, João Candeias

Luís Graça disse...

Obrigado, João. Presumo então que en finais de 1973 se estivesse a construir em Bambadinca instalações prórprias para que esse tal PAD - Pelotão de Apoio Direto, ou seja, um grupo de combate que estaria sempre em permanência no quartel de Bambadinca, tipo 112.

No meu tempo, os soldados africanos da CCAÇ 12 (bem como os Pel Caç Nat que por lá passaram, o 52, o 54...) não dormiam no quartel mas nas tabancas à volta (Bambadinca e Bambadincazinho)... Quase todos eles tinham família (mulheres e filhos)...


Quanto aos cabos da CCAÇ 12 que foram promovidos (ou graduados ?) em furrieis, gostava de saber os seus nomes... Um deles terá sido o Abibo Jau, Soldado Arvorado no meu tempo. do 1º Gr Comb (Alf mil op esp Francisco Moreira Magalhães). com o nº mec 82107469... O Abibo Jau, fula,o gigantye Abibo, dado como fuzilado depois da independência, em Madina Colhido, Xime, juntamente com o seu comandante, da CCAÇ 21, o ten comando graduado Jamanca...

Um abraço, João. E mande-me fotos!... Continua um lugar vazio, na Tabanca Grande, para te sentares à sombra do nosso poilão...Basta apenas "dares a cara", de acordo com as nossas regras de convívio...

Luis

António Duarte disse...

Boa noite meus amigos. Tenho a impressão que o dito PAD não era operacional.Estaria ligado à logística e salvo erro ficou responsável pelo suporte ao abastecimento da zona leste. Era composto por portugueses.
Quanto sos cabos graduados, só sei os do meu pelotão, (terceiro),que foram o Malan Turrê e o Sajá. O Malan foi fuzilado, pois já vi o nome dele numa publicação sobre o tema. Do Sajá nada sei. O Abibo que o Luís refere, não foi graduado, pois tinha algumas fragilidades cognitivas.
Acrescento que o Malan, teve uma cruz de guerra noutra zona da Guiné e um orémio governador geral da Guiné, com um mês de férias em Portugal.
Já agoro recordo que houve outro cabo graduado, chamafo Embaló. Era gordinho e servia, na altura da sua graduação em furriel, na messe dos oficiais do
Xime. Abraços para o Luís e Candeias