COMO TUDO ACONTECEU
PARTE V
A GUINÉ A FERRO E FOGO
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Nota do editor
Poste anterior da série de 27 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15045: Como Tudo Aconteceu (Manuel Vaz, ex-Alf Mil da CCAÇ 798): Parte IV - A Guiné: O Parente pobre da Colonização Portuguesa
4 comentários:
Caro Manuel Vaz:
"A Ferro e Fogo", é sem dúvida um Título sugestivo para "este registo histórico"!
Sem dúvida que a História da Guiné Bissau é muito rica em conflitos inter-étnicos, mas também um local muito rico culturalmente, já que numa área relativamente pequena, coexistem muitas etnias com origem tão diversa. No entanto a partir do século XIX os conflitos registados neste mesmo território, continuaram a envolver povos autóctones, mas existiram bastantes conflitos entre diversas etnias da Guiné e os Portugueses, sobrando também para os Franceses e Ingleses. Por exemplo, no ano em que foi criado o cargo de Governador da Guiné, com sede em Bissau (1853), os "Papeis" sublevaram-se e atacaram Bissau com tal "intensidade" que a nossa sorte, quem nos valeu ....... foram Forças Francesas, pois o Brigue Françês "Palimure" desembarcou um destacamento em socorro desta Praça de Bissau. Neste conflito que "salvou na altura a nossa face", morreu mesmo um oficial francês, o tenente La Gillardaie, entre outras baixas. Pouco depois, em 1856, Honório Pereira Barreto , distinto militar e administrador colonial português com ascendência Guineense (pela mãe) e Cabo-verdiana (pelo pai), consegue forçar a submissão dos "Nagos". Este oficial Manteve o controlo Português da área e ainda estendeu a sua influência, tendo exercido os mais altos cargos, desde Provedor de Cacheu a Governador da então Colónia Portuguesa da Guiné. Enfim gostei de ler o seu "Post", deve continuar a presentear-nos com estes artigos históricos.
NOTA: Honório Barreto morreu na Fortaleza de São José da Amura, em Abril de 1859, sendo Tenente-Coronel de Artilharia de Segunda Linha.Nascido em Cacheu no dia 24 de Abril de 1813, filho de mãe guineense e pai cabo-verdiano, ascendeu três vezes em períodos diferentes e por mérito próprio ao posto de Administrador, ao tempo a hierarquia máxima daquela então Província.Foi também galardoado com o grau de Cavaleiro da Ordem da Torre e Espada. Só muito mais tarde, aquele cargo passou a denominar-se de Governador, honra que lhe foi atribuída no ano da sua morte, ocorrida em 26.4.1859.
Abraço
Luís Gonçalves Vaz
Amigo Luís Vaz:
Agradeço as "achegas" ao Capítulo V, agora publicado, sem pretenções a historiador, pois não tenho formação especial nesse domínio.No meu Post 14884 apresento os objetivos do trabalho. O "regresso" à Guiné, depois da reforma, através do Blogue, revelou-me que afinal nada sabia sobre aquele território e as suas gentes. Decidi por isso atualizar-me e daí a pensar que poderia ser útil apresentar um trabalho sobre o percurso da pesquisa que ia fazendo, foi um ápice. É o que estou fazendo com muito gosto: partilhar a minha pesquisa, somente isso.
Um abraço. Manuel Vaz
Caro amigo Antonio,
Sem duvida, uma resenha historica bem conseguida, mas, na minha opiniao, demasiado comprimida, passando por cima de acontecimentos e de nomes de citacao quase obrigatorias para a época e sua importancia histórica.
A titulo de exemplo, quando escreves, em nota de rodapé, que “por volta de 1801 os Fulas do pais Haussa revoltaram-se contra os reis locais…” aqui seria importante, quase obrigatorio, citar o nome de Othman Dan-Fodio (Osman Danfódjô) que liderou a revolta em nome da ‘Djihad’ com sucesso, fundando o primeiro estado teocratico da Africa Ocidental (Sokoto) que, por arrasto, outros “Djihadistas” iriam seguir o exemplo nessa mesma regiao, criando uma situacao de permanente instabilidade. A sua importancia capital reside no facto de que, eh preciso compreender e fazer a ligacao daquela época com a época actual a fim de melhor compreender as origens de fenómenos como o “Boko Haram” dos dias de hoje, na mesma região, com os mesmos contornos e ingredients, apresentando os mesmos perigos dos verificados em principios do sec. XIX.
Mais a frente, e ainda em rodapé, que “em 1810, um Marabu (Sekou Hamadou?) apodera-se de Djenne e Tombuctu e funda a capital do seu imperio (Macina) em Hamdallaye (Louvado seja Allah). Este estado ira manter-se ate 1862, altura em que sera atacado por (outro djihadista) El-hadji Omar…”. Aqui importava referir que tratava-se da agressao de um “novo Djihadista” contra um “antigo Djihadista” com o pretexto de que a sua pratica ou via religiosa nao era suficientemente pura e autentica pelo que era preciso extirpar e renovar atraves da imposicao de um novo ritual e pratica religiosa quando, na verdade, o que estava em jogo era a vontade de dominar e subjugar as populacoes em nome de Allah.
Eh importante compreender e desmistificar este fenomeno que se assemelha a uma coisa que se poderia chamar de “a maldição do Islamismo” ou seja a ambicao permanente e generalizada de dominar os outros utilizando o pretexto de uma pseudo-autenticidade religiosa que, de facto, nao existe e nunca existiu em lado algum.
Falando mais concretamente dos acontecimentos ligados ao territorio da Guine-portuguesa e das investidas de Mussa Molo (Filho de Alfa Molo)1, importa realcar que, no periodo em referencia, os regulados dirigidos por Fulas (em grande maioria-Fulas-Forros), como eram os casos de Ganadu (com o Nbuku), Korla ou Sankorla aspiravam a libertar-se do dominio de Mussa Molo (um Fula-Preto) com ambicoes de mudar ou substituir a ordem social vigente na epoca, o verdadeiro detentor do poder conquistado aos Soninques num territorio (imperio?) demasiado grande para as suas reais capacidades de dominio e de controlo efectivo (da bacia do rio Casamansa a bacia do rio Corubal).
Nota: Mussa Molo nao esperou pela morte do pai, Alfa Molo, Fula-Preto que liderou a revolta contra os Mandingas para assumir o poder real e aproveitar também para “libertar” os Fulas-Pretos da sua condicao de captivos (escravos domesticos) e ampliar o territorio sob a sua dominacao, ambicao que iria chocar-se com os interesses das potencias Europeias na região.
Com um abraco amigo,
Cherno Baldé
Amigo Cherno Baldé:
Como te agradeço, mais uma vez, os teus comentários verdadeiramente esclarecedores! Nota que escrevi estes 6 Capítulos de "Como Tudo Aconteceu" para a "malta", para toda a "malta", como frisei no prefácio do primeiro Post e referi no comentário anterior. Não pretendi escrever a História destes acontecimentos e provavelmente nem seria capaz de o fazer. Mas ainda bem que completaste, o que agradeço.
Para terminar, sublinho que, por coincidência, aparecem novamente envolvidos em comentários dois "Vazes" e o Cherno. Eu sou o Manuel. Mas não há problema, é apenas um lapso.
Um abraço do Manuel Vaz
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