segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15781: Caderno de Notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (42): A unidade que os cabo-verdianos ajudaram a criar

1. Texto do Antº Rosinho, enviado ontem, domingo, a que se seguiu o comentário de hoje ao poste P15778 (*),  e que diz:

Não é a propósito mas uso este meio
para aconselhar 
que leiam a entrevista de Pedro Pires
no Diário de Notícias de hoje
["Aceitar o uso da violência foi uma decisão difícil",
DN, 22/2/2016; entrevista por Mariana Pereira].
Esta gente continua a não se abrir (meias mentiras), aos 81 anos, 
e,  passados mais de 40 anos,
esta meia dúzia de cabo-verdianos do PAIGC,
continuam a não ser sinceros.
Nem quando ali afirma que foi doloroso pegar em armas.
Na entrevista nem se aborda o assassinato de Amílcar, 
que não deve ter sido tão doloroso para essa gente.
Luís Graça, ainda bem, que te enviei o mail sobre o sonho de Cabral, 
10 horas antes de ler esta entrevista.
Menciona, porque sou eu só contra o cinismo.
Desculpa,  Luís, e o Doutor Gardette, 
um médico colonial com fama em Bissau de um grande humanista, 
de certeza que era contra as armas apontadas 
aos guineenses do lado de lá da fronteira.


[, António Rosinha, foto à esquerda: 
emigrou para Angola nos anos 50, 
 fez o serviço militar obrigatório nessa  sua segunda terra,  
que ele muito amou, 
foi fur mil em 1961/62; 
saiu de Angola com a independência, 
emigrou para o Brasil;
e finalmente foi topógrafo da TECNIL, 
como "cooperante", na Guiné-Bissau, em 1979/93; 
é um "ex-colon e retornado" (sic), 
como ele gosta de dizer 
com a sabedoria, 
a bonomia 
e o sentido de humor de quem viveu  várias vidas 
e, felizmente, está vivo para as contar; 
é membro sénior da Tabanca Grande, 
um dos nossos "mais velhos" ,
a quem a sabedoria africana manda respeitar e saber ouvir]


2. Caderno de Notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (42): A unidade que os cabo-verdianos ajudaram a criar

Ou a UNIDADE onde Amílcar Cabral se inspirou para imaginar a tal Unidade Guiné-Cabo Verde, (im) possível pós-independência.

 Talvez para quem não foi Retornado como eu, com vários anos de Angola, e muitos anos na Guiné pós-independência, não compreenda e até duvide  daquilo que afirmo.

 Existia uma Unidade Guiné-Cabo Verde, uma Unidade Angola-Cabo Verde, uma Unidade São Tomé-Cabo Nerde e com pouca intensidade uma Unidade Moçambique-Cabo Verde.

 As gerações de Amílcar Cabral, Pedro Pires, Mário Wilson, Bana, para falar só de gente que todos conhecem, conheceram bem, muito bem, melhor que eu , que essas Unidades existiam, tanto nos diversos territórios Ultramarinos portugueses como mantinham também essa unidade entre si, aqueles que residiam, estudavam, ou jogavam à bola, aqui na Metrópole.

E foi baseado nessas Unidades que Amílcar chegou a sonhar que era possível a tal almejada  Unidade Guiné-Cabo Verde.

Fur mil Rosinha, Luanda, 1961
 Devo ser eu a primeira pessoa a  escrever isto, mas garanto que não sou o primeiro africanista ou quem viveu por lá a pensar assim.

 Essa Unidade que todos os Cabo-verdianos antigos conheceram, era “caldeada” naquilo que, e aqui muita gente diz que não existiu, ou então deprecia, o chamado LUSOTROPICALISMO.

 E foi nessa Unidade, que surgem irmanados internacionalmente, os embriões dos movimentos  ( hermons)que deram origem aos  actuais Partidos que dominam e governam os vários PALOP: PAIGC, MPLA, MSLPT, e FRELIMO.

 O PAICV aparece posteriormente como sabemos e já alterna no poder em Cabo Verde.

O próprio Amílcar Cabral participa na fundação do MPLA com os angolanos. E até um angolano,  dos irmãos Pinto de Andrade,  chega a pertencer a um governo de Luís Cabral na Guiné.

 E toda a gente em Angola  diz que José Eduardo dos Santos, angolano, é filho de Sãotomenses.

Tantos as Ilhas de Cabo Verde como de São Tomé conheciam e usufruíam bem dessa Unidade.
Eram muitos milhares de cabo-verdianos que viviam nas grandes cidades de Angola, antes e depois de 1961 com a guerra do Ultramar. E também muitos em São Tomé, que ficaram por lá esquecidos numa grande  miséria por Cabo Verde e Portugal, pós-independência  (reportagem na televisão há poucos anos).

 Esse sentido de Unidade que existia  nos anos 50,  era tão natural e tranquila e num ambiente de paz de tantos anos (a pacificação já tinha terminado havia alguns anos) que se uniram para formar aqueles movimentos dentro do mesmo espírito  ideológico e um grande sentido de irmandade.

 Parecia fácil a sonhada independência  “que nós governamos melhor os nossos riquíssimos países do que os portugueses que só nos atrasam", era uma frase feita em Luanda por brancos e mestiços e negros da cidade de Luanda, nados e criados nas Áfricas, com algum apoio de uns tantos politizados metropolitanos,  por simples anti-salazarismo.

 Era esta a ideia geral que imperava nos anos 50 em muitíssima gente em todas as ex-colónias, e assim se uniram esses  hermons numa ideia comum, luta comum pela independência.

 Até que…aparece uma guerra que surpreendeu toda a gente, a UPA com o seu tribalismo, racismo e separatismo,  Congo, Norte de Angola  e o resto.

 Esta surpresa não foi apenas pela chacina dos fazendeiros brancos do Café do Congo, mas também para essa maioria de irmãos unidos, onde muitos entusiastas das independências, e muitos anti-salazaristas fizeram uma giratória de 180 graus, e tanto cabo-verdianos e angolanos ou ficaram “em cima do muro” ou abertamente puseram-se ao lado do exército colonial.

E quando Amílcar Cabral e aquelas elites irmãs, independentistas avançam em  Angola, Guiné e Moçambique, embora bem organizados devido à sua capacidade, já não contavam com quantidades nem multidões, e como todos sabemos, no caso de cabo-verdianos do PAIGC eram mesmo um número reduzidíssimo.

Essas Umidades  coloniais  e anti-coloniais conheci e vivenciei.

 Era uma Unidade bonita, rica, feliz com muita vida, sentia-se no ar, nas cidades, nas fazendas de café, sisal, praias, campos de futebol e outros desportos.

 Mas essa Unidade após 1961, com a Guerra do Ultramar, ficou muito confusa, e aquela minoria dos movimentos, como nunca conseguiram cativar o povo para o seu lado, foi à base de armas na mão que se conseguiram impor… ao próprio povo.

 E como dentro dos próprios partidos houve enormes chacinas não se pode mais falar em qualquer sentido de Unidade.

Essa Unidade que Amílcar conheceu e viveu, não existe mais, e não sei mesmo se na CPLP existe algum sentimento  que se possa chamar Unidade.

Para terminar, digo que me lembrei de escrever isto, porque hoje, 21, Domingo, li num jornal que Portugal ainda deporta gente para Cabo Verde.

Deporta Cabo-verdianos, não li tudo, fiquei sem saber se foram deportados para a ilha do Tarrafal ou para Santiago. 

Cumprimentos para toda a gente,
Antº Rosinha (**)

______________


(**) 15 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15748: Caderno de Notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (42): As riquezas das matéria primas africanas e as fantasias criadas

6 comentários:

Torcato Mendonca disse...

É colagem do do post que comentaste.

## Blogger Torcato Mendonca disse...

Antº Rosinha,

Pelo muito que tens escrito,
Pelo muito que nos dás a aprender,
Por muitas divergências que contigo tenho,
Pelo enriquecimento que dás aqui a este "espaço", de desabafo de vivências,de controversia, de troca de ideias para compreender África, - eu te abraço e agradeço.

Abração,T.

22 de fevereiro de 2016 às 19:45 Eliminar ###

Há, quanto a mim na parte 2 deste teu (é mesmo teu), algumas pequenas divergências comigo. Não têm importãncia e prefiro ler quem conheceu e viveu 2mãe África"

Ab,T.
ps: Já tinha lido,por alto, o DN.

Luís Graça disse...

Camaradas e anigos, hoje que a guerra acabou (e foi também uma guerra... civil, entre portugueses!), saibamos ouvir-nos uns aos outros... "Saber ouvir o outro" não é sinónimo de "tomar partido"...

Façamos deste espaço uma ponte... de diálogo, de escuta, de partilha, de memória... LG

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Excertos da entrevista de Pedro Pires ao DN-Diário de Notícias, 22/2/2016 | Mariana Pereira


"Aceitar o uso da violência foi uma decisão dolorosa"

DN - Guerrilheiro e um dos protagonistas dos acordos de independência das antigas colónias portuguesas, Pedro Pires recorda como foi precisa "muito mais coragem para terminar a guerra" do que para a começar.

"Comandante Pedro Pires" ou apenas "Comandante". Era assim que o chamavam para lhe apertar a mão. Tem hoje 81 anos. Afastamo-lo desses tantos que o abordavam aquando da abertura do VI Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, a que assistia, organizado neste mês pela União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa na cidade da Praia. No dia anterior inaugurara a exposição Casa dos Estudantes do Império. Farol da Liberdade. Casa por onde passaram Pedro Pires, Agostinho Neto, Joaquim Chissano, Amílcar Cabral. Jovens das ex-colónias que em Portugal, sob os olhos da PIDE - que fechou a casa em 1965 -, e ainda longe de se tornarem heróis, preparavam-se para a luta que viriam a travar. Agora, um homem (talvez o seu secretário) ao nosso lado vai apontando para o relógio. Mas o Comandante fala sem pressa naquela ilha de onde em certos sítios se vê o Fogo, onde nasceu.

DN - Chegou a Lisboa em 1956. Como viveu então o período da Casa dos Estudantes do Império, em Portugal?

PP - Eu fazia o serviço militar obrigatório, tinha os fins de semana livres e aproveitava para estreitar as minhas relações com os amigos que conheci na casa. Fazia-se de tudo um pouco: desporto, conferências, música, literatura, apresentação de pequenos livros publicados pela casa. Era mais um ponto de convívio e de troca de informações, ideias, e de bastante cumplicidade. (...)

DN - Custou-lhe perceber então que o caminho para libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde seria o da luta armada?

PP - Foi um processo doloroso, que podia ser de rutura com as convicções, porque nós estamos marcados por esse princípio cristão: não matarás. De modo que a vida é sagrada e a questão de decidir por uma guerra... Está claro que dá que pensar. Embora, se aprofundássemos a ideia, veríamos que o mundo tem sido um mundo de guerras, de violência, que a humanidade não conseguiu ainda libertar-se do recurso à guerra. Parece uma loucura a ideia da guerra, de ter de destruir o outro para atingir os nossos fins. Foi uma decisão dolorosa, dizer: bom, vou deixar alguns princípios e ter de aceitar o uso da violência. Não é nada fácil. Depois a realidade, os factos, a vida vem-nos impondo as suas regras, mas por fim temos de rejeitar isso e voltar à ideia inicial, que afinal precisamos de discutir, precisamos de negociar e precisamos de dialogar. (...)

http://www.dn.pt/mundo/entrevista/interior/aceitar-o-uso-da-violencia-foi-uma-decisao-dolorosa-5041039.html

Luís Graça disse...

Excertos da entrevista de Pedro Pires ao DN-Diário de Notícias, 22/2/2016 | Mariana Pereira


"Aceitar o uso da violência foi uma decisão dolorosa"

(Continuação)


DN - Negociou e assinou os acordos que levaram à independência da Guiné e de Cabo Verde ao lado de Almeida Santos, então ministro do primeiro governo provisório. Depois da sua morte, em janeiro, como o recorda?

PP - O Dr. Almeida Santos era um grande amigo, com quem estabeleci relações de amizade, cumplicidade, de muita confiança. Não são coisas que se preveem. Quiseram os acasos da história que nos encontrássemos os dois no processo de negociações em relação à Guiné e a Cabo Verde. Conseguimos entender-nos um ao outro e creio que as coisas que se fizeram devem muito a essa empatia entre a minha pessoa e a do Dr. Almeida Santos.

DN - Ele pressionou-o para convocar eleições em Cabo Verde, em 1975?

PP - O Dr. Almeida Santos disse: "Eu não posso dar tudo, tem de ter algumas condições." E eu [também] nunca defendi essa ideia do poder entregue imediatamente, fui mais prudente nessa questão. Pela minha prudência e alguma intuição, ou inteligência estratégica, sabia que não podia ser. Então congeminámos qualquer coisa que era aceite por toda a gente. Aceite pelos portugueses e pelo PAIGC. Foram concessões mútuas. O acordo foi um compromisso. E nós estávamos convencidos de que íamos ganhar as eleições.

DN - Como lidaram com a oposição interna ao processo?

PP - O nosso objetivo era a libertação de Cabo Verde, [em relação a] outra gente que pudesse pensar numa solução diferente, nós tínhamos de ganhar. Alguém há de perder. Acho que o processo de libertação de Cabo Verde custou pouco e foi bastante pacífico. Não cem, mas noventa e muitos por cento pacífico. (...)


http://www.dn.pt/mundo/entrevista/interior/aceitar-o-uso-da-violencia-foi-uma-decisao-dolorosa-5041039.html

Antº Rosinha disse...

"Aceitar o uso da violência foi uma decisão dolorosa" diz Pedro Pires

Luís Graça, deve-se perguntar a essa gente ( dirigentes do MPLA, PAIGC, FRELIMO), que temos que pôr de lado os outros movimentos por total impreparação, onde foram buscar a inspiração de ir para o mato de armas na mão como uns selvagens trazans, se eles eram todos meninos de cidade, estudantes, muitos meninos da Mocidade Portuguesa, oficiais e cabos milicianos, enfermeiros padres e pastores, tudo "gente fina"?

Luís Graça, nem o ANC de Mandela foi para o mato , nem a Seita MAU-MAU no Kénia, tipo ao que hoje vemos BOKO HARAM, foi para o mato.

Só em Angola, a UPA usou esse processo, apoiados pelas missões americanas e Administração Kennedy, abrigados no vizinho Congo Belga de Mobutu e incursões esporádicas no Norte de Angola.

Atacaram tudo quanto mexia brancos, mestiços e pretos que não fossem bakongos.

E (claro como água)foi vendo o perigo que representava para todo aquele conjunto de colónias a actuação da UPA, é que aqueles independentistas, ate para se salvarem a eles próprios, usaram os mesmos processos de guerra de guerrilha semelhante à UPA.

Apenas que em vez dos americanos, foram os russos a apoiar, naqueles ventos da guerra fria.

Essa gente e aqueles países tinham desaparecido do mapa, se tivessem o azar de Salazar lhe ter entregue a algum qualquer Amilcar ou Pedro ou Agostinho qualquer daquelas colónias em 1961.

Mas como os povos nunca alinharam com nenhum movimento, as armas foram usadas mais para convencer o povo, do que para convencer os capitães de Abril.

No caso dos Caboverdeanos, que viram morrer tantos guineenses com canhões do lado de lá das fronteiras, porque enganavam os seus guerrilheiros que um dia iriam levar a luta para as ilhas caboverdeanas?

Sabemos que os caboverdeanos são excepcionais em política de sobrevivência, mas os dirigentes do PAIGC que não sejam cínicos e sejam sinceros.

Talvez por falta de sinceridade dos dirigentes caboverdeanos é que se deu o 14 de Novembro de 1980, o fim do sonho de Cabral.

Talvez esses dirigentes "bormedjos" sejam os principais responsáveis pelo fim dessa UNIDADE, belíssima que Amílcar e Pedro Pires conheceram no tempo colonial, que havia entre os que hoje são os PALOP, e que hoje não se nota grande afinidade, e até se nota alguma animosidade.

Se até dentro do PAIGC e dentro do MPLA se praticaram tão bárbaros massacres...é melhor ficar por aqui para não perdermos o sangue frio.

JD disse...

Caro Rosinha,
teria lógica essa ideia de Amilcar para criar uma "unidade" entre a Guiné e Cabo Verde? Poderia ter, mas também se pode objectar com uma ideia neo-colonial, quiçá, mesmo colonialista. E a sua morte, vista sob tal perspectiva, pode constituir prova irrefutável. O problema é que ainda hoje, oficialmente, só são consideradas possibilidades sobre a responsabilidade do assassinato.
Esta conclusão sobre a falta de identificação dos responsáveis, levanta outra questão importante: as rivalidades étnicas no PAIGC, que foram muitas,ao abrigo das quais cometeram-se inúmeros crimes. Valeu a pena? Sim, se adoptarmos uma consideração fatalista da história; se considerarmos que venceu a doutrina do partido e ignorarmos as diferentes doutrinas que não conseguiram conviver.
Nos 3 movimentos de libertação aconteceram fatais ajustes de contas, e isso mostra quanto impreparados estavam para assumirem as independências. O único cimento nacionalista em cada um daqueles territórios foi a cultura portuguesa, que garantia a paz e o progresso daqueles povos (desenvolvimento tardio e desigual, embora). Deves saber de experiência própria, como se alvitrou retalhar Angola para satisfação de cada movimento. E Moçambique. E deixar a Guiné ao sabor do mais forte.
Tenh
aqui os 2 primeiros volumes de "Memórias e trabalhos da minha vida", de Norton de Matos, em mau estado, mas perfeitamente legíveis. Se te intressarem, dá-me o teu endereço.
Um abraço

Antº Rosinha disse...

JD, sobre o assassinato, depois de tantas leituras que aqui já se fizeram sobre o assunto, neste blog, e depois de ver a sequência do desenrolar da guerra, na GUINÉ e nos outros territórios, da maneira como é contada a história do julgamento do(s) assassino, e cúmplices com e sem alibi, penso que malhando bem o ferro, ainda seja neste blog que apareça o verdadeiro mandante.

JD, sobre a UNIDADE, devido a só conheceres as Áfricas portuguesas em Guerra, tanto na Guiné como depois em Angola, não tiveste oportunidade de conhecer uma unidade ou irmandade ou afinidade entre as elites que formaram esses movimentos.

Embora tivessem umas "peneiras" de serem melhor uns que os outros, e terem uma terra mais rica e melhor uns que os outros, principalmente no caso de Angola e Moçambique, havia um identificação muito forte.

Mas no que toca a entenderem-se quanto a verem-se livres do colon atrasado, (se ao menos fosse inglês ou francês, diziam eles) entendiam-se e ajudavam-se maravilhosamente.

Principalmente aqueles que se juntavam na Metrópole para estudar ou jogar à bola, ou mesmo de férias, porque havia muitos funcionários que vinham com os filhos de licença graciosa, meio ano, fazendeiros com os filhos, genros e noras, e encontravam-se e comunicavam.

Há uma certa lógica na ideia de Cabral com a sua UNIDADE com a Guiné, a sua terra e Caboverde a terra do seu pai.

Muitos caboverdeanos ficaram em Angola como angolanos e até se diz popularmente que o presidente angolano é filho de Sãotomenses.

Mas a maior ilusão daqueles movimentos, mas neste caso de Cabral, que nunca tiveram o povo com eles, antes pelo contrário, o povo evitava-os como o diabo da cruz, por isso eu digo que ganhámos a guerra com a "Guiné Melhor" a Angola Melhor" e Moçambique Melhor". até 20 de Janeiro de 1973, a maior ilusão de Cabral, é que a confiança que o povo depositava nas autoridades coloniais, não se transferia para os movimentos nem durante, nem após a "luta".

E a UNIDADE que parecia possível, desapareceu por falta de confiança que desapareceu, mesmo entre eles próprios os chefes.

Até hoje, infelizmente para todos, ninguém tem confiança em ninguèm, o povo sabia disso muito bem.

JD, sobre o Norton vou ver se encontro o teu mail.