Foto 3 > Parada de Cancolim > Um quartel igual a tantos outros no TO da Guiné, feito pela engenharia militar.
Foto 4 > O pombal na parada de Cancolim (alguns pombos serviram de petisco; e a columbofilia também distraía)
Foto 9 > O fur Mil Jacinto e eu, junto do famoso pombal de Cancolim
Foto 5 > Bissau > 26/12/1971 > Apresentação do Batalhão (o BCAÇ 3872) ao Com-Chefe, Gen Spínola) > Em primeiro plano o alf Mil Rosa Santos, já falecido há uns anos.
Foto 6 > Cumeré > 1/1/1972 > Passagem de ano > À frente o alferes que nos abandonou e primeiro da última fila o capitão que também se foi.
Foto 7 > Cancolim > 23 de setembro de 1973 > Trajando à civil, para esquecer a guerra: oficiais e sargentos: sentado: fur mil Oliveira; 1.ª fila, da esquerda para direita: 1.º sarg Romana, fur mil Correia (Rodinhas), fur mil Silva (Russo), eu, capelão da CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro), fur mil Silva, fur mil Peixoto, alf mil Andrade; em cima também da esquerda para a direita: fur mil Santos, alf mil Videira, alf mil Oliveira, fur mil Conde, fur mil Gaspar, fur mil Ferreira e fur mil Jacinto.
Fotos (e legendas): © Rui Baptista (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
1. O Rui Batista, que mora em Póvoa de Santo Adrião, Loures, com 65 anos de idade, reformado, entrou para a nossa Tabanca Grande em 9/12/2009. É lisboeta, sendo os pais oriundos de Arganil.
Segundo a sua apresentação, embarcou para a Guiné no NT Angra do Heroísmo em 18 de dezembro de 1971 e desembarcou em Bissau, na véspera de Natal em 24 do mesmo mês. Passou o ano novo no Cumeré.
Regressou a Portugal no T/T Niassa que partiu de Bissau em 28 de março e chegou a Lisboa a 4 de abril de 1974.
Permaneceu, portanto, na Guiné 27 meses e alguns dias, sempre em Cancolim, "lá no fim do mundo"... Há que retirar, diz ele, "o tempo do IAO no Cumeré, duas viagens de férias a Lisboa e dois internamentos no Hospital Militar em Bissau".
Nesse espaço de tempo, aconteceram "coisas que jamais poderei esquecer". Estas fotos (das muitas centenas que tinha e que lhe roubaram, uns tempos da sua chegada, do carro, no Portinho da Arrrábida...) falam um bocadinho dessa história:
Segundo ele, "a CCAÇ 3489 não teve muita sorte durante a comissão, principalmente nos primeiros meses. Logo no início em Cancolim, em três quintas-feiras seguidas tivemos 4 mortos e 21 feridos: um morto e um ferido numa mina na picada entre Cancolim e o destacamento de Sangue Cabomba; 16 feridos ligeiros num despiste de uma viatura a caminho de Bafatá; e mais 3 mortos e 4 feridos na primeira flagelação do IN ao nosso aquartelamento".
Nesse primeiro ataque, ele teve "a sorte de um ex-furriel dos velhinhos me ter empurrado para dentro da porta da secretaria, ele, com esse gesto, acabou por ser ferido numa vista por um estilhaço de uma granada de morteiro 82 e eu escapei ileso".
Outro dos desaires que teve a companhia, foi "o abandono do capitão e de um alferes, e a partida forçada para as tropas africanas do alferes Rosa Santos, do meu pelotão" (que era o segundo, os "Vingadores").
O IN "não nos dava tréguas", e era "pouco o material de guerra que tínhamos para nos defender (na altura apenas um morteiro 81)"... O assalto pelo IN ao destacamento e a captura de 2 homens nossos, o desaparecimento de um dos nossos soldados [, apanhado pelo IN, o José António de Almeida Rodrigues, que "para alguns de nós teria desertado"], juntamente com "as notícias de mortos no Saltinho e emboscadas no Dulombi", tudo isso contribui para que o desânimo se instalasse nas nossas tropas".
(...) "Com a substituição do Capitão e dos alferes, acabamos por não ter um comando à altura de nos elevar o moral, passámos por um período do quase 'salve-se quem puder'. Valeu-nos o reforço de um pelotão do Dulombi e a visita de alguns páras [do BCP 12,] para as coisas acalmarem em Cancolim."
O resto é para relembrar num outro próximo poste. (**)
___________
Notas do editor;
(*) Vd, poste 3 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5400: Tabanca Grande (192): Rui Baptista, ex-Fur Mil da CCAÇ 3489/BCAÇ 3872, Cancolim, 1971/74
(**) Último posto da série > 23 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15786: Memória dos lugares (335): As "viagens" a Madina do Boé e a Béli (Abel Santos, ex-Soldado da CART 1742)
Permaneceu, portanto, na Guiné 27 meses e alguns dias, sempre em Cancolim, "lá no fim do mundo"... Há que retirar, diz ele, "o tempo do IAO no Cumeré, duas viagens de férias a Lisboa e dois internamentos no Hospital Militar em Bissau".
Nesse espaço de tempo, aconteceram "coisas que jamais poderei esquecer". Estas fotos (das muitas centenas que tinha e que lhe roubaram, uns tempos da sua chegada, do carro, no Portinho da Arrrábida...) falam um bocadinho dessa história:
Segundo ele, "a CCAÇ 3489 não teve muita sorte durante a comissão, principalmente nos primeiros meses. Logo no início em Cancolim, em três quintas-feiras seguidas tivemos 4 mortos e 21 feridos: um morto e um ferido numa mina na picada entre Cancolim e o destacamento de Sangue Cabomba; 16 feridos ligeiros num despiste de uma viatura a caminho de Bafatá; e mais 3 mortos e 4 feridos na primeira flagelação do IN ao nosso aquartelamento".
Nesse primeiro ataque, ele teve "a sorte de um ex-furriel dos velhinhos me ter empurrado para dentro da porta da secretaria, ele, com esse gesto, acabou por ser ferido numa vista por um estilhaço de uma granada de morteiro 82 e eu escapei ileso".
Outro dos desaires que teve a companhia, foi "o abandono do capitão e de um alferes, e a partida forçada para as tropas africanas do alferes Rosa Santos, do meu pelotão" (que era o segundo, os "Vingadores").
O IN "não nos dava tréguas", e era "pouco o material de guerra que tínhamos para nos defender (na altura apenas um morteiro 81)"... O assalto pelo IN ao destacamento e a captura de 2 homens nossos, o desaparecimento de um dos nossos soldados [, apanhado pelo IN, o José António de Almeida Rodrigues, que "para alguns de nós teria desertado"], juntamente com "as notícias de mortos no Saltinho e emboscadas no Dulombi", tudo isso contribui para que o desânimo se instalasse nas nossas tropas".
(...) "Com a substituição do Capitão e dos alferes, acabamos por não ter um comando à altura de nos elevar o moral, passámos por um período do quase 'salve-se quem puder'. Valeu-nos o reforço de um pelotão do Dulombi e a visita de alguns páras [do BCP 12,] para as coisas acalmarem em Cancolim."
O resto é para relembrar num outro próximo poste. (**)
___________
Notas do editor;
(*) Vd, poste 3 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5400: Tabanca Grande (192): Rui Baptista, ex-Fur Mil da CCAÇ 3489/BCAÇ 3872, Cancolim, 1971/74
(**) Último posto da série > 23 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15786: Memória dos lugares (335): As "viagens" a Madina do Boé e a Béli (Abel Santos, ex-Soldado da CART 1742)
2 comentários:
Rui, impressionou-me a foto nº 7, com a legenda "trajando à civil, para esquecer a guerra"... Também nós, fazíamos isso, em Bambadinca, ao tempo da nossa comissão, os escassos graduados da CCAÇ 12... Tínhamos uma intensa atividade operacional, mal tendo tempo para respirar!... Só que vocês em Cancolim estavam mais isolados...
Na CCAÇ 12, companhia de intervenção ao serviço do batalhão que guarnecia o setor L1, éramos considerados brancos pretos de 1ª classe enquantos os nossos soldados, do recruatamento local (uma centena!), eram pretos brancos de 2ª classe...
Sempre que a gente tinha folga, cada um ia para seu lado: os guineenses, para o seio das suas famílias (eram desarranchados, e viviam nas duas tabancas de Bambadinca, com as suas mulheres e filhos); e nós, "tugas", solteiros, sem mulher (, havia uma exceção, o alferes Carlão!, o sortudo!), a primeira coisa que fazíamos era despir a farda, o camuflado (a nossa "segunda pele"), e vestir as "jeans", a "lacoste" e o sapatinho de pala...
Tudo muito bem "afiambrado" e, ala, moços!, a caminho dos poucos sítios onde a malta se podia divertir um pouco, Bafatá, a "princesa do Geba", mas também Bambadinca e algumas "pontas" nos arredores, ponta Brandão, Fá Mandinga, Bambadincazinho...
Confesso que nunca soube tão bem "andar à civil" na tropa... Deve ser a mesma sensação do preso que, em liberdade condicional, tem um fim de semana, para "ir a casa"... Na maior parte das vezes, era apenas, no nosso caso, para sair do "arame farpado" que separava o quartel e posto administrativo de Bambadinca da(s) tabanca(s) e arredores, e ir à tasca do Zé Maria comer uns lagostins e beber umas "bazucas"... Ou fazer um "ronco" á noite com as "meninas do Bataclã" de Bafatá, na sucursal de Bambadinca...
Mas, em geral, a Bafatá, porque tínhamos de ir em coluna (!), íamos com a "pele" nº 2, o camuflado... E a G3, só por um questão de princípio... Nunca houve o mais pequeno problema, no meu tempo, no trajeto Bambadinca-Bafatá-Bambadinca, a não ser acidentes de trajeto, por excesso de álcool ou chuva...
Bom dia meu avô José Lopes era um soldado ao exército com vocé.Ele era do cartel do st dominguos é aparece em varias fotos de lembraças da guerra.E nós gostaríamos discutir com você...
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