sábado, 2 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15927: Blogpoesia (442): "Castelo da Pena", de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Palácio da Pena
Com a devida vénia a RTP.PT


1. Em mensagem de hoje, 2 de Abril de 2016, o nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), enviou-nos este poema dedicado ao Palácio Nacional da Pena:


Castelo da Pena

Neste fim de tarde, luminosa e calma
que a natureza caprichou em dar,
se divisa daqui, ao longe,
sobre as altas cumeadas,
poisado,

o recorte fino e ténue,
de muralhas e ameias
dum castelo.

Será de Sintra?

São de cinza as cores
E de silêncio as suas lendas.

Se cobre de nuvens,
Com muitas penas,
São dos piratas,
Dos sarracenos,
Barcos à vela,
Vindos do mar.

Galgaram as pedras.
Tantas refregas.
Tanta barbárie.
Que mortandade!
Para reinarem.
Todos morreram.
Ninguém ficou.
Só as muralhas.
Só as ameias.
Fino recorte,
No horizonte!

Será de Sintra,
Castelo das Penas?...

Bar Caracol, arredores de Mafra, 1 de Abril de 2016
18h49m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
____________

Nota do editor

Último poste da série de 20 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15877: Blogpoesia (441): "Tratar da horta...", de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

3 comentários:

Valdemar Silva disse...

Com as minhas penas
voei, até à Pena.
Da Pena do D. Fernando
voei à pena do castelo dos mouros.
E fui voando, pra outras Penas.
Penaferrim, Penafiel, Penamacor,
Penalva e voei até penhas e penhascos.
Penha Garcia, Penhascoso e cheguei.
Cheguei à Penha, em Guimarães,
terra do meu pai.
Há mais de sessenta anos que lá não ia.
Só os poemas (e as penas)
nos fazem voar.
Obrigado J. L. Mendes Gomes
Valdemar Queiroz

Luís Graça disse...

Vivam os nossos poetas!...Está dado o mote, as nossas "penas"...

E conm "pena" rima.

Alcanena
alfena
antena
arena
Avicena

mas também cantilena
cena
centena

e ainda dezena
Filomena
Helena, Lena de Bafatá,
hiena
Lorena
Lucena
Madalena
quinzena
rena
trintena

sem esquecer Viena
Vilhena
vintena

E viva a poesia!... LG

Luís Graça disse...

O nosso poeta das baladas de Berlim deu o mote... O Valdemar agarrou... Eu arremato:


Que crime para tantas penas ?
Degredado, fui à guerra,
Eu e muitos, às centenas,
Soldados da minha terra.

A Guiné foi o nosso degredo
Só bolanhas e picadas,
Muita dor, tudo em segredo,
Nas almas armadilhadas.

Se de amor fosse essa pena,
P’la minha pátria encantada,
Teria valido a pena
De tanto penar por nada.