Foto nº 1 > De Piche, para Bafatá, num Cessna dos TAGP
Foto nº 2 > Dentro do Cessna
Foto nº 3 > Vista aérea de Piche [" (...) Era um quartel novo, com razoáveis instalações para a CCS e para mais duas companhias operacionais. Tinha água canalizada e gerador elétrico, As instalações do quartel incluíam trincheiras, base de fogos do morteiro 81, três peças 11,4 e as habituais casernas, messe, cozinha e posto de socorros, tudo rodeado por arame farpado, com a respetiva Porta de Armas" (...) , Mendes Paulo, maj cav, 1932-2006]
Foto nº 3A > Vista aérea de Piche: pormenor do espaldão do obus, valas e abrigos
Foto nº 4 > Vista aérea de Piche: outro ângulo
Foto nº 5 > Vista aérea de Nova Lamego, com as instalações militares em primeiro plano. O traçado da vila tem mão de urbanista português, foi feito a régua e esquadro, como Bissau, Bafatá, etc.
Foto nº 6 > Vista aérea do Rio Geba
Foto nº 7 > Uma tabanca à beira da estrada Nova Lamego - Bafatá
Foto nº 8 > Mais uma vista aérea do Rio Geba, nas proximidades de Bafatá
Fotos (e legendas): © Abílio Duarte (2016). Todos os direitos reservados.
1. Continuação da publicação de fotos do Abílio Duarte [, ex-fur mil, CART 2479, mais tarde CART 11 e, finalmente, já depois do regresso à Metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa companhia de “Os Lacraus de Paunca”, (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)] (*).
Trata-se do "álbum que a minha saudosa mãe criou com fotos que eu lhe enviava". Desta vez são fotos tiradas num viagem de Cessna, dos TAGB, quando o Abílio Duarte foi de Piche a Bafatá para fazer o exame de condução automóvel. "As várias vistas aéreas que aparecem nesta reportagem foram tiradas neste avião". O Cessna, a caminho de Bafatá, sobrevoava Nova Lamego.
Eis como como o já falecido major de cavalaria João Luiz Mendes Paulo (1932-2006) descrevia Piche deste tempo, no seu livro "Elefante Dundum" (citado por Beja Santos) (**)
(...) "Era um quartel novo, com razoáveis instalações para a CCS e para mais duas companhias operacionais. Tinha água canalizada e gerador elétrico, era bem melhor que Nambuangongo [, Angola].
O primeiro ataque foi para nos testar. Vieram pela pista de aviação com morteiros 82, RPG-7, metralhadoras pesadas e as inevitáveis Kalash e PPSH. Apesar de todas as recomendações anteriores, foi um festival de fogo de artifício.
As instalações do quartel incluíam trincheiras, base de fogos do morteiro 81, três peças 11,4 e as habituais casernas, messe, cozinha e posto de socorros, tudo rodeado por arame farpado, com a respetiva Porta de Armas.
A povoação de Piche envolvia o quartel do lado Sul e todo o perímetro da povoação era protegido por abrigos enterrados, 13 ao todo, em ligação com as trincheiras, com holofotes, metralhadoras e contacto via telefone e rádio para o posto de comando.
Em caso de ataque, só os tais abrigos da periferia abriam fogo, quando atacados diretamente ou à ordem, para alvos já referenciados”.
2. Comentário adicional do fotógrafo:
(,..) "A minha ida a Bafatá foi em meados de 1970 (, em abril), a minha Companhia estava a fazer reforço, em Piche, e recebi uma informação da nossa sede, em Nova Lamego, onde fazia a respetiva instrução automóvel, como a maioria da malta, de que tinha exame numa quarta-feira seguinte.
Falei com o Cap Pinto, e ele disse-me que não estava prevista nenhuma coluna a Gabú. A minha sorte foi ter aparecido, na segunda-feira anterior ao exame, a tal avioneta. O capitão fez o favor de me ajudar, ao pedir boleia para mim.
Vista aérea de Bafatá: ao centro (1) , a avenida principal e igreja [, em frente, o edifício da administração colonial e, mais acima, o hospital local]..
Foto de Humberto Reis (2006).
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Quando cheguei a Bafatá, fui à messe do Esquadrão de Cavalaria, onde encontrei um colega também, do BNU, chamado Pascoal, que me arranjou comida e dormida, pois só vim novamente para Nova Lamego e depois Piche, quase uma semana depois.
O exame correu-me bem, fiz o ponto de embraiagem naquela calçada larga alcatroada, que vinha cá de baixo do rio, e que agora, pelas fotos atuais. é só buracos. Quanto às legendas, estão bem, que, como vocês dizem, na Guiné é quase tudo igual. Mais uma vez agradeço a vossa disponibilidade, caros editores" (...).
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 22 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15886: Fotos do álbum da minha mãe, "Honra e Glória" (Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Nova Lamego e Paunca, 1969/70) - Parte II
(*) Último poste da série > 22 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15886: Fotos do álbum da minha mãe, "Honra e Glória" (Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Nova Lamego e Paunca, 1969/70) - Parte II
(**) Vd. postes de :
30 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14418: Notas de leitura (698): “Elefante Dundum – Missão, testemunho e reconhecimento”, por João Luíz Mendes Paulo, edição de autor, 2006 (1) (Mário Beja Santos)
30 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14418: Notas de leitura (698): “Elefante Dundum – Missão, testemunho e reconhecimento”, por João Luíz Mendes Paulo, edição de autor, 2006 (1) (Mário Beja Santos)30 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14418: Notas de leitura (698): “Elefante Dundum – Missão, testemunho e reconhecimento”, por João Luíz Mendes Paulo, edição de autor, 2006 (1) (Mário Beja Santos)
Vd, também 27 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11324: Álbum fotográfico de Abílio Duarte (fur mil art da CART 2479, mais tarde CART 11/ CCAÇ 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) (Parte IX): Piche, vista aérea... E as valas onde se "despistou" o nosso camarada e amigo comum Renato Monteiro...
7 comentários:
"O primeiro ataque foi para nos testar. Vieram pela pista de aviação com morteiros 82, RPG-7, metralhadoras pesadas..."
Deslocar morteiros 82 (conheci só o 81 e carreguei o prato, pesa para o caraças) e metralhadoras pesadas e respectivas munições no mínimo dez ou 11 Klm, da fronteira mais próxima, instalarem-se a 100 metros de Pitche, pista de aviação, e as populações não detectarem nem denunciarem já em 1970 (?) era a prova de que não tínhamos a arma mais apropriada para aquela guerra.
Essa arma era o diálogo e a informação em língua fula, balanta, mandinga etc.
Era o divórcio, onde nem sequer tinha havido casamento.
Exactamente o oposto que tinha acontecido em Angola, onde desde comerciantes e muitos militares e até PIDE (angolanos), já havia comunicação nas diversas linguas.
Como eu pessoalmente nunca cheguei a aprender nenhuma língua africana por incapacidade minha, vi que quem falava línguas conseguia coisas incríveis, até certos negócios...diamantes, marfim etc.
Houve muitos oficiais metropolitanos que passaram os 24 meses sem distinguir um bailundo de um cuanhama, ou um Mandinga de um Fula, e o mesmo teria acontecido com muitos caboverdeanos do PAIGC, que também não se entenderam muito bem.
O crioulo também era muito complicado para se entenderem em condições.
E como se vê pelas fotos aéreas, aquela terra não era para europeus... Vejam só a quantidade de água que havia, já no fim da época (, estamos em abril de 1970), a época das chuvas só começava em maio... Um homem, de Piche, para a vir a Bafatá, a umas escassas de dezenas de quilómetros, com Nova Lamego pelo meio, tinha que vir em coluna, bem armado, ou então "by air"... E uma vez em Bafatá, onde havia um arzinho de civilização, quem é que queria voltar para Piche ? É o voltas!
O quartel de Piche, ainda tem lá as paredes,todo o seu espaço, mas não telhados ou portas.
A estrada para Gabú está óptima, foi reparada nas últimas semanas, entre Gabú e Buruntuma.
Piche vai ter água com bomba solar, em novos fontanários, dentro em breve.
A praça principal de Piche esta arranjada e caiada.(tenho fotos)
A rampa, (rua principal) de Bafatá, foi alcatroada e está em muito bom estado, moro lá...
Um abraço
Viva Duarte.
Grandes fotos.
Aquela, nº.5, vista aérea de Nova Lamego dá para ver o novo
Quartel, à dirt. em baixo na foto. Em abril/70 já havia novo Quartel? Não
me lembro.
A foto de Piche é extraordinária, lembro-me perfeitamente de tudo.
Lembras-te, quando o libanês dos matraquilhos estava fechado havia ataque?
É o que diziam que eu quando por passei nunca tive problemas.
O Patrício Ribeiro pode publicar as fotos, actualizadas, de Piche e Bafatá, ou
outras lá da zona, que ficamos agradecidos.
Abraço
Valdemar Queiroz
Abilio Duarte
28 mar 2016 23:25
Tens razão, Luís, quem podia ir a Bafatá, tinha muito por onde se distrair.
Eu tive o privilégio, assim como a maior parte dos graduados da minha Companhia, de durante perto de 6 meses, que estivemos em Contuboel, na instrução das nossas Companhias, que como sabes era uma boa Zona, mas, quando aos sábados, íamos, para Bafatá, para a piscina e almoçar no Restaurante do portuga, era uma alegria, e só regressávamos ao por do Sol.
E depois já operacional, quem nos queria ver era a caminho do Xime, na semana de descanso em Nova Lamego, o Comdte. do Batalhão lá estacionado, enviava sempre o nosso pelotão para fazer a respectiva protecção a várias colunas. E obviamente passávamos por Bafatá e Bambadica, onde o José Carlos Lopes me dava guarida.
Sinceramente penso que, das Companhias no Leste, a nossa foi a que mais vezes foi ao Xime, e não era pera doce. Por vezes ainda sonho que tenho que lá ir. Manga de Ronco. .
Abraços.
A guerra do Ultramar apresentava uma estratégica constante e variantes tácticas, consoante o seu teatro - Guiné, Angola e Moçambique.
A malta do PAIGC que lançou o ataque de armas pesadas a Piche, a partir da sua pista de aviação, seguramente comandada pelo Bobo Quetá, comandante da Frente Leste, ex-alfaiate em Nova Lamego, terá partido de Koundara, a 30 km da fronteira, contornado Buruntuma, e andado outros 30 km. para dar porrada em Piche.
E ninguém deu por nada?
Claro. Os nossos iluminados estrategas deixaram que o PAIGC desertificasse o espaço entre Buruntuma e Piche; Camajabá não terá passdo um destacamento militar.
Em Angola era diferente - o Rosinha poderá corroborar: Deixava-se o IN entrar, ganhar profundidade, havia sempre alguem a detectá-lo, a tropa começava por lhe cortar as linhas as de reabastecimento e fazia o seu trabalho
Abraço.
Manuel L. Lomba, sem contraditório, é chato trazer para aqui a guerra de Angola.
Era tão diferente a realidade angolana da realidade guineense, que para se fazer uma pequena ideia, os últimos 5 anos antes do 25/A, eu e várias dezenas de colegas meus vivemos de tenda de campanha às costas, uns para sul, outros para norte outros para leste, sem qualquer protecção militar.
Quem nos protegia e nos avisavam se houvesse perigo, eram as populações.
Não havia nenhuma guerra ganha, mas quem a tinha perdido naquela altura já eram os pobres angolanos com aqueles três movimentos armados uns contra os outros, MPLA, FNLA e UNITA.
Seguiram-se 30 anos terríveis com as armas mais modernas, em lugares onde desde o tempo das pacificações havia a maior tranquilidade que tarde se torna a repetir em África.
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