domingo, 27 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15908: Manuscrito(s) (Luís Graça) (80): Páscoa... ou quando a travessia da picada da vida, com todos os seus riscos, medos, minas e armadilhas, é bem mais fácil, se for feita em conjunto, de maneira solidária, partilhada... Boa Páscoa para os nossos aniversariantes de hoje e para toda a Tabanca Grande!


O Natal e a Páscoa são datas incontornáveis, para nós, portugueses,  pelo menos os da nossa geração. 

É raro eu falhar, na Páscoa (e no Natal), a ida ao norte. Este ano, por um conjunto de circunstâncias, não me é possível lá estar. 

Mas não quis deixar de, à distância, me associar ao espírito festivo da Páscoa nas minhas tabancas do Norte... Acabei de fazer, de improviso, umas quadras que mandei, agora mesmo, quando a festa já está no ar... Sei que vou ter cartão amarelo por falta de comparência... mas espero que o árbitro releve a minha falta. 

Como este ano, por coincidência, há também 3 aniversariantes nortenhos da nossa Tabanca Grande (o Carlos Vinhal, o Eduardo Magalhães Rodrigues e a Maria Dulcinea) e   um ribatejano (o Armando Pires), quero partilhar convosco (ou "com vós", como se diz no Norte) esses versinhos, estendendo os meus votos de boa Páscoa a toda Tabanca Grande e demais homens e mulheres de boa vontade. 

Qualquer que seja o significado que a Páscoa possa ter para cada um de nós, há nela uma mensagem de sentido universal e intemporal: a travessia da picada da vida, com todos os seus riscos, medos, minas e armadilhas, é bem mais fácil, se for feita em conjunto, de maneira solidária, partilhada... Mesmo sabendo todos nós, que o nascer e o morrer são os atos mais intrinsecamente solitários da vida humana...  LG


Para as famílias Soares e Carneiro,
seus convidados
e compasso pascal da Madalena...

Para os aniversariantes de hoje...

Para toda a Tabanca Grande...

Para todos os homens e mulheres de boa vontade...


Olha o compasso pascal,
Visitando a freguesia,
Nesta casa, é bom sinal,
Traz-nos a fé e a alegria.

Traz-nos a fé e a alegria,
Que todos bem precisamos,
É a Santa Páscoa o dia
Em que as forças renovamos.

Em que as forças renovamos,
Como seres humanos e cristãos,
Boas festas desejamos,
Pais, filhos, amigos, irmãos.

Pais, filhos, amigos, irmãos,
Vizinhos da Madalena,
Mais os de longe que aqui estão,
E quem não veio vai ter pena.

E quem não veio vai ter pena,
De neste ano faltar,
Mas fez esta cantilena,
Para com vós partilhar.

Para com vós partilhar
As coisas boas do Norte,
E a amizade reforçar
Com um abraço bem forte.

Lisboa, domingo de Páscoa,
27 de março de 2016, 10h30
Luís Graça

______________

5 comentários:

Henrique Cerqueira disse...

Mais uma vês o Luís nos "esmaga"com tão belos escritos. Não tenho o dão de escrever o agrado que se sente ao ler o que escreves.Digo só:Muito obrigado Luís Graça e que Deus te proteja a ti e a todos os que amas.
Boa Páscoa .
Henrique Cerqueira e Ni.

antonio graça de abreu disse...

Também sou um homem Norte, nado e criado no meu querido Porto. Aí vai o comprovativo neste dia de Páscoa cristã:



Porto, Porto

Na história portuguesa, os mais altos momentos, não do nosso génio mas da nossa plenitude atingida, foram aqui. Uma saudável consciência gregária, uma solidez de processos de conduta e relação, deram a este aglomerado humano foros de única cidade castiçamente portuguesa.

Miguel Torga, Diário X

O Porto é só uma certa maneira de me refugiar na tarde, forrar-me de silêncio e trazer à tona algumas palavras, sem outro fito que não seja o de opor ao corpo espesso destes muros a insurreição do olhar.

Eugénio de Andrade, A Cidade de Garrett

431
Regresso sempre
ao meu Porto de menino
para incontáveis enlevos e magias.

432
Memórias coloridas do meu burgo
á solta pela humidade fria da cidade.
Quanta recordação, quanta saudade…

433
Há muitos anos, a caminho do liceu,
o coração grande de ver e aprender,
eu cruzava o jardim de S. Lázaro.
Venho agora para a biblioteca, ao fundo,
o mesmo espaço sombreado a verde,
o mesmo coreto sem música,
o mesmo lago pequeno,
os mesmos peixes vermelhos e negros,
o mesmo repuxo a esparrinhar a mesma água,
os mesmos bancos de madeira,
os mesmos velhos a falar das mesmas vidas.
Eu também o mesmo,
depois de mil rios, de dez mil montanhas.
Mas os olhos gastos pela água dos anos,
as mãos lavradas pelo arado do tempo.

434
Circular, branco, omnipotente sobre a cidade,
este mosteiro da serra do Pilar.
Menino, a fé em Deus a transbordar,
eu vinha aqui rezar.

435
O Porto, desde a serra do Pilar,
para eu desdobrar o coração,
até ao mar.

436
No Porto,
toda a memória num grito,
ecoando nas águas, no granito.

437
Dos Guindais a Miragaia,
das Antas até à Foz,
sob um véu de cambraia.


Um abraço,

António Graça de Abreu

Unknown disse...

Boa Páscoa.
Forte abraço a todos.
VP

Anónimo disse...

Boa Páscoa, e que a saúde e a felicidade estejam convosco.

Um abraço para o Luís e para todos os outros combatentes ou camarigos.

Carvalho de Mampatá.

Luís Graça disse...

Obrigado a todos, obrigado ao "morcão" do Graça de Abreu pelas "amêndoas portistas", o Porto é uma Nação!... O Henrique e a Ni também são gente boa do Porto... O Carvalho é de lá perto, Gondomar... e o nosso VP é de mais abaixo, bairradino de gema, mas é o que está mais longe, do outro lado do mar!... Xicorações para todos/as. LG