Foto nº 1
(...) "Imagem de um buraco aberto no chão, coberto de troncos de palmeira, terra e chapas de zinco a cobri-los, protegido no exterior com bidões de gasóleo cheios de terra, com uma pequena abertura, tendo no seu interior uma cama de ferro, especial do mobiliário militar, com colchão adequado …a um sono tranquilo [que enorme ironia] (...)
Foto nº 2
Guiné > Zona leste > Setor L1 > Estrada Bambadinca-Xime > Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 > 2º Grupo de Combate > 1970 > O fu mil op esp Humberto Reis, à entrada do abrigo (?) (**)...
(...) "Com este destacamento passou-se um episódio que diz bem do carácter que presidia à união de todos os operacionais (operacionais eram aqueles que iam para o mato e as sentiram assobiar e não os que viviam no bem bom dentro dos arames farpados e que nunca sentiram o medo de levar um tiro).
"Um domingo à noite estávamos a jantar na messe [, em Bambadinca], nesse dia calhou-me estar dentro do arame, e de repente começámos a ouvir rebentamentos para os lados da ponte. Pensámos que era o destacamento que estava a embrulhar e automaticamente nos levantámos (eu e mais alguns até estávamos vestidos à civil), fomos a correr aos respectivos quartos buscar as armas e quando chegámos à parada já lá estavam alguns Unimog com os respectivos condutores à espera (ninguém lhes tinha dito nada mas a ideia foi a mesma - é a malta da ponte a embrulhar, temos de os ir socorrer ). Até um dos morteiros 81 levámos e aí vai o fur mil. do Pel Mort com uma esquadra, o Lopes que era natural de Angola (tão bem organizada que era a nossa administração militar, que o colocaram na Guiné!).
"Felizmente, quando chegámos à ponte, verificámos que não era aí, mas sim 2 km mais à frente, na tabanca de Amedalai, pelo que seguimos até lá. Escusado será dizer que quando o IN notou que chegaram reforços fechou a mala e foi embora" (...)
Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados
Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Localização da Ponte sobre o Rio Udunduma (e não Undunduma...), afluente do Rio Geba (ou Xaianga), a meio caminho entre Bambadinca e Xime...
A ponte foi dinamitada e parcialmente destruída por acção do PAIGC, na noite de 28 parta 29 de Maio de 1969, por ocasião do ataque a Bambadinca (quatro/cinco km a nordeste), levado a cabo por 2 bigrupos (cerca de 100 homens)... A partir desse ataque, passou a ser destacado um grupo de combate para defender este ponto nevrálgico... Durante anos, até à construção da nova estrada (alcatroada) Xime-Bambadinca, milhares e milhares de homens e viaturas, desembarcados em LDG no Xime passaram por aqui a caminho do leste (e vice-versa)...
O nosso camarada Carlos Marques Santos (ex-fur mil, CART 2339, Fá e Mansambo, 1968/69) diz que foi o primeiro a avançar, para a Ponte do Rio Udunduma, logo no dia 29 de Maio de 1969, com o 3º Gr Comb da sua companhia, vindo em marcha forçada de Mansambo...
Infogravura: Pormenor da carta de Bambadinca (1955), escala 1/50000.
1. Três anos e meio, pelo menos, separam, estas duas fotos (***)... Era muito tempo, ou pelo menos o tempo suficiente para passarem três batalhões distintos por Bambadinca, sede do setor L1, desde que foi montado, em finais de maio de 1969, à pressa, um destacamento na ponte do Rio Udunduma, afluente do Rio Geba, importante ponto estratégico na ligação do porto fluvial do Xime com Bambadinca e o resto da zona leste...
Referimo-nos ao BCAÇ 2852 (1968/70), ao BART 2917 (1970/72) e o BART 3873 (1972/74).
Houve outros destacamentos não menos célebres no TO da Guiné, como o da ponte Caium ou ponte do Rio Caium, também no leste, na região de Gabu, subsetor de Piche... Ou de ponte Balana, na região de Tombali, perto de Gandembel.
Se calhar, já está tudo dito... sobre estes sítios de nenhures! Ou talvez não, há sempre um leitor, novo, que chega,,, e que tem alguma curiosidade pelos sítios do mundo a que nós podemos chamar "de nenhures"...
O destacamento do ponte do rio Udunduma nunca existiu ou nunca existiu para a história... COmo nunca existiu Caium ou Balana... Só existe emquanto formos vivos, e se mantiver no nosso imaginário o topónimo e o nosso blogue se mantiver ativo... Era um sítio de nenhures, como a grande maioria dos bu...rakos onde nos meteram ou nós nos metemos.
Acham, os nossos queridos leitores, que as duas fotos ainda merecem uma legendagem complementar ?
Já nos faltam as forças, a pachorra, o tempo, a imaginação, a curiosidade, a paixão... Doze anos a blogar é muito tempo, confesso... E o tempo (e a saúde, o patação, a lucidez,,, ) é a coisa que sentimos que nos está a (ou vai) faltar...
De qualquer modo, amigos e camaradas da Guiné, vai continuar a ser preciso alimentar o blogue, todos os dias... O blogue é um ser vivo, que precisa de comer e beber todos os dias. Obrigado àqueles que o alimentam... LG. (***)
_______________
(**) Vd. poste de 23 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12626: Memória dos lugares (262): Ponte do Rio Udunduma: os 'dias felizes' do Humberto Reis e do Tony Levezinho, 2º Gr Comb, CCAÇ 12 (1969/71) (Texto de L.G. / Fotos de H.R.)
(***) Último poste da série > 16 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15754: Fotos à procura de...uma legenda (71): Spínola e Costa Gomes no Cantanhez: fotos do livro de José Moura Calheiros, "A última missão" (1ª ed., Porto: Caminhos Romanos, 2010) (Rui Pedro Silva, ex-cap mil, CCV 8352, Caboxanque, 1972/74)
Referimo-nos ao BCAÇ 2852 (1968/70), ao BART 2917 (1970/72) e o BART 3873 (1972/74).
Houve outros destacamentos não menos célebres no TO da Guiné, como o da ponte Caium ou ponte do Rio Caium, também no leste, na região de Gabu, subsetor de Piche... Ou de ponte Balana, na região de Tombali, perto de Gandembel.
Se calhar, já está tudo dito... sobre estes sítios de nenhures! Ou talvez não, há sempre um leitor, novo, que chega,,, e que tem alguma curiosidade pelos sítios do mundo a que nós podemos chamar "de nenhures"...
O destacamento do ponte do rio Udunduma nunca existiu ou nunca existiu para a história... COmo nunca existiu Caium ou Balana... Só existe emquanto formos vivos, e se mantiver no nosso imaginário o topónimo e o nosso blogue se mantiver ativo... Era um sítio de nenhures, como a grande maioria dos bu...rakos onde nos meteram ou nós nos metemos.
Acham, os nossos queridos leitores, que as duas fotos ainda merecem uma legendagem complementar ?
Já nos faltam as forças, a pachorra, o tempo, a imaginação, a curiosidade, a paixão... Doze anos a blogar é muito tempo, confesso... E o tempo (e a saúde, o patação, a lucidez,,, ) é a coisa que sentimos que nos está a (ou vai) faltar...
De qualquer modo, amigos e camaradas da Guiné, vai continuar a ser preciso alimentar o blogue, todos os dias... O blogue é um ser vivo, que precisa de comer e beber todos os dias. Obrigado àqueles que o alimentam... LG. (***)
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Notas do editor:
(*) Vd. postes de:
10 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12565: O Destacamento da Ponte do Rio Udunduma - As acções especiais durante o segundo semestre de 1973 (parte I) (Jorge Araújo)
(*) Vd. postes de:
10 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12565: O Destacamento da Ponte do Rio Udunduma - As acções especiais durante o segundo semestre de 1973 (parte I) (Jorge Araújo)
15 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12586: O Destacamento da Ponte do Rio Udunduma - As acções especiais durante o segundo semestre de 1973 (parte II) (Jorge Araújo)
(**) Vd. poste de 23 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12626: Memória dos lugares (262): Ponte do Rio Udunduma: os 'dias felizes' do Humberto Reis e do Tony Levezinho, 2º Gr Comb, CCAÇ 12 (1969/71) (Texto de L.G. / Fotos de H.R.)
(***) Último poste da série > 16 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15754: Fotos à procura de...uma legenda (71): Spínola e Costa Gomes no Cantanhez: fotos do livro de José Moura Calheiros, "A última missão" (1ª ed., Porto: Caminhos Romanos, 2010) (Rui Pedro Silva, ex-cap mil, CCV 8352, Caboxanque, 1972/74)
3 comentários:
Penso que foi o meu Pelotão a render o Carlos Santos, aí por 18 ou 20 de Junho de 1969.ABRAÇO! J.Cabral
Então, o que é que diz o Lomba sobre este ataque?
Como é que o IN passou para atacar o Destacamento da Ponte, entre o Xime
e Bambadinca, sem, também, ninguém se aperceber?
E por que em Piche tínhamos todos de saber que íamos ser atacados à noite?
Quem diz a Piche diz em todos os ataques, principalmente à noite, em toda a zona
leste. Nunca ninguém sabia.
Em 1969/70, já havia abrigos, valas e arame farpado em volta das localidades/tabancas, com a tropa a fazer parte da população. A leste de Bafatá só Nova Lamego e pouco mais é que não estava nestas condições.
Depois do jantar e quando começava a escurecer toda a gente, tropa e população ia prás valas, até determinada hora que se sabia que não poderia haver ataques.
Só, inicialmente, antes desta prática defensiva fomos apanhados de surpresa. Depois,
já estávamos à espera e havia sempre um grande ataque de flagelação com morteiradas e tentativas de assalto. Tudo era feito a horas de forma a ser possível a fuga para além fronteira, sem que houvesse da nossa parte perseguição por não haver condições de sairmos à noite. A nossa missão era 'aguentarmos' ao máximo aquelas tabancas, para evitar desertificação da população criando zonas de ninguém fora de controlo.
Valdemar Queiroz
Tenho várias fotos deste hotel 1 000 000*. Assim que tiver oportunidade irão parar à nossa Tabanca.
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