quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16987: Tabanca Grande (424): Armando Tavares da Silva, nosso grã-tabanqueiro nº 734, autor de “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)” (Caminhos Romanos, 2016), livro galardoado com o prémio "Fundação Calouste Gulbenkian, História da Presença de Portugal no Mundo"


Capa do livro do prof Armando Tavares da Silva,“A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)”, Porto, Caminhos Romanos, 2016, ISBN 978-989-8379-44-3).

O nosso mais recente membro da Tabanca Grande, o historiador Armando Tavares da Silva, foi galardoado com o prémio  Fundação Calouste Gulbenkian, História da Presença de Portugal no Mundo, pela publicação deste livro. O prémio foi dado pela Academia Portuguesa da História, e a cerimónia de entrega decorreu em 7 de dezembro de 2016, pelas 15,30 horas na sede desta Academia, Palácio dos Lilases, Alameda das Linhas de Torres, 198-200, 1769-024 Lisboa. A cerimónia foi presidida pelo Presidente da República.


1. Mensagem,  de 23 do ocorrente, do nosso leitor e escritor Armando Tavares da Silva,  convidado a integrar a Tabanca Grande em 6/12/2016 (*):

Prezado Professor Luís Graça, demais Editores do blogue e caros Grã-Tabanqueiros

É para mim uma grande honra e prazer pertencer a esta grande comunidade, aceitando o convite que me foi dirigido. Honra que é acrescida pelo facto de considerar este blogue do máximo interesse e importância por documentar, pela voz dos próprios interventores, grande parte do que foi a luta na Guiné durante os anos 1961-1974. Quem quiser, assim, fazer a história dos acontecimentos deste importante período, não poderá prescindir do manancial de informação que ele contém. É este um motivo do agradecimento que deve ser feito aos promotores deste blogue e a todos os que nele colaboram.

Eu não estive na Guiné, mas não é difícil de imaginar que, tendo durante cerca de uma dezena de anos feito uma extensa investigação sobre o que foi a presença portuguesa neste antigo território ultramarino português (agora a República da Guiné-Bissau) entre os anos 1878-1926, siga com grande interesse e apreço tudo o que respeita a este território, sua história presente e passada.

Devo começar por esclarecer que o meu interesse pela história do território resultou do facto de um avô meu, como aspirante de marinha, ter participado, em 1904, na chamada guerra do Churo, uma das operações militares ditas de “pacificação” da Guiné. O Churo era uma região de povos da etnia papel ao sul de Cacheu, os quais amiudadas vezes atacavam esta praça causando mortos entre os seus habitantes.

Aquele interesse foi acrescido por se ter dado a coincidência de o chefe-do-estado-maior na altura (major Lapa Valente) ser casado em segundas núpcias com a minha avó materna. Lapa Valente serviu na Guiné durante 7 anos – uma das mais longas presenças de militares – e durante este período foi por 3 vezes governador interino e uma vez encarregado do governo, tendo participado nas expedições ao Jufunco em 1901, ao Nhacre e ao Oio em 1902, ao Arame em 1903 e ao Churo em 1904.

Foi por verificar quão escassa era a historiografia portuguesa relativa à Guiné que decidi empreender a morosa tarefa de mostrar quais foram os problemas – militares a administrativos – que as autoridades portuguesas tiveram de defrontar para o estabelecimento de uma efectiva administração num território onde Portugal dispunha de várias praças, presídios e feitorias, a qual se tornou premente na sequência das resoluções da Conferência de Berlim de 1885.

O trabalho empreendido levou à publicação em 2016 do livro “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)” (Caminhos Romanos, ISBN 978-989-8379-44-3) (**). Foi abrangido o período de quase 50 anos que se seguiu à separação administrativa da Guiné relativamente a Cabo Verde em 1879, período em que se verificou a quase totalidade das operações militares no território após a delimitação de fronteiras com a França em 1886.

Com a realização deste trabalho fiquei a compreender a razão por que o partido independentista criado nos finais dos anos 1950 dizia respeito não apenas à Guiné, mas simultaneamente também a Cabo Verde. E fiquei ainda a compreender a particular composição do grupo dos seus promotores e principais dirigentes.

Nesta perspectiva, aquele livro lança-nos luz sobre os antecedentes da luta travada para expulsão dos portugueses daquele território entre 1961 e 1974, e permite-nos compreender melhor o seu real significado, bem como os desenvolvimentos que têm ocorrido na Guiné-Bissau até aos nossos dias.

A este propósito tem interesse transcrever o Prefácio que o Almirante Nuno Vieira Matias, que comandou na Guiné de 1968 a 1970 um destacamento de fuzileiros especiais, elaborou para o livro.


2. Resposta der ontem do nosso editor:

Meu caro Armando: Acabo de ver a sua mensagem, vou no Alfa a caminho de Braga, onde tenho um júri de doutoramento na área das ciências da comunicação.

Regresso ao fim da tarde. Já comecei a editar os seus textos: a apresentação à Tabanca Grande (, vou procurar mais umas notas bibliográficas... a seu respeito) e o prefácio ao seu livro (que vou ilustrar com imagem da capa). Os nossos postes, como sabe, não podem ser muito extensos, daí esta minha opção.

Naturalmente que respeitarei a sua (e a do prefaciador) opção no que diz respeito à ortografia. Os nossos autores e comentadores têm essa liberdade, faz parte do nosso "livro de estilo".

O meu amigo irá ser apresentado mais logo, na viagem de regresso (espero estar despachado por volta das 17/18h). Será o grã-tabanqueiro nº 734, e a sua presença muitos nos honra, enquanto blogue dos "amigos e camaradas da Guiné". [Últimas duas entradas, mais recentes, Braima Galissá e Armando Gonçalves] (***). Já sabe como são as regras: aqui, os camaradas de armas tratam-se por tu; os amigos dispensam as formalidades, os títulos... Mas todos respeitam todos...

Fique com o meu número de telemóvel (...). Já corrigimos a gralha que apontou, no marcar do nosso blogue [Armando Tavares da Silva]...

Boa saúde, boa continuação do seu valioso trabalho de pesquisa. Luís Graça

3. Nota biográfico do nosso grã-tabanqueiro nº 734:




4. Citação do prefácio do livro (, assinado pelo Almirante Nuno [Gonçalo] Vieira Matias, que comandou na Guiné,  de 1968 a 1970, um destacamento de fuzileiros especiais (, o DFE nº 13) [. é atualmente Presidente da Academia de Marinha, vice-presidente da Direcção da Sociedade de Geografia de Lisboa, membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, membro de mérito da Academia Portuguesa da História, entre outros cargos]: 


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3 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Meu caro Armando: depois das "boas vindas", vamos ao trabalho... Lapa Valente, casado em segundas núpcias com a sua avó materna... Era José ou João ?

Abraço / alfabravo / Mantenhas. Luís Graça
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Vd. aqui:

3 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11667: Quem dirigiu os destinos da Guiné (3/3): Governadores e Independência (José Martins)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/06/guine-6374-p11667-quem-dirigiu-os.html



JOSÉ MATEUS LAPA VALENTE – Capitão e Chefe do Estado-maior da Guiné, ocupa o cargo, interinamente, por decreto de 9 de Agosto de 1904, entregando o cargo ao novo governador em 2 de Fevereiro de 1905. [Há registos que mencionam o seu primeiro nome como João].

Anónimo disse...

JOSÉ e não João. José Mateus Lapa Valente (Nova Goa, 1851, Lisboa, 1916) era descendente dos Valentes do Couto naturais de Mazagão que, no despejo da praça em 1769, foram transportados para o Brasil, para Macapá, em Belém do Pará. Seu bisavô paterno, Mateus Valente do Couto, regressara a Portugal para frequentar a Universidade de Coimbra.
Lapa Valente chega à Guiné em Outubro de 1900 e, com o posto de major, é encarregado do governo entre 26-5-1903 e 27-3-1903, e Governador interino de 9-7-1907 a 1-12-1904 (posse a 22-8-1904). Na ausência do governador Almeida Pessanha é novamente nomeado governador interino de 18-8-1905 a 14-2-1906 (posse a 22-8-1905), e ainda de 21-4-1906 a 8-6-1906 (posse a 26-4-1906). Exonerado do cargo de chefe-do-estado-maior na governação de Oliveira Muzanty, deixa definitivamente a Guiné em Março de 1907.
Armando T. da Silva

Anónimo disse...

Lapa Valente exonerado do cargo de Governador interino em 1-12-1904 (havia sido nomeado a 9-7-1904)vem a entregar o governo a Almeida Pessanha em 2-2-1905. Na terceira vez em que exerce funções de Governador interino (nomeado a 21-4-1906) é também ele que entrega o governo a João Augusto d'Oliveira Muzanty a 13-8-1906.
Armando T. da Silva