Foto nº 1
Foto nº 2
Foto nº 3
Foto nº 4
Tailândia > Phuket > 12 e 13 de novembro de 2016
Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Continuação da publicação das crónicas da "viagem à volta ao mundo em 100 dias", do nosso camarada António Graça de Abreu,
Escritor, poeta, sinólogo, ex-alf mil SGE, CAOP 1 [Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74], membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com mais de 200 referências, é casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos, João e Pedro. Vive no concelho de Cascais.
2. Sinopse da série "Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias"
2. Sinopse da série "Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias"
(i) neste cruzeiro à volta do mundo, o nosso camarada e a sua esposa partiram do porto de Barcelona em 1 de setembro de 2016; [não sabemos quanto despenderam, mas o "barco do amor" deve-lhes cobrado uma nota preta: c. 40 mil euros, estimanos nós];
(ii) três semanas depois de o navio italiano "Costa Luminosa", com quase três centenas de metros de comprimento, sair do Mediterrâneo e atravessar o Atlântico, estava no Pacífico, e mais concretamente no Oceano Pacífico, na Costa Rica (21/9/2016) e na Guatemala (24/9/2017), e depois no México (26/9/2017);
(iii) na II etapa da "viagem de volta ao mundo em 100 dias", com um mês de cruzeiro (a primeira parte terá sido "a menos interessante", diz-nos o escritor), o "Costa Luminosa" chega aos EUA, à costa da Califórnia: San Diego e San Pedro (30/9/2016), Long Beach (1/10/2016), Los Angeles (30/9/2016) e São Francisco (3/4/10/2017); no dia 9, está em Honolulu, Hawai, território norte-americano; navega agora em pleno Oceano Pacífico, a caminho da Polinésia, onde há algumas das mais belas ilhas do mundo;
(iv) um mês e meio do início do cruzeiro, em Barcelona, o "Costa Luminosa" atraca no porto de Pago Pago, capital da Samoa Americana, ilha de Tutuila, Polinésia, em 15/10/2016;
(v) seguem-se depois as ilhas Tonga;
(vi) visita a Auckland, Nova Zelândia, em 20/10/2016;
(vii) volta pela Austrália: Sidney, a capital, e as Montanhas Azuis (24-26 de outubro de 2016);
(viii) o navio "Costa Luminosa" chega, pela manhã de 29710/2016, à cidade de Melbourne, Austrália;
Chegámos à baía de Chalong, com a cidadezinha e a praia do mesmo nome, ao fundo. Não existe cais para a acostagem de navios de cruzeiro e o Costa ficou a descansar aí a uns dois quilómetros de terra, tendo o transfer dos passageiros sido feito por lanchas, tipo mini-cacilheiro.
Passeio por Chalong. Hotéis baratos, restaurantes de estranhas comidas e uma praia com água nem sempre limpa a que não dou mais de três estrelas. Sentados em bancos altos, em cafés e esplanadas na avenida à beira mar, há uns tantos travestis, homens façanhudos transformados por mil artifícios em esbeltas damas, de grossos lábios vermelhos, seios protuberantes e rabos empinados. São as, ou os ladyboys que sorriem até às orelhas, até à nuca, na procura simpática de clientes. Centros de massagens também enxameiam a malha urbana de Chalong. Dizem-me que se a massagista não estiver pintada, trata-se de massagem de verdade, se a rapariga ou o travesti aparecer para o trabalho decorado a preceito, haverá massagem e depois um final feliz.
De autocarro, passo para o outro lado da ilha para assistir a um nada entusiasmante espectáculo de música e dança à moda da Tailândia. Os bailarinos são desconchavados e feios – por onde andarão as tailandesas bonitas? –, as marcações do bailado são elementares, a música é para ouvir e esquecer. Ao sair do teatro, há um grande grupo de turistas chineses à porta da sala aguardando a entrada. Não lhes gabo o gosto. Penso que a pesadona dança tailandesa, a funcionar em sessões contínuas, não agradará aos filhos do dragão que vão levar outra vez com aquelas figuras de pechisbeque, meio coloridas, tipo bonecos de cera em movimento. Jamais se devem tirar conclusões apressadas, sobretudo numa aproximação célere a realidades que desconhecemos. Alguém me explica que os turistas chineses vão assistir a algo completamente diferente, um show erótico apresentado por travestis, esfuziante de ritmo e movimento, a culminar com nus integrais e talvez sexo ao vivo, coisa nunca vista nos teatros em terras da China.
Mudando completamente de objectivo, o nosso destino é agora o templo budista de Chaithararam ou Wat Chalong, nos arredores sul da cidade de Phuket [Foto nº 1]. Os cinco pavilhões que constituem o âmago do templo são todos do início do século XIX e foram recentemente restaurados. Aqui venho encontrar, creio, o que de melhor identifica a arquitectura budista tailandesa. Os pavilhões estilizados, impecavelmente trabalhados, com colunas brancas ou creme sustentando os telhados sobrepostos, muito inclinados e levemente revirados, os budas dourados em oração em nichos e balaustradas no frontispício dos edifícios, a harmonia das cores no equilíbrio da brisa, tudo no fundo de um vale verdejante. Um fim de tarde mágico. Dentro do pavilhão principal, há mais budas e arhats, estes os discípulos de Sakyamuni, e guerreiros, e mestres sábios, divindades femininas de mãos postas em oração. Quatro budas jazentes aguardam, à beira da morte, a iluminação suprema. As figuras estão pintadas em dourado forte contrastando com as paredes brancas onde aparecem painéis multicoloridos com figuras associadas à vida de Buda, com os fundos verdes e azuis de florestas, rios e lagos.
No segundo dia, a Haiyuan quis ficar na praia de Chalong e para mim é tempo de partir à desfilada, cavalgando os mares da Tailândia.
Quase uma hora de autocarro, de novo para o outro lado da ilha até chegar a uma cuidada marina onde nos esperam lanchas rápidas que nos vão levar oceano fora até prodigiosos destinos. A barca está pronta para partir, leva quinze passageiros todos espanhóis, excepto eu, companheiros do cruzeiro, e conta com três motores Honda de 225 cavalos cada um [Foto nº 2].
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(viii) o navio "Costa Luminosa" chega, pela manhã de 29710/2016, à cidade de Melbourne, Austrália;
(ix) visita à Austrália Ocidental, enquanto o navio segue depois para Singapura; o Graça de Abreu e esposa alugam um carro e percorrem grande parte da costa seguindo depois em 8 de novembro, de avião para Singapura, e voltando a "apanhar" o seu barco do amor...
(x) de 8 a 10 de novembro. o casal está de visita a Singapura, seguindo depois o cruzeiro para Kuala Lumpur, Malásia (11 de novembro);
(x) de 8 a 10 de novembro. o casal está de visita a Singapura, seguindo depois o cruzeiro para Kuala Lumpur, Malásia (11 de novembro);
(xi) Phuket, Tailândia (12-13 de novembro).
3. Viagem de volta ao mundo em 100 dias > Phuket, Tailândia, 12-13 de novembro de 2016 (pp. 48-53, da Parte II)
3. Viagem de volta ao mundo em 100 dias > Phuket, Tailândia, 12-13 de novembro de 2016 (pp. 48-53, da Parte II)
Imaginava Phuket como uma praia, ou uma sucessão de praias bordejadas por hotéis e resorts para turista abancar e mergulhar em mares de tom azul turquesa. Afinal trata-se de uma ilha grande com 600 mil habitantes e 580 quilómetros quadrados, quase o dobro de Malta, no Mediterrâneo.
Chegámos à baía de Chalong, com a cidadezinha e a praia do mesmo nome, ao fundo. Não existe cais para a acostagem de navios de cruzeiro e o Costa ficou a descansar aí a uns dois quilómetros de terra, tendo o transfer dos passageiros sido feito por lanchas, tipo mini-cacilheiro.
Passeio por Chalong. Hotéis baratos, restaurantes de estranhas comidas e uma praia com água nem sempre limpa a que não dou mais de três estrelas. Sentados em bancos altos, em cafés e esplanadas na avenida à beira mar, há uns tantos travestis, homens façanhudos transformados por mil artifícios em esbeltas damas, de grossos lábios vermelhos, seios protuberantes e rabos empinados. São as, ou os ladyboys que sorriem até às orelhas, até à nuca, na procura simpática de clientes. Centros de massagens também enxameiam a malha urbana de Chalong. Dizem-me que se a massagista não estiver pintada, trata-se de massagem de verdade, se a rapariga ou o travesti aparecer para o trabalho decorado a preceito, haverá massagem e depois um final feliz.
De autocarro, passo para o outro lado da ilha para assistir a um nada entusiasmante espectáculo de música e dança à moda da Tailândia. Os bailarinos são desconchavados e feios – por onde andarão as tailandesas bonitas? –, as marcações do bailado são elementares, a música é para ouvir e esquecer. Ao sair do teatro, há um grande grupo de turistas chineses à porta da sala aguardando a entrada. Não lhes gabo o gosto. Penso que a pesadona dança tailandesa, a funcionar em sessões contínuas, não agradará aos filhos do dragão que vão levar outra vez com aquelas figuras de pechisbeque, meio coloridas, tipo bonecos de cera em movimento. Jamais se devem tirar conclusões apressadas, sobretudo numa aproximação célere a realidades que desconhecemos. Alguém me explica que os turistas chineses vão assistir a algo completamente diferente, um show erótico apresentado por travestis, esfuziante de ritmo e movimento, a culminar com nus integrais e talvez sexo ao vivo, coisa nunca vista nos teatros em terras da China.
Mudando completamente de objectivo, o nosso destino é agora o templo budista de Chaithararam ou Wat Chalong, nos arredores sul da cidade de Phuket [Foto nº 1]. Os cinco pavilhões que constituem o âmago do templo são todos do início do século XIX e foram recentemente restaurados. Aqui venho encontrar, creio, o que de melhor identifica a arquitectura budista tailandesa. Os pavilhões estilizados, impecavelmente trabalhados, com colunas brancas ou creme sustentando os telhados sobrepostos, muito inclinados e levemente revirados, os budas dourados em oração em nichos e balaustradas no frontispício dos edifícios, a harmonia das cores no equilíbrio da brisa, tudo no fundo de um vale verdejante. Um fim de tarde mágico. Dentro do pavilhão principal, há mais budas e arhats, estes os discípulos de Sakyamuni, e guerreiros, e mestres sábios, divindades femininas de mãos postas em oração. Quatro budas jazentes aguardam, à beira da morte, a iluminação suprema. As figuras estão pintadas em dourado forte contrastando com as paredes brancas onde aparecem painéis multicoloridos com figuras associadas à vida de Buda, com os fundos verdes e azuis de florestas, rios e lagos.
No segundo dia, a Haiyuan quis ficar na praia de Chalong e para mim é tempo de partir à desfilada, cavalgando os mares da Tailândia.
Quase uma hora de autocarro, de novo para o outro lado da ilha até chegar a uma cuidada marina onde nos esperam lanchas rápidas que nos vão levar oceano fora até prodigiosos destinos. A barca está pronta para partir, leva quinze passageiros todos espanhóis, excepto eu, companheiros do cruzeiro, e conta com três motores Honda de 225 cavalos cada um [Foto nº 2].
Saímos da marina e logo estamos em pleno mar. Vou sentado na popa da lancha junto aos três motores que trabalham quase na rotação máxima. A barulheira dos hélices mais a larga esteira de espuma branca levantada pelo barco fazem-me pensar que participo, por especial graça, num grande prémio de motonáutica. A lancha salta e voa sobre as ondas a uns setenta quilómetros por hora. Que sensação boa, galopar um rapidíssimo corcel do mar sobre a prata e turquesa das águas, depuradas e limpas! Rodeamos ilhas rochosas plantadas ao acaso por deuses de tempos imemoriais, por certo em dia de grande desorientação. Há ilhas espalhadas por tudo quanto é horizonte. Numa delas, a lancha abranda, quase pára, para nos mostrarem a erosão do mar e uma espécie de estalactites gigantes caindo sobre as águas.
Partimos outra vez no desenfreado galope pelas águas. Mais umas dezenas de quilómetros e estamos na ilha de Lawa. Há um almoço buffet de razoável comida tailandesa à nossa espera num improvisado restaurante com cadeiras e mesas que quase entram pelo mar. Um banho, umas braçadas valentes na leve ondulação do oceano azul. Petisco as iguarias numa mesa na companhia de dois casais de Valhadolid e Madrid que argumentam bem sobre a qualidade de vida em cada uma das cidades. Olham para mim, esperam a minha opinião mas eu sorrio e permaneço calado quase até ao fim da conversa. Para espanto dos quatro que quase caem das cadeiras, de surpresa, digo que sou português, não entendo tudo o que dizem mas que “me gusta las dos ciudades.”.
Depois de almoço, dou um passeio ao longo da praia. Poucos turistas, a imensidão do céu estendendo-se triunfante sobre o verde do mar, o branquear das nuvens, um pobre português que às vezes quase fala espanhol, feliz, de passagem.
Mais alguns quilómetros, ou milhas marítimas, e estamos ao lado de outra ilha em volta da qual passeiam turistas em pirogas manobradas por um seguro remador tailandês. Algumas canoas desaparecem ao entrar por grutas escavadas pela natureza no interior do monolito calcário.
Os motores aceleram de novo, mais uns dez quilómetros desembestados pelo mar e chegamos à ilha de Panyee, motivo para alguns assombros e uma bonita fotografia de uma avó com a sua neta [Foto nº 3].
Há mais de duzentos anos, algumas famílias muçulmanas abandonaram a ilha de Java, num barco, e acabaram por se fixar neste lugar, na pequena enseada onde decidiram continuar as suas vidas. Porque o terreno de Panyee era quase inexistente, construíram um amontoado de casas sobre plataformas de madeira apoiadas em troncos a funcionar como pilares cravados no fundo do mar, uma espécie de sistema de palafitas. A aldeia cresceu, os muçulmanos, quase todos pescadores, multiplicaram-se. Serão hoje umas centenas largas de pessoas, têm escola, uma clínica, até um pequeno campo de futebol e, claro, uma mesquita porque todas as pessoas que habitam na ilha são muçulmanas. Jamais havia visto um aldeia assim, mas creio que existem pequenas povoações semelhantes na baía de Halong, no Vietname. De resto, estas ilhas tailandesas têm parecenças com as que enxameiam Halong.
Partimos céleres para outra ilha, de nome Kao Tapoo mas conhecida, para entreter o turista, como “James Bond Island.” O nome advém-lhe de aqui ter sido rodado, em 1975, parte do filme “O Homem das Pistolas de Ouro”, com o então, ainda em bom estado, Roger Moore a fingir de James Bond. A ilha, muito visitada, é um lugar sombreado por algumas magias, tudo meio surreal, a vegetação trepando pelo alcantilado das encostas, pedra e grutas recortadas no interior da falésia. Diante da pequena praia, com águas cristalinamente verdes, há um enorme rochedo que parece crescer no mar, na base gasto pela erosão dos séculos, encalhado na luminosidade de terra, água e céu. Muita gente aproveita para o banho, para caminhar pelas veredas pedregosas que circundam a ilha, para tirar fotografia [Foto nº 4].
Depois de almoço, dou um passeio ao longo da praia. Poucos turistas, a imensidão do céu estendendo-se triunfante sobre o verde do mar, o branquear das nuvens, um pobre português que às vezes quase fala espanhol, feliz, de passagem.
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Nota do editor:
Último poste da série > 13 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18411: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte XXXII: em 11 de novembro de 2016, em Kuala Lumpur, Malásia: tentando, em vão, chegar ao topod as torres gémeas "Petrona", o arranha-céus considerado o mais alto do mundo (88 andares, 452 metros de altura) , entre 1998 e 2003,,,
Último poste da série > 13 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18411: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte XXXII: em 11 de novembro de 2016, em Kuala Lumpur, Malásia: tentando, em vão, chegar ao topod as torres gémeas "Petrona", o arranha-céus considerado o mais alto do mundo (88 andares, 452 metros de altura) , entre 1998 e 2003,,,
1 comentário:
Vida de corsário na reforma.
Sandokan em férias.
Quem não é competente não se estabeleça.
Boa viagem
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