segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20433: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXXIII: Os "jogos olímpicos" do meu batalhão



Foto nº 11 > São Domingos, fins de Dezembro de 1968. Distribuição de prémios pelas equipas. Tive direito a beber uma cerveja pela taça dos campeões africanos.


Fotro nº 6 > Nova Lamego em 20 de Fevereiro de 1968. Um jogo de basquetebol. Grande confusão na área do cesto.   O autor também aparece na molhada, em segundo plano, de perfil.


Foto nº 7 > São Domingos, em 20 de Fevereiro de 1968. Um jogo de futsal. À baliza, o autor, sem óculos.


Foto nº 5 > São Domingos, em fins de Dezembro de 1968. Provas  de Atletismo:  salto (acrobático) em altura.


Foto nº 1 >  São Domingos, em fins de Dezembro de 1968. Início dos jogos de... inverno. Com 40º à sombra!... O comandante do BCAÇ 1933 a presidir. 


Foto nº 2 >  São Domingos,  fins de Dezembro de 1968. Jogo de futebol. Entrada das equipas em campo.


Foto nº 9 > São Domingos, em fins de Outubro de 1968. Veja-se o estado "relvado"... Estamos no final da época das chuvas.



Foto nº 3 > São Domingos, em fins de Dezembro de 1968. O autor., que habitualmente não participava, a não ser como fotógrafo...


Foto nº 10 > São Domingos, em fins de Outubro de 1968. Jogo de futebol, entre  metropolitanos e guineenses.  Eu a segurar a bandeirola para ela não cair...


Foto nº 12 > São Domingos, em fins de Dezembro de 1968. Mais uma jogatana de futebol. O pessoal a assistir à sombra dos poilões.


Foto nº  13 >  São Domingos, em fins de Dezembro de 1968. Foto de família. O autor, à direita,  de calções e mãos nos bolsos, a observar...


Foto nº 14  > São Domingos, no 4º Trimestre de 1968. Uma baliza de futebol no meio do nada.


Foto nº 15 >  São Domingos, no 1º Trimestre de 1969.Torneio e jogos de verão. Um jogo isolado, de futebol, não fazendo parte de nenhuma competição. 


Guiné > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação do álbum fotográfico  do nosso amigo e camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem já perto de centena e meia de referências no nosso blogue.



CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T040 – OS JOGOS OLIMPICOS  DO BCAÇ  1933 >A guerra também se fazia no TO ‘Campos de Jogos’


I - Anotações e Introdução ao tema:

Caros companheiros e camaradas:

Como era habitual em todas as unidades, um dos passatempos, eram os jogos ao ar livre, onde competiam, ou classes contra classes, operacionais e serviços, pelotões contra pelotões, companhias contra companhias.

A modalidade mais usual, como é natural, seria sempre o futebol, pois todos sabem dar um pontapé numa bola.

Havia outras modalidades: Basquete, Futsal, Salto em altura, Salto em comprimento, Atletismo, Corridas, e tudo o que convidasse a puxar pelo físico, naqueles paraísos com um clima tão ameno que convidava a estas aventuras de inverno.

Os jogos eram organizados a rigor, com as vestes e equipamentos competentes, o campo era pelado, lá se colocavam paus a fazer de balizas, e assim se competia.

Só não sei quem era o árbitro nomeado, se por sorteio na Liga, ou na FPF. E se já haveria o VAR?

No final eram entregues as respectivas taças, que continham os dizeres de cada jogo ou modalidade. Em Nova Lamego e principalmente em São Domingos fizemos vários torneios, com atribuição de taças. O mais importante torneio foi realizado no mês de Dezembro de 68, em S. Domingos.

Nunca participei em nenhum, entrava por vezes só para a fotografia, mais nada.

II - Legendas das fotos:

F01 – O início dos jogos de Inverno – Com 40º. Com direito a parada, Hino Nacional, o Comandante do Batalhão Caçadores 1933 a presidir, as equipas alinhadas, e o árbitro com a farda corrente.  Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F02 – Entrada das equipas em campo. Vai iniciar a partida, as equipas entram em campo, as balizas lá estão, não sei quanto tempo durava o jogo, mas não eram de certeza, 45+45’.  Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F03 – Estão a decorrer as provas de salto em altura.  Eu fiquei de fora, a ver, e a fazer as fotos. Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F04 – Jogo de futebol a decorrer entre 2 companhias. O árbitro está lá, parado, não corre, o relvado não ajuda, a maioria da assistência está ao abrigo do Grande Poilão, o sol pesa nas cabeças. Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F05 – Salto à vara em altura. É claro que ganharam as equipas de soldados pretos, é a especialidade deles, saltar. Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F06 – Jogo de Basquetebol. Grande confusão na área do cesto. Agora a ver, parece que apareço por lá, mas sem óculos, pois não podia jogar nada com eles. Foto captada em Nova Lamego em 20 de Fevereiro de 1968.

F07 – Jogo de Futsal. Confirma-se a foto anterior, o guarda-redes é o autor, mas sem óculos. Desde pequeno que era onde mais gostava de jogar – na baliza  –, na rua com as famosas bolas de pano feitas com meias velhas. Foto captada em São Domingos, em 20 de Fevereiro de 1968.

F08 – (Nâo reproduzida por falta de qualidade.) Jogo de futebol. Os primeiros jogos feitos em Nova Lamego, a malta tinha acabado de chegar, e ali havia muita ‘matéria-prima’ para formar equipas. Foto captada em Nova Lamego em finais de Dezembro de 1967.

F09 – Aspecto do estádio durante os jogos. As instalações desportivas ficavam mal tratadas, aliás já estavam sempre, as chuvas destruíam tudo, estamos no fim da época. Foto captada em São Domingos, em fins de Outubro de 1968.

F10 – Jogo de futebol. Jogo entre malta branca e preta, parece que também há miúdos pretos, talvez.
Eu segurava a bandeirola do canto, para não sair com alguma jogada mais dura. Foto captada em São Domingos, em fins de Outubro de 1968.

F11 – Distribuição de prémios pelas equipas. Tive direito a beber uma cerveja pela taça dos campeões africanos.

Não percebo uma coisa agora que olhei para as chuteiras. Já os nossos soldados usavam em 1968, Ténis e Sapatilhas que estão hoje em moda, eu só comprei um par delas da Fred Perry há menos de dois anos, e não vou comprar mais, porque não gosto.

Por outro lado, eu já vestia calças de ganga americanas, usadas, que não havia na Metrópole, e também só experimentei uma vez há mais de 20 anos, teria de usar suspensórios, aquilo era uma grande palhaçada, ri tanto e nunca vesti depois de vir da Guiné, mais nenhuma ganga.n Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F12 – Mais um jogo de futebol no Batalhão. Para apuramento das equipas foram vários os jogos realizados, este é mais um, e o pessoal a assistir está na sombra do Poilão. Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F13 – Uma foto de família para mais tarde relembrar. Penso tratar-se de uma foto no final de tudo, mas pode ser antes de tudo. Vejo pessoal vestido com as camisolas, outros com fardas, temos lá o ‘Padeiro’, e o Alferes Teixeira a observar! Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F14 – Baliza de futebol no meio de nada. Uma foto onde se faziam os jogos, mas pelo mato deve ser no fim das chuvas. Foto captada em São Domingos, no 4º Trimestre de 1968.

F15 – Torneio e jogos de Verão. Um jogo isolado, não fazendo parte de nenhuma competição. Foto captada em São Domingos, no 1º Trimestre de 1969.

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933 / RI15, Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21Set67 a 04Ago69».

Fotos relegendadas em 2019-11-12, Virgílio Teixeira

18 comentários:

Valdemar Silva disse...

Por incrível que pareça, ou talvez não, quase todos os nossos soldados fulas da minha CART11 não sabiam jogar à bola. Com certeza nas suas tabancas, em crianças, as brincadeiras não seriam a jogar à bola.
Prós meus lados, em miúdo, só na altura das férias grandes aparecia algum 'banhista' com uma bola de borracha, durante o resto do ano era com uma bola de pano (meia velha) que dávamos uns 'shoots' com pés descalços.
A foto Nº. 15, com a toda rapaziada em calções e tronco nu a jogar à bola, faz-me lembrar, uma vez, numa praia de nudismo prós lados de Milfontes, ter reparado de passagem numa jogatana de futebol, na maré baixa, entre duas equipas de nudistas que para se diferenciar uns usavam t-shirt.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, a equipa de futebol da CCAÇ 12, a minha companhia de caçadores da Guiné, como a tua, que ganhou taças em Bambadinca, mas não tinha nenhum camarada guineense...

Mesmo as primeiras equipas de futebol que se organizaram na Guiné, nos anos 30/40, eram "elitistas", constituídas por brancos, por uma razão simples: o futebol era um desporto de brancos, levou tempo a popularizar-se na Guiné...

Mas antes da guerra, já havia alguns bons jogadores de futebol, cabo-verdianos e até guineenses... Alguns, nossos conhecidos, envergaram depois outra camisola, a do PAIGC. Mas isso é outra história.

Interessante é este exemplo do BCAÇ 1933, em que o desporto não se limitava ao futebol...

Anónimo disse...

Errata:
A foto 7 é Nova Lamego - 20 fev 67. Foi erro meu, mas nota-se pelas outras. Em S. Domingos só a partir de Abril de 68.

Sorry!!!!

Virgilio Teixeira

Cherno AB disse...

Caros amigos,

Na legenda da foto n. 1 diz-se que a temperatura em S. Domingos, no mês de Dezembro era de 40 graus a sombra.

Quero informar que esta indicação de temperatura não corresponde a realidade, pois como já tive oportunidade de dizer neste Blogue, a temperatura na Guiné-Bissau, pode parecer terrivel para um europeu, mas há sempre exageros, pois neste caso, no mês de Dezembro, as temperaturas mêdias são de 25/26 graus, as máximas de 30/33 durante o dia e as mínimas a noite de 18/19 graus.

Hoje em dia é muito facil verificar, através dos motores de busca, as temperaturas em todas as regiões do mundo e assim podiamos evitar escrever coisas ridiculas e que não correspondem a verdade. A primeira vez que estive sujeito a uma temperatura de 40 graus foi na europa, em Kiev, durante o verão nos anos 80. Muitas vezes as pessoas confundem temperaturas com altos níveis de humidade do ar que é outra coisa bem diferente.

Com o abraço amigo de sempre,

Cherno Baldé

Anónimo disse...

Diferente e bem pior!
Dá para perceber que os 40º é uma forma de expressão, nada mais.
Mas 30 com 100% de humidade, dá para ficar doido, isso eu sei.
E eu só gosto de calor, detesto o frio, e não me recordo de temperaturas de 18-19 graus!

Virgilio Teixeira


Anónimo disse...

Lá voltam as conversas sobre o umbigo agora acompanhadas de fotos do mesmo como a n-3.
O V.T. era o verdadeiro Tarzan das noites de Bissau.
Ponto Final!

Manuel Teixeira.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Manuel Teixeira, tens o direito de comentar as fotos que se publicam e as respetivas legendas, os textos e os contextos.

Mas, por favor, e de acordo com as nossas regras editoriais, não faças juizos como esse sobre um camarada, que passou pelo TO da Guiné, como eu penso que tu passaste (embora tu não sejas membro da Tabanca Grande e, como tal, não dás a caraa, como o Virgílio Teixeira dá, e outros camaradas que aqui pubicam; terás outra legitimidades quando apareceres, aqui, com as duas fotos da praxe e te apresentares aos 800 camaradas e amigos da Guiné que compõem a Tabanca Grande, entre vivos e mortos.)

As fotos que publicamos hoje não são sobre as "noites de Bissau" mas sim sobre as atividades desportivas que realizávmos nas nossas unidades, no "intervalo da guerra"...

Como editor, tenho que te dizer que o teu comentário é insultuoso e, como tal devia ser eliminado liminarmente. Não o faço, desta vez, pensando que não era tua intenção insultar um ex.camarada de armas da Guiné.

Nós, aqui, não temos que nos amar uns aos outros, mas também não nos insultamos uns aos outros. A questão que aqui interessa analisar é o valor documental relativo das fotos dos nossos álbuns, e não os atributos, físicos ou simbólicos, dos "retratados"...

Podes não apreciar as fotos do álbum do nosso camarada, mas não tens o direito de o insultar, conhecendo-o ou não pessoalmente... Por certo, não te move nenhum intuito persecutório. De resto, essa é uma das nossas regras básicas: podemos discordar do que lemos, mas não fazemos juízos de valor sobre o comportamento humano, operacional, disciplinar, ético ou moral dos nossos antigos camaradas de armas que aqui partilham as suas memórias. Este blogue tem 16 anos de existência, e se sobreviveu até agora é porque temos sabido criar e manter uma cultura de tolerância.

É segunda vez, se bem recordo, que fazes este tipo de comentários, desagradáveis, sobre um camarada que tem direito ao bom nome, como todos nós aqui, e que ajuda a alimentar este blogue: tem já cerca de 150 referªencias no nosso blogue como autor. E sobretudo que dá a cara, em público, não se escondendo por detrás do "baga-baga... do anonimato".

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Manuel Teixeira, presumo que sejamos "amigos do Facebook" da Tabanca Grande (com 18 amigos em comum)... Se decidires entrar para o blogue, como "contribuinte ativo", com fotos e textos, serás bem vindo!

https://www.facebook.com/manuel.teixeira.543

Anónimo disse...

Obrigado pela pronta intervenção.
Este Senhor, já várias vezes tem comentado sobre a minha pessoa.
Fiquei a saber agora, que não pertence à Tabanca Grande.
Então o melhor é deixar o homem descarregar, como fazem muitos nos campos de futebol.
Dá-lhe prazer, e a mim simplesmente ignoro-o, não merece mais.
Será alguém que eu conheço e não gosta do meu perfil?
Ainda por cima, assina também 'Teixeira' o meu apelido.
Bom Natal caro Manuel Teixeira
E como diz o nosso editor o melhor era dar a cara.
Assim eu já lhe poderia responder, doutra forma não merece o trabalho.
Virgilio Teixeira

Anónimo disse...

Caro Cherno Baldé,

Ainda sobre os 'calores' e temperaturas, é natural que eu, como outros que já li, falem em altas temperaturas, é uma forma de demonstrar o incomodo do calor e da humidade, além disso nunca tive um termómetro à beira para medir as temperaturas, por isso se fala sempre dos 40 graus. Mas nunca bebi em outro lugar do mundo, vinho em garrafa, em pedras de gelo, como acontecia na Guiné, e o uso de pedras de gelo na quantidade que se consumia, nunca mais foi preciso. Quanto a frio, não me lembro, só se fosse de madrugada mesmo...

É claro que as maiores temperaturas sofri, depois da Guiné, aqui no nosso país e outros, acho que cheguei a estar entre os 43-44 graus no nosso Alentejo e Estremadura Espanhola, onde o ar seco, se tornava irrespirável. Mas não tinha a humidade, e o 'visgo' que se pegava ao corpo, além disso estávamos num local estranho para nós com uma guerra à porta, e tínhamos de dizer mal de tudo, para poder continuar. Era uma defesa natural e nunca uma certeza ou afirmação. Exagero talvez!

Mas voltei a sentir o mesmo, 15 anos depois de regressar, quando voltei à Guiné em 1984 e 1985, o panorama era geral, não o mesmo, mas para pior, pois não havia os meios de nos aliviar do calor, as bebidas frescas, por exemplo, apesar de tudo gostei de lá voltar, mau grado o desastre financeiro destas andanças. Mas não me arrependo.

De qualquer modo agradeço os comentários, pelo menos dizes alguma coisa, e a maioria nada diz.

Como estamos na época, desejo umas Boas Festas, embora como já disse, hoje as festas são apenas, ou quase, o Consumismo, o exagero de se comprar por tudo e por nada, mas é o meu ponto de vista, respeito o dos outros. Sim, lembro com saudade, os dois Natais e Ano Novo passados na Guiné, em 67 e 68. Não esquecendo a passagem de Ano de 1984 para 1985, longe da minha familia.

Aquele abraço de amizade,

Virgilio Teixeira


Tabanca Grande Luís Graça disse...

Amigos e camaradas:

Na Guiné apanhei temperaturas extremas,desde os 40 e tal graus, na época seca, em operações, até aos 15 graus, à noite, em dezembro... Confesso que rapei frio, emboscado à noite na altura do Natal... Mas são sempre experiências "subjetivas" e, como diz o povo, Deus dá o frio conforme a roupa...No Verão, em Portugal, na margem esquerda do Guadiana, Mértola, Amareleja, etc., às 11h da manhã tens que te enfiar em casa, porque o calor é insuportável... Houve uma altura em que ia com alguma frequência a Mértola... Foz Coa, já em Trás os Montes, é outro sítio brutal... E, é sabido, no Alto Douro Vinhateiro, chega-se a fazer as vindimas de noite, ou de madrugada. às 4 da manhã, para fugir do calor do dia...

Nenhum de nós media a temperatura na Guiné... Mas o calor e a humidade foram responsáveis por muitas insolações e desidratações... Deixo-vos com este excerto do relatório da famosa Op Lança Afiada, que demorou 11 dias, no sector L1 (Bambadinca), de 8 a 18 de março de 1969:


(...) "e) A Op Lança Afiada decorreu durante 11 dias. As temperaturas verificadas neste período foram as seguintes: Máxima à sombra – Entre 39 e 43,6 graus centígrados; Máxima ao sol – Entre 70 e 74,5 graus centígrados.

Estes números são elucidativos. Por um lado justificam que um homem necessite muita água (entre 8 a 10 litros por dia). Por outro lado aconselham as NT a deslocarem-se e a actuarem ou de noite ou ao amanhecer. Entre as 11 e as 16h, o melhor é parar, se possível à sombra.." (...)

Os comandantes operacionais que não respeitaram a mãe-natureza, na Guiné, por ignorância ou "fussanguice" (, para "mostrar resultados"...) pagaram, por vezes, um preço elevado... Não se esqueçam, camaradas, que os operacionais, quando saíam para o mato, levavam, do quartel, dois cantis de água... Ao fim de alguns quilómetros percorridos, já havia gente sem um agita de água nos cantis... Nos primeiros seis meses, o "periquito" a primeira coisa que aprende é a gerir a fome e a sede... Alguns nunca chegaram a aprender...

Em resumo: quando falamos de "temperaturas", temos sempre que ter o cuidado de acrescentar, se à sombra, se é ao sol... Mas, atenção, eu nunca vi um termómetro, muito menos um higrómetro na Guine... Mas que o "clima" muitas vezes era "irrespirável", isso era... Cheguei a perder dois, três, quatro quilos, em operações de 2 a 3 dias...A primeira coisa que arendi, por amarga experiência, era "deitar fora" a maldita ração de combate que nos davam...

Valdemar Silva disse...

Não me lembro bem do calor que suportávamos na Guiné, mas nunca seriam temperaturas superiores a 35º, havia sim muita humidade. Evidentemente que estava sempre calor e no tempo do cacimbo fazia fresco de manhã. Raramente se via o azul do céu, por causa da humidade.
Julgo que a sensação de mais ou menos calor, devia-se ao facto de se sair da metrópole no verão ou no inverno e da viagem ser de barco ou avião. A viagem de avião, com saída de Lisboa em Fevereiro, era terrível quando se chegava a Bissau.
Mas nada do calor 46º, marca no termómetro do carro, que apanhei em 1996 na Barragem de Santa Clara, no Alentejo prós lados de Odemira.

Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Segundo as estatísticas, a temperatura extrema mais elevada registada até hoje foram os 56,7º no Vale da Morte, Califórnia EUA, em 1913.
Evidentemente que ao sol, naquele Vale não há sombras.

Valdemar Queiroz

Cherno Baldé disse...

Caro Luis Graça,

Sejamos razoaveis, pois ninguém conseguiria sobreviver a temperaturas de 70/74 graus centigrados. Esta a vista que era um relatorio simplesmente para impressionar as chefias e justificar as numerosas baixas resultantes das insolações e desidratações… fruto de falta de cuidados e desconhecimento do meio em que se moviam e medidas de temperatura feitas a olho nu. Mas, pois… andar ao sol nos meses de Abril, Maio e Junho nos tropicos é um suicidio, uma loucura que se deveria evitar a todo o custo.

Tu que és um Guru da informatica e da Internet, pesquisa no Google o tempo que faz em Bissau, Gabu, Buruntuma, Cacine e teras respostas a estas questoes de forma instantanea.

Nos meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro o tempo nao é muito solarento, o vento que sopra é mais suave e a noite faz frio (entre 15 a 19 graus), sempre dentro dos padroes normais do clima tropical humido onde nos encontramos.

Abraços,

Cherno

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Cherno, o relatório foi elaborado por um homemm que conhecia bem a Guiné, já com 2 comuissões, o comandante de agrupamento de Bafta., o Com Agrup 2957, o coronel inf Hélio Felgas...É sabido que não morria de amores por Spínola, e queria impressioná-lo com estes números: em 1300 homens, 15% tiveram de ser evacuados sobretudo por insolações e desidratações...O apoio aéreo foi insuficiente...Em suma: não se podiam fazer operações daquela envergadura e duração... Temos aqui vários camaradas que fizeram essa operação, podem falar de cátedra....

Atenção,. os 70 graus são ao sol...LG

Antº Rosinha disse...

Bissau seria uma cidade paradisíaca tropical assim como Cacheu se tivessem uns bons quilómetros de praias de areias douradas e águas límpidas, iguais a uma Luanda, uma Benguela ou Moçâmedes.

Nem era preciso ar condicionado.

Uma cubata de adobe,um telhado feito a preceito com todas as regras de capim, e uma praia como aquelas que falo, e Bissau estaria cheia à pinha de turistas a gabarem aquele clima.

Anónimo disse...

Nos anos 70 e tal, numa viagem com a familia, tivemos de parar numa passagem do comboio, cuja cancela esteve fechada aí meia hora, talvez menos, e o calor era tanto, que fomos para debaixo dum chaparro, lá para os lados de Aljustrel, não me lembro bem, e por acaso levava uma melancia e assim pudemos sair vivos daquele imenso calor, não sei quantos, não havia ar condicionado no carro nem termómetros, mas hoje, todos se lembram, desta e de outras.

Quando em Junho de 1985 iniciamos o projecto agrícola na zona de Bafatá - chamava-se àquilo segundo os mapas, a 'tabanca de bijene'. Com as queimadas a ajudar, se não fiquei louco foi por pouco, mas quase desmaiava. O Luís Graça tem essas fotos da fase de 'desmatação' do terreno, que faz parte das minhas crónicas na Guiné, que um dia serão publicadas, quando complementar a III Parte desta louca aventura, cujos contornos ainda não sei como vou ultrapassar, dada a quantidade de gente envolvida neste projecto, que não posso agora vir dar nomes às pessoas, 35 anos depois...
Na Guiné, nunca passei tanto calor como naquele dia.

Os graus não sei, não tinha termómetros.
Virgilio Teixeira




Luisgraça e camaradas da Guiné disse...

Claro que ao sol, a temperatura atingia mais de 40º. Uma das brincadeiras de alguns, era ir buscar ao posto médico, os termómetros e depois levavam-os para o chão da parada esperando que os raios de sol, os rebentassem. Também havia um termómetro de parede, no gabinete do Capitão, que media a temperatura interior e exterior.
Alcidio Marinho