domingo, 9 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21239: (Ex)citações (366): Álcool e canábis na guerra colonial: o conteúdo e o "timing" do artigo da jornalista do "Público" não são "inocentes" quando desde o início do ano se fala do "estatuto do (antigo) combatente" (José Martins)


Mensagem do José Martins, nosso colaborador permanente, ex.fur mil trms, CCAÇ 5, Gatos Pretos (Canjadude, 1968/70), ex-técnico oficial de contas, reformado, residente em Odivelas, com mais de 410 referências no nosso blogue [, foto acima]:

Data - 08/08/2020, 23:50
Assunto - Artigo do Público sobe álcool e drogas na guerra colonial (*)



Boa noite.

Segue abaixo o texto do meu comentário que, por duas vezes tentei colocar no post, que entretanto foram retirados.

Abração, Zé Martins


O comentário que ia tecer, não era para este post. Era para o que foi substituído por este. Este está mais elaborado, e coloca a questão de outra forma. O anterior estava simples, directo e objectivo.

Porém, o que pretendia/pretendo dizer é que não deve ter sido por acaso que, Patrícia Carvalho, jornalista do Público, apresente uma entrevista sobre Cannabis  e Álcool (*), que foi tema de tese de doutoramento e publicada em livro em Junho do corrente ano, quando desde o inicio do ano parlamentar, se tem falado “vigorosamente” o Estatuto do (Antigo) Combatente". Coloquei propositadamente “antigo” entre aspas, porque não concordo com essa palavra no título do estatuto.

De tempos a tempos, vem “à baila” a questão dos militares que estiveram envolvidos na Guerra do Ultramar  – Guerra Colomial  – Guerra de Libertação, pois assim dá para todos os “gostos”.

Os militares que estiveram na guerra, não estiveram lá por gosto. Foram para lá porque, a constituição que vigorava no país assim o determinava. 

Não foram só os nascidos a partir de 1940, cujo número de matrícula militar correspondia ao sufixo “61” que foram para África.

Pode-se observar que, na longa lista dos “Tombados em Campanha”, muitos dos número terminam em 60, 59 ou mesmo de antes. Isto quer dizer que o contingente que era normal incorporar por 18 meses, era pequeno para a necessidade do contingente a mobilizar e enviar para África. O exército teve de ir buscar “a casa” os militares que já tinham passado à disponibilidade.

Foram os “militares colonialistas” que deram tempo ao governo de então, para encontrar uma solução política e, como tal não aconteceu, foram os militares que avançaram com o 25 de Abril, sob o comando e orientação de capitães e outras patentes, com três ou mais comissões cumpridas.

Depois dos últimos militares terem deixado África, faz quase 50 anos, outros já regressaram há 50 anos e, os que foram primeiro, há quase 60 anos, é que vêm, mais uma vez levantar questões que nunca foram assinaladas porque, mesmo que as houvesse, eram irrelevantes. 

Por outro lado, entre os militares há Espírito de Corpo. Mesmo que não fossem versados na matéria, haveria sinais que não passariam despercebidos aos seus camaradas que, por uma questão de princípio, se não soubessem resolver essa questão, a colocariam a quem os pudesse orientar.

Concluindo:

A senhora jornalista escolheu muito mal o tema, mesmo que no mês de lançamento do livro que o autor. O jornal também lançou a “produto” na primeira página do jornal e no cabeçalho;

Do novo Doutor,  para se entender tudo, basta ler o início:

«Nunca tive qualquer fascínio por guerras, lutas ou soldados. Nem mesmo na infância, quando via outras crianças brincarem aos exércitos e às batalhas, com armas imaginárias ou de plástico. Eu não. Mais tarde, na adolescência, passei por uma fase ferozmente antimilitarista.» 

E por aqui me fico.

Sempre estive, e estarei, de CONSCIÊNCIA TRANQUILA. (**)
______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de agosto de 2020 > Guiné 51/74 - P21222: Recortes de imprensa (112): entrevista ao antropólogo Vasco Gil Calado sobre droga e álcool na guerra colonial, "Público", 2 de agosto de 2020 (Carlos Pinheiro)

5 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

PATRÍCIA CARVALHO
JORNALISTA


(...) Nasci no Porto, fiz a licenciatura em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa, entre 1993 e 1997, e estagiei no Jornal do Letras. Apesar da insistência de chefes e colegas para ficar pela capital, preferi voltar a casa e estive com a equipa que abriu o 24horas no Porto. Saí ao fim de um ano, para O Comércio do Porto, onde fiquei até ao seu encerramento, em 2005. Antes de ingressar no PÚBLICO, em 2008, colaborei com várias publicações, incluindo a Grande Reportagem, Visão, Notícias de Sábado e Sábado. No PÚBLICO, integro, desde a minha chegada, a equipa do Local Porto, mas fui sempre participando em outras áreas do jornal, com trabalhos para o P2 ou a Pública (que, entretanto, terminaram), a Fugas ou, mais recentemente, a revista 2. (...)

https://www.publico.pt/autor/patricia-carvalho

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Expliquem-me para que serve o CV da jornalista?
Tem uma carreira longa, mas parece não ter aprendido muito com isso.
De outro modo não apadrinharia a "tese". Ou fê-lo na defesa do pão-nosso de cada dia e está desculpada.
Estes artigos não são inocentes. Já sabemos. E é assim que se manipulam "as massas".
Não liguei o tal debate à publicação publicitada da "tese". E sou desconfiado.
Já agora expliquem-me: para que virá a servir o "Estatuto do ex-Combatente"? Além de um debate "aceso" na AR terá alguma consequência prática, agora que os ex-combatentes se extinguem lentamente?
Resta-nos a nostalgia do "consumo".
Velhos tempos! Somo uns sentimentalões e uns saudosistas (Pélissier).

Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Valdemar Silva disse...

Oh Zé Martins essa é forte, sabe-se lá... e a rapaziada está a aguentar com a idade.
Na tal reportagem, parece-me que a fotografia na capa do P2 do 'Público' ser um soldado no capim da Guiné, mas também parece levar uma FN em vez da habitual G3, por isso não sei ao certo.

Aquela do 'ferozmente antimilitarista' é lixada, quer dizer que andava à porrada para não entrar em guerras. Podia fazer o 'V' e ficava-se no tass..bem pá.

Ab. e gabo-te a pachorra.
Valdemar Queiroz

Manuel Bernardo - Oficial reformado disse...

Aproveito a oportunidade para dar a minha opinião sobre o rótulo "Guerra Colonial" utilizado genericamente nos jornais. Durante as ditas "acções de polícia" (rótulo do regime Salazr/Caetano, em 1961-1975, os combatentes chamavam-lhe Guerra do Ultramar. Apenas depois do 25 de Abril apareceram as outras designações. Guerra Colonial trazida pelos opositores ao regime na clandestinidade, e Guerra de Libertação pelos que nos combateram nesses territórios. Até houv um importante investigador e escritor, que publicou vários livros sobre o tema - José Freire Antunes, que lhe atribuiu o rótulo de Guerra de África. Se bem que a Índia ficaria de fora...