segunda-feira, 5 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22070: Os nossos seres, saberes e lazeres (445): A minha primeira viagem (de comboio) para além do Ave, Minho... Uma aventura, até Ermidas do Sado, Santiago do Cacém, Alentejo ! (Joaquim Costa)


Linha do Corgo > Comboio a vapor. Fomte:cortesia de Vivadouro


1. Mensg
em do Joaquim Costa [, natural de V. N. Famalicão, vive em Fânzeres, Gondomar, perto da Tabanca dos Melros: é engenheiro técnico reformado; foi Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74)]

Date: domingo, 4/04/2021 à(s) 01:28
Subject: Os nossos  Seres, Saberes e Lazeres

Meu caro Luís

O post do colega Joaquim Ascensão sobre a sua atribulada viagem de comboio desde a sua terrinha (Leandro), muito próximo da minha (Calendário – V.N. de Famalicão), até ao "odiado" CISMI em Tavira (*), fez-me suar aos ouvidos o distante e saudoso som dos nossos comboios a vapor.

Dando seguimento às minhas memórias de Paz, que podes enquadrar nos nossos seres, saberes e lazeres, envio-te a "crónica" da minha primeira viagem de comboio para alem do Ave, deixando ao teu critério a oportunidade e interesse da sua publicação.

A minha memória está gasta mas continuam intactos, os "frames", que guardam as minhas viagens de comboio:

Fazer a viagem de Famalicão à Póvoa do Varzim, para ir à praia, no comboio a vapor em linha estreita (infelizmente encerrada em 1995 dando lugar a uma ciclovia), onde partíamos de camisa branca e chegavamos de camisa preta;

A viagem do Porto a Chaves, nas magníficas linhas do Douro e Corgo (esta, infelizmente desativada em 2'10, dando lugar, em partes do seu percurso, a uma ciclovia), aqui já contada (P21893), em que a maioria dos passageiros eram cabras;

As viagens diárias para o Porto (quando freqientava ISEP. Instituto Superior e Engenharia do Porto) utilizando a linha do Norte e muitas vezes a linha estreia até à estação da Trindade (infelizmente já desativada);

A viagem para a tropa (Caldas da Rainha – aqui também já contada - P21844), na linda linha do oeste, com o meu saco carregado com 4 "granadas" de Alvarinho;

As viagens de Famalicão até Tavira, Estremoz e Portalegre, com os comboios cheios de tropa que mais parecia o prelúdio da 2ª Guerra Mundial;

A maravilhosa e ternurenta viagem, na companhia do meu saudoso Pai, de Barrimau – V.N. de Famalicão, até Ermidas Sado, em visita ao meu irmão Manuel, ele também um ex-combatente da Guiné.

Como já referi na minha apresentação ao blogue (P21827), o meu irmão Manuel (infelizmente já falecido), fez parte dum contingente que foi mobilizado "rápido e em força" para a Guiné logo a seguir aos ataques do PAIGC, em 1963, a Tite, Buba e Fulacunda, ou mesmo antes com os ataques da FLING a Susana e Varela em 1962.

 A sua guerra acabou por ser outra numa luta entre a vida e a morte com uma pneumonia que o apanhou logo à sua chegada e o atirou para uma cama do hospital de Bissau. Passado pouco tempo regressou a casa, ainda em convalescença, com passagem à reserva por invalidez

Infelizmente não tenho dados sobre o seu batalhão, mas seria muito reconfortante encontrar algum camarada, que acompanhe o blogue, do mesmo contingente. Apenas sei que o seu batalhão todos os anos fazia a sua reunião anual, na modalidade de piquenique, na região de Viana do Castelo e/ou Braga.

Todos nós, por muito que o neguemos, já olhamos mais para o retrovisor do que para a frente de estrada das nossas vidas. Pelo que é com muita nostalgia e tristeza que vejo grande parte da nossa rede de linha férrea e ser substituída por ciclovias, assim como míticos cafés das nossas cidades, que eram muito mais que a nossa segunda casa, nos tempos de estudante, terem dado lugar a bancos nos anos 80 e a lojas dos chineses nos dias de hoje.

Conto esta história da minha primeira viagem de comboio, para além do Ave, como singela homenagem ao meu saudoso pai e irmão.

Um abraço amigo e grato pela casa que construíste há dezassete anos e que abriga toda esta família do Blogue.

Joaquim Costa

______________


A minha primeira viagem (de comboio) para além do Ave

por Joaquim Costa

No ano da Graça de 1964, após uma mobilização atribulada para a Guiné (onde chegou com uma grande pneumonia, tendo quase de seguida regressado a Portugal, com passagem à reserva, sem nunca ter visto Bissau) o meu irmão Manuel empregou-se na CP e foi colocado em Ermidas Sado, Santiago do Cacém,  no Alentejo. 

Era uma altura em que os funcionários públicos tinham um ordenado de miséria mas algumas regalias. No caso o próprio viajava de comboio para qualquer ponto do país gratuitamente e os familiares tinham direito a 3 viagens por ano.

Para além de duas viagens gastas na ida à praia na Póvoa do Varzim, depois de muitas reuniões familiares, lá se chegou a consenso sobre o destino a dar à terceira viagem. Tendo em conta todos os afazeres, tais como: manter aberta a mercearia/taberna, a guarda dos cães, dos gatos, dos coelhos, das galinhas, do porco, etc, desta vez aproveitava a viagem, de longo curso, o pai Zé e o puto mais novo, a casa do Manel no Alentejo.

Como seria de esperar os preparativos da viagem estavam ao nível dos preparativos da viagem de Vasco da Gama à Índia.

É impossível descrever a alegria e ansiedade pela chegada do momento: dizia a carta do Manel que,  além de comboio,  tínhamos de andar de barco... Era muito à frente !

Composta a cesta à moda do Minho com o arroz de frango, bolinhos de bacalhau, presunto, salpicão etc, etc, e, o mais importante: dois garrafões de vinho verde tinto de palhinha. Um de 5 litros para o Manel e um pequeno de 2 litros para a viagem.

E aqui vamos nós. Apanhar o comboio das 6 da manhã no apeadeiro da aldeia (Barrimau), mudar em Campanhã com destino a Lisboa. Nenhum incidente, tudo como o programado e o puto maravilhado com o desfrutar de um mundo novo que desconhecia.

Chegados a Santa Apolónia,  começamos a aperceber-mo-nos de que entravamos num mundo novo, e muito diferente da nossa querida aldeia.

Lá continuamos o nosso caminho, o pai Zé com o seu fato e gravata, eu de fato e gravata, completamente desconfortável e já com bolhas nos pés devido aos sapatos (fato e sapatos só os tinha utilizado, uma vez, no casamento do Manel), o meu pai com a cesta a cheirar a bolinhos de bacalhau numa mão e na outra o garrafão de 5 litros, eu com uma pequena mala com roupa numa mão e o garrafão de 2 litros na outra. Toda a gente a olhar para nós e muitos lançando “bocas” trocistas: "Deve ser boa a pinga! Que cheirinho sai dessa cesta!"

O meu pai pergunta como chegar ao Terreiro do Paço. Um taxista oferece os seus serviços. O meu pai negoceia, pergunta que tempo demorava e quanto custava a viagem: 

 Está decidido... vamos a pé.

Aqui vamos nós, a transpirar por todos os poros, com todo aquele aparato de cesta minhota e dois garrafões de vinho, caminhando a pé de Santa Apolónia ao Terreiro do Paço. Não estava nos nossos planos esta receção do povo de Lisboa, todos os carros que passavam apitavam e mandavam todo tipo de piropos.

Chegamos ao Terreiro do Paço,  exaustos, mas felizes por aquela receção. Aqui todos queriam ajudar-nos, levar o cesta, os garrafões … contudo o meu pai nunca largou o dele , nem eu o meu. Foi uma das advertências que o Manel nos fez: Nunca largar nada e sempre com a carteira bem guardada.

Entrado no barca senti aquela sensação de entrar num mundo encantado onde por magia sou possuído de poderes sobrenaturais, voando como uma pássaro sobre as águas. Estava com medo de acordar receando que, afinal, tudo não passasse de um sonho. Via-se ao longe, nas duas margens do rio, os estaleiros para a construção da ponta 25 de abril, com centenas de trabalhadores parecendo formigas em grande azafama.

Chegados ao Barreiro, e,  ao tomarmos conhecimento que só tínhamos o comboio ao fim da tarde, o meu pai arriscou o almoço num restaurante, guardando o produto da cesta para o Manel e para os donos da casa onde habitava, um excelente casal de alentejanos.

Entramos, creio que os dois pela primeira vez, num restaurante. Sentia-se um restaurante frequentado por trabalhadores das empresas locais, contudo, não foi uma entrada discreta, à nossa frente entrou um casal a quem ninguém ligou mas a nossa entrada, com toda a nossa trouxa, fomos logo fulminados com os olhares de todos os presentes com um sorriso irónicO visível nas suas caras.

Abeirou-se de nós o dono do restaurante, com um sorriso trocista, mas muito amigável, metendo conversa: 

 vocês entram-me assim no restaurante com estas duas bombas! 

Logo nas primeiras palavras denunciamos o nosso falar cantado à moda do Minho ao que logo fomos bombardeados com a viagem do homem a Braga e ao Gerês,  criando-se assim um ambiente mais solto para nós que nos sentíamos intimidados com todos aqueles olhares. 

Da conversa sobre o Minho e o vinho verde fomos na sugestão do prato do dia, e único: bacalhau cozido com grão, embora com algum receio de estarmos perante uma brincadeira do homem (acontece que na altura, na aldeia e em toda a região do Minho, o grão não fazia parte dos produtos utilizados na cozinha, quanto muito, por vezes, juntava-se sim, esta iguaria à (b)vianda para os porcos), mas contudo arriscamos.

Convém lembrar, também, que lá em casa, às refeições não havia rações individuais, a panela vinha para a mesa e cada um tirava uma pequena parte e só retirava a segunda vez depois de todos já se terem servido (a velha máxima de que antes de se começar a comer há sempre lugar para mais um - podia-se ficar com fome mas chegava sempre algo a todos), e quando eram batatas cozidas com bacalhau a norma era todos colocarem um pouco de azeite com alho no prato, tirava-se uma batata de cada vez, envolvia-se no azeite, comia-se, a aguardava-se que todos tirassem a sua para, se ainda houvesse, repetir o gesto. 

Como nunca tínhamos comido tal coisa, nem nos passava pela cabeça que fosse comestível, aplicamos a regra de casa: colocar o azeite no prato, tirar um grão de cada vez, tirar-lhe a pele, envolvÊ-lo no azeite e tentar colocá-lo no garfo para o levar à boca. Tarefa nada fácil. Durante toda esta atribulada batalha com o grão, reparamos a galhofa geral na sala. 

Só queríamos fugir dali, já que pensávamos que estamos mesmo a comer (tentar comer) comida para porcos. Só à saída, com grande alívio meu, verifiquei que afinal todo o pessoal comia grão, mas colocado em grande quantidade no prato e, com a ajuda preciosa de uma faca, levavam à boca (com a pele) grandes garfadas de grão. Foi a primeira vez que que constatamos que a faca tinha outras funções para além de cortar presunto e chouriço...

Chegou a hora da partida do comboio para o Alentejo. Entramos, mas já o mesmo estava cheio de trabalhadores e soldados. Tivemos que ficar na plataforma, de pé. Todos os presentes, com um ar irónico mas amável, nos procuravam ajudar na arrumação dos haveres. 

Entretanto, um homem, já para lá da meia idade (de lencinho ao pescoço e chapéu alentejanos), olhando persistentemente para o garrafão que estava à minha guarda, meteu conversa:

 − Então, compadres,  vêm do norte? 

Denunciámos as nossas origens com a pronuncia do norte adocicada com o falar cantado do Minho: 

  ... E o vinho desses garrafões é verde? É branco ou tinto? 

   É tinto  − respomdei o meu pai, − Lá na aldeia costuma-se dizer que vinho branco, pão de trigo e caldos de galinha é para os doentes. 

− Ah ! branco já bebi mas tinto nunca provei. 

Fez-se silêncio, mas o homem, com os olhos vidrados, não deixava de olhar para o meu garrafão, e volta à carga:

  − Então, para onde vão? 

− Para Ermidas d Sado para casa do meu filho que trabalha lá nos comboios: se nos fizesse o favor de avisar quando estivéssemos a chegar ficava lhe muito agradecido  − disse o meu pai. 

− Claro que sim,  compadre, podem ficar descansados que eu avisarei −  disse o homem muito solicito. 

  Agradecido − disse o meu pai. 

Passado uns minutos, o meu pai sentiu uma secura na garganta, fruto do bacalhau do almoço que estava um pouco salgado,  e levou o meu garrafão aos lábios. Ao ver o olhar embebecido do companheiro de viagem ofereceu-lhe um pouco. O mesmo não se fez rogado e lançou com sofreguidão o garrafão aos queixos. O meu pai ficou preocupado porque o homem ficou com os lábios colados ao gargalo. Passado uns segundos, largou, arrotou, e exclamou: 

 −  Mas que grande pomada!


De paragem em paragem o homem aproveitava para meter conversa: 

− Ainda falta, não se preocupem que eu aviso quando estivermos a chegar, ainda há tempo para mais uma prova, Sr. José. 

E zumba, mais uma golada, e assim foi em todas as paragens até à ultima gota do garrafão.


A viagem continuou em silêncio, já que o nosso companheiro de viagem sentou-se num banquinho, rebatível, que vagou, e adormeceu.


Passado mais umas paragens, um outro homem, que acompanhou divertido ao esvaziar do garrafão, com um sorriso nos lábios bateu no ombro do meu pai e disse: 

  Estamos em Ermidas Sado. 

 Apanhamos a cesta, os garrafões (o meu muito mais leve) e abalamos rápido para fora do comboio. O Homem que era suposto avisar-nos quando chegássemos ao nosso destino continuou num sono profundo. Provavelmente até ao fim da linha…

___________

Nota do editor:

Último poste da série > 3 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22063: Os nossos seres, saberes e lazeres (444): Quando vi nascer a Avenida de Roma (2) (Mário Beja Santos)

9 comentários:

Anónimo disse...

Caro Joaquim Costa:
Gostei muito de ler a crónica dessa viagem que foi uma aventura por marés desconhecidas, cheia de surpresas e de aprendizagens também. Tinham (tu e teu saudoso pai) feito bem melhor em "gastar" a excelente comida que tinham trazido de casa, mas preferiram reserva-la para o filho e irmão que dela havia de andar bem desejoso.
Acho esta tua crónica uma maravilha, até por nos recordar hoje, como era difícil, há sessenta anos , a vida da maioria dos portugueses.

Um abraço.

Carvalho de Mampatá

Tabanca Grande Luís Graça disse...

É uma ternura de história!... Uma linda história de amor!... Dois minhotos, pai e filho (mais novo), que atravessam meio país, de comboio e de barco, passando pela capital, para visitar o filho e o mano mais velho, "desterrado" no Alentejo, numa obscura estação de caminho de ferro... Escrita com fino humor... Como se o Sul do país nessa época fosse "estrangeiro"... Ou não era para a gente do Norte ?...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

É uma ternura de história!... Uma linda história de amor!... Dois minhotos, pai e filho (mais novo), que atravessam meio país, de comboio e de barco, passando pela capital, para visitar o filho e o mano mais velho, "desterrado" no Alentejo, numa obscura estação de caminho de ferro... Escrita com fino humor... Como se o Sul do país nessa época fosse "estrangeiro"... Ou não era para a gente do Norte ?...

Valdemar Silva disse...

Joaquim Costa.
Uma deliciosa crónica e uma meditação acertada:
'...já olhamos mais para o retrovisor de que para a parte de estrada das nossas vidas...'

Fiquei com pena de não ter havido descrição da dolorosa viagem nas carruagens de 3ª. classe com bancos de madeira.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Carlos Vinhal disse...

Caro Valdemar, desculpa lá mas esqueceste referir uma grande melhoria nos comboios regionais, como os que iam para a tua terra e para a minha, quando a determinada altura apagaram o 3 de 3ª, substituindo por um 2, passando toda a gente a viajar em 2ª classe. Dizia o meu pai com certa ironia que até os bancos passaram a ser mais confortáveis, em sumapau, junção de sumaúma com pau.
Ainda me lembro de em pequeno sair de casa com uma camisa branca e chegar ao fim do dia com uma acinzentada e a cara enfarruscada porque viajava de pé no banco com a cabeça fora da janela. Entre Matosinhos e a Senhora da Hora os comboios eram mesmo maus, com os bancos das carruagens cheias de pó de carvão. A praia de Matosinhos, nesse tempo tinha uma característica única, a areia era mesclada com pó de carvão. Da Senhora da Hora para a Póvoa de Varzim, nós descíamos antes, em Azurara, já eram aquelas máquinas grandes e as carruagens mais ou menos limpas porque as portas eram mais eficazes e as janelas mais altas. Se bem me lembro só abria a parte superior do vidro.
O Joaquim Costa deve lembrar-se bem destes tempos.
Abraço
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

Valdemar Silva disse...

Pois, caro Carlos Vinhal, tínhamos tenra idade.
Até sair da minha terra andei poucas vezes de comboio, nos bancos de sumapau fui uma vez de ida e volta ao Porto e passado uns meses para Guimarães regressando dois anos depois. Tinha seis/oito anos e não me recordo de nada dessas viagens.
Já com respeito à viagem para Lisboa com onze anos lembro-me de entrar no "Correio" em Afife às sete da manhã, com umas botas de cabedal que me apertavam os pés habituados ao pé descalço, parar no Porto por causa da Ponte (?) e chegar a Santa Apolónia pouco antes das sete da tarde para ir a correr à photomaton da Rua da Prata tirar fotografias para o BI. Mas também não me recordo de pormenores nas carruagens durante a viagem.
Aqui, no suburbano Lisboa-Sintra havia 1ª. e 2ª. classe, e mesmo com a 2ª. cheia não se podia mudar para a 1ª. que dava direito a multa e a pagar outro bilhete, merdas de gente rica. Mas, quando acabaram as classes, as do comboio evidentemente, não mudaram as carruagens e a rapaziada não poupava uma boa soneca e uma jogatana de sueca naqueles bancos confortáveis e os anteriores coitados da 1ª. a aguentar com muita gente a fumar e numa grande algazarra.
Este meu testemunho serve de certidão para que fica bem registado que vim de comboio de Afife para Lisboa e não a escorregar por uma tábua abaixo.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Carlos Vinhal disse...

Caro Valdemar, só mais uma achega para te lembrar que embarcavas em Afife num comboio da Linha do Minho que terminava em Campanhã, onde aí, sim, apanhavas o Correio, que do Porto até Santa Apolónia demorava mais de sete horas. A linha do comboio passava do Porto para Gaia na famosa Ponte Maria Pia, ainda de pé, embora na reforma.
Em Dezembro de 1969, estávamos no Funchal (BAG 2) e convencemos o nosso Comandante a deixar-nos vir passar o Natal ao continente. Quem marcou as viagens na TAP fê-lo só até Lisboa. Saímos do Funchal cercas das 16,30, e como a viagem demorava cerca de 2 horas, com a diferença de horário (1 hora naquele tempo), chegámos a Lisboa cerca das 19,30. Apanhei um táxi e pedi ao motorista que fosse o mais rápido possível até Santa Apolónia porque queria apanhar um comboio para o Porto que partia por volta das 19,45. Apesar do esforço do senhor, eu a chegar ao cais e o comboio a partir.
Má sina, tive que secar ali até à meia-noite para apanhar o Correio que chegou ao Porto às 7,30 da manhã. Depois tive de ir de autocarro até aos Aliados e dali noutro até Leça, onde cheguei às 8,30.
Conclusão: demorei 2 horas do Funchal a Lisboa e 8 horas e meia de Lisboa a casa.
Muito sofria um militar...

Carlos Vinhal disse...

Claro que devia ter assinado o comentário, deixando antes um abraço ao Valdemar.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

Valdemar Silva disse...

Carlos Vinhal, então seria como tu dizes e a tal paragem no Porto, que eu me lembro, foi para mudar para o "Correio".
É verdade, muito sofria um militar... o que valia é termos vinte anos.
Abraço
Valdemar Queiroz