Capa da edição original da "Praça da Canção", de Manuel Alegre (Coimbra, Vértice, 1965, 143 pp., Col. Cancioneiro) que o Cristóvão de Aguiar ainda foi a tempo de adquirir e ler na véspera de Natal, passado em Coimbra, quando já era aspirante miliciano no RI 15, em Tomar. O livro de poemas, que marcou a estreia literária de ;Manuel Alegria, foi de imediato apreendido e proibido pela PIDE. Imagem: cortesia de Manuseado
1. Continuação da (re)publicação do "Diário de Guerra" (*), do nosso camarada açoriano e escritor Cristóvão de Aguiar (1940-2021), que faleceu na passada terça feira, dia 5, aos 81 anos (*). Organização: José Martins; revisão e fixação de texto (para efeitos de publicação no nosso blogue): Virgínio Briote.
Hospital Militar de Coimbra, Fevereiro, 26, 1965 - Dei entrada de urgência neste hospital.
Apendicite aguda. Fui operado ontem de manhã. Anestesia só da cintura para baixo. Dei conta de tudo. Depois de uma aula de aplicação militar, em que pus o meu pelotão de língua de fora e completamente enlameado, como eu, que era sempre o primeiro a demonstrar o que queria que os homens fizessem, sobreveio-me o castigo, dores de barriga insuportáveis. Vim de ambulância de Tomar para Coimbra e aqui estou numa cama de hospital. Há pouco veio-me ver o Antero Dias.
Março, 4 - Cabo enfermeiro
Como não me permitiram que saísse do hospital para ir dar uma volta, chamei o cabo enfermeiro, dei-lhe uma nota de vinte escudos e disse-lhe que ia guindar o muro das traseiras. Nem esperei pela reacção dele. No fim e ao cabo, era ou não era seu superior hierárquico? E, com a breca, a ginástica de aplicação militar sempre havia de servir para alguma coisa de préstimo.
Abril, 6 - Afinal, a minha companhia vai para a Guiné.
O comandante recebeu hoje um rádio urgente a anunciar a mudança. Olhámos uns para os outros como condenados à morte. Só o capitão é que aparentemente se não descaiu. É a vida que escolheu. E eu que já tinha comprado sabonetes especiais para a água salobra da Ilha do Sal!
(*) Vd. postes anteriores:
Estes excertos, que o autor cedeu amavalmente ao José Martins, para divulgação no blogue, fazem parte do seu livro "Relação de Bordo (1964-1988)" (Porto, Campo das Letras, 1999, 425 pp).
Citado pela agência Lusa, no passado dia 5, o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, lamentou a morte do escritor açoriano,, dizendo que "a literatura portuguesa, a lusofonia e sobretudo os Açores perdem muito hoje com o seu falecimento".
Cristóvão de Aguiar.
Foto: Wook (com a devida vénia...)
Diário de Guerra
por Cristóvão de Aguiar
(Continuação)
Julho, 13, 1964 - Como os instrutores nunca ministraram um curso tão comprido, não sabem que mais hão-de dar.
Andamos a repetir o que fizemos na recruta. Aplicação militar, ordem unida, crosses, obstáculos, rastejar, percursos fantasmas, instrução nocturna, o raio.
A grande novidade é darem os instruendos algumas aulas de ginástica para irem treinando as vozes de comando. Hoje coube-me a mim dar a minha, na parada. O meu vozeirão chegou ao convento. Alguns amanuenses vieram às janelas para ver o que estava acontecendo. No final da aula, o comandante de pelotão chamou-me e disse-me que tinha uma voz invejável. Prometeu-me que me daria uma boa classificação nessa alínea.
Julho, 18 - O que são as coisas! Nunca gostei de melão
Quando estava na Ilha [, de São Miguel, ], nem o cheiro dele podia suportar. Meu Avô Anselmo (que hoje faria anos se fosse vivo) bem que insistia comigo para que experimentasse. Dizia-me que devia começar pela meloa, que era menos custoso. Qual quê! Dava-me vontade de lançar tudo quanto tinha e não tinha no estômago.
Andamos a repetir o que fizemos na recruta. Aplicação militar, ordem unida, crosses, obstáculos, rastejar, percursos fantasmas, instrução nocturna, o raio.
A grande novidade é darem os instruendos algumas aulas de ginástica para irem treinando as vozes de comando. Hoje coube-me a mim dar a minha, na parada. O meu vozeirão chegou ao convento. Alguns amanuenses vieram às janelas para ver o que estava acontecendo. No final da aula, o comandante de pelotão chamou-me e disse-me que tinha uma voz invejável. Prometeu-me que me daria uma boa classificação nessa alínea.
Julho, 18 - O que são as coisas! Nunca gostei de melão
Quando estava na Ilha [, de São Miguel, ], nem o cheiro dele podia suportar. Meu Avô Anselmo (que hoje faria anos se fosse vivo) bem que insistia comigo para que experimentasse. Dizia-me que devia começar pela meloa, que era menos custoso. Qual quê! Dava-me vontade de lançar tudo quanto tinha e não tinha no estômago.
Aqui, no refeitório da unidade, têm dado todos os dias melão à sobremesa. Ao princípio, e julgando que não insistissem muito, dava a minha parte ao camarada que se sentava ao pé de mim. Ficava sem sobremesa, o que me deixava um buraquinho no estômago. E pus-me a pensar na minha fobia. Até que hoje resolvi experimentar. Que tivesse o meu camarada de armas santa paciência. Provei a medo. E gostei tanto, que, em meia tarde, quando saí do quartel, fui com outros comprar melões a um lugar de fruta. Fomos depois comê-los para o quintal de uma tasca. Foi um fartote. E venham-me cá dizer que na tropa não se aprende nada!
Agosto, 28 - Terminei o meu primeiro curso.
Amanhã é a entrega das armas e ala bote para Coimbra passar umas férias até ser colocado numa Unidade para dar instrução. Durante este longo curso apanhei chuva, árvores em flor, sol de estorricar os miolos, Agosto sem cheiro sequer a mar.
Sofrimento, suor, medo, esperanças logo abortadas. E com umas seguras noções de como se engraxa o calçado, e se muda de farda várias vezes ao dia, e alguns conhecimentos sobre a Pátria, virtudes militares, granadas, inimigo, armas automáticas – obtive a minha carta de curso...
No fim, os homens que entraram já não eram os mesmos. Nas conversas, em casa, no café com os camaradas, saía-nos da boca uma virtude militar com o mesmo à vontade com que toda a gente se peidava na caserna. Esta foi para alguns mais aplicados, ou com o cérebro mais bem lavado, um verdadeiro campo de treino, depois da instrução do dia: passos à frente e à retaguarda, meia volta volver, continências como mandam as regras, vozes de comando...
Terminou hoje a primeira fase da escola de virtudes. Bebedeiras de fictícia alegria, com a tristeza ferindo, subtil, certos gestos e sentidos, galões ensopados em whisky, como manda a praxe militar... E fica a EPI de Mafra, a casa-mãe da Infantaria (Entrada para o Inferno), aguardando, na sua adiposa arquitectura conventual, mais magotes de jovens cadetes para tentar fazer deles máquinas com o pensamento estrangulado no fundo opaco do crânio. Mas muitos resistem e continuam sendo jovens, embora tristes e abstractos.
Agosto, 29 - Fui promovido a aspirante a oficial miliciano (isto é, trouxe os galões comigo e enfiei-os, já fora de Mafra, nas platinas do dólmen), mas já sei que fui colocado no Regimento de Infantaria 15, em Tomar.
Tenho de me apresentar em meados de Setembro, numa segunda-feira, e só então poderei usar os galões, mas hoje quis entrar em Coimbra já promovido e de facto apanhei algumas continências pela rua. Tinha pedido para ir para o Batalhão Independente 18, acantonado na freguesia dos Arrifes, na Ilha. Não calhou.
Talvez porque vou ser mobilizado muito em breve. Até à minha apresentação em Tomar, vou gozar umas férias nesta Coimbra deserta. Na República não há quase ninguém. Alguns de férias, nas Ilhas, outros já na guerra, como o José Bretão e o Viriato Madeira, ambos na Guiné e outros como eu, quase a partir. O calor é muito. De dia não se pode sair de casa. À noite, dou grandes passeios pela fresca, juntamente com um rapaz da Terceira, o Helder Gomes, que está a preparar-se para o exame de aptidão à Universidade. É interessante conversar com ele. Noto que me tem muito respeito, não sei se por ser oficial do exército, se por ser terceiranista da Universidade e ele simples paraquedista, isto é, nem bicho nem caloiro, segundo a praxe académica.
Tomar, Setembro, 14 - Apresentei-me ao comandante da unidade.
Dentro de dias, vou principiar a dar uma recruta em substituição de um aspirante, pertencente a um Batalhão de Caçadores com destino a Angola, que se encontra de baixa. O comandante desse contingente, um tenente-coronel muito aprumado e de pinguelim, tem um ar de lunático e parece de uma tropa de outro tempo.
Encontrei dois açorianos na unidade. O capitão Moniz e um cabo miliciano, o Pedro Jácome Correia. Três ilhotas neste mar de terra e oliveiras. Não há ainda instalações para oficiais no quartel novo, que ainda se não acabou de construir. E no velho estão já lotadas. Tive de arrendar um quarto, que fica na rua da sinagoga.
Setembro, 30 - O comandante do regimento mandou-me chamar ao gabinete.
Fiquei assustado. Depois de lhe ter pedido licença para entrar, ele, depois de desfazer a continência, disse-me com bons modo:
- Soube que o nosso aspirante acamarada com um cabo miliciano e até se tratam por tu; quero informá-lo que tal atitude é contra o Regulamento Militar.
Nem justificando-me que se tratava de um conterrâneo e colega de Liceu, o homem se demoveu. Vem no regulamento!
Dezembro, 15 - A minha companhia tem o número oitocentos e destina-se a Cabo Verde, Ilha do Sal.
Acho que é muita sorte para um homem só.
Coimbra, Dezembro, 22 - Cheguei de Tomar em meia tarde, ainda a tempo de comprar a "Praça da Canção", que saiu ontem ou anteontem, mas que já ostenta, na capa, a data de 1965.
Foi o Antero Dias quem me deu a novidade. Fui com ele jantar ao Texas da baixinha e a seguir viemos para a República, onde estive até altas horas a ouvi-lo ler em voz alta o livro do Manuel Alegre do primeiro ao último verso. Ele declama tão bem e com tamanha força expressiva, que fiquei arrepiado por dentro e por fora. Como não houvesse mais poemas, principiámos de novo.
Ficámos com a sensação de que nos encontrávamos perante uma poesia tão diferente daquela que estávamos habituados, revolucionária e lírica ao mesmo tempo, com uma linguagem poética tão encantatória, que nos encheu o íntimo não sei de que energia e entusiasmo. Dava vontade de sair por aí tocando os sinos que cada homem tem no coração. É livro para ser proibido pela PIDE. Felizmente, está a edição prestes a esgotar-se, segundo me disse o livreiro. É natural que os esbirros não cheguem a tempo.
Coimbra, Dezembro, 24 - Natal passado com a família corsária, com vinho abundante para afogar não sei que saudade impertinente.
Não consigo arrancá-la do pensamento. E nestes dias lembrados ainda pior. Não sei que nome hei-de dar a este ardume que me corrói as vísceras como um ácido forte. Não, não quero sequer pensar que seja o que neste instante estou pensando!
Agosto, 28 - Terminei o meu primeiro curso.
Amanhã é a entrega das armas e ala bote para Coimbra passar umas férias até ser colocado numa Unidade para dar instrução. Durante este longo curso apanhei chuva, árvores em flor, sol de estorricar os miolos, Agosto sem cheiro sequer a mar.
Sofrimento, suor, medo, esperanças logo abortadas. E com umas seguras noções de como se engraxa o calçado, e se muda de farda várias vezes ao dia, e alguns conhecimentos sobre a Pátria, virtudes militares, granadas, inimigo, armas automáticas – obtive a minha carta de curso...
No fim, os homens que entraram já não eram os mesmos. Nas conversas, em casa, no café com os camaradas, saía-nos da boca uma virtude militar com o mesmo à vontade com que toda a gente se peidava na caserna. Esta foi para alguns mais aplicados, ou com o cérebro mais bem lavado, um verdadeiro campo de treino, depois da instrução do dia: passos à frente e à retaguarda, meia volta volver, continências como mandam as regras, vozes de comando...
Terminou hoje a primeira fase da escola de virtudes. Bebedeiras de fictícia alegria, com a tristeza ferindo, subtil, certos gestos e sentidos, galões ensopados em whisky, como manda a praxe militar... E fica a EPI de Mafra, a casa-mãe da Infantaria (Entrada para o Inferno), aguardando, na sua adiposa arquitectura conventual, mais magotes de jovens cadetes para tentar fazer deles máquinas com o pensamento estrangulado no fundo opaco do crânio. Mas muitos resistem e continuam sendo jovens, embora tristes e abstractos.
Agosto, 29 - Fui promovido a aspirante a oficial miliciano (isto é, trouxe os galões comigo e enfiei-os, já fora de Mafra, nas platinas do dólmen), mas já sei que fui colocado no Regimento de Infantaria 15, em Tomar.
Tenho de me apresentar em meados de Setembro, numa segunda-feira, e só então poderei usar os galões, mas hoje quis entrar em Coimbra já promovido e de facto apanhei algumas continências pela rua. Tinha pedido para ir para o Batalhão Independente 18, acantonado na freguesia dos Arrifes, na Ilha. Não calhou.
Talvez porque vou ser mobilizado muito em breve. Até à minha apresentação em Tomar, vou gozar umas férias nesta Coimbra deserta. Na República não há quase ninguém. Alguns de férias, nas Ilhas, outros já na guerra, como o José Bretão e o Viriato Madeira, ambos na Guiné e outros como eu, quase a partir. O calor é muito. De dia não se pode sair de casa. À noite, dou grandes passeios pela fresca, juntamente com um rapaz da Terceira, o Helder Gomes, que está a preparar-se para o exame de aptidão à Universidade. É interessante conversar com ele. Noto que me tem muito respeito, não sei se por ser oficial do exército, se por ser terceiranista da Universidade e ele simples paraquedista, isto é, nem bicho nem caloiro, segundo a praxe académica.
Tomar, Setembro, 14 - Apresentei-me ao comandante da unidade.
Dentro de dias, vou principiar a dar uma recruta em substituição de um aspirante, pertencente a um Batalhão de Caçadores com destino a Angola, que se encontra de baixa. O comandante desse contingente, um tenente-coronel muito aprumado e de pinguelim, tem um ar de lunático e parece de uma tropa de outro tempo.
Encontrei dois açorianos na unidade. O capitão Moniz e um cabo miliciano, o Pedro Jácome Correia. Três ilhotas neste mar de terra e oliveiras. Não há ainda instalações para oficiais no quartel novo, que ainda se não acabou de construir. E no velho estão já lotadas. Tive de arrendar um quarto, que fica na rua da sinagoga.
Setembro, 30 - O comandante do regimento mandou-me chamar ao gabinete.
Fiquei assustado. Depois de lhe ter pedido licença para entrar, ele, depois de desfazer a continência, disse-me com bons modo:
- Soube que o nosso aspirante acamarada com um cabo miliciano e até se tratam por tu; quero informá-lo que tal atitude é contra o Regulamento Militar.
Nem justificando-me que se tratava de um conterrâneo e colega de Liceu, o homem se demoveu. Vem no regulamento!
Dezembro, 15 - A minha companhia tem o número oitocentos e destina-se a Cabo Verde, Ilha do Sal.
Acho que é muita sorte para um homem só.
Coimbra, Dezembro, 22 - Cheguei de Tomar em meia tarde, ainda a tempo de comprar a "Praça da Canção", que saiu ontem ou anteontem, mas que já ostenta, na capa, a data de 1965.
Foi o Antero Dias quem me deu a novidade. Fui com ele jantar ao Texas da baixinha e a seguir viemos para a República, onde estive até altas horas a ouvi-lo ler em voz alta o livro do Manuel Alegre do primeiro ao último verso. Ele declama tão bem e com tamanha força expressiva, que fiquei arrepiado por dentro e por fora. Como não houvesse mais poemas, principiámos de novo.
Ficámos com a sensação de que nos encontrávamos perante uma poesia tão diferente daquela que estávamos habituados, revolucionária e lírica ao mesmo tempo, com uma linguagem poética tão encantatória, que nos encheu o íntimo não sei de que energia e entusiasmo. Dava vontade de sair por aí tocando os sinos que cada homem tem no coração. É livro para ser proibido pela PIDE. Felizmente, está a edição prestes a esgotar-se, segundo me disse o livreiro. É natural que os esbirros não cheguem a tempo.
Coimbra, Dezembro, 24 - Natal passado com a família corsária, com vinho abundante para afogar não sei que saudade impertinente.
Não consigo arrancá-la do pensamento. E nestes dias lembrados ainda pior. Não sei que nome hei-de dar a este ardume que me corrói as vísceras como um ácido forte. Não, não quero sequer pensar que seja o que neste instante estou pensando!
1965
Hospital Militar de Coimbra, Fevereiro, 26, 1965 - Dei entrada de urgência neste hospital.
Apendicite aguda. Fui operado ontem de manhã. Anestesia só da cintura para baixo. Dei conta de tudo. Depois de uma aula de aplicação militar, em que pus o meu pelotão de língua de fora e completamente enlameado, como eu, que era sempre o primeiro a demonstrar o que queria que os homens fizessem, sobreveio-me o castigo, dores de barriga insuportáveis. Vim de ambulância de Tomar para Coimbra e aqui estou numa cama de hospital. Há pouco veio-me ver o Antero Dias.
Março, 4 - Cabo enfermeiro
Como não me permitiram que saísse do hospital para ir dar uma volta, chamei o cabo enfermeiro, dei-lhe uma nota de vinte escudos e disse-lhe que ia guindar o muro das traseiras. Nem esperei pela reacção dele. No fim e ao cabo, era ou não era seu superior hierárquico? E, com a breca, a ginástica de aplicação militar sempre havia de servir para alguma coisa de préstimo.
Abril, 6 - Afinal, a minha companhia vai para a Guiné.
O comandante recebeu hoje um rádio urgente a anunciar a mudança. Olhámos uns para os outros como condenados à morte. Só o capitão é que aparentemente se não descaiu. É a vida que escolheu. E eu que já tinha comprado sabonetes especiais para a água salobra da Ilha do Sal!
(Continua)
___________
Nota dos editores VB/LG:
9 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22612: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte III: Mafra, maio-junho de 1964
8 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22611: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte II: Mafra, fevereiro-março de 1964
8 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22609: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte I: Mafra, janeiro de 1964
8 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22609: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte I: Mafra, janeiro de 1964
1 comentário:
A mim e aos restantes cadetes da minha incorporação, foram colocadas as divisas de aspirante na própria parada da EPI e logo a seguir fomos recebidos pelos restantes oficiais da unidade com um almoço festivo na messe. Foi a primeira e única vez em que entrei na messe de oficiais da EPI, que ficava mesmo ao lado da basílica. Saí de Mafra para férias já como aspirante a oficial miliciano.
nem bicho nem caloiro, segundo a praxe académica.
De acordo com a praxe coimbrã, o "bicho" era o aluno do segundo ano. Como já não frequentava o primeiro ano, já não era caloiro (que estava «trinta furos abaixo de cão e dez furos abaixo de polícia»), mas só no terceiro ano é que poderia ser chamado "doutor". O aluno do segundo ano, portanto, já não era caloiro e ainda não era "doutor"; era uma coisa indefinida chamada "bicho".
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