Queridos amigos,
A Igreja de Nossa Senhora da Piedade e Santo Quintino é o mais rico património edificado de Sobral de Monte Agraço, monumento nacional. Logo o aspeto assaz peculiar de ter uma fachada que incorpora vestígios ao lado do belo pórtico da igreja do século XIII, então denominada Igreja de Santa Maria do Monte Agraço. Deve-se a atual construção a D. Manuel I, é um mostruário de azulejaria profuso, do século XVI ao século XVIII, inclusive no altar-mor há azulejaria hispano-mourisca. Surpreende pela sua dimensão, vai atraindo o visitante para aquela capela-mor com duas capelas laterais, o olhar derrama-se pela versatilidade dos temas, o altar de Santo Quintino é um chamariz para a devoção popular, o púlpito de uma grande beleza, representando os Evangelistas. Habitualmente fechada, é possível visitá-la aos sábados entre as 15h e as 17h, e aos domingos entre as 10h e as 12h, após a celebração da missa. Se o visitante dispuser de tempo, tem muita coisa a ver no concelho de Sobral de Monte Agraço, logo o Centro de Interpretação das Linhas de Torres, o centro histórico, diferentes igrejas, o circuito do Alqueidão na Serra do Olmeiro.
Um abraço do
Mário
Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (168):
Igreja de Nossa Senhora da Piedade e Santo Quintino, não há mostruário de azulejo como este – 1
Mário Beja Santos
A turma de alunos do professor João Martins, onde me incorporo nas aulas de ginástica de manutenção para gente marcadamente sénior, recebeu o convicto do dito professor de ir almoçar num domingo em sua casa, situada em S. Pedro da Cadeira, no limite do concelho de Torres Vedras; um grupo desses alunos organizou uma visita à igreja de Nossa Senhora da Piedade e Santo Quintino no concelho de Sobral de Monte Agraço, terra que tem muito para ver, logo o Centro de Interpretação das Linhas de Torres, o seu centro histórico, um conjunto de templos religiosos onde sobressai um monumento nacional de inequívoca originalidade, este que viemos visitar . Sobre esta igreja de S. Quintino encontra-se a seguinte referência numa obra muito bela intitulada “Tesouros Artísticos de Portugal”, uma edição das Seleções do Reader’s Digest, 1976, ainda se consegue comprar este importante calhamaço por 1€ na Feira da Ladra: “Foi construída no primeiro terço do século XVI. O portal, datado de 1530, apresenta uma curiosa simbiose de elementos decorativos manuelinos e renascentistas. O interior é de três naves de cinco tramos, com cobertura de madeira. Os arcos, de volta perfeita, assentam em colunas cilíndricas, com o fuste decorado a meio por um anel e com capitéis de flutas e palmetas, terminando em ábacos quadrados. A cabeceira é constituída pela capela-mor e duas capelas absidais, todas com coberturas de abóbodas de cruzaria. Corre as paredes das naves laterais um silhar de azulejos do tipo albarradas do século XVIII, datando, junto à porta, de 1738. Os arcos da nave são revestidos por azulejos do mesmo tipo. Decoram a parede da entrada e a cúpula do batistério azulejos do tipo ponta de diamante, da mesma época. Sobre o arco triunfal, ladeando um nicho manuelino que abriga um grupo escultórico do calvário, figuram dois painéis de azulejos policromos, do século XVIII, representando a Anunciação e a Visitação.” E agora começamos a visita pela porta principal.
A originalidade deste templo religioso é dada pelo pequeno portal à direita do belo pórtico, tal como os blocos que o envolvem, tem a ver com uma igreja que aqui existiu entre os séculos XIII e XVI, tratava-se da igreja de Santa Maria de Monte Agraço a cargo da Confraria de Santo Quintino. Ou seja, nesta fachada temos elementos que vão do século XIII ao século XVI, hoje são da igreja que hoje visitamos como em 1520, o pórtico é do estilo manuelino e renascentista e o interior que vamos agora visitar é também objeto de várias intervenções feitas em diferentes épocas.
Fui logo direito ao altar de Sto. Quintino, imagem de pedra datada de 1532, tem cá em baixo um barrete que a devoção popular associa às curas do santo. Nas paredes, os painéis dos séculos XVIII são cenas do martírio de Sto. Quintino. Há um painel no altar de Sto. Quintino que dá informações úteis ao visitante: não se conhece em Portugal outra freguesia que tenha São Quintino como oráculo, e dá pormenores sobre o teto do altar, Sta. Luzia e S. Sebastião.
Tanto sofrimento para chegar ao Céu
Azulejada no século XVII, decoram a parte superior na parede de entrada azulejos com o padrão de ponta de diamante. Todo o seu interior de três naves é revestido de azulejos do século XVII, o inferior é do século XVIII; a cabeceira é constituída pela capela-mor e duas capelas laterais.O batistério tem formato circular e é rematado por uma pequena cúpula, forrado de azulejos seiscentistas e sustentado por quatro colunas. No seu interior merece referência um painel de azulejos do século XVIII representando o batismo de Cristo. A capela-mor tem arco triunfal, podemos observar azulejos do século XVIII onde figuram a Anunciação e a Visitação. A parede do fundo está revestida de azulejos do século XX (cópia do século XVII). Nas paredes laterais temos painéis alusivos à Virgem, século XVIII.
Aspeto do arco triunfal e da abóbada da capela-mor
Imagem próxima da capela-mor
Na parte frontal do altar existem azulejos do século XVI, são hispano-mouriscos
Conjunto azulejar mostrando Cristo entregando as chaves a S. Pedro
Pormenor da parede lateral da capela-mor
Vista da igreja a partir da capela-mor da imagem da dimensão da azulejaria e do coro
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Nota do editor
Último post da série de 24 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25876: Os nossos seres, saberes e lazeres (642): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (167): Uma romagem de saudades pelo Pinhal Interior - 6 (Mário Beja Santos)
1 comentário:
Conheço e filmei, quando me entretinha aos sábados visitar localidades e filmar as suas igrejas, o espectacular portal manuelino da Igreja de São Quintino, de autoria do mestre Boitaca com o sou rosto gravado na base da coluna do lado esquerdo.
Não muito longe, encontramos as ruínas da capela românica-gótica de São Salvador do Mundo, de 1320, dentro de um terreno de propriedade privada.
Valdemar Queiroz
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