Angola > Luanda > 1961 > Desfile de tropas > O António Rosinha, beirão, vivia já em Angola há uns anos (foi para lá adolescente e fez lá a tropa; amava Angola, pensava lá vibver poara sempre e lá morrer, quando chegasse a sua vez)...
Vemo-lo aqui a desfilar com o seu pelotão, que parece ser composto apenas por militares do recrutamento local (ele nunca nos disse a que unidade ou subunidade pertenceu, e por onde andou, em concreto; sabemos que teve uma "guerra" relativamente tranquila, apesar dos acontecimentos de 1961...).
1. Era furriel miliciano aparece na foto acima: depois do alferes ( cmdt do pelotão em primeiro plano), o Rosinha, todo garboso, na segunda fila, a dos comandantes de secção: é o primeiro a contar da direita para a esquerda, está de óculos escuros e empunha, durante o desfile, a pistola-metralhadora FBP, tal como os restantes graduados... As praças usavam, evidentemente, a velha espingarda Mauser 7,9 mm m/937 ... A farda, em 1961, era a do "caqui amarelo"... E, em plenos trópicos, os combatentes da época usavam capacete de aço. Uma foto icónica, histórica...
Topógrafo em Angola, africanista de alma e coração, regressou a Portugal em novembrto de 1974, emigrou para o Brasil da ditadeura militar (que vigortou de 1964 a 1985), e mais tarde para a Guiné-Bissau do partido único, onde trabalhou, de 1878 a 1993, na empresa TECNIL, ao tempo do Luís Cabral e do 'Nino' Vieira, "camaradas", "heróis da liberdade da pátria", que ele conheceu bem no poder.
Entrou para o nosso blogue, em 2006, é um histórico da Tabanca Grande (desde 29/11/2006). E aqui sempre foi tratada, estimado e acarinhado. Que Deus, Alá e os bons irã lhe continuem a dar saúde e ganas de viver (e de partilhar as suas memórias e opinióes sobre as nossas "blogarias").
É autor da série "Caderno de Notas de Um Mais Velho". Tem cerca de 150 referências no blogue (o que é uma marca notável para quem estava com "acanhamento" de entrar)...
Deixem-me, em plena época natalícia, partilhar aqui um pequeno segredo: a entrada do Rosinha foi incentivada e apadrinhado por mim, pelo Vitor Junqueira e pelo Amílcar Mendes. Se a Tabanca Grande fosse uma equipa de futebol, eu diria que foi uma grande aquisição, "a custo zero"... E a prova é que, dezoito anos depois (!), ele ainda "toca na chincha" como poucos dos mais novos... Seja como autor seja como comentador... É uma alegria vê-lo nestas "peladinhas"... bloguísticas.
Sem nunca ser chato, inconveniente, demagógico, intolerante, grosseiro... Pelo contrário: nunca os editores tiveram que o censurar ou pòr os pontos nos ii. Saber estar e saber ser, por inteiro, neste blogue plural, como homem, cidadão, português, "angolano" e "guineense", é uma das suas virtudes, e seguramente não a menor.
Boas Festas, Rosinha. Está feita a tua prova de vida!.
Data - terça, 17/12, 23:14 (há 4 dias)
Assunto - Os capitães de março de 1961
Agora, hoje, 50 anos que os capitães de Abril de 1974 acabaram com a Guerra do Ultramar, e sabemos em geral o que uns pensavam sobre essa guerra e outros que misturavam no mesmo saco Salazar e essa Guerra... Será que em 15 de Março de 1961, os capitães daquele tempo tinham ideias aproximadas aos dos capitães de 1974?
Não, pelo menos alguns que eu conheci.
Lembrar que os capitães de 1974, eram o máximo alferes em 1961, não vou mencionar nomes, mas podem consultar as biografias de alguns, na internet.
Estes alferes, da minha geração (eu, furriel), com 22/23 anos, a politização seria semelhante à minha, pouco mais ou menos nicles..
Pelo que vi em Angola, onde a Guerra começou em força, no norte de Angola, na zona do Café, principalmente, pelo movimento UPA, absolutamente tribalista, racista e jamais com sentido nacionalista angolano, notava-se que os capitães estavam em geral, de acordo com Salazar, "para Angola e em força".
E provavelmente, embora alguns pouco conhecedores da vida angolana (lembrar que a Guiné era muito desigual de Angola), esses capitães traziam algumas ideias preconcebidas sobre aquela guerra.
E, aqui, vou mencionar uma ideia bem real que traziam quando desembarcaram em Luanda, logo no início, em maio/junho de 1961.
Evidentemente que não se deve generalizar, quando se fala de uma classe.
Eis a ideia:
(i) nós, militares, temos que "educar" ("obrigar") os brancos a tratar bem os pretos.
(ii) os pretos revoltaram-se porque os brancos os tratam mal..
E muitos alferes milicianos aceitavam que seria plenamente essa uma das intenções independentistas.
E surgiu, passados poucos meses, a política da psicossocial, creio que exclusiva ideia dos militares, e creio que inicialmente seria para compensar "os maus tratos", na cabeça dos primeiros militares chegados a Angola.
Não mencionando nomes, mas dizia-se em Luanda que um capitão que teria feito o primeiro ensaio da Psico, no Norte de Angola, teria ficado alcunhado de capitão-rebuçado.
Assunto - Os capitães de março de 1961
Agora, hoje, 50 anos que os capitães de Abril de 1974 acabaram com a Guerra do Ultramar, e sabemos em geral o que uns pensavam sobre essa guerra e outros que misturavam no mesmo saco Salazar e essa Guerra... Será que em 15 de Março de 1961, os capitães daquele tempo tinham ideias aproximadas aos dos capitães de 1974?
Não, pelo menos alguns que eu conheci.
Lembrar que os capitães de 1974, eram o máximo alferes em 1961, não vou mencionar nomes, mas podem consultar as biografias de alguns, na internet.
Estes alferes, da minha geração (eu, furriel), com 22/23 anos, a politização seria semelhante à minha, pouco mais ou menos nicles..
Pelo que vi em Angola, onde a Guerra começou em força, no norte de Angola, na zona do Café, principalmente, pelo movimento UPA, absolutamente tribalista, racista e jamais com sentido nacionalista angolano, notava-se que os capitães estavam em geral, de acordo com Salazar, "para Angola e em força".
E provavelmente, embora alguns pouco conhecedores da vida angolana (lembrar que a Guiné era muito desigual de Angola), esses capitães traziam algumas ideias preconcebidas sobre aquela guerra.
E, aqui, vou mencionar uma ideia bem real que traziam quando desembarcaram em Luanda, logo no início, em maio/junho de 1961.
Evidentemente que não se deve generalizar, quando se fala de uma classe.
Eis a ideia:
(i) nós, militares, temos que "educar" ("obrigar") os brancos a tratar bem os pretos.
(ii) os pretos revoltaram-se porque os brancos os tratam mal..
E muitos alferes milicianos aceitavam que seria plenamente essa uma das intenções independentistas.
E surgiu, passados poucos meses, a política da psicossocial, creio que exclusiva ideia dos militares, e creio que inicialmente seria para compensar "os maus tratos", na cabeça dos primeiros militares chegados a Angola.
Não mencionando nomes, mas dizia-se em Luanda que um capitão que teria feito o primeiro ensaio da Psico, no Norte de Angola, teria ficado alcunhado de capitão-rebuçado.
Em 1962, eu furriel, distribui muitas pomadas, muitos antipalúdicos, muito tabaco, muitas aspirinas, dentro dessa política
Como a guerra era no Norte de Angola, de onde as populações fugiram, constou que passados uns tempos algumas populações regressaram.
Seria efeito da Psicossocial?
Mas que os capitães em 1961 ainda tinham ideias de poder salvar o império, isso não se pode duvidar.
Todos os esforços eram bons, inclusive tornar os brancos mais bem comportados.-
Cumprimentos, Antº Rosinha
Como a guerra era no Norte de Angola, de onde as populações fugiram, constou que passados uns tempos algumas populações regressaram.
Seria efeito da Psicossocial?
Mas que os capitães em 1961 ainda tinham ideias de poder salvar o império, isso não se pode duvidar.
Todos os esforços eram bons, inclusive tornar os brancos mais bem comportados.-
Cumprimentos, Antº Rosinha
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Último poste da série > 8 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24297: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (55): aqueles 13 anos de guerra do Ultramar deram-nos tanta ou mais divulgação de Portugal e da língua do que os 500 anos anteriores
8 comentários:
Realmente, o Antº. Rosinha dá uns bons "toques" e faz boas "jogadas", não sei se ainda ""toca na chinca" ou "toca na chincha" como eu ouvia dizer, pelo menos não entra à bruta e à canelada como aqueles que só sabem jogar no pelado não se habituando a jogar no relvado.
É sempre bem vindo.
Boas Festas e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Porque sera que quando mencionam Luis Cabral e Nino Vieira como sendo “camaradas “ e “heróis da revolução” usam aspas “ mas o fazem em relação ao “General Spinol” ou “Alpoim Calvao”? Será que não foram camaradas e heróis da luta pela independência?
O comentário deve vir assinado...sob pena de ter de ser eliminado. São as nossas regras.... A pergunta é interessante mas parece-me mal formulada. O comentador pode reformular e repetir a pergunta ? De facto, não a percebo... Será que queria dizer ""mas o NÃO fazem (isto é, não põem aspas) em relação ao General Spínola ou Alpoim Calvão ?"
Valdemar, já corrigi a gralha, a expressão é "tocar na chincha" (bola de futebol), que se usava no meu tempo de menino e moço... Mas o vocábulo "chincha" ainda não está grafado nos nossos dicionários...
Luis, a minha unidade quando me vês a desfilar de gravata, polainitos de lona e capacete de aço e de FBP, era o RIL, Regimento de Infantaria de Luanda.
A minha especialidade era de armas pesadas de infantaria,
Como apenas havia as armas pesadas suficientes para instrução das recrutas, quando veio a guerra, não havia arma para mim.
Passavam-se os meses e nunca me convocavam para sair de Luanda, e ir para onde houvesse guerra, que era apenas no Norte e depois no leste.
E por duas vezes uns capitães que me ameaçaram com punições, (Luanda, convidava a indisciplina) um chegou mesmo a dar-me uma pequena detenção, que ficou na caderneta, fui duas vezes voluntário ao QG, numa norma que quem se oferecesse voluntário, ficavamos "intocáveis".
E foi um pequeno resumo da minha guerra em que nunca dei um tiro nem com arma pesada nem ligeira, apenas na minha recruta com mauser na carreira de tiro.
A minha incorporação era 1959, faltavam dois anos para a guerra.
Atenção que quando a guerra começo eu já conhecia um pouco o interior e já conhecia um pouco do interior angolano devido ao inicio da minha actividade profissional, e ao contrário de muitos "brancos" que só conheciam Luanda e cidades de brancos, e de indígenas só conheciam o criado e a lavadeira, daí eu voluntário mais ou menos escolhí com sorte, os lugares que me pareceram melhor e menos perigosos.
Tive sorte, uma experiência extraordinária a minha.
A minha unidade militar, RIL.
Eu acho que esses senhores a que se refere anonimo, não são heróis da nossa revolução, por isso devem ser escritos entre aspas.
Salvo seja tê-los como heróis?
VT/.
Estas fardas de caqui amarelo, faz-me lembrar as do meu pai quando foi para a India em 1955. Nas fotos (poucas) que mandou eram iguais a estas.
Ele não tinha o capacete de aço!
Para mal dos meus pecados, não tenho nenhuma dessas fotos, alguém as levou após a morte dele.
Já o meu irmão quando foi em 1961, tinha outra farda, que não me lembro bem dela, mas parece que já era verde!
Também nada tenho de fotos dele.
Nesses tempos havia pouca fotografia, se eu lá estivesse de certeza que tinha tirado mais.
VT.
Omfe de le Anônimo , deve se ler “Jose Macedo” DFE 21, Cacheu-Bolama 1973-74.
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