O LIVRO "GUINÉ - CRÓNICAS DE GUERRA E AMOR", DE PAULO CORDEIRO SALGADO, FOI APRESENTADO, NO PASSADO DIA 16 DE NOVEMBRO, NA MESSE DOS OFICIAIS, NO PORTO
O Presidente do Núcleo do Porto da Liga dos Combatentes, Sr. Coronel José Manuel Belchior, deu corpo à apresentação do meu livro “Guiné – Crónicas de Guerra e Amor”, em ambiente militar, e que teve lugar na messe de oficiais, à Batalha, no Porto, no dia 16 do corrente mês de Novembro.
A mesa foi constituída pelo representante do General Comandante do Pessoal, Sr. Coronel Jaime Sequeira, que presidiu; o Sr. Coronel José Manuel Belchior, que moderou; o editor, o Sr. Tenente-Coronel na reserva, António Lopes (Sá Gué); o apresentador, Sr. Dr. Amaral Bernardo, Médico e Professor jubilado, além do autor, Paulo Cordeiro Salgado, este vosso amigo.
Estiveram presentes alguns militares e ex-militares, pessoas amigas, colegas de juventude, além da mulher e da filha do autor.
O autor, Paulo Cordeiro Salgado, com a filha e a esposa
O autor, Paulo Cordeiro Salgado, e o senhor Coronel José Manuel Belchior
Este encontro inseriu-se no contexto de tertúlias organizado pela Liga do Combatentes, sob o lema “Fim do Império”, evento que tem periodicidade mensal.
Após a apresentação do livro pelo Dr. Amaral Bernardo, teve lugar um animado debate em torno do livro e de situações relativas ao ambiente da guerra colonial, um tema que não está esgotado e que, segundo alguns dos presentes, deve ser abordado e transmitido às gerações que se seguiram à que teve de enfrentar uma situação bélica não desejável.
Como é razoável e intelectualmente correcto, abstenho-me de fazer comentários. No entanto, darei a conhecer, muito brevemente, a ideia geral, a súmula, da apresentação que, gentilmente, o Dr. Amaral Bernardo me entregou. Permitam-me, ao menos, uma palavra de respeitosa referência aos militares na reserva e ainda aos militares no activo e aos amigos que, uma vez mais, ousaram acompanhar este evento.
A apresentação do livro foi acompanhada de um texto que se junta na globalidade, respeitando o interesse e o empenho do Dr. Amaral Bernardo, bem como a autorização pertinente. À medida que ia lendo alguns excertos, ia comentando o que lhe “deu” o livro. Agradeço-lhe a generosidade, sempre despida de louvaminhices, pois este Amigo não é e nunca foi de “passar a mão pelo lombo” a ninguém.
O autor.
"Guiné - Crónicas de Guerra e Amor"
de Paulo Cordeiro Salgado,
Lema D'Origem, Lda. - Outubro de 2016
Prefácio de Mário Tomé
O apresentador, Prof Amaral Bernardo, e o autor Paulo Cordeiro Salgado
Professor Amaral Bernardo
«LIVRO “CRÓNICAS DE GUERRA E AMOR”, DE PAULO CORDEIRO SALGADO APRESENTAÇÃO PELO DR. AMARAL BERNARDO NA TERTÚLIA “O FIM DO IMPÉRIO” PROMOVIDA PELA LIGA DOS COMBATENTES DO NÚCLEO DO PORTO
O autor deste livro é o Dr. Paulo Salgado, aqui presente, amigo com quem partilhei “interessantes cumplicidades”, como ele teve a gentiliza de referir na simpática dedicatória com que fez o favor de me autenticar nesta obra.
Se a Mário Tomé, “não esperando”, não o surpreendeu por ser o comandante de companhia (ver prefácio), a mim, o convite para esta delicada tarefa apanhou-me… sexta-feira… num fim de tarde à secretária… Tinha estado na apresentação aqui no Porto. O Dr. Manuel Pavão havia lido algumas crónicas do livro… tinha deixado para altura mais oportuna a leitura plena… pum!
Não pude recusar!
E aqui estou.
Quem conhece o Paulo Salgado sabe que ele tem um traço partilhado pelos “malandrecos”… Olhem bem para esta foto da contracapa… Só há um termo que define plenamente… PÍCARO, julgo, como dizem os… espanhóis, no bom sentido, entenda-se.
Contudo sinto-me honrado com esta “malandrice” e de modo nenhum podia recusar, dado o nosso histórico comum… a Guerra, o Hospital de Sto. António e as andanças da cooperação com a Guiné-Bissau… embora sinta o peso da responsabilidade. Este livro já foi apresentado a vários públicos por pessoas bem legitimadas para o fazerem. Mas, como se calhar, só ele é que ouviu as outras, pelo que conto com a sua compreensão e benevolência. E quem sabe, porventura valorizará ainda mais as anteriores.
Sobre o livro em si…
Mais que apresentá-lo, vou mais descrever o que me tocou, as emoções que vivi.
Reconheço que após este nosso encontro aqui, no livro... ficámos ainda mias próximos.
Muito bem organizado, como se pode ver na arrumação de:
Advertência – Prefácio – Olossato – Termos utlizados – Bibliografia – Poilão de Brá.
A acção principal do livro desenrola-se na então Guiné, mormente no período da guerra pela independência – mas vai mais longe: dá traços históricos desde a descoberta até aos nossos dias, passando pelas vicissitudes da colonização (com tudo o que teve de bom e de mau – a escravatura) e, mais recentemente, já depois da independência, a COOPERAÇÃO. E de que é que trata, então?
Vinte anos depois de ter terminado a COMISSÃO DE SERVIÇO (como então se dizia) um ex-oficial miliciano-alferes volta à Guiné, agora como cooperante e conta-nos, em crónicas vividas, o que sentiu... e voltou a viver.
Estamos a falar do Alberto... e quem é ele? Quem foi ele?
Pode parecer estranho... mas eu conheci o Alberto antes de ele ser o Alberto (no Hospital de Sto. António nas nossas andanças da cooperação na montagem e execução de um projecto de formação pós-graduada a médicos da Guiné-Bissau promovido pelo Banco Mundial e que o consórcio ICBAS/HGSA ganhou em concurso Internacional - 2 anos, melhor, 4). Conheci-o, direi bem... em consequências das ”cumplicidades” que fomos criando.
É um livro muito bem conseguido.
Capa sóbria… singela… a respeitar e proteger o conteúdo raro… delicado… sublime… os sentimentos… as emoções vividas… vidas no limite!
Os últimos parágrafos de cada crónica são reveladores de ideias-chave:
DOR – DESESPERO – TRISTEZA – MAS TAMBÉM AMOR E ESPERANÇA; A HISTÓRIA – mergulhar no passado; os cenários; as personagens; o gongorismo do discurso.
Li este livro antes. Depois vivi o livro.
Não é um livro para ler… é um livro para se ir saboreando como deve ser feito com tudo o que é raro.
Este é um livro precioso... não é mais um livro... é genuíno... verdadeiro, que nos traz, e que nos faz viver com o autor, recordações de um tempo único, radical... no fio da navalha e que marcou e alterou a nossa vida para sempre, tão entranhadamente se meteu em nós que continuamos a viver ‘la’ (como diz Luís Albuquerque, psiquiatra – estes rapazes continuam em guerra!).
E que tem beleza... e a poesia que emana do destilado cristalino das vivências autênticas... primárias, sempre de sobrevivência... que nos agarraram à vida.
Puros adjectivos? Não! Quem o ler verá que eu fui modesto no que acabo de dizer.
Homenagem aos que morreram… aos que deixaram lá o nosso bem supremo – A VIDA
Nós somos História… breve acabaremos… depois, os historiadores deturparão consoante o figurino político.
Somos todos responsáveis…
LOBO ANTUNES refere na última entrevista ao Ípsilon (ver Público de 10.11.2107), de que respigo algumas ideias:
«Não sei explicar bem, mas a maior parte do que sou continua lá.
Foi uma experiência tão radical… tão violenta…
Isto vai dar cabo da nossa juventude, da nossa idade madura, da nossa velhice…
Não é possível contar um quotidiano de guerra a quem não esteve na guerra.»
Minhas Caras e meus Caros,
Aquilo dói muito.
Ninguém desce vivo de uma cruz!
Passaram? Ainda lá estou.
Está tudo tão vivo… os cheiros … as cores…
Nunca vi nada mais bonito… os crepúsculo e os amanheceres muito rápidos…
Uma sensualidade enorme!
Amaral Bernardo
16 de Novembro de 2017
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Notas do editor:
- Paulo Salgado foi Alf Mil Op Esp da CAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72
- Amaral Bernardo foi Alf Mil Médico do BCAÇ 2930, Catió, 1970/72
Último poste da série de 21 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17998: Agenda cultural (609): Tertúlia do Programa Fim do Império, 1.º Encontro no Clube do Alto da Barra, dia 24 de Novembro, 6.ª feira, às 15h00 (Manuel Barão da Cunha)