domingo, 20 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2464: História do BCAÇ 2879, 1969/71: De Abrantes a Farim: O Batalhão dos Cobras (2) (Carlos Silva)


O justo reparo do Carlos Silva, ex-Furr Mil do BCAÇ 2879

Amigo Briote

(...)

Hoje tive uma reunião na Associação de Comandos e ofereceram-me a Revista onde vem publicado o teu artigo, o qual não li.


Querem que eu escreva um artigo sobre os nossos militares africanos abandonados.

Vi a publicação do 1º post, mas cortaste a história do brasão da cobra (*), bem como não publicaste o mesmo e a foto do nosso camarada Carlos Fragoso que o concebeu e desenhou.




É como se fosse uma perna amputada, porque não se dá a conhecer o brasão, que deu o nome do Batalhão dos Cobras. Talvez falta de espaço. Não sei se no futuro é possível dar retoques ou não, isto é depois de inserido o trabalho.

Segue em anexo o 2º Post, o embarque e desfile do Batalhão e aspectos da viagem no navio Uige e irão seguindo sucessivamente. Agradeço-te que me avises da publicação.

Eu continuo a insistir na dificuldade da pesquisa, mas a pouco e pouco vou descobrindo com algum trabalho aquilo que quero, pois vou procurar também aos sacos escondidos e não identificados. Vou abrindo o que me chama a atenção.

Já estou a fazer uma espécie de índice onde as coisas se encontram, que junto anexo, para ver se um dia é possível aglutinar.

Tenho muitas ideias que gostaria de desenvolver. Quero enviar para aí um inédito sobre o início da Guerra, isto é, sobre o ataque a Tite em 23-01-1963. Já vi algures no blogue o tipo do 1º tiro, vou ver se o encontro e se encontro algo mais sobre o assunto, para depois carregar o pessoal com metralha. Se souberes alguma coisa sobre este tema diz-me.

Há muito para dizer e para enviar. Vamos com calma, para ver se conseguimos fazer alguma coisa de jeito.

Informa-me se recebeste os anexos em condições, pois seguem várias fotos inseridas no meu trabalho de forma cronológica.

Recebe um abraço.

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Resposta de vb:

Carlos,

Tenho ainda várias fotos tuas para inserir em posts futuros. Como pensei que o brazão da cobra tivesse sido desenvolvido já na Guiné, não o inseri por uma questão cronológica.

Trata-se do 1º capítulo, a mobilização e os preparativos, agora segue-se a formação da unidade e o embarque. Espero que me arranjes fotos do embarque. Como cada fotografia é História, agradeço que as legendes.

Grato pela tua excelente colaboração. E as desculpas pelo lapso.

vb
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De Abrantes a Farim, o Batalhão de Caçadores 2879 e a sua história. Ou, melhor dizendo, o BCAÇ 2879 e a nossa História (**).

Texto e imagens da responsabilidade de Carlos Silva.


19-07-1969 – Sábado - Dia do embarque do BCAÇ nº 2879 no Navio “Uíge”



A Conde de Óbidos, que quase todos nós vimos, muitos pela primeira vez, e alguns pela última.




19-07-1969 – Dia do embarque do Batalhão – A difícil despedida dos nossos familiares.



19-07-1969 – Desfile do Batalhão – CCaç. 2548 - Em primeiro plano, o Cap Sobral, o Casanova e o Marques.



19-07-1969 – Desfile do Batalhão – Foi a vez da CCAÇ 2549 aparecer na fotografia.


O Uíge de muitos

20-07-1969 – Domingo



Almoço a bordo. Furriéis da CCAÇ 2548 . O Galo, o Serrenho, o Barroso e o Leça.




Almoço a bordo. Furriéis da CCAÇ 2549. Vaz

21-07-1969 – Segunda-feira




Confraternização a bordo do Uíge. De pé: Alf. Sampaio, Cap Vasco Lourenço, Alf Carmo Ferreira e Cap Covas de Lima. De cócoras, os Alferes Casanova, André, Baptista e Rebelo.




Confraternização a bordo do Navio Uíge dos Furriéis da CCAÇ 2548 De pé: Serrenho, Lopes, Galo, Vasques, Barroso, Godinho, Vitorino e Nascimento. De cócoras: Leça, Évora, Tavares, Pontes e Coelho


25-07-1969 – Sexta-feira - Chegada à Guiné e desembarque em Bissau

O Comando do Batalhão com as CCAÇ 2548 e CCAÇ 2549 foram alojados nas futuras instalações do Batalhão de Serviço de Material em Brá e ficaram a depender do Depósito de Adidos.
Dois barracões, uma manta, mosquitos e nada mais.

Para os militares que já tinham várias comissões e para os que vinham pela primeira vez, embora por razões diferentes, o choque foi grande.

A CCAÇ 2547 ficou instalada na Amura em razoáveis condições.

28-07-69 – Segunda-feira

O Comando do Batalhão, a CCAÇ 2549 e 50 elementos da CCS, embarcaram em Bissau na LDG “Alfange” com destino ao Sector 02 onde iriam ficar instalados.

Em 29-07-69 desembarca-se em Farim.

30-07-69 – Quarta-feira

A CCAÇ 2549, em coluna auto, desloca-se para Cuntima, localidade situada nas proximidades da fronteira norte com a República do Senegal, assumido mais tarde a responsabilidade do subsector.

No mesmo dia marcham de Bissau para a Ponte de S. Vicente, em coluna auto, a CCAÇ 2548 e mais 50 elementos da CCS. Naquela localidade, embarcam na LDG “Alfange”, subindo o rio Cacheu e desembarcam ao fim da tarde em Farim.

01-08-69 – Sexta-feira

Finalmente, neste dia seguem de Bissau para a Ponte de S. Vicente, em coluna auto, a CCaç. 2547 e os restantes elementos da CCS.
Naquela localidade, embarcam na LDG “Alfange”, subindo o rio Cacheu e desembarcam ao fim da tarde em Farim.

Nesta data, portanto, todo o BCAÇ 2879 encontrava-se no Sector 02 que lhe foi atribuído.

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Fixação do texto: vb

(*) Um outro símbolo do Batalhão foi adoptado, embora não saiba por alma de quem surgiu a ideia, o qual nada tem a haver com a heráldica militar, conforme o desenho constante do crachat.
Passados alguns anos após o regresso do Batalhão da Guiné e num dos almoços de confraternização, segundo me contou o Ten Cor Vasco Lourenço, ao qual perguntei para satisfazer a minha curiosidade se sabia como surgiu a ideia de adoptar tal símbolo, este disse-me que a ideia surgiu espontaneamente de entre um grupo de oficiais do Batalhão que entenderam adoptar um símbolo que chamasse à atenção e deixasse uma marca para sempre.

Também, muitos anos mais tarde após o regresso do Ultramar, segundo me contou o nosso camarada então Cabo Mil Carlos Fragoso da CCAÇ 2549, obtido o acordo no dito conclave, foi chamado pelo então Cap Vasco Lourenço, na medida em que tinha um curso de artes, para conceber e desenhar um emblema apelativo do Batalhão, que se relacionasse com algo que rastejasse (até parece que o quotidiano da Guiné seria o rastejar).

Daí, o Fragoso colocar o seu cérebro a funcionar e conceber a ideia da cobra, porque se trata de um réptil rastejante, surgindo assim, o emblema conhecido por todos nós.

Deste modo, o nosso glorioso Batalhão passou a ser conhecido pelo Batalhão dos Cobras”.

Carlos Silva

(**) A odisseia ultramarina aproximava-se do fim. Um dos maiores protagonistas, que a nossa História recente registou, embarcava no Uíge, comandando uma das Companhias do Batalhão dos Cobras, que se iria fixar em Cuntima (Colina do Norte) junto à fronteira com o Senegal.

vd post:

Guiné 63/74 - P2440: História do BCAÇ 2879, 1969/71: De Abrantes para Farim: O Batalhão dos Cobras (1) (Carlos Silva)

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