1. Mensagem de hoje, dia 23 de Novembro de 2009, do nosso camarada José Teixeira*, ex-1.º Cabo Enfermeiro da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada , 1968/70, com um poema dedicado às mães de todos os que não voltaram:
Às mães de todos os que não voltaram
Filho.
A mãe está aqui.
Não me podes ver.
Nem eu te posso ver a ti.
Sabes filho, quão grande era a minha dor.
Por não poder abraçar-te,
Transmitir-te tanto amor
Que ficou cá dentro do coração
Abafado.
Esmagado.
Sofrido.
Numa profunda e imensa solidão,
Desde que me disseram,
Que meu filho tinha morrido.
Não.
Não podia ser.
Tu que tinhas uma fome tão grande de viver!
Agora.
Voltaste.
Embrulhado num grito.
Tremendo grito.
Mãe.
Eu não queria morrer,
Porque não queira que ficasses a sofrer.
Filho.
Estou aqui há tanto tempo.
Tanto tempo,
Sem sequer o que de ti ficou
Pudesse ver.
Filho.
Eu estou aqui.
Resisti.
Tanto tempo à espera de ti.
Agora.
Tudo acabou, meu rapaz,
Já podes ficar no eterno repouso.
Em paz.
José Teixeira
1º Cabo Enf da CCAÇ 2381
___________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
15 comentários:
Os meus Parabéns Tissera ou Fermero
pelas belas palvras colocadas num poema comovente e sentido.
Abraço
Jorge Picado
CARO TEIXEIRA,
O TEU POEMA,BELO TRABALHO,É ELE TAMBÉM UM GRITO.
ACEITA OS MEUS PARABÉNS PELA QUALIDADE DEMONSTRADA.
ABRAÇO
MANUEL MAIA
Caro Teixeira
Isto não é poema...
É ORAÇÃO!
Caro Teixeira
Belo poema!
Sentido, verdadeiro, bem conseguido, uma verdadeira oração como comentou o José Martins.
Um abraço
Hélder S.
Caro "Maioral" e Amigo. Escrevo de bem longe para dizer:-Para mim nao é novidade! Sei quanto tens dado de ti próprio aos teus Camaradas,com a mesma intensidade sincera com que escreves-te este poema. É nos momentos dificeis que se conhecem os AMIGOS! E o Zé Teixeira,perante o sofrimento daquela Mae na Madeira,respondeu,como sempre:-Presente! José Belo.
Temos a obrigação de dar voz às milhares de mães, de um lado e do outro, a quem a morte roubou os seus filhos... Será a morte na guerra mais difícil de superar que a morte por outras razões (suicídio, homicídio, acidente, doença...?
Sei que este é um tema que te toca, bem fundo, Teixeira. Recebe o meu abraço de admiração e apreço. Luís
Este "não voltaram" não se refere somente, aos que não regressaram a Portugal, mas a todos os que não voltaram da maldita guerra, os que ficaram pelo caminho e este caminho tinha dois sentidos opostos.
As palavras daquela mãe no regresso dos restos mortais do Telo, apenas me tocaram tão fundo, que sentiu necessidade de chorar de raiva e dor. Raio de mistura que deu neste pobre poema, que não pretende ser mais que um grito.
Zé Teixeira
Caro Teixeira,
...Uma oração, um grito bem do fundo do coração.
A minha lágrima é do tamanho do Atlântico.
José Câmara
Caro José Teixeira:
LINDO!
Um abraço,
António Brandão
Caro Teixeira de Mampatá
Só tu, de entre nós todos, foste capaz de traduzir em palavras simples o sofrimento maternal numa circunstância rara - o reencontro duma MÃE com o corpo do filho, passados 35 anos - de uma forma tão impressiva e tão (real).
Obrigado pelo teu espírito tabanqueiro.
Carvalho de Mampatá
Caro camarigo José Teixeira
Belo, simples, profundo, emocional, verdadeiro, tocante, e tudo o mais que se possa dizer.
Tudo neste poema está contido.
Obrigado, pelas mães e por mim que sou filho.
Um forte abraço camarigo
José Teixeira, eu que me considero um privilegiado neste tempos conturbados de irrascíveis temperamentos pelo facto de ter sido eu a dizer à minha Mãe : " Mãe, estou aqui" e não lhe ter dado o supremo desgosto do contrário, venho apenas para te felicitar pelo teu grito que, espero, encontre nos corações de todas as Mães um pequeno espaço que seja para alojarem esta tua solidariedade.
Um abraço,
António Matos
José Teixeira,
Em nome de todas as mães que não tiveram oportunidade de gritar a sua dor.
MUITO OBRIGADA.
Filomena
Caro amigo JTeixeira
O teu poema é um HINO de louvor e respeito a todas as nossas mães.
Obrigado, foste genial.
Um abraço
Mário Pinto
Caro Teixeira
Um belissimo poema. A dor por todas as mães que sofreram pela morte de um filho na guerra.
Lindas e sentidas palavras.
Um forte abraço
Luís Dias
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