1. Comentário do nosso amigo e camarada Carlos Silva ao Poste P5303 - O Direito ao bom nome (*) O Carlos Silva foi Fur Mil Inf, e pertenceu ao CCaç 2548/BCaç 2879 (Jumbembem, 1969/71) É autor da melhor pãgina, na Net sobre o sector de Farim > Guiné 63/74, por Carlos Silva.
Amigos:
1 - Como decorre da intervenção do Sr Coronel Vasco Lourenço (*), [apesar de termos uma relação pessoal desde há 40 anos, nunca o tratei por tu e não é agora no âmbito do blogue que o vou fazer], a mesma prende-se essencialmente com a questão do livro Elites Miitares e a Guerra de África, de Manuel Godinho Rebocho [ Roma Ed., Lisboa, 2009, Colecção Guerra Colonial, nº 8] .
Bem como, presumo, com alguns comentários ao Post 5275 em relação à sua pessoa.
2 – Tal como diz o LG em comentário a este Poste: Outra das nossas regras básicas de convívio, nesta caserna virtual, é que nenhum de nós faz (ou deve fazer) juízos de valor (e muito menos de intenção) sobre o comportamento (operacional e pessoal) dos seus camaradas da Guiné. Este blogue não foi criado para fazer ajustes com ninguém, nem sequer com a História.
Assim, deveria ser, mas tal não aconteceu e atente-se nos ditos comentários, o que desvirtua os princípios básicos estabelecidos no Blogue, o que é de lamentar. Pois todo cidadão tem o direito de liberdade de expressão, mas tal direito não constitui um direito absoluto, ao ponto de lesar os direitos ao bom nome, à dignidade e honra de uma pessoa. Uma coisa foi os bocados menos bons que passámos naqueles anos idos anos de 60 e outra coisa é ofender os invocados direitos.
3 – E, quer se aceite ao não, sejam ou não abrilistas, porque também têm o direito de o não ser, o Sr Cor Vasco Lourenço, o qual não necessita de apresentações, foi um dos que lutou, como é público e notório, para que hoje se possa ter a garantia do direito de liberdade de expressão, consagrado constitucionalmente.
4 - Dito isto, quanto ao outro aspecto que presumo esteja relacionado, não só, mas essencialmente com a polémica estabelecida com a tese de doutoramento sobre a A Formação das Elites Militares em Portugal de 1900 a 1975, em que "o autor sustenta que os oficiais do quadro permanente fugiram da guerra, a qual se aguentou devido aos oficiais milicianos e aos sargentos do quadro permanente”.]... (Vd. os dois micro-vídeos da apresentação do livro, pelo seu autor, em Lisboa, dia 17 do corrente](**)
Sobre isto já me pronunciei em comentário ao Poste 5275 (***)
5 – Contudo, apesar de não ter ainda lido o livro [do Manuel Rebocho], e uma vez que sou referenciado na intervenção do Sr Cor Vasco Lourenço (*), sempre direi no que se refere à afirmação acima, com todo o devido respeito pelo Autor, mesmo que a citada afirmação esteja fora do contexto dum estudo global do livro/tese/livro, como o Autor mencionou no dia da sua apresentação, estou em total desarcordo com ele, porquanto,
6 – Tive a honra de ser comandado por um ilustre Capitão do QP, originário da Academia Militar, 1º classificado do seu curso. Cor Luís Fernando da Fonseca Sobral, um jovem, tal como nós, talvez mais 2 anos, que tinha a seu cargo o Comando da Companhia e que em termos operacionais era dos primeiros a encabeçar, quer a Companhia, quer a nível de grupo de combate por ele criado, atacar o IN na sua toca, ir ao encontro do IN. Daí, a nossa CCaç 2548 ser a única Unidade em toda a História da guerra da Guiné, que não sofreu durante a sua comissão qualquer ataque ao Aquartelamento do Subsector de Jumbembem.
7 - Assim aconteceu com a CCaç 2549, Comandada pelo Sr Cor Vasco Lourenço, então ex-Capitão, que sempre acompanhara os seus homens, aliás, as nossas Unidades chegaram a operar em conjunto.
8 – Também não posso deixar de recordar e invocar aqui o excelente Comandante de Batalhão, hoje Maj Gen Agostinho Ferreira, então Ten-Coronel, que connosco alinhava para o “mato”, e como se costuma dizer: era um homem com os T… no sítio.
9 – Donde, este meu testemunho pessoal, porque com eles calcorreei as terras “o mato” do Sector de Farim, é a prova, provada, que estes Oficiais do QP originários da Escola do Exército e da Academia, não fugiram à guerra tal, como afirma o Autor, Manuel Rebocho
11 – Quando o nosso Camarada Manuel Rebocho, pisou terras da Guiné, já nós tínhamos deixado lá bem marcada a nossa posição, além de várias baixas provocadas ao IN, fizeram-se capturas relevantes de material, incluindo na participação do maior “Ronco” da História da Guerra Colonial e das Guerras da África Ocidental, que foram só 24 toneladas de material, em que também participaram os nossos camaradas pára-quedistas.
12 – Face ao exposto e ao que tenho escrito no Blogue, no meu Site e ao que tenho lido sobre a guerra na Guiné, que serviu de base para o estudo do nosso Camarada Manuel Rebocho, com todo o devido respeito, estou em total desacordo nesta sua análise.
OS NOSSOS OFICIAIS NÃO FUGIRAM À GUERRA
13 – Também já li o Documento do Sr Cor Morais da Silva que corrobora de forma brilhante o que atrás é afirmado, apesar de ter de confrontar ainda com a Tese relativamente a outros aspectos.
14 – Poderá haver e haverá com certeza outras questões subjacentes de ordem política, militar, social etc, que conduziram à diminuição de frequência de alunos na Academia Militar e consequentemente à diminuição do número de oficiais do QP, mas isso é outra questão que merece com certeza um estudo profundo.
E esta a minha a opinião que aqui deixo com um abraço amigo
Carlos Silva
___________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 20 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5303: O direito ao bom nome (1): Vasco Lourenço, ex-Cap Inf da CCAÇ 2549/BCAÇ 2879 (Cuntima e Farim, 1969/71)
Elites Militares e a Guerra de África, de Manuel Godinho Rebocho (Parte II) (9' 57'')
Elites Militares e a Guerra de África, de Manuel Godinho Rebocho (Parte III) (3' 46'')
(***) Vd. poste de 15 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5275: Controvérsias (53): Polémica M. Rebocho / V.Lourenço: Por mor da verdade e respeito por TODOS os camaradas (A. Graça de Abreu)
9 comentários:
Volto a solicitar ao Camarada Luís Graça a reprodução do tão frequentementemente referido 'documento' do Cor. Morais da Silva, a par da sua prometida recensão do livro do Prof. M. Rebocho.
S.Nogueira
Salvador: Prometo publicar uma coisa e outra, a minha recensão do livro do Rebocho e a crítica do Cor Art Ref Morais da Silva (que foi prof na Academia Militar e é um especialista em investigação operacional)... Tenho o texto que ele teve a gentileza de me mandar directamente e que te posso fazer chegar... Estou, neste momento, "atrapalhado" com outros afazeres (académicos), ainda só li o livro por alto... Um Alfa Bravo, de do Douro para o Ribatejo...
Candoz, 28/11/09
As sensibilidades estão ao rubro.
Qualquer situação serve para "esmiuçar" e criar atritos quando esses, em meu entender, deverião ser escalpelizados entre as partes directamente.
Por princípio respeito todas as opiniões até prova em contrário, tal como o faço com as pessoas, mas não me interessam nada as questões pessoais entre o sr. Manuel Rebocho e o sr. Vasco Lourenço, ocorridas fora do âmbito da Guiné, embora se trate de camaradas que prezo enquanto tal.
No que me é dado aperceber sobre a questão dos oficiais do quadro e não só, terem começado a ficar por Bissau e deixarem de ir para o interior, deve-se ao facto da falta de novos profissionais de Academia. O Carlos Silva deixa essa nota no final.
Tirando o comando dos Batalhões por Tenentes-Coronéis e Majores havia também os Comandantes de Operações e mais um ou outro e pouco mais.
Alguém duvida que daí para baixo a sua maioria eram os não profissionais, desde Capitão até ao Soldado?
Volto ao início, será que os conflitos pessoais têm lugar no blog e devem ser aqui tratados?
A publicação de um livro é um acto público e anunciado aqui por se tratar de um ex-combatente. Cada um decide se compra ou não e faz a interpretação que quiser. O que de pessoal existir não cabe aqui e não me parece que contribua para o enriquecimento do blog ou da sua pacificação. O mesmo não acontece tratando-se de factos vividos ou passados que poderão ser vistos e interpretados de forma diversa pelos vários intervenientes.
É a minha opinião.
Um abraçp
BS
CARO CARLOS SILVA,
SUBSCREVO AS AFIRMAÇÕES DO BS .
QUE NINGUÉM TENHA DÚVIDAS SOBRE OS "LOCAIS DE GUERRA" DOS OF. DO QP'entre 72 e 74 quedavam-se pelo ar condicionado,salvo uma ou outra honrosa excepção.
Não há regra sem excepção,evidentemente,por isso,uns fugiam menos que outros,como diria Orwell...
Ao sr Administrador
Lamento que tenha removido o meu comentário. Nada tinha de injurioso e é um ponto de vista. Julçguei que a censura tinha acabado. Enganei-me. Já agora também pode remover este. José António Silva
Meu Caro Manuel da Maia
1 – Não conheço o nosso camarada BS, se é que é um dos tertúlianos, na medida em que não se identifica.
Contudo, respeito a opinião dele.
2 – Sem prejuízo de um estudo mais atento, eu não perfilho da tese de que os oficiais do quadro permanente fugissem à guerra.
Porquanto,
Tal como referi, se porventura no final da guerra se verificaram menos oficiais [capitães] do quadro permanente, não podemos esquecer-nos que podem estar/estão muitos factores subjacentes à situação, tal como políticos, sociais, a diminuição de alunos na Academia Militar, o aumento do esforço de guerra e consequentemente a colocação de mais Unidades nos 3 teatros de operações, a promoção dos capitães a oficiais superiores e consequentemente a ocupação posterior por eles de outras funções tal como referes, e não só, porque os capitães que não eram originários da Academia e que entretanto seguiram a carreira militar, também quando foram promovidos a patentes superiores, passaram a desempenhar outras funções diferentes das operacionais, etc.
3 – Todas estas situações e muitas outras haverá para fundamentar a tese contrária à que é defendida pelo nosso camarada Manuel Rebocho, desenvolveram-se ao longo dos 13 anos de guerra e não se verificou só no período 72/74.
4 – Aliás, se o problema fosse analisado por esse prisma, salvo uma ou outra honrosa excepção, então eu diria que a guerra defensiva/ofensiva, foi feita essencialmente pelos soldados, cabos, furriéis e alferes, pois eram estes que efectivamente alinhavam diariamente para o mato, em patrulhamentos, interdições, picagens, operações, colunas auto etc. etc., enquanto os capitães [quer fossem do quadro ou não] só quando a Unidade saía a nível de Companhia é que também saiam, salvo raras excepções.
Espero que estejas de acordo com o que digo, pois assim se passava quando estive na Guiné 69/71
No entanto, eu não perfilho este tipo de argumentação.
Para mim, o esforço foi colectivo e todos nós que passámos por lá, sofremos na pele, embora uns mais do que outros, incluindo os do “ar condicionado” é claro.
Num jogo de futebol se passa o mesmo, o esforço é colectivo, é da equipa, embora haja jogadores que sofram mais do que outros.
5 – Em resumo, trata-se de uma questão que carece de muito estudo e análise.
Contudo continuo convicto que os nossos oficiais do QP não fugiram à guerra.
É esta a minha modéstia opinião
Carlos Silva
Ex-Fur Mil CCaç 2548/Bat Caç 2879
CARO CARLOS SILVA,
O ESFORÇO,DE ARGUMENTAÇÃO,LOUVÁVEL,QUE EXPLANAS NA DEFESA DA TUA DAMA,RELATIVAMENTE ÀQUILO QUE,PARA MIM,ME PARECE INDEFENSÁVEL,CREIO-O
CAÍDO POR TERRA, QUANDO CONSTATAMOS A PRESENÇA, EM NÚMEROS ELEVADÍSSIMOS, QUER DE OFICIAIS DO QP,QUER ATÉ DE SARGENTOS DA MESMA ORIGEM NA CAPITAL DO TERRITÓRIO QUE AMBOS CONHECEMOS.
ESTOU PERSUADIDO QUE DOIS ANOS ANTES O PANORAMA NÃO SERIA MUITO DIVERSO...
TENHO DEMASIADOS JANEIROS PARA ACREDITAR NA PROFUNDIDADE DO TRABALHO DOS OFICIAIS DO QP NA GUINÉ...
A "TÁCTICA DO ALFINETE" NO "MISE EN SCÈNE" QUE MUITO GOSTAM DE EVIDENCIAR OS SOLDADINHOS DE CHUMBO
QUE SE EXIMEM DOS TIROS ,SE ESCONDEM DOS DISPAROS, SE REFUGIAM
NOS GABINETES - COPO DE WHISKY À
MÃO E PONTEIRO EM RISTE - NÃO ME CONVENCE,ALIÁS NUNCA CONVENCEU...
QUEM FEZ O TRABALHO DE GUERRA EFECTIVA PELO MENOS NO PERÍODO EM QUE LÁ ESTIVE,FORAM OS TAIS MILICIANOS,OS TAIS CONVOCADOS, E NÃO OS PROFISSIONAIS DA MESMA...
ESTA VERDADE NÃO É CONTESTÁVEL,EMBORA DEIXE MARGEM,ÓBVIA E LÓGICA À PRESENÇA FUGAZ DE ALGUNS NO TEATRO DE OPERAÇÕES( PARA USAR A EXPRESSÃO QUE LHES É TÃO CARA...)
UM ABRAÇO
MANUEL MAIA
Caros camaradas
Bons e maus profissionais sempre os houve e á de haver. No caso dos oficiais do QP e Sargentos do QP, tambem foi assim, num quadro onde a vida e a morte estava presente, prevalecia a sobrevivencia e quem mais mandava alegava a suas obrigações no posto inferior.
Neste quadro era fácil constactarmos Alf. Mil. á frente Companhias e Furrieis a comandar G. Combate.
Quantas Companhias mudaram de Capitão durante a comissão e várias vezes?
Quantos Batalhões mudaram o seu Comandante durante a comissão?
Quantos oficiais normalmente Major de Operações estavam no terreno nas Operações por eles deleniadas?
Quantos oficiais foram destituidos do comando pelo General Spnínola?
Muito mais havia a expor, mas as interrogações a meu ver já são sufecientes para ilustrar o contributo de muitos dos nossos oficiais do QP.
Um abraço
Mário Pinto
Enviar um comentário