Foto nº 1
Foto nº 2
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de Outbro de 2010 > Detalhe (foto nº 1) de um edifício abandonado (Foto nº2), possivelmente dos anos 30/40 do Séc. XX > "Antiga messe de oficiais e depois hospital", escreve o Pepito, na legenda...
Surpreendentes são, para mim, editor (que nunca estive neste local), a sigla ou acrónimo A.S.C.O. que encima a parte superior da parede lateral do edifício, com as letras ainda perfeitamente legíveis e bem conservadas, contrariamente ao resto do edifício, em ruínas... Tudo indica que essas letras tenham sido fixadas na parede em data posterior à construção do edifício (*)... (LG)
Foto: © Pepito / AD -Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
1. Mensagem enviada ao Pepito, com conhecimento a diversos camaradas que podem dar uma ajuda no esclarecimento do assunto, por uma razão ou outra (conhecem ou conheceram bem a Guiné: caso do Pepito, do Mário Dias e do António Estácio Estácio; ou estiveram em Gadamael, no calor da batalha, entre finais de Maio e meados de Julho de 1973: caso do João Seabra, do Manuel Reis e do J. Casimiro Carvalho, três Piratas de Guileje, entre outros).
Pepito, António Estácio, Mário Dias:
Estou intrigado com a sigla ou acrónimo A.S.C.O. , existente na parede lateral de um edifício de Gadamael Porto... A foto foi o Pepito que ma mandou. Já a publicámos no blogue (*)... Na legenda, o Pepito diz: "Antiga messe de oficias e depois hospital" (sic)...
Inicialmente pensei numa casa comercial... Mas troquei os nomes: NOLASCO em vez de NOSOCO... Agora inclino-me para ASCO - The American Society of Clinical Oncology... Será que os americanos tiveram lá, depois da independência, uma pequena clínica, ligada à investigação sobre o cancro ? É pouco provável, mas mesmo assim é uma hipótese a ponderar... Mas há também empresas industriais que incluem, na sua denominação, a palavra ou o acrónimo ASCO... Não fiz uma pesquisa exaustiva na Net...
Amigos e camaradas: têm alguma ideia do que seja (ou possa ter sido) ? Será alguma empresa comercial da época colonial ? Ou associação ou ONG sediada aqui no pós-independência ? Que utilizações terá tido este edifício antes e depois da guerra ? Mesmo de Gadamael, pré-Guileje (ou seja antes da batalha de Maio/Junho de 1973), sabemos muito pouco... Há muitas perguntas que ficam no ar: qual terá sido a função inicial do edifício ? Casa de habitação civil, não me parece... Edifício administrativo, entreposto comercial, armazém, loja ? De que época será a sua construção ? Pela traça, não me parece ser um produto típico da nossa arquitectura colonial, pelo menos como aquela que eu conheci no leste...
É bom não esquecer que a região de Cacine, no usl, foi dada, pelos franceses, aos portugueses em troca de Casamansa, no norte, em finais do Séc. XIX , na sequência da Conferência de Berlim e como resultado da convenção franco-portuguesa de 1886 que levou à rectificação das fronteiras dos actuais países independes da África ocidental, então colónias disputadas pela França (Senegal e Guiné-Conacri) e Portugal (Guiné-Bissau).
É também bom lembrar que nesta região operaram diversas empresas comerciais, nomeadamente de capital francês, como a Companhia Francesa da África Ocidental (CFAO), a Sociedade Comercial do Oeste Africano (SCOA) (onde trabalhou o Elisée Turpin, co-fundador do PAIGC, e o Carlos Domingos Gomes, Cadogo Pai, membro da nossa Tabanca Grande), a Nova Sociedade Comercial (NOSOCO) (de que foram empregados o nosso Mário Dias e o Armando Duarte Lopes, velha glória do futebol africano, pai do nosso Nelson Herbert, mas também o João Rosa, outro dos co-fundadores do PAIGC)... Estas são algumas de que me recordo, e que estão ligadas à história da Guiné-Bissau (para além da Ultramarina, da Casa Gouveia, etc., de capitais portugueses)...
Obrigado pela vossa ajuda no esclarecimento do "enigma". Um abração. Luís
PS - Em anexo, seguia o detalhe da foto em questão (reproduzida em cima)... Temos já uma resposta do António Estácio, a reproduzir oportunamente. Publica-se também um excerto do comentário (*) do Manuel Reis, que foi Alf Mil da CCAV 8350, e que conheceu bem o inferno de Gadamael, depois da retirada de Guileje, em 22 de Maio de 1973. (**)
2. Comentário do Manuel Reis (*):
(...) Estive lá [, em Gadamael,] em full time de 22 de Maio a 18 de Julho de 1973, período crítico da guerra, e apenas consegui ver [, na foto, ] a enfermaria e uma vala, ainda visível.
Essa vala ficou gravada na minha memória como o abrigo povidencial que partilhei com outro camarada, no dia 2 de Junho, quando o Comandante-Chefe Spínola decidiu aterrar a 20 metros do edifício, perante a correria desenfreada do Coronel Durão e dos gritos desesperados do meu companheiro de ocasião. (...)
______________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 18 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7142: (In)citações (12): Gadamael Porto, saúda-vos! (Pepito)
10 comentários:
ASCO AB./Sverig/Borås tel:031204170Ventiladores magnéticos,especialistas em ar comprimido,ventiladores de água,componentes pneumáticos,armacöes para máquinas de pressäo,cilindros de ar comprimido,ventiladores industriais,armacöes para turbinas e máquinas a vapör. SERÁ? Um abraco.
Zé Belo: Não me admirava nada! Os suecos/as "andaram perdidos/as de amores" pelos/as nossos/as amigos/as da Guiné-Bissau, antes e depois da "luta de libertação"... Até "fábricas de chaves na mão" lhes ofereceram, depois da independência... Mesmo assim, Gadamael fica longe p'ra burro de Bissau e das suas delícias...
Cuidado com o "cliché" do sueco/sueca modernos,principalmente quanto aos que "embarcam" nestas missöes salvadoras.É fácil, aos "de fora" ,reparar nos calcöes demasiadamente curtos das jovens,esquecendo de procurar a Bíblia Luterana existente dentro de muitas das sacolas transportadas ao ombro.Alguns dos que conheco e que por lá andaram partiram para África como cooperantes com um espírito fanático de missäo estranhamente bem mais forte do que aquele que os tais..."cinco séculos"nunca nos conseguiram (felizmente!) imbuir. A sobrepor isto a uma dureza Viking ainda por de baixo das superfícies,näo há dúvidas que os levaria com facilidade a Gadamael ou a...Campo de Ourique! (quanto a virem viver VOLUNTÁRIOS para a Lapónia...isso...nem com Bíblia no bolso!). Um grande abraco.
Esqueci-me de acrescentar:E OS LAPÖES FICAM-LHES GRATOS POR ISSO! Um abraco ainda maior.
Luis
A titulo de curiosidade...Relativamente a Companhia Francesa da África Ocidental (CFAO), devo dizer que meu avo materno ( Jean Marie Adolphe Herbert) que ainda conheci, ja que viria a falecer em Franca em 1969...foi um dos gerentes da representacao na Guine da Companhia Francesa da África Ocidental (CFAO)..dai a origem da familia HERBERT guineense, de que hoje faco parte... Minha mae era filha unica do Monsieur Jean Marie...Com a guerra da Argelia e decorrente das suas sequelas, varias companhias francesas decidem a altura pela retirada de grande parte das suas representacoes de Africa. Por essa altura essa firma francesa acata a orientacao e abandona a Guine..Meu avo parte..e de arrasto insiste em levar a familia. Minha mae,por sinal filha unica do "velho" ainda jovem, recusa tal ideia ..tal era a paixao pueril...e casa-se ainda jovem (17 anos) com o Sr Armando Duarte Lopes...dando por improcedente a "teimosia" do meu avo...
(In) conformado...com o casamento da filha menor-que remedio-meu avo manda restaurar de raiz..a ainda hoje igreja de Cantchungo (antiga Teixeira Pinto)para acolher em pompa, o casamento da unica filha !
Tudo isto antes do inicio da guerra !
Mas vamos ao que interessa... Falando concretamente da firma francesa em questao...por aquilo que retive, tenho as minhas duvidas que tivessem tido ramificacoes no sul da Guine....A Companhia Francesa da África Ocidental (CFAO), tera sobretudo actuado na parte norte da Guine...Co e Cantchungo... esta ultima por sinal a base/origem dos Herbert's). A sede regional, estaria implantada do outro lado da fronteira..Casamanca/Senegal... e conhecem-se actividades desta companhia gaulesa tambem na Gambia...
Apenas um aspecto curioso !
Mantenhas
Nelson Herbert
USA
ASCO
Já errei e confundi Nolasco com Nosoco.
Asco sei o que quer dizer...
Mas ficamos em??? Já agora estou curioso.
Ab do T
Zé Belo: Ora aí está um belo tema para explorar... Não perdes pela demora... Um dos meus clássicos é o Max Weber, "A ética protestante e o espírito do capitalismo"... Gostava de saber mais sobre o "ethos" protestante luterano na terra dos Vikings... Estive lá uma semana há muitos anos, há cerca de 20, não dá para apanhar todas as idiossincrasias de um povo... Tirando isso, e até então, só conhecia a Suécia do Bergman...
Caro Luís Graca. Um profundo espírito de missäo enraizado em muito fortes conviccöes religiosas e morais. Talvez um dos melhores exemplos foi Dag Hammarsköld,cuja biografia vale a pena ler pelas perspectivas que abre sobre estas qualidades. Disse nas Nacöes Unidas,referindo-se ao seu cargo de Secretário Geral:"Quando os Deuses jogam procuram um baralho näo tocado por mäos humanas". Um abraco.
asco
s. m.
1. Nojo.
2. Fig. Aversão.
3. Bot. Célula-mãe onde se formam os esporos dos cogumelos ascomicetes.
fazer asco: causar nojo.
Publicidade anticolonial disfarçada!!!!!!!!
No post CCLXXXV, de 12NOV2005 fala-se de Elisée Turpin e de como terá sido empregado na Sociedade Comercial Oeste Africana, de origem francesa -Société Commercial de l'Ouest Africain?-cujo acrónimo SCOA é um curioso anagrama de ASCO!
OU
querem ver que um cómico qualquer colocou uma escada e trocou a posição do A , dando assim largas à sua alegria por ter sido colocado em Gadamael?!
(era coisa que qualquer um facilmente podia ter feito lá na Guiné, se lhe tivesse 'dado pr'aí'...)
OU
e de acordo com o que se pode ler em http://poldev.revues.org/120 (ls.23),
"La présence française sur les côtes de l’Afrique de l’Ouest date de 1787, mais ne s’est enracinée qu’au XIXe. siècle avec plusieurs missions d’exploration commerciale organisées par le Ministère de la marine à partir de 1838. Ainsi les Français, à partir des sociétés originaires de Bordeaux et de Marseille, installèrent plusieurs maisons commerciales le long de la côte. Ces sociétés se sont transformées par la suite pour donner naissance à de nouvelles entreprises commerciales, dont les plus importantes sont la Société Commerciale de l’Ouest Africain (SCOA) et la Compagnie Française d’Afrique Occidentale (CFAO), ainsi qu’à toute une panoplie de sociétés qui en découlent, " , ASCO poderia ser uma sigla 'em corruptela', engendrada por um comerciante local em representação.
(PS
uma pesquisa com "Société Commerciale de l'Ouest Africain"
dará leituras interessantes de que destaco
http://www.cn2sv.cnrs.fr/article77.html )
SNogueira
Enviar um comentário