quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7755: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (60): Na Kontra Ka Kontra: 24.º episódio




1. Vigésimo quarto episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 9 de Fevereiro de 2011:


NA KONTRA
KA KONTRA


24º EPISÓDIO

O nosso Alferes, embora já esteja liberto do acordo com o Adramane, ainda não se sente muito à vontade com a, agora, sua mulher. De qualquer modo conversaram mais, chegam a abraçar-se, beijam-se.

Está a chegar a noite. Os dois vão comer mais alguma coisa e antes de se recolherem são avisados que precisam da sua presença no “bentem”. O Braima, músico da tabanca, queria dedicar e oferecer ao Alferes uma composição musical. Não faz da música e do canto a sua profissão, ou seja não se considerando “jideu” não ganha a vida à custa de loas dedicadas a “homens grandes” importantes, que vaidosamente lhes pagam. O momento é inesquecível para o nosso Alferes que, comovido às lágrimas, muito agradece. Não tarda que, finalmente, o Alferes leve a Asmau para a sua morança.

A morança do Alferes que praticamente só tinha a sua cama, encontra-se agora atulhada com todas as prendas recebidas, mais a cama da Asmau. Tudo isso iria ser necessário para a vida do casal.

O Alferes ligou o seu pequeno candeeiro a pilhas e os dois foram ordenando melhor tudo aquilo que o pessoal para lá tinha levado. Com todos os pertences no sítio, o Alferes diz à ainda sua bajuda, que era melhor deitarem-se, perguntando ao mesmo tempo se ela queria que ele apagasse a luz para se despirem. Ela disse que não era necessário e foram tirando a roupa que não era muita, com aquele clima. O Alferes tirando a sua “sabadora” ficou quase nu mas, para seu espanto, verifica que ela tem vários panos para tirar, um sempre mais curto que o anterior, e não apenas um como ele pensava. Afinal, por baixo do habitual pano comprido, as mulheres africanas usam outros. É um autêntico espectáculo extra para o Alferes Magalhães, contando que tem ali a mulher africana mais bonita que alguma vez tinha visto na Guiné.

Apagado o candeeiro deitam-se cada um em sua cama. O Alferes tem a Asmau à sua esquerda. Vão trocando algumas palavras. Havia uma coisa que atormentava o Alferes, saber se a Asmau tinha ido ou não ao fanado. O João achava que possivelmente não. Se ele queria ter prazer, muito prazer, com a sua linda bajuda, o mesmo queria que acontecesse com ela. Para acabar de vez com a terrível incerteza, no meio da conversa, faz-lhe a pergunta. Resposta negativa e total alívio para o Alferes. Poderia proporcionar à Asmau prazer idêntico ao que ele queria ter.

Vão conversando, cada um em sua cama. O Alferes com a sua mão esquerda vai afagando, primeiro um braço dela, depois o ventre. Sente o umbigo metido para dentro, contrariamente a muitas africanas que o têm saliente, por mau tratamento à nascença. Mais um degrau de satisfação por isso. Estende o braço e tenta agarrar o braço esquerdo dela. Ao fazê-lo não deixa de sentir os seu dois seios duros com os mamilos a resvalarem nos pelos do seu próprio braço. Faz-lhe festas na cara, desce para os ombros, os seios, seios duros. Aquela mão percorre todo o corpo da ainda bajuda. Embora já tivesse quase a certeza, não deixou de verificar que realmente ela não tinha ido ao fanado e aí, pela primeira vez ela mexeu-se. Algo se passava e o Alferes sabia muito bem o quê. Continuou. Rodando agora na sua cama, com a mão direita foi sentindo a pele macia dos seios sentindo os mamilos entumecidos. Ela sem nada dizer continuava a mexer-se, a contorcer-se. E quando “a palhota já estava quase a pegar fogo” ele enlaça-a, puxa-a para a sua cama. Não demora muito até que ela, até aí calada, solte uma qualquer expressão em fula, não compreendida, mas adivinhada por ele, e se deixe cair para o lado.

Não se sabe se houve mais dizeres em fula naquela noite. Cansados acabaram por adormecer.

Ao acordar pressentem que há alguém junto da entrada da morança. A ex-bajuda continuou deitada e o agora o seu homem prepara-se para ir tomar um banho à fonte. Pega na toalha e no sabão, abre a porta e sai. Acto contínuo três ou quatro “mulheres-grandes”, das que estavam à porta, precipitam-se para dentro da morança. O Alferes que já se afastava em direcção à fonte pára a fim de presenciar o que se estava a passar.

Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 9 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7748: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (59): Na Kontra Ka Kontra: 23.º episódio

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