quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7750: Homenagem à minha mãe na hora da despedida. Mãe, até amanhã! (José da Câmara)


1. Mensagem de José da Câmara* (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Guiné, 1971/73), com data de 7 de Fevereiro de 2011:

Meus amigos,
No passado dia 25 de Janeiro, na Igreja da Imaculada Conceição em Easton, MA., por imposição da lei da vida, cumpri a missão mais difícil e mais nobre que até hoje me foi imposta. Homenagear a minha mãe na hora da última despedida.




Mãe, até amanhã!

Segundo os Livros Sagrados, aprendemos que há

tempo para nascer e tempo para morrer,
tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou,
tempo para chorar e tempo para rir,
tempo para calar e tempo para falar.

Foi assim que a minha mãe, a nossa mãe e a vossa amiga, percorreu o seu tempo dividido entre as ilhas das Flores e Faial e os Estados Unidos da América.

Foram muitas as experiências de vida que viveu, umas melhores que outras. Todas elas fizeram parte do seu sonho, dar aos seus e aos outros o melhor que tinha de si mesma: amor e fé!

Durante os seus anos de vivência semeou vidas, cultivou-as e fez todos os possíveis para que a sua hortinha familiar e social produzisse frutos, bons frutos, com a sábia certeza de que nenhum era mais importante ou mais saboroso que outro.

A sua devoção à Sagrada Família, fizeram dela uma esposa cúmplice, uma mãe extremosa, uma avó e bisavó compreensiva, uma amiga de todos aqueles que dela se aproximaram.

Foi uma mulher irrepreensível e inteligente, uma mulher do seu tempo. Com o seu exemplo ajudou a construir um mundo melhor à sua volta.

Em nós, nos seus filhos, incutiu o respeito pelas instituições e pelos outros. Ensinou-nos a lutar pela edificação de um mundo mais tolerante, mais compreensivo, mais igual, mais justo.

Ensinou-nos a ser fortes nos momentos de adversidade, e reconhecidos e modestos na hora do triunfo.

Viveu a sua vida sem se queixar. Derramou as suas lágrimas sozinha, nunca comprometeu os sonhos da sua vida e ajudou a construir os nossos.

Perto do fim, sem um lamento e sem um sinal de revolta, pediu-nos que a deixássemos caminhar em paz.

Neste mundo tinha cumprido a sua missão. Para ela, na Ressurreição, teria o grande Pai à sua espera e o resto da nossa família.

Morreu nas vésperas de completar as suas 84 primaveras.

Mãe, minha querida "melra preta", como muito carinhosamente lhe chamava, Deus bem sabe o quanto gostaríamos de continuar a ver-te esvoaçar entre nós. Preferistes, pela lei da vida, te libertares desta tua passagem pelo mundo, para ires ao encontro de um outro de Paz Eterna.

Que o teu último voo seja suave, firme e gracioso. Nunca olhes para trás.

Para nós, que continuaremos o teu sonho, fica a certeza de que hoje, mais do que nunca, compreendemos o significado da roda do tempo: nascer, viver, morrer!

Um amigo meu, que também foi militar na Guiné, ao perder alguém muito querido, escreveu:

O vazio que ficou,
A dor que nos atingiu,
Vão transformar-se em ausência
E mais tarde saudade.


É verdade! Já a sentimos.

Hoje, agora e aqui, vamos ser fortes na hora da despedida e humildes no reconhecimento à boa mãe que fostes e à amiga que nunca deixastes de ser de todos nós.

Mãe, descansa em Paz!

26 comentários:

Anónimo disse...

Amigo José Câmara,
Daqui, de Portugal, envio-te um abraço de condolências pelo falecimento da tua mãe.
Rui Esteves
Furriel Enf.º CCac 3327

José Manuel Corceiro disse...

Caro José da Câmara

Os meus sentidos pêsames.

A perda da nossa Mãe deixa-nos um vazio imenso…

Eu perdi a minha há três anos, oito dias depois de ter feito 83 anos.
Que saudade…

Um abraço

José Corceiro

Torcato Mendonca disse...

Meu Amigo José Câmara
O meu profundo pesar e as minhas condolências pelo falecimento da Senhora tua Mãe.
Abraço amigo do Torcato

manuelmaia disse...

Caro José da Câmara,

Aceita as minhas mais profundas condolências.

manuelmaia

Luís Graça disse...

José:

É um texto sereno mas comovente, de um homem de fé, e de um grande filho, escrito sobre o acontecimento mais doloroso para um filho, que é a morte da sua mãe... É o texto que eu gostaria de saber escrever quando chegar a hora da morte da minha mãe, hoje a caminho dos 89 anos... Apanhaste-me num momento sensível, a ler uma dissertação de mestrado sobre as representações sociais da morte em doentes em cuidados paliativos, de que serei o arguente dentro de dias, na Faculdade de Medicina... O tema é "pesadao", o teu texto (de homenagem, não de despedida, à tua mãe) foi um bálsamo, e sobretudo encheu-me de orgulho por ter, na nossa Tabanca Grande, homens como tu, luminosos, assertivos, de grande sensibilidade e cultura, que são capazes de escrever palavras tão belas quanto justas sobre uma mãe que acabam de perder:

(...) "Foi uma mulher irrepreensível e inteligente, uma mulher do seu tempo. Com o seu exemplo ajudou a construir um mundo melhor à sua volta.

"Em nós, nos seus filhos, incutiu o respeito pelas instituições e pelos outros. Ensinou-nos a lutar pela edificação de um mundo mais tolerante, mais compreensivo, mais igual, mais justo.

"Ensinou-nos a ser fortes nos momentos de adversidade, e reconhecidos e modestos na hora do triunfo.

"Viveu a sua vida sem se queixar. Derramou as suas lágrimas sozinha, nunca comprometeu os sonhos da sua vida e ajudou a construir os nossos." (...)

José: Só podes ter orgulho na tua mãe. Ela seguramente sempre teve orgulho em ti. Um abraço fraterno do Luís Graça.

Fátima Vargas disse...

Mano,

A partida do nosso irmão e dos nossos queridos e doce velhinhos, em tão pouco tempo, deixaram um vazio tão grande e tão profundo que nos deixa quase sem respirar. Porém, temos de dar graças a Deus pelos pais que tivemos, pelos valores e pela humildade que sempre souberam incutir em nós.
Eu sei que a homenagem que prestaste à nossa mãe foi um momento difícil para ti, para todos nós, mas um momento nobre, ela mereceu-o e, sinto-me orgulhosa, por teres conseguido fazê-lo da forma que o fizeste. Obrigada!
A nossa mãe está em paz, uma paz que tanto necessitava. Como disse o Senhor Padre na missa "Ela está em casa com o seu Francisco e com os filhos".
Deste lado do Atlântico, envio-te um grande abraço e força!
A mana,
Fátima

Anónimo disse...

Camarigo José da Câmara
As minhas sentidas condolências, pelo falecimento da tua mãe.
Lamento imenso a tua perda.
Como diz um Amigo meu "quando a nossa mãe morre, deixamos de ser crianças".
Abraço
Luís Borrega

Anónimo disse...

Amigo José Câmara

Daqui te envio as minhas codulências pela perda da tua mãe.

Por muito que custe, esta é uma lei imutável.
Acontece com todos.

Um forte abraço amigo
Jorge Picado

José Marcelino Martins disse...

Caro Zé Câmara

Sei o que estás a passar.
Parece que o temporal nos arrancou o "telhado" da casa.
Agora Ela já não te tem no pensamento, está sempre contigo.

Abraço fraterno

Anónimo disse...

Uma corecção.
Saíu "codulências" em lugar de condulências.
JPicado

Anónimo disse...

Caro José.

É este o caminho de todos nós.

Pelo que escrevestes, ela estará em bom lugar, ajudando-nos neste doloroso caminhar.

O seu caminhar deve ter sido um viver de amor e carinho pelos que lhe eram queridos.

Se acreditares, ela irá manter a mesma postura de amor pelos seus iluminando-lhe o caminho.

Para ti e toda a tua família um abraço solidário.

Mário Fitas

Carlos Silva disse...

Amigo e Camarada Zé

Estou contigo na dor que hoje sentes, pois há um ano e picos passei por situação semelhante.
Não há palavras que nos possam confortar para substituir o vazio que sentimos
Deixo-te aqui um forte abraço, que lamento não poder ser pessoalmente,afim de atenuar essa mágoa.
Carlos Silva

Juvenal Amado disse...

Meu caro José da Câmara

No momento em que nos falta quem sempre esteve presente, sentimos que ficamos mais pobres e mais sós.
A perca da tua estimada mãe, deixará para sempre um vazio que nunca poderá ser preenchido, mas a sua recordação deve servir de luz que continuará a servir de farol a ti e a todos os teus.

Os meus mais sentidos pesames e um solidário abraço.

Jorge Narciso disse...

Caro Jose Camara

Recebe um forte abraço de solidariedade e pesar.

Jorge Narciso

Anónimo disse...

Caro amigo José da Câmara

Foi com profundo pesar que tomei conhecimento do falecimento da tua querida mãe.
As tuas palavras sensibilizaram-me profundamente, também perdi a minha mãe recentemente.
Envio-te um sentido abraço de condolências.

Bernardino Parreira

Anónimo disse...

Amigo José da Câmara

Que sensação única a de perdermos a nossa Mãe!
Através do seu exemplo, da sua força e da sua coragem, as mães constroem a nossa própria personalidade.
Perdê-las, é perder a origem, é sentir-mo-nos também um pouco perdidos, num mundo que deixa de ter a força das suas palavras, o doçura do seu sorriso, a sua ternura.

Comungo da sua dor.

Perdi a minha, no Verão de 81 e não há um único dia, que não a recorde.



Permita-me que transcreva um pequeno poema, dos muitos que lhe escrevo, num agradecimento sem fim, por ter sido a minha Mãe:

Mãe!

Há uma voz
e um sorriso permanente
que oiço sempre!
Uma voz, que fala e cala
e um sorriso que me embala e adormece...
Sinto uma mão pequena...
tão gostosa!..
Tão macia como pétalas de rosa...
que afasta as mágoas.
Que enxuga as lágrimas.
Que cria em mim a segurança e a estabilidade,
e me faz enfrentar a vida
e a realidade!

Felismina Costa

Anónimo disse...

Caro José Câmara.

As minhas sentidas condolências pelo falecimento de tua Mãe.

Um abraço solidário

Manuel Marinho

Luis Faria disse...

Amigo José da Camara

O meu abraço de pesar pela perda dolorosa que sofreste e pelo turbilhão de sentimentos que na certa sentiste nesses momentos difíceis , em que pedaços de vida desfilaram na tua mente,começando a dar luz cada vez mais intensa mas mais serena, à saudade de um passado que se vai transformando em presente aconchegante e recorrente,na individualidade da tua Alma.

Bem hajas
Luis Faria

Joaquim Mexia Alves disse...

Meu camarigo José da Câmara

Abraço-te na tua dor, que eu também já vivi.

A minha mãe faleceu há 4 anos com a bonita idade de 96 anos.

Rezo por tua mãe, por ti e pela tua família.

Que Deus a tenha no descanso eterno.

Anónimo disse...

Camarigo José Câmara, curiosamente datado de 7 de Fevereiro de 2011, o exacto dia em que a minha mãe, a menina Adelaide faria se fosse viva cem anos,o relato sentido do falecimento da senhora tua mãe.

A minha, há muito que partiu, não conseguiu sequer chegar aos setenta.

Mas a vida das nossa queridas mães não se mede pelos anos que connosco partilham, mas sim pelos sentimentos e pelos princípios que em nós incutem e pela força e vontade com que retiram do nosso percurso de vida os obstáculos que vamos encontrando.

Se possível fôr, quem sabe(?), que a tua mãe transmita à minha, a mensagem de ambos e lhe entregue a rosa, sua flor preferida, que juntaste ao teu texto.

Um abraço solidário,

Vasco A. R. da Gama

Anónimo disse...

Caro José Câmara!

Acompanho os sentimentos e as palavras, aqui deixadas pelos n/ camarigos e camarigas anteriores e solidarizo-me contigo nesta hora difícil. Eu também perdi a minha há já alguns anos, mas como diz o Borrega,"deixamos de ser crianças" a partir desse momento, e passamos a ter um farol a seguir, um exemplo a transmitir, e um memorial que deveria ser recordado, dignificado, respeitado, que é "AS MÃES QUE PARIRAM, AMAMENTARÃO,CUIDARAM, E LHES ARRANCARAM" os seus filhos para fazer a Guerra.
Que descanse em paz, a tua, a minha, as de todos nós.

Um abraço
Francisco Godinho

Anónimo disse...

Ai, o Português, de vez em quando,,,

Saíu "AMAMENTARÃO", em vez de AMAMENTARAM, óbviamente.

F.Godinho

Anónimo disse...

José da Silveira Câmara, estimado amigo,

Sentidas condolências,
com um abraço transatlântico, do
Abreu dos Santos

Hélder Valério disse...

Caro camarada José da Câmara

Grande e sentida homenagem!
Comovente!

Não tenho palavras para te consolar.
Aceita um forte abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Quando conheci a tua mãe foi essa capacidade de se dar e de ter conseguido constituir uma família unida e amiga que desde logo me chamou a atenção. Foi essa capacidade de ter conseguido ultrapassar momentos difíceis ao longo da sua vida mas ter conseguido manter um espírito jovem e amigo dos seus filhos (as) e netos (as) que percebi que a adoram. Mas lembro-me de ter sentido que ela amava muito o teu pai, os seus olhos sorriam e quando falava dele toda ela emanava uma felicidade linda de se sentir.

Lembro-me de ter pensado que estes "grandes amores" geralmente não sobrevivem muito ao desaparecimento do outro e de ter pedido a Deus que a ajudasse a superar a ausência de não estar com o teu pai. Tenho a certeza que estão os dois felizes junto do teu irmão e que todos velam para que a vida te seja fácil e que consigas ser feliz mesmo sentindo toda esta saudade que sentes. Como alguém me disse " nenhuma palavra consola... é uma dor que fica sempre residente dentro de nós..." mas que por outro lado nos faz sentir bem porque partilhámos e vivemos com pessoas excepcionais que nunca vamos esquecer.

São lindas as palavras que me deste a ler e mais lindas ainda porque sentidas por quem conseguiu transmitir tudo o que todos vós sentistes.

Ester
Ilha do Faial

Anónimo disse...

Caros amigos,

O abraço de solidariedade e amizade que me destes em resposta à homenagem que fiz à minha mãe, foram para mim, bons e saborosos frutos que, com orgulho, partilhei com os membros da minha família. Eles, tal como eu, sempre guardarão no seu coração esta vossa manifestação de simpatia e de carinho.

Os vossos comentários, versos, emails e até telefonemas não são mais que as pétalas daquela linda rosa do post que a minha mãe, no seu gracioso voo, foi desfolhando sobre vós e sobre as vossas famílias. Tenho a certeza de que ao chegar ao céu, teve muitas mais para aqueles que em vós deixaram a mesma saudade que eu sinto.

Orgulho-me de pertencer a esta Tabanca Grande, mas acima de tudo, orgulho-me de fazer parte da Fraternidade Humana que nela encontrei.

Para todos vós um abraço do tamanho do oceano que nos une,

José Câmara