terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12614: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (6): Eu fiz "Tropa" em cinco cidades, em Portugal e ainda em Nhacra, Quebo e Nhala, na Guiné Bissau (Manuel Amaro)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Amaro (ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969 a 1971) com data de 18 de Janeiro de 2014:

Eu fiz "Tropa" em cinco cidades, em Portugal e ainda em Nhacra, Quebo e Nhala, na Guiné Bissau.

Começando pelo Sul, estive em Tavira, cidade que já conhecia desde que nasci e gosto o normal que qualquer cidadão gosta da sua terra natal.

Em Beja quase não tive tempo para conhecer a cidade, pelo que não desenvolvi qualquer relação especial de "amor" pela Pax Júlia.

Já a relação com Évora foi diferente. E foi boa... muito boa.
Apesar ter estado duas vezes em Évora, ambas mobilizado para a "guerra".

Na primeira vez, era para Angola, mas não se concretizou, passado pouco tempo nova mobilização, agora para a Guiné, levada até ao fim.
Em Évora aproveitei algum tempo para visitar a cidade e a nossa relação permanece tão intensa, que periodicamente faço uma visita com ou sem pernoita. Numa das últimas visitas, aproveitei para levar a Florbela Espanca uma mensagem de Sebastião da Gama. (foto anexa).
Gostei muito de Évora


Évora, 18 de Abril de 2012

Lisboa. Quem não gosta de Lisboa?
Lisboa, eu também já conhecia desde o Grande Encontro Nacional da Juventude.
E a "tropa" levou-me à Estrela.
Ao Hospital Militar da Estrela.
Ao Jardim da Estrela.
Aos Fados.
Aos castelos e aos bairros típicos, às tascas, à verdadeira Lisboa.

Logo que terminei o Serviço Militar voltei à Grande Lisboa, em janeiro de 1972, até hoje.
Mesmo que uma parte do tempo seja passada no Algarve, Lisboa faz parte de mim.

Lisboa - Estrela

E Coimbra?
De uma forma diferente de Évora e de Lisboa, mas Coimbra foi tão ou mais importante para mim.
E nós, para não sermos ingratos, temos que amar as "coisas" importantes.
Assim que cheguei a Coimbra, em junho de 1967, fui visitar o Penedo da Saudade. Não vi tudo e voltei no dia seguinte. No regresso passei à porta do Liceu D. João III. Lembrei-me que tinha um exame "pendente" e os livros na mala. Talvez já com o espírito da cidade, prometi ali mesmo, a mim mesmo, que em Setembro, ao abrigo da lei militar, iria fazer aquele exame e iria ficar aprovado. E assim foi. 

Sempre que vou a Coimbra, assim que deixo a autoestrada, mas principalmente depois de atravessar a ponte, sinto uma mudança de espírito. Isto, penso eu, é amor. Eu fiquei a amar Coimbra. Até hoje. 

Coimbra - Penedo da Saudade

Guiné Bissau.
Eu gostei da Guiné Bissau.
Nhacra, a D. Carlota e os seus bifes de macaco.
O "Branco" do Cumeré e o seu camarão, mais barato que os tremoços nas cervejarias de Lisboa.
Eu gostei de Aldeia Formosa (Quebo).
Tudo aquilo era novo.
A minha Escola, os meus alunos.
A assistência médica em Pate Embaló.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 20 de Janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12611: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (5): Quartéis, Cidades e Vilas por onde passei: Coimbra, Leiria, Trafaria, Tomar, Chaves, Viana do Castelo e Porto (Luís Nascimento)

6 comentários:

Anónimo disse...

Eu, como militar português, estive na Guiné Portuguesa até 9 de Setembro de 1974 e na Guiné-Bissau a partir de 10 de Setembro de 1974 até vir embora.

Não percebo como é que há malta que esteve num país que não existia!

Magalhães Ribeiro

Zé Teixeira disse...

Coimbra!
Quem não gostou de Coimbra?
Ainda te lembras das nossas conversas a passear no Jardim da Baixa, quando por lá ficávamos agarrados aos livros?
E que Pelotão de Formação no RSS!
Dava baile aos instrutores Cabos RDs.

abraço irmão

Zé teixeira

manuel amaro disse...

Caro Magalhães Ribeiro

Tens razão. Eu estive na Província Ultramarina da Guiné. Mas é muito mais cómodo (e eu sou assumidamente comodista), escrever Guiné Bissau, tal como escrevo Maputo, embora duplique, quase sempre Aldeia Formosa e Quebo.

Um Abraço

manuel amaro disse...

Caro Zé Teixeira

Obrigado por lembrares aquele tempo de Coimbra.
Como é que nós tínhamos tempo para fazer a tropa, estudar, fazer turismo, actividades culturais e formação cívica aos nossos camaradas mais "necessitados".

Coimbra foi mesmo uma lição.

abraço irmão

Manuel Amaro

Hélder Valério disse...

Caro camarada Manuel Amaro

O apelo é para falarmos da nossa relação "amor/ódio" aos locais, cidade, vila, etc., por onde passámos, onde fizemos o nosso percurso militar, a nossa formação militar "antes de ser mobilizado", ou seja antes "de ir para lá".

E fizeste isso muito bem.
Falas da cidade de Beja, onde não estive por esses motivos, e revelas que dela, por falta de tempo, não tens nenhuma relação especial.
Falas de Évora, onde também não estive por esses motivos, e aí já a revelação do teu envolvimento emocional com a cidade. A foto é elucidativa.
A seguir, falas de Lisboa.
Aí tenho algo comum, mas fica para o meu depoimento. Interrogas: "quem não gosta de Lisboa"?. Certamente haverá quem, mas apenas por 'maus motivos'.
Segue-se Coimbra, onde também não estive por esses motivos. E aqui, também, mais uma vez, foste capaz de ir buscar o lado bom das recordações para falares dela com saudade.
E pronto, termina aqui o teu percurso em Portugal. Na Europa. No Portugal Continental. No Portugal Metropolitano. Na Metrópole, como os que assimilaram a ideia de 'império' gostam de referir.
De passagem citas lugares onde estiveste na Guiné. Na então "Guiné Portuguesa", hoje Guiné-Bissau. Em África. Escreveste Aldeia Formosa, hoje Quebo. Não me incomodei com isso. São nomes. Também, algumas vezes, quando escrevo sobre "Nova Lamego" acrescento sempre "Gabú" pois era assim que os naturais da região a referiam, até em "Pitche" (onde estive) na linguagem dos naturais, embora as 'autoridades' insistissem em designar por "Piche"
E revelas de forma curta e fugaz que "gostaste". Não te alongaste em considerações, já que o tema era sobre o "antes de ir" e isso são 'contas de outro rosário'.

Abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Manuel Amaro,

Eu, disse e repito que estive como militar português, na Guiné ainda Província Ultramarina Portuguesa, que o foi até 9 de Setembro de 1974.

E estive depois mais algum tempo na que passou a ser a Guiné-Bissau a partir de 10 de Setembro de 1974 até vir embora em 14 ou 14 de Outubro de 1974.

O que eu disse é que não percebo como é que há malta que esteve num país que não existia, mas não é só no teu caso é que é vulgar aqui no blogue ver-se escrito e nos nosso encontros mais malta dizer que combateu na Guiné-Bissau????? O que como e óbvio não é verdade!

Um abraço,
Magalhães Ribeiro