por Luís Graça
[com Tomás de Mello Breyner, c. 1902-1904]
À noite houve uma grande trovoada
[acompanhada de muita chuva.
À noite
iluminações. Tempo lindo.
Às 11 h. p. m.
choveu.
Bom tempo e fresco.
Bom tempo.
Chovia bastante.
Continua a
inverneira.
Continua a
ventaneira fresca.
Continua o lindo
tempo.
Continua o mau
tempo.
Dia de calor terrível. À noite refrescou.
Dia de chuva e
trovoadas.
Dia de chuva.
Dia de horroroso
calor, mas eu quando tenho que fazer não dou pela calma.
Dia de tão grande
ventania que se quebraram algumas árvores da cerca [do Paço de
Mafra]
Mafra]
Dia de verdadeiro
Inverno! Chuva e frio !! Embarque difícil no Arsenal [do Alfeite].
Dia lindo, bom de
mais. Assim não há meio de trabalhar.
Dia menos quente
do que ontem.
Diminuiu o frio,
mas veio a chuva.
Em Lisboa calor horrível.
Em Lisboa continua
o calor medonho: na minha consulta, 34º à sombra.
Em Lisboa muito
calor, aqui [Sintra] tempo fresco e lindo.
Em Lisboa o calor
medonho, aqui [Mafra] fresco, delicioso.
Esteve um
lindíssimo dia de Inverno.
Felizmente para as tropas o tempo continua ótimo.
Palácio Nacional de Mafra. Litogravura de 1853. Cortesia de Wikipedia |
Grande calor em Lisboa e aqui [em
Sintra].
Há grande temporal do sudoeste e
[muita chuva.
Hoje dia de calor
horrível em Lisboa.
Joguei um pouco de ténis no fim do almoço e depois dormi um pouco porque faz calor
[em Vidago].
Linda tarde e bom vento.
Manhã de grande invernia! Parece dezembro ! [ em junho].
Mudou o tempo,
temos a chuva grossa.
Muito vento e
alguma chuva.
Ninguém se lembra de um tempo assim neste mês [ junho].
Noite de luar, mas
há calor fora do natural.
Noite de temporal.
O dia menos mau, talvez ainda não seguro.
O tempo continua um encanto.
O tempo
aguentou-se.
O tempo bom.
Continuo a ter boas notícias de casa.
O tempo continua
bom. Muitos drinks, muito cavaco até à meia noite
[ no Iate Real Amélia].
[ no Iate Real Amélia].
O tempo continua
de chuva.
O tempo continua
escandalosamente belo.
O tempo continua
fresco e lindo.
O tempo continua
frigidíssimo, mas sempre bonito.
O tempo continua
mau.
O tempo continua
mau: borrasca do sudoeste com chuva.
O tempo está mau:
tem chovido bastante.
O tempo está mau:
trovoada e muita chuva.
O tempo está muito
frio e todo o dia houve nevoeiro cerrado.
O tempo incerto.
O tempo incerto.
Faz nove anos que eu casei.
O tempo lindo
hoje, muito ameno.
O tempo lindo mas
muito frio. Vento do nordeste.
O tempo melhorou
de dia, mas para a noite ameaçava de
noite chuva.
O tempo melhorou
O tempo mudou:
esteve um bonito dia.
O tempo muito mais
quente hoje.
O tempo parece
querer mudar.
O tempo parece
querer mudar. Que venha chuva e frio para tónico das gentes.
O tempo parece querer
mudar como é sempre costume no Entrudo.
O tempo péssimo.
Verdadeira invernia.
O tempo piorou.
O tempo refrescou
muito e à noite choveu.
O tempo tende a
melhorar.
Os Príncipes já
jantam à mesa de Estado. Já era tempo!
Parece Inverno.
Parece que a terra
perdeu tanto calor pelos vulcões das ilhas americanas que não pôde [haver Verão,
o que aliás me não faz a maior falta. Dizem telegramas do Brasil que
[caiu neve e há gelo em pontos onde nunca gelou nem nevou.
[caiu neve e há gelo em pontos onde nunca gelou nem nevou.
Navio Amélia IV, de casco de aço, construído na Escócia, comprado por D. Carlos I, em 1901, para servir não só de iate real, ,mas também de navio de guerra e de navio hidrográfico. Esteve ao serviço entre 1901 e 1937. Características técnicas: deslocamento; 1 370 t; comprimento 70,1 m; velocidade 25 nós; tripulação 74. Cortesia: Wikipedia.
Tempo a fazer caretas.
Tempo a querer
mudar.
Tempo ameaçando
chuva, mas quente.
Tempo ameaçando
chuva, o que é mau por causa da bagagem que irá esta noite para
[Lisboa.
[Lisboa.
Tempo ameaçando
chuva e eu muito embronquitado.
Tempo ameaçando
trovoada.
Tempo bom.
Tempo bom. Vim
jantar a casa.
Tempo bonito e
fresco aqui [ em Sintra] , em Lisboa calor.
Tempo bonito e
fresco, o que descansa dos calores transmontanos.
Tempo bonito e
fresco. Fui de manhã à Ericeira com os pequenos.
Tempo bonito e
fresco. Graças a Deus todos estamos bem.
Tempo bonito e
fresquinho.
Tempo bonito e
mais fresco.
Tempo bonito e
ventoso, quase frio.
Tempo bonito, mas
de grande nortada.
Tempo bonito, mas
quente.
Tempo bonito, mas
quente e que fez recear chuva.
Tempo chuvoso.
Tempo com
tendência a melhorar.
Tempo com vontade
de virar a leste.
Tempo de
aguaceiros e grande ventania.
Tempo de
aguaceiros, mas de tarde levantou.
Tempo de chuva.
Tempo de frio e
chuva como Inverno.
Tempo de grande
nortada.
Tempo de invernia
como em dezembro: chuva e frio.
Tempo de Inverno.
Tempo de terrível
inverneira.
Tempo duvidoso.
Tempo esplêndido.
Tempo fazendo
caretas para os lados do sudoeste.
Tempo feio e muito
frio.
Tempo fresco.
Tempo frio e
bonito.
Tempo frio e de
aguaceiros.
Tempo frio e mau.
Tempo horrível.
Tempo
horrivelmente quente tanto em Lisboa como aqui [em Sintra].
Tempo incerto.
Tempo irregular.
Tempo irregular:
aguaceiros.
Tempo lindíssimo.
Tempo lindo.
Recebi ordem de El-Rei para partir
amanhã para Mafra.
Tempo lindo e eu
muito constipado.
Tempo lindo e
fresco em Sintra.
Tempo lindo e
fresco.
Tempo lindo e
fresquíssimo nesta nesta boa terra [Mafra] que eu desejaria que mais
[uma vez fosse o que costuma ser na convalescença da minha rica filha.
[uma vez fosse o que costuma ser na convalescença da minha rica filha.
Tempo lindo e
frio.
Tempo lindo mas
frio. Jantei em casa.
Tempo lindo, luar
magnífico.
Tempo lindo, mas
frio.
Tempo lindo, mas
muito frio. Vento nordeste.
Tempo lindo, mas
pouco frio, o que não é muito bom sinal nesta época do ano.
Tempo lindo, mas
quente de mais para a época [ outubro].
Tempo lindo, mas
um pouco quente principalmente na Ericeira.
Tempo lindo, muito
ameno.
Tempo lindo,
passeio encantador.
Tempo lindo.
Tempo lindo. Dias
de Outono claros e frescos. A Tapada
está um encanto.
Tempo lindo. Para
a noite as minhas filhas estavam melhorzinhas.
Tempo lindo:
Outono puro que aqui é lindo [ em Mafra].
Tempo magnífico e
fresco.
Tempo magnífico.
Tempo mais fresco.
Tempo melhor, mas
não frio.
Tempo melhorado.
Tempo muito frio e
húmido.
Tempo muito frio,
de nevoeiro cerrado.
Tempo não muito
quente. Alguma aragem.
Tempo óptimo.
Tempo óptimo:
bonito e fresco.
Tempo péssimo.
Tempo péssimo:
frio e muita chuva.
Tempo que parece
mais de Inverno.
Tempo quente [ em outubro ] como se fora julho
Tempo quente até aqui
que é a terra fresca [Mafra]
Tempo quente e de
trovoada.
Tempo quente mas
encoberto, ameaçando trovoada.
Tempo quente, mas
bonito.
Tempo quentíssimo
como raras vezes aqui há [ em Mafra].
Tempo quentíssimo.
Linda noite de luar. Todas as janelas abertas o que é raro nestas paragens [Sintra].
Tempo quentíssimo:
mais de 33º à sombra.
Tempo regular.
Tempo sempre
lindo, o que aumenta a minha tristeza.
Tempo um pouco
melhor permitiu as luminárias na Avenida
da Liberdade.
Tempo um pouco
menos quente.
Tempo variável.
Teremos mau tempo
brevemente.
Todo o dia choveu
como no Inverno.
Todo o dia
enevoado e à noite choveu.
[Seleção, ordenação alfabética e fixação de texto: LG]
Cortesia do portal Geneall,.net |
Fonte: Citações de:
BREYNER, Thomaz de Mello – Diário de um Monárquico: 1902-1904. Porto:
Fundação Eng. António de Almeida. 2005.
Tomás de Mello Breyner (1966-1933), filho e neto de militares, nasceu em Lisboa, no castelo de São Jorge, que na altura era um quartel. Usava o título de 4º conde de Mafra. Era um dos homens mais cosmopolitas do seu tempo. É um dos lídimos representantes da "belle époque" (portuguesa), no virar do séc. XX. (A expressão francesa "belle époque" usa-se para designar a "idade de ouro" da civilização ocidental, que vai do fim do séc. XIX até à à eclosão da I Guerra Mundial.)
Médico hospitalar especialista em doença venéreas (, no Desterro, onde ia das 8 às 10 horas, para tratar as doentes que eram... as "p... do bairro Alto"; e com consultório privado, à tarde, na Rua do Ouro, onde atendia as "coquettes", espanholas e francesas, amantes dos ricos), era também médico da corte, amigo pessoal de Dom Carlos, da raínha Dona Amélia, e dos príncipes.
Foi casado com Sofia de Carvalho Burnay, quarta filha de Henrique Burnay, 1.° conde de Burnay, o homem mais rico de Portugal nessa época. Teve nove filhos, entre o quais Maria Amélia de Mello Breyner, mãe da grande poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) de quem eu levei para a Guiné o seu "Livro Sexto" (1º edição, Lisboa, Morais Editores, 1962), um dos meus livros de cabeceira...
Tomás de Mello Breyner (1966-1933), filho e neto de militares, nasceu em Lisboa, no castelo de São Jorge, que na altura era um quartel. Usava o título de 4º conde de Mafra. Era um dos homens mais cosmopolitas do seu tempo. É um dos lídimos representantes da "belle époque" (portuguesa), no virar do séc. XX. (A expressão francesa "belle époque" usa-se para designar a "idade de ouro" da civilização ocidental, que vai do fim do séc. XIX até à à eclosão da I Guerra Mundial.)
Médico hospitalar especialista em doença venéreas (, no Desterro, onde ia das 8 às 10 horas, para tratar as doentes que eram... as "p... do bairro Alto"; e com consultório privado, à tarde, na Rua do Ouro, onde atendia as "coquettes", espanholas e francesas, amantes dos ricos), era também médico da corte, amigo pessoal de Dom Carlos, da raínha Dona Amélia, e dos príncipes.
Foi casado com Sofia de Carvalho Burnay, quarta filha de Henrique Burnay, 1.° conde de Burnay, o homem mais rico de Portugal nessa época. Teve nove filhos, entre o quais Maria Amélia de Mello Breyner, mãe da grande poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) de quem eu levei para a Guiné o seu "Livro Sexto" (1º edição, Lisboa, Morais Editores, 1962), um dos meus livros de cabeceira...
Sobre este homem singular, monárquico liberal até ao fim da vida, testemunha priviliegiada de uma época, grande português e pai estremoso, escrevi há 10 um artigo que está disponível na minha página pessoal: Graça., L. - A vida de um médico da belle époque, [Em linha]. 2005, Página pessoal de Luís Graça, Saúde e Trabalho, Textos sobre saúde e trabalho, 178. [Consult 13 de outubro de 2015]. Disponível em http://www.ensp.unl.pt/luis.graca/textos178.html
Aqui vão alguns excertos:
(...) Thomaz de Mello Breyner é uma figura conhecida nos meios da política e da medicina do princípio do Séc. XX. É autor de um Diário de um monárquico, abarcando um período que vai dos últimos anos da Monarquia até à República. O diário, manuscrito, foi transcrito e anotado pelo seu neto Gustavo de Mello Breyner Andresen, e publicado pela Fundação Eng. António de Almeida. Um dos volumes que li com curiosidade e agrado abarca os últimos anos da Belle Époque: 1905-1907 (...).
Em 1 de Fevereiro de 1908, a monarquia portuguesa é ferida de morte: O rei D. Carlos (1863-1908) e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe são assassinados no Rossio. Thomaz de Mello Breyner, futuro 4º conde de Mafra, médico da corte e amigo íntimo da família real (...), já por diversas vezes tinha manifestado a sua preocupação sobre o futuro da Pátria e da dinastia de Bragança: "Onde está o meu Rei estou eu, sobretudo agora em tempo quase de de guerra", escrevia ele a 8 de Dezembro de 1907 (....).
(...) A sua carreira política será, todavia, modesta e discreta: o João Franco resolveu fazer dele deputado e encarregá-lo da "reorganização do serviço de meretrizes" (sic) (19 de Junho de 1906). E de facto caber-lhe-á a criação do serviço de dermatologia e doenças venéreas no Hospital do Desterro. Vai desportivamente, uma vez por outra, à Câmara dos Deputados, da parte da tarde. Em Vernet-les-Bains, nos Pirinéus franceses, onde o sogro tem interesses imobiliários, e onde a família faz férias de Outono-Inverno, escreve o nosso deputado absentista: "Pelos jornais vejo que houve no dia 20 sessão tumultuosa na Câmara dos Deputados, sendo postos fora pela força armada os deputados republicanos Afonso Costa e Alexandre Braga. Parece-me que o João Franco precisa começar a dar porrada rija" (23 de Novembro de 1906).
É contudo um patriota e leal monárquico: Estando em Madrid, no dia 1 de Dezembro de 1906, tem este pensamento: "Amanheceu o dia puro e alegre como em Lisboa em 1640" (Madrid, 1 de Dezembro de 1906). Curiosamente, esta frase faz-me lembrar o poema da sua neta Sophia [de Mello Breyner Andresen]sobre o 25 de Abril de 1974: "Esta é a madrugada que eu esperava / O dia inicial inteiro e limpo / Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do tempo".
Aqui vão alguns excertos:
(...) Thomaz de Mello Breyner é uma figura conhecida nos meios da política e da medicina do princípio do Séc. XX. É autor de um Diário de um monárquico, abarcando um período que vai dos últimos anos da Monarquia até à República. O diário, manuscrito, foi transcrito e anotado pelo seu neto Gustavo de Mello Breyner Andresen, e publicado pela Fundação Eng. António de Almeida. Um dos volumes que li com curiosidade e agrado abarca os últimos anos da Belle Époque: 1905-1907 (...).
Em 1 de Fevereiro de 1908, a monarquia portuguesa é ferida de morte: O rei D. Carlos (1863-1908) e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe são assassinados no Rossio. Thomaz de Mello Breyner, futuro 4º conde de Mafra, médico da corte e amigo íntimo da família real (...), já por diversas vezes tinha manifestado a sua preocupação sobre o futuro da Pátria e da dinastia de Bragança: "Onde está o meu Rei estou eu, sobretudo agora em tempo quase de de guerra", escrevia ele a 8 de Dezembro de 1907 (....).
(...) A sua carreira política será, todavia, modesta e discreta: o João Franco resolveu fazer dele deputado e encarregá-lo da "reorganização do serviço de meretrizes" (sic) (19 de Junho de 1906). E de facto caber-lhe-á a criação do serviço de dermatologia e doenças venéreas no Hospital do Desterro. Vai desportivamente, uma vez por outra, à Câmara dos Deputados, da parte da tarde. Em Vernet-les-Bains, nos Pirinéus franceses, onde o sogro tem interesses imobiliários, e onde a família faz férias de Outono-Inverno, escreve o nosso deputado absentista: "Pelos jornais vejo que houve no dia 20 sessão tumultuosa na Câmara dos Deputados, sendo postos fora pela força armada os deputados republicanos Afonso Costa e Alexandre Braga. Parece-me que o João Franco precisa começar a dar porrada rija" (23 de Novembro de 1906).
É contudo um patriota e leal monárquico: Estando em Madrid, no dia 1 de Dezembro de 1906, tem este pensamento: "Amanheceu o dia puro e alegre como em Lisboa em 1640" (Madrid, 1 de Dezembro de 1906). Curiosamente, esta frase faz-me lembrar o poema da sua neta Sophia [de Mello Breyner Andresen]sobre o 25 de Abril de 1974: "Esta é a madrugada que eu esperava / O dia inicial inteiro e limpo / Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do tempo".
(...) Tinha sobretudo o curioso hábito de anotar, dia a dia, na sua agenda, osfait-divers da sua vida familiar, social e profissional. São algumas dessas notas do seu diário, incluindo os seus interessantes obituários, que nos permitem conhecer hoje, um pouco melhor, a prática da medicina, quer hospitalar quer privada, daquela época, tendo como pano de fundo a conturbada vida política da época, bem como a morbimortalidade que atingia as pessoas do seu círculo de relações (família, criados, amigos, colegas).
No Hospital do Desterro, o nosso homem não deveria trabalhar mais do que duas a três horas. Vemo-lo a sair por volta das 10h. Almoçava em casa ou nalgum hotel da Baixa. Da 1 às 3h (ou das 2 às 4h) estava, habitualmente, no seu consultório, na Rua do Ouro, 292-1º, que partilhava com o seu colega e sócio Agostinho Tavares (20 de Maio de 1906).
(...) Médico hospitalar, especializado em França em doenças sexualmente transmissíveis, fazia medicina privada, como todos os médicos do seu tempo, para uma clientela rica (ou com posses). Mas o o seu consultório, situado na baixa lisboeta, então uma zona chique, também é usado na sua vida social. Tomás de Mello Breyner é fluente em inglês, além do francês, e amigo de escritores como John dos Passos (que está de passagem em Lisboa a 24 de Maio de 1905). Frequentemente é solicitado para servir de intérprete e até de fazer de relações públicas da corte.
(...) Nessa época já estava a funcionar o Hospital Colonial. A 11 de Janeiro de 1905, o autor acompanhou um colega inglês do cruzador Essex numa visita aos hospitais de Lisboa, "acabando pelo Hospital Colonial na Junqueira onde estava o António de Lancastre que mostrou a doença do sono em seis pretos" (Breyner, 2003.19). Este António de Lencastre, médico e aristocrata, é citado por Mira (1947. 475) como tendo sido enviado, pelo Governo, em 1899, "em comissão ao estrangeiro (...) para ali estudar os processos empregados no isolamento e hospitalização dos tísicos", iniciativa da qual iria nascer, nesse mesmo ano, a Assistência Nacional aos Tuberculosos. (...)
______________
2 comentários:
Joaquim Luis Mendes Gomes
14 out 2015 07:59
Amanhecer pardacento de Outubro…
Chuvoso este amanhecer de Outubro frio e cinzento.
Através das vidraças cerradas,
Passa um zumbido das rodas sobe a estrada molhada.
Chega-me a toada constante
Do toque, ao longe,
Da ambulância aflita.
As janelas das casas dormentes,
Se acendem e apagam.
É a hora das pressas
Para as escolas e os empregos à hora.
E os passeios das ruas, atafulhados de carros,
Abrem clareiras que suavizam quem chega.
E os pais, com os meninos pela mão,
A maioria são turcos,
Atravessam as ruas a caminho das creches.
Na padaria vizinha,
Com bar,
Que me fica no prédio,
Há uma russa sadia
Que vende pães e cafés.
Sentado à mesa, escrevo estas linhas
E tomo o almoço quentinho
Que sabe tão bem…
Mais dia começa
´
Berlim, 14 de Outubro de 15
8h44m
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
O diário de Tomás de Mello Breyner começava invariavelmente pelo tempo: "8horas, hospital"; e depois apreciação da situação metereológica...
Um século depois, os portugueses continuam a gastar boa parte do tempo a falar do tempo, do tempo que faz, que fazia, que fez, que fará, que deveria fazer..., além de suspirar pelo bons velhos tempos (que, esses, nunca existiram)!...
Povo historicamente com um pé em terra e outro no mar, também criou muitos provérbios para o ajudar a fazer as devidas previsões metereológicas, "porque quem vai para o mar avia-se em terra"...
Eis uma mão cheia deles, apanhados por aí na Net e ordenados de A a Z...
A Lua, quando pinta, quinta; e, se ao sexto não despinta, vai até aos trinta.
A Lua, como pinta, trinta.
Aberta para Castela: chuva como terra.
Ao meio-dia, ou carrega ou alivia
Ao quinto dia, verás o mês que terás.
Arco-íris na serra: tira os bois e lavra a terra.
Arco da velha por água espera.
Aurora ruiva: vento ou chuiva.
Boa noite, após mau tempo, traz chuva e vento Carnaval na rua: Páscoa em casa.
Céu às cavadelas: chuva às gabelas
Céu pardacento: ou chuva ou vento.
Circo na Lua: chuva na rua.
Em ano de nozes, guarda lenha para o inverno.
Gaivotas em terra: tempestade no mar.
Geada na lama: chuva reclama.
Geada na lama: chuva na cama.
Lua, com circo ao largo: chuva ao perto.
Lua deitada: marinheiro em pé.
Lua inclinada não leva nada.
Lua nova trovejada trinta dias é molhada.
Lua nova trovejada trinta dias é molhada; e, se venta, noventa.
Lua nova trovejada ou vem seca ou vem molhada.
Manhã de névoa: tarde de sesta.
Março chuvoso: S. João farinhoso.
Natal à lareira: Páscoa na soalheira.
Natal em casa: Páscoa na praça.
O Agosto será gaiteiro, se for bom o Janeiro.
Páscoa a assoalhar: Natal atrás do lar.
Primeiro dia de Janeiro: primeiro dia de verão.
Quando o vento vem do mar, na noite de S. João, não há verão.
Quando o sapo salta, a chuva não falta.
Rigor da noite: chuva de manhã.
Rigor de nascente: chuva de repente.
Se a Senhora das Candeias rir, está o inverno para vir.
Se a Senhora das Candeias chora, está o inverno fora.
Se a Senhora das Candeias ri e chora, está o inverno meio dentro e meio fora.
Sol que muito madruga, pouco dura.
Vento de leste não traz nada que preste.
Vento suão: chuva na mão.
Vento suão molha no inverno, seca no verão.
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