quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15249: Os nossos seres, saberes e lazeres (119): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Setembro de 2015:

Queridos amigos,
Foi um belo domingo, vadeei que me fartei, mesmo com o tempo a mudar e com a pressa de essa noite rumar até à Antuérpia. A vida dá as suas voltas, fiquei mais tempo. Retomei a lugares da minha peregrinação, sentia-me bem a andar a pé, a ver e a falar com pessoas, de vez em quando parava para tomar um chocolate quente e descansar, já não posso iludir os 70 anos. Mas é irreprimível o prazer de ver um festival de banda desenhada, de visitar Notre Dame de la Chapelle, ali está sepultado Bruegel, o Velho, um dos meus ícones da pintura. Tudo sem tempo, a usufruir a boa vadiagem.
Amanhã vou continuar e depois conto.

Um abraço do
Mário


Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (2)

Beja Santos


A Cité du Logis é um caso ímpar de construção social entre as duas grandes guerras é de tal modo paradigmático este equipamento urbano que está classificado, deverá manter-se intocável. Por aqui paira o silêncio, as ruas têm nomes de pássaros e flores, o arvoredo é omnipresente, o bairro tem as suas regras comunitárias, eventos participados, desde exposições de pintura, sessões de teatro amador e vendas de rua, bem badaladas.


Comecei o dia a percorrer estas vendas, traquitana de toda a espécie. Nem acredito a sorte que me cabe: compro por 10 cêntimos um cd-rom sobre o Museu d’Orsay e o Museu do Louvre. Gosto de cheirar, é nestes atos fortuitos que por vezes a fortuna bate à porta com ucharias.


Desci até ao mercado de domingo, é um mercado matinal, é aqui que eu compro uns pedacinhos de queijo, em Boisfort. Especialidades que vêm de França, como os queijos Comté du Jura, o Cantal, e outras sumidades. Aqui virei religiosamente no próximo domingo fazer algumas compras de queijos duros, se não, são me apanhados no check-in, já me aconteceu.


Vim dar um beijinho a uma grande amiga, Ika Vazvasoff, uma belga-búlgara, as nossas conversas acabam inevitavelmente nos esplendorosos mosteiros da Bulgária, ela canta-me as belezas de Plovdiv e Varna, talvez um dia venha a acontecer. Mas esta imagem é para passar à história, a sua neta Leónia irá hoje pela primeira vez andar pelas suas próprias pernas. Temos mulher!



Nova fase do programa dominical, uma passagem pelo festival de banda desenhada, em pleno Parque Real, depois o meu objetivo é aproveitar esta tarde de 6 de Setembro para visitar o Palácio Real, último dia de visitas públicas, mais a mais, gratuitas.


Ali à porta mostravam-se relíquias automobilísticas, quanto custará este Ford, ainda por cima tão bem mantido, os mirones eram muitos.


Esta é a residência do rei dos belgas, um Saxe-Coburgo-Gota, ali no palácio, pelo que me foi dado ver, é tudo maciço, bons lustres, boas alcatifas, bons sofás, requintado mobiliário, estuques magníficos, e o chão não se fala. O que me deu mais prazer foi a mostra de pinturas reais, não foi propriamente uma grande surpresa, por cá tivemos o rei D. Carlos, um amador de altíssima qualidade. O tempo mudou, começa a esfriar, vou mudar de paisagem.


Última etapa antes de regressar a casa, revisitação de Nossa Senhora de la Chapelle, estabelecia relação com esta imagem vai para algumas décadas, sempre que posso venho aqui pedir-lhe que me dê ânimo e saúde. Ela tem sido muito generosa comigo. O meu dia de amanhã conhecerá alterações, sou forçado a prolongar a manhã em Bruxelas. Tirarei partido do transtorno, voltarei a vários locais do crime, e com que satisfação!

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15212: Os nossos seres, saberes e lazeres (118): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (1) (Mário Beja Santos)

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