"Guiné-Bissau, um dia de cada vez", uma fotorreportagem de Adriano Miranda, publicada no jornal Público... São 4 dezenas de fotos, a preto e branco, do duríssimo quotidiano dos guineenses, fotos que nos emocionam e interpelam, a nós, ex-combatentes da guerra colonial, que conhecemos aquela terra, verde e vermelha, e as suas gentes fantásticas e generosas, há 50 anos atrás... Quod vadis, Guiné ?"... Para onde vais, Guiné ?... "Um dia de cada vez", respondem os nossos amigos, guineenses... Uma oportuna sugestão de leitura do nosso grã-tabanqueiro António Duarte.
1. Mensagem do nosso camarada António Duarte:
Data: 14 de outubro de 2015 às 11:40
Assunto: Link com fotos do "Público" sobre a Guiné-Bissaiu
Bom dia, Camaradas
Na leitura do "Público", feita em suporte digital, deparei com um conjunto de fotografias, de autoria do Adriano Miranda, sobre a "nossa" Guiné-Bissau.
Na minha opinião trata-se de uma pequena obra de arte, que nos leva de novo aquela terra, sentindo-se até os cheiros, que por certo todos ainda sentimos quando pensamos nas situações por nós vividas, seja a atravessar uma bolanha, seca ou molhada, seja a fazer aquelas intermináveis picagens, para garantir a segurança possível às colunas.
Assim segue o link para consulta de quem tiver curiosidade, visitando a atual Guiné, mas refrescando os nossos pensamentos de quando por lá andámos.
Abraços para todos
António Duarte
Ex-Fur Mil Atirador - CART 3493 e CCAÇ 12
Dez 71 a Jan 74
2. Comentário do editor:
Adriano Miranda (n. Aveiro, 1966) é fotojornalista do Público e professor de fotografia. Expõe regularmente.
"Adriano Miranda é um fotógrafo de pessoas que só se sente bem a fotografar no meio delas. Admite que valoriza mais a estética do que a técnica. E diz que nunca pensou em ser fotógrafo. Ah, e deixa um conselho: nunca apaguem nada!" (entrevista à revista Zoom - Fotografia Prática, 28/7/2011).
Não podendo inserir aqui as fotos do Adriano Miranda, por respeito (ético e legal) à propriedade intelectual, permito-me contudo, e com a devida vénia, reproduzir as suas palavras que servem de preâmbulo à sua notável fotorreportagem:
"Guiné-Bissau, um dia de cada vez", por Adriano Miranda
"Saímos do aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau, e sentimos o
bafo quente que nos faz transpirar. Há malas, caixotes, caixas, sacos, homens,
mulheres, polícias, militares. E há uma explosão de cores e de um cheiro doce.
O trânsito é feito ao som da buzina, sempre a fugir do próximo buraco. Gente e
mais gente num labirinto desorganizado. Muitos sentados nas soleiras das
portas, outros correndo, outros vagueando.
"No Mercado de Bandim, no centro da capital e um dos maiores
mercados a céu aberto do país, tudo se mistura e de tudo se vende. Camas,
espumas, bananas, panos, detergentes, telemóveis, peixe, cadernos, tijolos,
ferros, martelos, sapatos, pomadas, água pura, ovos, ventoinhas, jornais e até
carneiros. O fim do Ramadão é uma ocasião especial e a comunidade muçulmana
termina o jejum com uma grande festa. Depois da reza é tempo de compensar o
estômago. Nada melhor que um inofensivo animal. Chamam-lhe a Morte do Carneiro.
Todos de todas as etnias se embelezam com uma vaidade cuidada: muçulmanos,
papéis, balantas, mandingas, manjacos e fulas. Na cidade, todas as ruas são
picadeiros para mostrar a camisa branca ou o vestido colorido. E o Monumento ao
Esforço da Raça, inspirado na art déco e que fica mesmo em frente ao Palácio
Presidencial, é local de eleição para namorar quando não há luar.
"Quase tudo é decadente. Os prédios, as ruas, a limpeza, os carros, os táxis, as lojas. Tudo menos as pessoas. Orgulhosos do que é seu, do que têm e não têm. A Guiné-Bissau é um país sempre em convulsões. Desde o dia 12 de Agosto que não tem Governo. Voltou a faltar a luz. A escola ainda não começou. As poucas obras públicas pararam. O dinheiro falta e os funcionários públicos podem não receber o salário. Mas enquanto as cúpulas discutem o futuro do Governo e da nação, os guineenses constroem um dia de cada vez."
(Fonte: Público - Multimédia, 11/10/2015. Com a devida vénia).
___________
Nota do editor:
Último poste da série > 25 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14931: Recortes de imprensa (74): Informação Oficial, publicada no jornal "A Província de Angola", sobre o desastre do Cheche aquando da travessia do Rio Corubal em 6 de Fevereiro de 1969 (José Teixeira / José Marcelino Martins)
"Quase tudo é decadente. Os prédios, as ruas, a limpeza, os carros, os táxis, as lojas. Tudo menos as pessoas. Orgulhosos do que é seu, do que têm e não têm. A Guiné-Bissau é um país sempre em convulsões. Desde o dia 12 de Agosto que não tem Governo. Voltou a faltar a luz. A escola ainda não começou. As poucas obras públicas pararam. O dinheiro falta e os funcionários públicos podem não receber o salário. Mas enquanto as cúpulas discutem o futuro do Governo e da nação, os guineenses constroem um dia de cada vez."
(Fonte: Público - Multimédia, 11/10/2015. Com a devida vénia).
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Nota do editor:
Último poste da série > 25 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14931: Recortes de imprensa (74): Informação Oficial, publicada no jornal "A Província de Angola", sobre o desastre do Cheche aquando da travessia do Rio Corubal em 6 de Fevereiro de 1969 (José Teixeira / José Marcelino Martins)
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