Cópia da 2.ª via da caderneta militar do António da Silva Baptista (1950-2016)
Segunda via da caderneta militar do nosso camarigo António da Silva Baptista, emitida a 4 de Junho de 1987 (!), treze anos depois do seu regresso a casa, vindo do cativeiro...
Nascido a 15 de março de 1950, na freguesia da Moreira, concelho da Maia, foi incorporado no RI 13 a 26 de Julho de 1971, tendo passado à disponibilidade em 25 de Novembro de 1974...
O Baptista fez parte do lote de 7 prisioneiros portugueses (, pós-operação Mar Verde, de 22/11/1970), entregues pelo PAIGC às NT em 14 de Setembro de 1974, em Aldeia Formosa. Era sold at inf, pertenceu à CCAÇ 3490 (Saltinho) do BCAÇ 3872 (Galomaro, 1972/74).
A foto, de má qualidade, foi feita pelo nosso camarada Álvaro Basto, com o seu telemóvel, na Biblioteca Pública Municipal do Porto, e remetida ao Paulo Santiago. O Álvaro Basto, ex-fur mil enf da CART 3492 (Xitole, 1971/734), mora em Leça do Balio, Matosinhos.
Foto: © Álvaro Basto (2007). Todos os direitos reservados.
2. Recorde-se que o António da Silva Batista, ex-sold at inf da CCAÇ 3490, Saltinho, 1972, foi dado como morto na terrível emboscada do dia 17 de abril de 1972, em Quirafo, junto ao Corubal... Viria a ser libertado pelo PAIGC em setembro de 1974. A sua história teve alguma triste notoriedade, até mediática, pelo insólito. A RTP, por ex., no seu programa "Memórias da Revolução", chamou-lhe o "soldado morto-vivo", e associou-o às efemérides de setembro de 1974:
(...) O soldado António Silva Baptista, combatente na Guiné-Bissau durante a Guerra Colonial, no seguimento de um ataque do Partido Africano para a Independência da Guiné Bissau (PAIGC) a tropas portuguesas, foi dado morto pelas autoridades portuguesas, tendo a sua família realizado um funeral em sua memória. Em boa verdade, António Silva Baptista foi prisioneiro do PAIGC, tendo sido libertado em setembro de 1974. Esta história, devido à sua natureza caricata, alcançou bastante notoriedade em Portugal. (...)
Temos mais de quatro de dezenas referências (*) ao nosso camarada que agora nos deixa de vez.
O nosso pobre camarada morreu, de facto, duas vezes, tendo sido "vítima de um processo kafkiano", no dizer do nosso editor Luís Graça: primeiro, morreu, não fisicamente, mas militar e socialmente; depois, roubaram-lhe a memória, roubaram-lhe os dias e as noites que passou no cativeiro!
O seu nome passa hoje a figurar na lista (já longa, 43!) dos camaradas e amigos da Guiné, grã-tabanqueiros e grã-tabanqueiras, que "da lei da morte se foram libertando". (Vd. lista alfabética da Tabanca Grande, na coluna do lado esquerdo!)...
À família, à viúva, às duas filhas e demais família, apresentamos as sentidas condolências da Tabanca Grande, bem como aos camaradas da sua companhia e aos amigos que com ele mais de perto conviveram, nomeadamente os da Tabanca de Matosinhos. (**)
Maia > 21 de Julho de 2007 > O encontro com o António da Silva Batista (ao centro); à esquerda, o Álvaro Basto, ex-fur mil enf da CART 3492, Xitole, 1971/74) ; à direita, o Paulo Santiago (ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72)
Foto: © João Santiago (2007). Todos os direitos reservados.
Maia > Águas Santas > Cemitério > Talhão dos combatentes falecidos na guerra colonial > 17 de abril de 2009 > Ao centro, a Cidália Ferreira, viúva de António Ferreira, e, à sua direita, o António da Silva Baptista, também natural da Maia (e que já tinha tido, até setembro 1974, jazigo com o seu nome e data de falecimento)... Estiveram presentes nesta cerimónia outros camaradas nossos como o Zé Teixeira e o António Pimentel (à esquerda, na foto) e o Paulo Santiago, que veio acompanho da sua filha, Maria Luís Santiago (, que foi quem tirou a foto). À direita na foto vê-se, de perfil, a filha do António Ferreira e da Cidália, mais a nossa amiga Cátia Félix, que está entre ela e o Paulo. Por detrás do Paulo, e segundo informação do José Teixeira, está o Sulimane Baldé, régulo de Contabane, que vive no Saltinho, e à data dos acontecimentos pertencia ao Pelotão do Santiago (,o Pel Caç Nat 53). Há ainda mais dois camaradas nossos: o António Barbosa, de barbas, de Gondomar; e o Santos Oliveira, de boina e óculos escuros.
Foto: © Maria Luís Santiago / Paulo Santiago (2009). Todos os direitos reservados [Legenda: LG, Paulo Santiago e José Teixeira]
Notas do editor:
(*) Vd. aqui alguns dos postes publicados com referência ao António da Silva Batista:
22 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1983: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (1) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)
22 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1985: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (2) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)
(...) Caído numa emboscada com o seu grupo de combate, foi feito prisioneiro e levado para as prisões do PAIGC, primeiro em Conacri e depois na região do Boé; o Exército deu-o como morto, tendo alguém (que não o alf mil médico Azevedo nem o fur mil enf Basto) passado uma falsa certidão de óbito.
O Batista foi contabilizado entre o monte de cadáveres desmembrados e calcinados, que ficaram na picada do Quirafo e levados - os restos - para os balneário do Saltinho. Quem tomou essa decisão, de ânimo leve? O capitão da CCAÇ 3490, do Saltinho? O comandante do BCAÇ 3872, de Galomaro? No mínimo, há aqui descuido, incompetência, grosseira insensibilidade, desumanidade!...
O Exército (e a PIDE/DGS que deve ter interceptado as cartas que ele enviava do cativeiro para a família, através da Cruz Vermelha…) nunca mais quis saber dele… E a prova é que o mantiveram na lista dos mortos… durante muito tempo… Hoje, felizmente, já não consta, pelo menos, da lista (oficiosa) dos Mortos do Ultramar da Liga dos Combatentes...
A odisseia do Batista, no pós-25 de Abril, do Porto a caminho de Lisboa, munido de um certidão de óbito (!), gastando tempo, dinheiro e emoções para recuperar a sua identidade (como vivo!) e a sua dignidade (como português, homem, cidadão e militar!) é outro processo kafkiano!...
Amigos e camaradas: este caso, mesmo passados muitos anos, deveria incomodar-nos a todos e sobretudo indignar-nos! Como ao Paulo Santiago, que aqui escreveu: "Filhos da puta!... Roubaram-lhe, na caderneta militar, os 27 meses de cativeiro!"...
O Exército ainda deve uma reparação, mesmo que seja meramente simbólica e moral, ao nosso camarada António da Silva Batista, a quem eu proponho que aceite figurar na nossa lista de amigos e camaradas da Guiné!
É o gesto mais elementar de solidariedade que nós, todos nós, podemos ter para com ele, acarinhando-o e ajudando-a lidar melhor com uma vida passada feita de pesadelos. Espero que o Paulo e o Álvaro possam fazer-lhe chegar esta singela homenagem do nosso blogue, e que ele a aceite! (..)
Imagem reproduzida, com a devida vénia, do blogue do nosso camarada Sousa de Castro, CART 3494 & Camaradas da Guiné)...
1. A notícia chegou-nos hoje de manhã pelo Zé Teixeira. O António da Silva Baptista, o nosso querido "morto-vivo do Quirafo", acaba de nos deixar... Desta vez, a notícia, infelizmente, é verdadeira!... É a sua segunda e derradeira morte! (*)
Vivia ultimamente com a filha, que tinha um café em Santa Cruz do Bispo, Matosinhos, e estava doente. Já há muito que não aparecia na Tabanca de Matosinhos, às quartas-feiras. Sofria de cancro dos pulmões, facto que nunca partilhou com os amigos. Nos últimos dias a situação agravou-se até ao momento... Tem outra filha que vive na Alemanha.
O corpo está em câmara ardente na capela de Santa Cruz do Bispo. O funeral é amanhã, 5.ª feira, às 15h45, na igreja matriz de Santa Cruz do Bispo, seguindo depois para o crematório de Matosinhos... Estes dados foram-nos dados e confirmados pelo Zé Teixeira e o Álvaro Basto (que sempre o acarinharam nestes últimos anos da sua vida; foram, de resto, o Álvaro Basto e o Paulo Santiago quem o trouxeram até à Tabanca Grande, em julho de 2007).
Ainda há uma semana, a 15 do corrente, a malta lhe tinha mandado os parabéns pelo seu aniversário, os seus 66 anos!... O nosso camarada e editor Luís Graça escreveu-lhe, com o seu sentido humor de caserna, o seguinte:
"Grande Silva!... Passaste, pelas minhas contas, dois aniversários natalícios, nas 'regiões libertadas' do PAIGC, em 1973 e 1974... Certo? Foste dado como morto pelas NT e 'enterraram-te vivo'... Ao fim de dois anos e meio, 'ressuscitaste'... Não haverá muitas histórias como a tua, no decorrer da nossa guerra em África... O que mais te desejo é que gozes, o mais que puderes, este teu dia de aniversário... E que a saúde não te vá faltando.
Um alfabravo fraterno,
Luís Graça".
Uma quinzena de camaradas, só no blogue, tirando a nossa página do Facebook, tinham-lhe desejado votos de saúde, que era o que ele mais precisava.
Maia > Moreira > Cemitério local > Foto do Jornal de Notícias, edição de 18 de Setembro de 1974, mostrando o soldado António da Silva Batista, a visitar a sua própria campa, depois do regresso do cativeiro. O título da notícia do jornal era: "Morto-vivo depôs flores na sua campa". Na lápide pode ler-se: "À memória de António da Silva Batista. Faleceu em combate na província da Guiné em 17-4-1972".
António da Silva Batista, em 21/7/2007. Foto de João Santiago (2007) |
Vivia ultimamente com a filha, que tinha um café em Santa Cruz do Bispo, Matosinhos, e estava doente. Já há muito que não aparecia na Tabanca de Matosinhos, às quartas-feiras. Sofria de cancro dos pulmões, facto que nunca partilhou com os amigos. Nos últimos dias a situação agravou-se até ao momento... Tem outra filha que vive na Alemanha.
O corpo está em câmara ardente na capela de Santa Cruz do Bispo. O funeral é amanhã, 5.ª feira, às 15h45, na igreja matriz de Santa Cruz do Bispo, seguindo depois para o crematório de Matosinhos... Estes dados foram-nos dados e confirmados pelo Zé Teixeira e o Álvaro Basto (que sempre o acarinharam nestes últimos anos da sua vida; foram, de resto, o Álvaro Basto e o Paulo Santiago quem o trouxeram até à Tabanca Grande, em julho de 2007).
Ainda há uma semana, a 15 do corrente, a malta lhe tinha mandado os parabéns pelo seu aniversário, os seus 66 anos!... O nosso camarada e editor Luís Graça escreveu-lhe, com o seu sentido humor de caserna, o seguinte:
"Grande Silva!... Passaste, pelas minhas contas, dois aniversários natalícios, nas 'regiões libertadas' do PAIGC, em 1973 e 1974... Certo? Foste dado como morto pelas NT e 'enterraram-te vivo'... Ao fim de dois anos e meio, 'ressuscitaste'... Não haverá muitas histórias como a tua, no decorrer da nossa guerra em África... O que mais te desejo é que gozes, o mais que puderes, este teu dia de aniversário... E que a saúde não te vá faltando.
Um alfabravo fraterno,
Luís Graça".
Uma quinzena de camaradas, só no blogue, tirando a nossa página do Facebook, tinham-lhe desejado votos de saúde, que era o que ele mais precisava.
Maia > Moreira > Cemitério local > Foto do Jornal de Notícias, edição de 18 de Setembro de 1974, mostrando o soldado António da Silva Batista, a visitar a sua própria campa, depois do regresso do cativeiro. O título da notícia do jornal era: "Morto-vivo depôs flores na sua campa". Na lápide pode ler-se: "À memória de António da Silva Batista. Faleceu em combate na província da Guiné em 17-4-1972".
A foto, de má qualidade, foi feita pelo nosso camarada Álvaro Basto, com o seu telemóvel, na Biblioteca Pública Municipal do Porto, e remetida ao Paulo Santiago. O Álvaro Basto, ex-fur mil enf da CART 3492 (Xitole, 1971/734), mora em Leça do Balio, Matosinhos.
Foto: © Álvaro Basto (2007). Todos os direitos reservados.
2. Recorde-se que o António da Silva Batista, ex-sold at inf da CCAÇ 3490, Saltinho, 1972, foi dado como morto na terrível emboscada do dia 17 de abril de 1972, em Quirafo, junto ao Corubal... Viria a ser libertado pelo PAIGC em setembro de 1974. A sua história teve alguma triste notoriedade, até mediática, pelo insólito. A RTP, por ex., no seu programa "Memórias da Revolução", chamou-lhe o "soldado morto-vivo", e associou-o às efemérides de setembro de 1974:
(...) O soldado António Silva Baptista, combatente na Guiné-Bissau durante a Guerra Colonial, no seguimento de um ataque do Partido Africano para a Independência da Guiné Bissau (PAIGC) a tropas portuguesas, foi dado morto pelas autoridades portuguesas, tendo a sua família realizado um funeral em sua memória. Em boa verdade, António Silva Baptista foi prisioneiro do PAIGC, tendo sido libertado em setembro de 1974. Esta história, devido à sua natureza caricata, alcançou bastante notoriedade em Portugal. (...)
Temos mais de quatro de dezenas referências (*) ao nosso camarada que agora nos deixa de vez.
O nosso pobre camarada morreu, de facto, duas vezes, tendo sido "vítima de um processo kafkiano", no dizer do nosso editor Luís Graça: primeiro, morreu, não fisicamente, mas militar e socialmente; depois, roubaram-lhe a memória, roubaram-lhe os dias e as noites que passou no cativeiro!
O seu nome passa hoje a figurar na lista (já longa, 43!) dos camaradas e amigos da Guiné, grã-tabanqueiros e grã-tabanqueiras, que "da lei da morte se foram libertando". (Vd. lista alfabética da Tabanca Grande, na coluna do lado esquerdo!)...
À família, à viúva, às duas filhas e demais família, apresentamos as sentidas condolências da Tabanca Grande, bem como aos camaradas da sua companhia e aos amigos que com ele mais de perto conviveram, nomeadamente os da Tabanca de Matosinhos. (**)
Maia > 21 de Julho de 2007 > O encontro com o António da Silva Batista (ao centro); à esquerda, o Álvaro Basto, ex-fur mil enf da CART 3492, Xitole, 1971/74) ; à direita, o Paulo Santiago (ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72)
Maia > Águas Santas > Cemitério > Talhão dos combatentes falecidos na guerra colonial > 17 de abril de 2009 > Ao centro, a Cidália Ferreira, viúva de António Ferreira, e, à sua direita, o António da Silva Baptista, também natural da Maia (e que já tinha tido, até setembro 1974, jazigo com o seu nome e data de falecimento)... Estiveram presentes nesta cerimónia outros camaradas nossos como o Zé Teixeira e o António Pimentel (à esquerda, na foto) e o Paulo Santiago, que veio acompanho da sua filha, Maria Luís Santiago (, que foi quem tirou a foto). À direita na foto vê-se, de perfil, a filha do António Ferreira e da Cidália, mais a nossa amiga Cátia Félix, que está entre ela e o Paulo. Por detrás do Paulo, e segundo informação do José Teixeira, está o Sulimane Baldé, régulo de Contabane, que vive no Saltinho, e à data dos acontecimentos pertencia ao Pelotão do Santiago (,o Pel Caç Nat 53). Há ainda mais dois camaradas nossos: o António Barbosa, de barbas, de Gondomar; e o Santos Oliveira, de boina e óculos escuros.
Foto: © Maria Luís Santiago / Paulo Santiago (2009). Todos os direitos reservados [Legenda: LG, Paulo Santiago e José Teixeira]
III Encontro Nacional da Tabanca Grande > Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > 17 de Maio de 2008 > Depoimento do António da Silva Batista (1950-2016) sobre o tempo de cativeiro, em Conacri e depois na região do Boé (1972/74)
Vídeo (5' 43''): Alojado no You Tube > Luís Graça (2008)
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Notas do editor:
(*) Vd. aqui alguns dos postes publicados com referência ao António da Silva Batista:
22 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1983: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (1) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)
22 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1985: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (2) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)
23 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1986: António da Silva Batista, o morto-vivo do Quirafo: um processo kafkiano que envergonha o Exército Português (Luís Graça)
(...) Caído numa emboscada com o seu grupo de combate, foi feito prisioneiro e levado para as prisões do PAIGC, primeiro em Conacri e depois na região do Boé; o Exército deu-o como morto, tendo alguém (que não o alf mil médico Azevedo nem o fur mil enf Basto) passado uma falsa certidão de óbito.
O Batista foi contabilizado entre o monte de cadáveres desmembrados e calcinados, que ficaram na picada do Quirafo e levados - os restos - para os balneário do Saltinho. Quem tomou essa decisão, de ânimo leve? O capitão da CCAÇ 3490, do Saltinho? O comandante do BCAÇ 3872, de Galomaro? No mínimo, há aqui descuido, incompetência, grosseira insensibilidade, desumanidade!...
O Exército (e a PIDE/DGS que deve ter interceptado as cartas que ele enviava do cativeiro para a família, através da Cruz Vermelha…) nunca mais quis saber dele… E a prova é que o mantiveram na lista dos mortos… durante muito tempo… Hoje, felizmente, já não consta, pelo menos, da lista (oficiosa) dos Mortos do Ultramar da Liga dos Combatentes...
A odisseia do Batista, no pós-25 de Abril, do Porto a caminho de Lisboa, munido de um certidão de óbito (!), gastando tempo, dinheiro e emoções para recuperar a sua identidade (como vivo!) e a sua dignidade (como português, homem, cidadão e militar!) é outro processo kafkiano!...
Amigos e camaradas: este caso, mesmo passados muitos anos, deveria incomodar-nos a todos e sobretudo indignar-nos! Como ao Paulo Santiago, que aqui escreveu: "Filhos da puta!... Roubaram-lhe, na caderneta militar, os 27 meses de cativeiro!"...
O Exército ainda deve uma reparação, mesmo que seja meramente simbólica e moral, ao nosso camarada António da Silva Batista, a quem eu proponho que aceite figurar na nossa lista de amigos e camaradas da Guiné!
É o gesto mais elementar de solidariedade que nós, todos nós, podemos ter para com ele, acarinhando-o e ajudando-a lidar melhor com uma vida passada feita de pesadelos. Espero que o Paulo e o Álvaro possam fazer-lhe chegar esta singela homenagem do nosso blogue, e que ele a aceite! (..)
18 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4205: In Memoriam (19): António Ferreira, 1.º Cabo TRMS da CCAÇ 3490, morto em combate no dia 17 de Abril de 1972 (Cátia Félix)
18 de abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4207: In Memoriam (20): Para o António Ferreira e demais camaradas mortos no Quirafo (Juvenal Amado)
29 de abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4262: Recortes de imprensa (16): O Morto-vivo noJornal de Notícias e em O Comércio do Porto (Mário Migueis)
23 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13933: (Ex)citações (251): Nunca é demais recordar: a tragédia do Quirafo... foi há mais de 42 anos (Álvaro Basto)
17 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9763: In Memoriam (117): Recordando o dia 17 de Abril de 1972 e a trágica emboscada de Quirafo (Juvenal Amado)
(**) Último poste da série > 5 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15823: In Memoriam (246): Evocação de minha mãe. Dois meses depois da sua morte. (Jorge Alves Araújo)
19 comentários:
António da Silva Batista, VIVA!
Descansa em paz.
António Graça de Abreu
À família, os meus sentimentos.
Ao António, que possa descansar em paz!
Pela nossa parte tentaremos que a memória perdure.
Hélder Sousa
Lamento a partida do António Batista.
Condolência á família e a todos os camaradas.
Numa situação como esta, nada do que se possa dizer tem interesse ou valor.
Poderia dizer que "finalmente descansou". Mas é uma frase feita e, cada vez mais vazia.
Esta afirmação, sobre alguém que tanto sofreu em vida, não tem significado. O que é isso de descanso para quem morreu? É um consolo para os vivos.
O "Culto dos Mortos" é para os vivos. Para se desobrigarem e aceitarem o que lhes há-de suceder. Que é que se há-de fazer para que a memória perdure? Escrever sobre a sua "aventura" que, infelizmente, se reiniciou com a aproximação da velhice. Pode ser que um dia um estudioso (mestrando, doutorando ou investigador de qualquer arte) se interesse por ele e imagine o que terá passado, enquanto preso e longe dos seus e depois na "reconstituição burocrática" do sucedido, num processo impiedoso, mas, pior do que isso, absolutamente idiota. Mas isso não consola nada, nem ninguém.
Apresento os meus sinceros pêsames à família.
António J. P. Costa
António Baptista
Meu camarada de batalhão, a terra te seja leve, já que a vida foi tão dura.
Até sempre
Descansa em paz camarada.
Mereces figurar, aqui no Blogue, como uma figura impar.
Merecias ter um tratamento condigno pelas nossas Forças Armadas.
Condolências á tua familia e amigos.
Até um dia, T.
Sentidos pêsames, somos de facto uma espécie em vias de extinção hoje além do Baptista também já vi anunciado a partida de mais dois camaradas ex-combatentes o Joaquim Madureira e o José Fernandes.
Foi um homem com azar, mas recuperou a convivência e teve a camaradagem amiga do pessoal de Matosinhos, grandes camaradas.
À família e aos amigos apresento os meus sentimentos
JD
Meu Camarada Baptista
Até aqui as coisas não foram fáceis para ti que estejas num bom lugar e até um dia.
Manuel Carvalho
Para a família as minhas condolências
O António Baptista que descanse em paz
Não será esquecido pelos amigos e camaradas
Carlos Silva
As minhas sentidas condolências aos familiares do António Baptista.
Para ele o desejo que repouse em Paz.
Manuel Reis
Os meus sentidos pêsames para todos os seus familiares.
Que o António Baptista descanse agora em Paz.
JPicado
Lei da vida.
Um Homem simples, humilde, cativante.
V Briote
O Zé Teixeira, perplexo, telefonou-me há 3 horas atrás, com mais uma notícia do tipo "não vais acreditar!"...
Pois não é que esta manhã morreu o José António Almeida Rodrigues, companheiro de infortúnio do António da Silva Batista?!...
Há coincidências trágicas, estranhas, misteriosas!... O mensageiro desta vez foi o José Manuel Lopes!...
Alguém sabe de mais pormenores ?
18 DE OUTUBRO DE 2011
Guiné 63/74 - P8920: Banco do Afecto contra a Solidão (15): O caso do José António Almeida Rodrigues, ex-prisioneiro de guerra (entre Junho de de 1971 e Março de 1974): uma história de coragem e de abandono (José Manuel Lopes)
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2011/10/guine-6374-p8920-banco-do-afecto-contra.html
Também o José António Almeida Rodrigues pertenceu ao meu batalhão desta vez da companhia 3489 Cancolim.
Fugiu da prisão indo ter ao Saltinho já o batalhão 3872 se preparava para regressar a casa
A vida dele foi dura que esteja em paz finalmente.
Á família enlutada apresento sentidas condolências! Paz á sua alma.
Sousa de Castro
À família sentidas condolências.
Paz à sua alma
Benito Neves
À família do camarada António Baptista envio os meus sentidos pêsames. Sentei-me algumas vezes com ele na mesa grande da Tabanca de Matosinhos, como nunca estive próximo dele nunca falei com ele sobre a desgraçada aventura da sua vida. Outros me contaram alguma coisa e porque ele estaria cansado de falar nela a pedido de uns e outros nunca tive coragem de me dirigir a ele para lhe falar sobre isso. Hoje tenho pena de nunca ter trocado algumas impressões com ele.
Paz à tua alma camarada.
Francisco Baptista
Há um erro na legenda da foto tirada no cemitério.À direita,não é a minha filha,é a filha do Ferreira e da Cidália.
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