terça-feira, 28 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P18021: Manuscrito(s) (Luís Graça) (130): Lisboa com suas casas, de Álvaro de Campos / Fernando Pessoa













Lisboa, vista do nº 1 da Travessa do Ferragial, 13 de novembro de 2017. O edifício é o da famosa "Cantina das Freiras", da ACISJF - Associação Católica Internacional ao Serviço da Juventude Feminina.  É um dos sítios mágicos de Lisboa, com um "self-service" no último andar, com uma vista sublime sobre Lisboa e o Tejo, enquanto se almoça por meia dúzia de euros!,,, Nos primórdios, há 40 anos atrás, era uma espaço exclusivamente reservado a raparigas que trabalhavam na zona e vinham aqui aquecer a comida da sua lancheira num 
pequeno fogão a gás.  Hoje, a "cantina das freiras", como é carinhosamente conhecido,  é um serviço aberto a toda a população, incluindo turistas...  De 2ª a 6ª feira, das 12h00 às 15h00. É uma das últimas "cantinas sociais" de Lisboa: ir lá almoçar é também "ser solidário" e ajudar a missão da ACISJF. A comida, caseira, é uma delícia. E há bastante mesas, dentro e fora (terraço).

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Lisboa com suas casas

Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores ...
À força de diferente, isto é monótono,
Como à força de sentir, fico só a pensar.

Se, de noite, deitado mas desperto,
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.
À força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.
Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores.

Álvaro de Campos [1934]


In: Fernando Pessoa: Poesia de Álvaro de Campos
Edição de Teresa Rita Lopes
Assírio & Alvim,

Lisboa, 2002
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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17964: Manuscritos(s) (Luís Graça) (129): o deus-sol ou... quem disse que uma imagem vale mil palavras ?...

1 comentário:

Anónimo disse...

Velhos?

"Têm todos,como eu,o futuro no passado"

Ab. do F.Pessoa e do J.Belo.