segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P18020: (Ex)citações (327): MiG russos e pilotos do PAIGC: mitos e realidades (José Matos / C. Martins / Cherno Baldé / Luís Graça)


O MiG 17, de origem russa, que felizmente ninguém viu na Guiné, durante a guerra colonial...

Fonte: Cortesia de Wikipedia  (Foto: copyleft).


Seleção de comentários ao poste P18006 (*)


1. Tabanca Grande / Luís Graça
O mítico e saudoso comandanet Pombo, de seu nome compleeto
José Luís Pomo Rodrigues (1934-2017).
Foto de Álvaro Basto (2008)


A notícia do "Daily Telegraph", de 2 de agosto de 1973, da autoria do correspondente em Lisboa, o jornalista Bruce Loudon (, segundo a qual a guerrilha estava "apenas a seis meses de atingir uma capacidade de ataque aéreo com caças MiG russos”) nunca a vi confirmada...

Pergunta-se: (i) onde é que estavam esses 40 guerrilheiros do PAIGC a receber cursos de pilotagem na Rússia?; (ii)  quem foram eles?; (iii) como se chamavam?; (iv) como é que foram (se é que foram...) aproveitados depois da independência?; (v) por que é que o Luís Cabral foi buscar um camarada nosso, o nosso saudoso José Luís Pombo Rodrigues (1934-2017), para pilotar o seu "jacto" presidencial, o Falcon, oferta dos suecos (salvo erro...)?

Recorde-se o que ele nos confidenciou tempos antes de morrer:

(...) "O comandante Pombo privou com os dois, o Luís Cabral e o 'Nino' Vieira. Dos dois era inclusive 'amigo'. Ao ‘Nino’ Vieira tratava-o mesmo por tu. E o Pombo continuou a ser o comandante Pombo, depois da independência da Guiné-Bissau. Terá havido um acordo entre as novas autoridades de Bissau e o governo português para que ele ficasse na Guiné... O PAIGC não tinha pilotos (muito menos MiG ou outros aviões). O comandante Pombo pilotava o pequeno Falcon que fora oferecido ao Luís Cabral, já não sei por quem. Este gostava muito dele, cmdt Pombo, e sempre que viajava com ele trazia-lhe uma garrafa de... champagne." (...)

O Luís Cabral, se tivesse os tais 40 pilotos, acabados de treinar pelos russos, não precisava de nenhum "tuga" para pilotar o seu Falcon!... A menos que não tivesse confiança nenhuma na competência deles e dos seus instrutores russos...

2. Caria Martins:

Vários mitos sobre os MiG:

(i) o PAIGC não tinha dinheiro para comprar e manter os ditos;

(ii)  a URSS não iria vender porque iria internacionalizar o conflito (não esquecer que a Guiné estava sob administração portuguesa, reconhecida pela ONU);

(iii) o  Sekou Touré não iria permitir que o PAIGC os tivesse, se não confiava no seu próprio exército muito menos confiava no PAIGC;

(iv) não era verdade que o PAIGC tivesse alguém a ter instrução para piloto.

(v) onde ficaria a base aérea para operarem?

3. Cherno Baldé:

Tudo isso que vocês dizem é pura verdade: que o PAIGC não tinha dinheiro para comprar e manter os ditos MiG; que a URSS não os iria vender porque iria internacionalizar o conflito, etc.

Mas, "n'empêche que",

(i) o PAIGC já tinha armas anti-aéreas das mais modernas (Strela) que limitavam seriamente as actividades operacionais dos aviões no CTIG;

(ii) tinham conseguido colocar todas as guarnições (quartéis) situadas ao longo das duas fronteiras em situação de perigo permanente e de quase estado de sítio;

(iii) no campo diplomático, tinham conseguido colocar Portugal numa situação insustentável e de permanente pressão internacional...

E, ainda vocês conseguem manter essa atitude de eterno menosprezo pelas suas capacidades de acção e de adaptação as diferentes situações.

Sobre a operação "Mar-Verde", Amílcar Cabral escreveu na sua mensagem de novo ano de 1971, sobre as causas do falhanço da operação:

(...) Primeiro, devido à pronta resposta do povo irmão da Guiné e das suas forças armadas";  (...)  "mas, também, é preciso descobrir, no próprio seio da mentalidade portuguesa, a causa interna, que motivou a sua ventura e, consequentemente a sua derrota. Ela reside, profundamente, no desprezo secular que sempre manifestaram pelo Homem africano. Esse desprezo, que se traduziu eloquentemente na célebre frase de Salazar - "a África não existe".

(...) Como é de vosso conhecimento, também eu (bem como toda a minha comunidade que se aliou e apostou em Portugal) perdi (perdemos) aquela guerra e não adianta questionar se militar ou politicamente. Desde os meus 14/15 anos que jurei a mim mesmo que, custasse o que custasse, nunca faria parte do PAIGC. Detestei-o pelo que fez e pelo que representava na sua essência.

4. José Matos:

Sobre os pilotos guineenses é óbvio que a preparação deles acabaria por ser semelhante aos da Guiné-Conacri, ou seja, sabiam levantar e aterrar o MiG, pouco mais que isso. Portanto, nunca seriam grande ameaça para as forças portuguesas. Nem se sabe se teriam depois MiG para pilotar, portanto, tudo isso foi inflacionado…

Quando se deu a independência os que estavam na URSS devem ter voltado sem acabar o curso de MiG e portanto não tinham qualquer competência para pilotar um Falcon. Não admira que tenham contratado o Pombo Rodrigues…

Meu caro Cherno, a questão dos pilotos guineenses e mesmo outros africanos, nada tem a ver com ser africano. O problema tem a ver com a formação de pilotagem que era dada a estes candidatos a piloto na URSS e depois com a própria capacidade para sustentar as aeronaves. O caso que conheço bem era o da Guiné-Conacri que era uma desgraça e que eu faço referência neste artigo:
https://www.revistamilitar.pt/artigo/1017 (***)

Portanto, o problema era a curta formação que tinham na URSS que fazia com que as aptidões de pilotagem e a experiência de voo fossem muito baixas e não permitissem tirar grande rendimento das aeronaves. (**)

Além disso, os próprios MiG estavam muitas vezes inoperacionais por deficiências de manutenção e falta de capacidade em sustentar a frota, o que piorava ainda mais as qualificações dos poucos pilotos para pilotar os aviões. Portanto, não vejo que fosse muito viável o PAIGC ter uma força aérea operacional na Guiné-Conacri e acho que toda essa questão foi inflacionada na época como estratégia de propaganda…(***)
____________

Notas do editor:


(*) Vd. poste de 23 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18006 José Matos: As negociações secretas do acordo dos Açores em 1974: o caso da central nuclear. "Revista Militar", nºs 2581/2582, fevereiro / março 2017

(**) Último poste da série > 29 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17913: (Ex)citações (326): CCAÇ 17, uma companhia da "nova força africana", baseada em pessoal manjaco


15 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15114: Inquérito online: num total de 86 votos apurados, mais de metade (53,5%) diz que que no seu tempo "já se falava da existência de aviões inimigos nos céus [do CTIG]"... Mário Gaspar, ex-fur mil, da CART 1659, garante que viu 3 MiG no cruzamento de Gadamael/Guileje, no final da comissão, em meados de 1968... Ao Jorge Canhão (3ª C/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) mostraram-lhe, na secretaria, fotos de MiG 15 e MiG 17 para comparar com os nossos Fiat G-91

11 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15103: FAP (89): Op Mar Verde: e se os MiG, que existiam de facto, mesmo que pouco operacionais, tivessem sido localizados e destruídos ? (José Matos)

10 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15100: FAP (88): A propósito da Op Mar Verde, dos MiG e do artigo do José Matos: Labé ainda hoje não tem uma pista capaz de receber MiG, se eles existiam mesmo só podiam estar em Conacri...Será que a malta foi mesmo ao aeroporto ? (António Martins de Matos, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74)

9 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15092: FAP (87): a ameaça dos MiG na guerra da Guiné (José Matos, Revista Militar, nº 2559, abril de 2015) - IV (e última) parte

24 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Bom dia, meu amigo e irmãozinho Cherno:

Obrigado pelo teu comentário ao poste do José Matos... Como sabes, o nosso blogue é "plural", no sentido de, na nossa comunidade de amigos e camaradas da Guiné, existirem e coexistirem diferentes sensibilidades, versões, opiniões e abordagens dos acontecimentos de que fomos atores, tu, eu, os portugueses, os guineenses, os cabo-verdianios, etc. E mesmo, entre nós, antigos combatentes, há grandes diferenças de "narrativas" e de interpretação dos factos...

Agora, o que todos nós prezamos, a cima de tudo, é a verdade, o rigor, a liberdade e a tolerância em relação às opiniões de cada um...

A frase que tu citas do Amílcar Cabral, dizendo que Salazar dizia que "a África não existe", tem que ser contextualizada... Não sou nem nunca fui salazarista (, nem sequer andei na Mocidade Portuguesa!), mas acho que o líder do Estado Novo nunca disse: "A África não existe"... O que já li é diferente: Salazar terá dito (e eu não sei onde quem quando...): "A África não existe sme os europeus"...

Estamos de acordo: era uma tentativa de legitimar, historicamente,o colonialismo europeu, a pretexto de uma pretensa "missãoa civilizadora"... E tu, enquanto africano, e eu como europeu, refejeitamos liminarmente essa ideia... A África já existia muito antes dos árabes e dos europeus lá chegarem, e foi o "berço da humanidade", ou pelo menos do "homo sapiens sapiens" de que todos descendemos... E teve grandes civilizações pré-coloniais, tal como no "Novo Mundo" (as Américas)...

Um bom dia para ti, para a Guiné, para a África, para todos nós!... Luís Graça

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Regozijo-me por voltar a ler, no nosso blogue, um comentário do meu/nosso velho amigo e camarada C. Martins... Ele tem 22 referências no nosso blogue:

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/C.%20Martins

Por razões de deontologia profissional (, o C. Martins é médico), ele nunca quis integrar a nossa Tabanca Grande. Decisão que eu lamento mas que respeito. É que ele foi uma testemunha privilegiada dos últimos dois anos da guerra na Guiné, na qualidade de comandante do 23º Pelotão de Artilharia em Gadamael... E, de resto, conhece bem a Guiné-Bissau do tempo do Luís Cabral onde viveu como cooperante...

Temo-nos encontrado, felizmente, em Monte Real nos últimos anos, nos encontros nacionais da Tabanca Grande, mas também noutros encontros... É um bom amigo e camarada para quem desejo o melhor do mundo e da vida. LG

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Desde quando é que o PAIGC pagava o armamento e munições que utilizava?
Porque é o uso de MIG soviéticos ou chineses ou de outro país qualquer internacionalizaria o conflito? Não era do domínio público a origem de todo o material que o PAIGC utilizava?
E isto nunca "internacionalizou o conflito".
Por mim nunca me passou pela cabeça que o PAIGC fizesse um ataque aéreo minimamente sofisticado a qualquer posição do Exército.
Já disse que falei com o falecido TC Pil. Av. Almeida e Brito sobre esta matéria. Ela era de outra opinião, pois previa a possibilidade de um ataque levado a cabo por um avião minimamente evoluído, para o tempo.
Eu previa uma coisa mais modesta, mais ao nível da "nossa realidade".
Pensava que teríamos um ataque aéreo levado a cabo por um ou dois pilotos muito internacionalistas (cubanos ou outros) a bordo de um ou dois aviões daqueles que até voam (adquiridos e não comprados num depósito de material obsoleto da URSS ou da Guerra da Coreia) e que largariam as bombas em qualquer lugar. Até podia ser em Bissau.
Depois piravam-se e iam dar vivas ao internacionalismo "plintrário".
Também podia ser um ataque com um avião a largar bombas à mão e pela porta das traseiras. Havia aviões que o permitiam.
Claro que o grande perigo era que o ataque se efectivasse a uma pequena guarnição de fronteira, por exemplo.
Nunca admiti que o PAIGC dispusesse de força aérea, mas que utilizasse um franchisig gratuito qualquer que conseguisse obter.

Um Ab.
António J. P. Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

No dia 26 de novembro, pro volta das 8h45, a CART 2715 e a CCAÇ 12, na antiga estrada da Ponta do Inglês, apanharam uma violentíssima emboscada em L... A seção que ia na frente foi massacrada com RPG, chineses, e Kalash russas. As forças do PAIGC, enquadradas por cuabanos, returam com apoio de canhões s/r 75 e morteiros 82, de fabrico russo...Nós tivemos 6 mortos e 9 feridos graves... Akgumas semanas o jovemn capitão, QP, da CART 2715, de 24 anos, era evacuado praa o HM 241, em Bissau, e depis para o hospital militar principal, com problemas do foro psiquiátrico...

A guerra da Guiné logio desde o início que estava "internacionalizada"...LG

António J. P. Costa disse...

Por isso ék eu acho piada àquela do "internacionalizar".
São uns patuskos!
Deixós poizar!

Olha, um Ab. e durmam bem.

António J. P. Costa

Anónimo disse...

Confesso que gosto de ser "picado".
Então aí vai..
Para o auditório em geral e para o camarada A.J.P.Costa em particular ..O paigc comprava o material de guerra..que pagou com língua de palmo após a independência.
Quanto há "internacionalização" o próprio regime não considerava que estivéssemos em guerra mas sim um mero controle policial contra "insurrectos terroristas" e coiso e tal.
Se o paigc utilizasse os mig só o poderia fazer do Senegal ou Guiné-conakry..certo
Apesar de se saber que o paigc e os outros movimentos de libertação nos diferentes TOS utilizavam os países vizinhos como base de apoio era considerado internacionalmente um assunto interno de Portugal.
A partir do momento que os ditos migs fossem utilizados seria natural que o regime português invocasse uma agressão externa de outro País para com território Português.
Sabendo que Portugal pertencia à NATO ..é só especular.

Caro L. Graça agradeço as tuas palavras mas quero fazer uma pequena rectificação..não era o 23.º mas sim o 15.º pelart que ficou com a designação do que estava em Guilege, e não era o comandante ..ou melhor era e não era...ahahahhhhh, já tive a oportunidade de te explicar pessoalmente..mas já não te recordas.
Quanto à minha cooperação na Guiné foi em 98 durante a guerra civil.

Um grande alfa bravo

C.Martins

Anónimo disse...

PS
já agora só mais uma questão

Apesar de se saber que a operação "mar verde" foi feita pelas N.T porque é que a Guiné-conakry não declarou guerra a Portugal.
A URSS após a operação "mar verde" implementou uma base naval em Conakry com vários navios de guerra o que levou a uma forte contestação dos U.S.A. e com a ameaça de que fariam o mesmo num País da costa ocidental de ÁFRICA
A URSS acabou por retirar os navios.

C.Martins

Tabanca Grande Luís Graça disse...

C. Martins. porra! sempre te apresentei no blogue como o cmdt do 23º Pel Art!...


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/C.%20Martins


Do 15º Pel Art, era o Luís Paiva, que estava em Guileje em 22 de maio de 1973... E há mais camaradas...

Já me devias ter puxado as orelhas há mais tempo, mas eu sei que és "muito reservado" a falar de ti e da tua "passagem" pelo inferno da Guiné...

Ainda não perdi a esperança de te ver entrar pela "porta principal da Tabanca Grande... Entras e sais pela porta pequena, eu gostaria que fosse pela porta grande...

Um abraço, do Luís.

Anónimo disse...

PS
Informo o auditório que as granadas do obus 14 utilizadas em Gadamael eram made in U.S.A.

Segundo se dizia não podíamos utilizar material NATO ...SERIA ?

C.Martins

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A hipocrisia internacional sempre foi mais do que muita... As guerras locais e regionais são feitas para "alimentar" a indústria de guerra... dos EUA à França, da Rússia a Israel... Sempre foi assim, espero que um dia consigamos dizer: "Stop the war!!... (Confesso que não sou otimista de profissão...).

Tabanca Grande Luís Graça disse...

C. Martins:

Sê gentil, deixa.me aí, em meia dúzia de linhas o teu CV militar...Boa noite, LG

Anónimo disse...

Caro Luís

O L.Paiva é de Lamego e julgo que vive lá
Há muito tempo que não sei nada dele.
Quero continuar assim "meio incógnito".
A minha passagem pela guiné foi apenas um pesadelo na minha vida.

ab

C.Martins

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas
Acho o máximo aquela do PAIGC pagar, provavelmente "em género" as armas que utilizou, depois do fim da guerra. Olha se a guerra não tem acabado tão cedo, o livro dos fiados era muito maior.
Especular? Em História não disso. Foi como foi.
As granadas de artilharia que utilizávamos eram os restos da II GM (8,8; 11,4 e 14 cm). Claro que poderiam ter sido fabricadas nos EU ou na GB. Para o fim já havia apenas duas Sec. 8,8 em Mansabá e as granadas iam acabando.
Os 10,5 cm, como dizia o meu professor era material tricolor: munições com dísticos americanos fabricadas em Portugal, tubo francês e reparo alemão. Era ukavia!
Lembram-se dos acidentes com munições 11,4?
Isto não tem nada a ver com a indústria (internacional) de armamento.
Era um desenrascanço à portuguesa.
Quanto aos MIG penso que um ataque aéreo pé-descalço seria uma opção. Nem o PAIGC, nas as NT assumiram o ataque e o desastre que isso podia significar. Mesmo que o quartel não fosse atingido, o que era muito possível...
Um ataque aéreo a um destacamento a nível Gr Comb ou mesmo de companhia, perto da fronteira podia ser sempre disfarçado com uma "explosão no paiol ou no depósito da gasolina"...
E depois lá vinha o rigoroso inquérito do costume. Agora a malta ficava um bocado desmoralizada.
Mas isto é especular.
Agora ponham os capacetes porque o AGA vai atacar. Os MIG são a sua praia, como dizia... Espero que seja de pé-descalço como os médicos chineses...

Um Ab.
António J. P. Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Deixemo-nos de "autoflagelarmo-nos" ou de "vitimizarmo-nos", por sermos "pocos, pero locos", como sempre disseram de nós os "nuestros hermanos" da orgulhosa e imperial Castilla...

Passámos o séc. XIX a "chorar" a perda do Brasil e depois o séc. XX a construir e a perder um império colonial de opereta...

Foram-se os anéis e ainda temos as mãos, agora para "teclar"... A "voz", essa, também se foi, nem o "fado" nem o "cante", agora do mundo, são nossos... É a nossa sina: acrescentar mundo ao mundo...

Agora, não me parece que temos de ser, coletivamente (!) e para todo o sempre (!), responsáveis pela "merda" do mundo (África incluída): o esclavagismo, o colonialismo, o racismo, a guerra colonial, a decolonização, "oa amnhãs que cantam, o neocolonialismo, o pós-colonialismo, o comunism,o, o capitalismo, a gçlobaçlização, a cleptocracia angolana, a Guiné-estado-falhado. etc...

Tirem-me deste filme!... LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Livro que acaba de sair, de leitura obrigatória:

Contra o Vento
de Valentim Alexandre

ISBN: 9789896444570

Edição ou reimpressão: 10-2017

Editor: Temas e Debates

Idioma: Português

Dimensões: 147 x 233 x 50 mm

Encadernação: Capa mole

Páginas: 840

Tipo de Produto: Livro

Classificação Temática: Livros em Português > História > História de Portugal


https://www.wook.pt/livro/contra-o-vento-valentim-alexandre/19596103

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valentim Alexandre é um investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

Tem publicado trabalhos nas áreas da história colonial e das relações externas portuguesas, nomeadamente os livros: Os Sentidos do Império (Porto, Afrontamento, 1993); O Império Africano, 1825-1890 (coordenador com Jill Dias), (Lisboa, Editorial Estampa, 1998); Velho Brasil, Novas Áfricas - Portugal e o Império, 1808-1975 (Porto, Afrontamento, 2000); e O Roubo das Almas - Salazar, a Igreja e os Totalitarismos 1830-1839 (Lisboa, Dom Quixote, 2006).

Colaborou também extensamente no volume IV da História da Expansão Portuguesa, dirigida por Francisco Bettencourt e Kirti Chaudhuri (Lisboa, 1998). Tem em curso de redacção o livro Salazar e os Ventos da História - A Resistência à Descolonização (1941-1968).

https://www.wook.pt/autor/valentim-alexandre/17028

Antº Rosinha disse...

Salazar e os Ventos da História - A Resistência à Descolonização (1941-1968).
Logo que encontres este título avisa sem falta, onde encontrar, com este título cheira-me que vou lá.

Ando a ler tudinho que possa destruir as ideias de Salazar, a ver se consigo tornar-me anti-salazarista como as outras pessoas.

Talvez este dê um empurrão, porque até aqui...nada me convence.

antonio graça de abreu disse...

O António Graça de Abreu não atacou. Os Migs caíram de velhos, nem para sucata servem.
Abraço do António Graça de Abreu, amante da paz.

Manuel Luís Lomba disse...

Ao voltar a Bissau, em princípios da década de 80 do século passado, havia a 3 MiG´s pretos parqueados na placa do aeroporto, que como cenário formado por 1 Dakota e mais 4 ou 5 T6 e DO´s da Cruz de Cristo, e um grande letreiro "PRESAS AO INIMIGO". Um 4.º MiG teria ficado destruído nn aterragem na estrada de Nhacra, paralela à pista de Bissalanca, atribtuída a confusão do piloto - indício de prova de que não seria bissau-guineense, talvez argelino, dos que Sekou Touré havia despedido, por "má condução" dos sues MiG´s.
Soube pelo blogue que o Estado-Maior mandara para os aquartelamentos panfletos com MiG´s e instruções quanto a seus eventuais ataques. Desconfio. No meu tempo, o furriéis só tinham acesso ao conhecimento do armamento do IN, nas operações em que eram comandantes de pelotão. Golpe psicológico, consciente, adventício e prenunciador do abandono da Guiné?
O PAIGC pagava o armamento e munições? Pelas conversas que tive na altura, fiquei com a ideia que, salvo os Strella, o armamento e o primeiro lote de munições pesadas eram oferta; as reposições eram pagas em moeda convertível. Como? A Suécia não ajudava em armamento, mas, na sua "inocEncia", ajudava com muitas coroas. A primeira ajuda foi de um milhão das ditas,s. e. & o.em 1968. Quantos milhões de $ (ou rublos) valiam, à altura?
Abr
Manuel Luís Lomba

António J. P. Costa disse...

Oh Camarada Luís

Não me "autoflagelo" ou "vitimizo", por nada nomeadamente pela participação na guerra colonial para "protecção da população preta. branca e mestiça cujo o único crime era querer continuar a viver em paz à sombra da bandeira verde-rubra" e contra o "comunismo internacional".

Esta de "chorar" a perda do Brasil causa-me dúvidas, mas se tu o dizes...
Construir e perder um império colonial de opereta, foi o que se pôde fazer mas também não diz respeito.

Ah ganda vaidoso! Atão a acrescentar mundo ao mundo... hein!
E eu que saiba que andaste a fazer isso! Nem a rénar! Óvistes?

Também a mim não me parece que temos de ser, coletcivamente (!) (nem individualmente) e para todo o sempre (!), responsáveis pela "merda" do mundo (África incluída): o esclavagismo, o colonialismo, o racismo, a guerra colonial, a descolonização, "os amanhãs que cantam, o neocolonialismo, o pós-colonialismo, o comunismo, o capitalismo, a globalização, a cleptocracia angolana, a Guiné-estado-falhado. etc...
Ukéu tenho a ver ka aquilo?
Era o que faltava!... Mais um bocadinho ainda tinha que andar com o mundo às costas! **da-se!
Já o disse aqui várias vezes ao analisar o que se passa Guiné e nos outros PALOP, que não tenho nada a ver com aquilo.

Isto não quer dizer que eu não analise o passado e tente saber e divulgar como as coisas se passaram.
Tenho pena se o tema é um pouco restritivo ou restrito, mas é assim mesmo e ser for bem debatido chegamos a conclusões curiosas.
Agora esta da guerra paga, da internacionalização e as outras... sinceramente é revolução de mais para a minha cabeça.
A cena dos aviões que o Luís Lomba conta faz parte de outra coisa que já me chateia também: o revolucionarismo saloio das autoridades da Guiné.

Um Ab.
António J. P. Costa

Valdemar Silva disse...

Antº. Rosinha como empurrão, também podes visionar o dito com uma foto do Mussolini numa moldura em cima da sua secretária. Deve ser dos anos 30.

Valdemar Queiroz

Antonio Rosinha disse...

Valdemar, se o Botas tinha uma fotografia do Mussulini na secretária, devia ser quando ainda era novo, não pensava.

Porque a postura de um e a postura do outro pela vida fora não se assemelham em nada.

Aquele era um exibicionista e galvanizou os italianos, o homenzinho de Santa Comba escondia-se e os portugueses estávamos sempre chateados com ele.

Muitos de nós com imensa razão, outros de nós, porque tínha (mos) mimo a mais, outros, muitos aliás, embirrava(mos) com o homem, por simples desporto.

Quem era das aldeias tinha(mos) inveja dos citadinos, que eram da Mocidade Portuguesa que tinham lindas fardas e lindas botas para desfilar, e os outros assistiam descalços e cheios de frio.

Pois imagina que foram esses vaidosos calçados que mais se puseram em bicos de pé e mais brilharam nas televisões e rádios e jornais e nos quartéis, no 26 de Abril.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tínhamos o escudo protetor da NATO, em plena guerra fria ?... Russos e americanos tinham feito um novo tratado de Tordesilhas, e a divisão do mundo em duas metades ou dois blocos parecia ser "respeitada"... Claro que Cuba foi um "pedra no sapato" dos americanos e, por causa, tivemos à beira de uma guerra nuclear...

Pela investigação de arquivo que se vai fazendo, percebe-se que os velhos aliados do regime de Salazar-Caetano estão cada vez mais atados de pés e mãos, não podendo socorrer o "amigo português", nomeadamente fornecendo-lhe os aviões e os mísseis anti-aéreos indispensáveis para a escalada da guerra... O "amigo português" era uma cadáver incómodo... Mas, pelo tratado de Tordesilhas, Guiné, Angola e Moçambique, não pertenciam à metade "vermelha" do mundo...

O que mostra a investigação de homens, intelectualmente honestos e metodologicamente bem preparados, como o Valentim Alexandre (um "rapaz do meu tempo do ISCTE"...), é o inexorável isolamento internacional de Portugal e a esquisofrénica luta da nossa dilomacia para ir negociando apoios pontuais, inconsistente, errática, sem visão estratégica de futura (Africa do Sul, Rodésia, Israel, França, Alemanha...).

É verdade que fomos lutando "contra o vento", contra ventos e marés...

António J. P. Costa disse...

Pois é Camaradas

Esta coisa dos MIG kera p'ra ter havido, mas não haveu, levanta outras questões.
Sempre as mesmas.
É que afinal "aquilo não tava na maula" antes pelo contrário. Nem nunca lá poderia ir parar, por mais que se fizesse.
Estávamos como o bêbedo que se enfrasca substancialmente todos os dias. Está em n.º 1 para a cirrose, só não se sabe quando é que ela vem.
É facto de que aquilo ia cair e nunca revertia. Quando? Não se sabia, mas estávamos em n.º 1 para um drama de todo o tamanho.
Não creio que os bem preparados cheguem a outras conclusões diferentes daquelas a que já chegámos.
É bom que eles as "validem" e "certifiquem".
Assim temos o carimbo de autenticidade científico.
É kisto com o selo da garantia de quem lê os papéis, mas não esteve é melhor do que as opiniões de quem às vezes parece parte interessada.
É bom que os científicos provem e divulguem o "ânus de boi" em que estávamos metidos, mesmo sem MIG e sem ataque aéreo pé-descalço e mais com sentanio com a noça rialidade...

Um Ab.
António J. P. Costa