Queridos amigos,
Traziam-se sonhos e quimeras, havia a previsão de subir ou descer a Serra do Caldeirão, ir mesmo a Sevilha, anteviam-se opulentos banhos de mar, nem tudo correu de feição. As praias, sem exceção, pareciam lagos de algas, o calor não abrandava, optou-se por deambular pela bela Tavira, sempre com bons resultados, igrejas não faltam. Se o leitor for a tempo, vá ao Palácio da Galeria ver o Artur Pastor, Vila Real de Santo António está sempre convidativa, Tavira e esta Vila Real estão recheadas de belo património.
Foram só itinerâncias, e como a viagem nunca acaba escreveu-se num caderno o muito que há a fazer no próximo regresso a estes lugares admiráveis.
Um abraço do
Mário
Itinerâncias pelo Sotavento Algarvio (2)
Beja Santos
Ir a Tavira e não visitar o seu Museu Municipal é como ir a Roma e não ver o Papa. O edifício é muito belo e capricha por apresentar com regularidade exposições de estalo. De março a novembro de 2019 quem ali acorre tem para se deleitar uma exposição ímpar “Artur Pastor e os Mundos do Sul”. Grande fotógrafo entre os maiores, iniciou a sua atividade na fotografia em Tavira, aos 23 anos, quando prestava serviço militar, captando imagens das almadravas da pesca do atum. Como fotógrafo do Ministério da Agricultura, legou à cultura portuguesa um corpo de imagens único. Nesta exposição, o visitante pode deleitar-se com fotografias que vão desde a agricultura às atividades artesanais. É imperdível. Para quem gosta da arte fotográfica ao mais alto nível, vale a pena adquirir o catálogo.
Tavira não é só um lugar de igrejas, capelas, ermidas, a sua arquitetura civil é de nomeada e quem deambula entre a Igreja da Misericórdia, a Igreja de S. José do Hospital, ou a Capela de S. Sebastião, por exemplo, tem fachadas, portadas, muralhas do tempo islâmico e medieval, uma aprazível biblioteca municipal, pontes e até o Mercado da Ribeira, tudo é digno de visita.
O viandante pulou de contente frente à Igreja-matriz de Santiago, a sobriedade da fachada principal com o medalhão de Santiago Mata Mouros é deveras impressionante.
Igreja e antigo Convento de São Francisco.
Há os recantos pejados de história, há os poços rituais fenícios e a muralha fenícia, o Núcleo Museológico Islâmico, as ruas que nos levam ao castelo, as portas góticas do centro histórico, vai-se por uma rua por onde formigam turistas em pleno shopping e escancara-se uma capela, dá pelo nome de Nossa Senhora da Conceição, o viandante rende-se perante o altar-mor e a pintura lateral, um Cristo a caminho do calvário.
Capela de Nossa Senhora da Conceição.
Foram curtas férias, houve aquele elegante perturbador que a imprensa noticiou, as praias inundadas de algas, mas tudo se suportou com belos banhos de mar. Está na hora da abalada, é o último jantar nesta varanda de um edifício na Mata do Santo Espírito, recebe-se a graça de um céu afogueado, simula um incêndio colossal a atravessar o Sotavento, é tudo fantasia, ficará como lembrança suprema destes tempos aprazíveis.
Na abalada, foi-se cumprimentar Ayamonte, nada de especial a comentar, mas não se pôde resistir a uma planta bem florida a enrolar-se pela palmeira acima, e na praça, talvez maior, esta azulejaria encantadora. E ruma-se para Lisboa, logo que possível, e com muito fervor, retorna-se à região, pois o Sotavento Algarvio sabe bem, acolhe bem.
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Nota do editor
Último poste da série de 14 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20733: Os nossos seres, saberes e lazeres (381): Itinerâncias pelo Sotavento Algarvio (1) (Mário Beja Santos)
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