Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 > 1969
Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné Portuguesa > Bilhete postal > Pescadora (Papel). Edição: Agência-Geral do Ultramar. s/d. Enviado pelo nosso camarada Beja Santos. Digitalizado por L.G.
Foto (e legenda): © Beja Santos (2006). Todos os direitos reservados, [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
(i) ex-fur mil, 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74), "Os Mais de Nova Sintra", os últimos a ocupar o aquartelamento de Nova Sintra antes da sua transferência para o PAIGC em 17/7/1974;
(ii) membro da Tabanca Grande nº 815, tem 2 dezenas de referências no nosso blogue; vive em Esposende, é professor reformado.
O 3º grupo de combate do 2ª CART / BART 6520, com quartel em Nova Sintra, esteve de serviço de segurança à estrada de Tite -Enxudé e, como habitualmente, os soldados foram transportados em viaturas Berliet, ocupando cada grupo de dois soldados as suas posições ao longo da estrada, ladeada por extensas bolanhas onde abundavam muitos lagostins e camarões, por sinal saborosos.
Num desses dia, um condutor ia buscar o almoço à cozinha de Tite, e na viagem deu boleia, o que era proibido, a uma jovem africana que andava na apanha desse marisco e já tinha um enorme cesto cheio de lagostins.
Aconteceu então algo de inesperado, que poderia ter trágicas consequências. O condutor, com a jovem ao lado, despistou-se com o Unimog e foi tombar na bolanha, tendo-se virado o cesto com os lagostins que rapidamente ficaram no seu “habitat” aquático… O furriel soube do sucedido e, depois de ouvir o condutor, reflectiu sobre a situação e “branqueou” o acidente, não chegando ao conhecimento do capitão, o que, a acontecer, teria consequências, com castigo grave para o soldado. Neste acidente, milagrosamente, não se registaram feridos e foi apenas um grande susto! |
Foi um momento infeliz do condutor que pediu imensa desculpa pelo sucedido, assumindo plenamente a culpa e livrando-se de um processo que traria vários dissabores para o condutor (por sinal, não me recordo presentemente do seu nome…). Prometeu futuramente não transportar mais civis na sua viatura.
O Furriel Barros que se encontrava de serviço com este seu grupo, deu uma “ajudazinha ao condutor” porque a guerra propiciava estas aventuras, por vezes pouco reflectidas, e que eram fruto da irreverência da juventude.
Naturalmente, após estes longos anos afastado da guerra, pude descrever, em liberdade, esta história , com um cunho muito real...
O Barros só teve pena do lagostim que se perdeu nas águas da bolanha mas podem acreditar que, no fundo do cesto, ainda ficaram alguns que tiveram o destino que os leitores estão a pensar…
Tite 1972 Nova | Sintra 1974.
Revisto, Esposende 1 de fevereiro de 2021
Carlos M. de Lima Barros
Ex.fur mil Barros, 2ª C/BART 6520/72 (Nova Sintra, 1972/74)
__________
Nota do editor:
Último poste de 26 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21694: Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra (Carlos Barros, ex-fur mil at art, 2ª C/BART 6520/72, 1972/74) (15): Os pobres pelicanos...
1 comentário:
Carlos, a tua história tem um final feliz...Se houvesse mortos ou feridos, a tua margem de manobra era nula ou muito mais reduzida... Felizmente soubeste resolver, com inteligência, bom senso, responsabilidade... e camaradagem, este "incidente" ou "quase acidente"... Seria acidente se houvesse "baixas"...
Alguns dirão: ah!, o nosso desenrascanço, o nosso nacional-porreirismo, etc. Acidentes com viaturas foram "mato", isto é, houve muitos e alguns graves... É preciso "contextualizar" tudo isto...
Bem, mas gostei da história... E concordas comigo: os lagostins do Geba eram de chorar por mais...
Naquels tempo não havia poluição, nunca tive problemas com as ostras em Bissau, com os lagostins em Bambadinca...O único probkema era a conservação em frio... Por isso é que os guineenses defumavam ou secavam o peixe...
Como se fazia na minha terra há 70 anos, até chegar a electricidade e o frigorífico... Ainda hoje o meu almoço foram grelos, batata raiz-de-cana, e peixe seco (arraia e safio)...
Aproveita, então, o confinamento para escrever mais ums pequenas deliciosas histórias... Ab, Luís
Enviar um comentário