sábado, 6 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21857: Consultório militar do José Martins (59): Loures, o ano de 1961 e seguintes...


Publicamos hoje um trabalho do nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude,1968/70), dedicado a Loures e aos seus Combatentes da Guerra do Ultramar.

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Nota do editor

Último poste da série de 11 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21759: Consultório militar do José Martins (58): O Estatuto e a Insígnia do Antigo Combatente (José Martins / António José Pereira da Costa)

10 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé Martins, há anos que a gente gostaria de poder riscar do calendário da História... !961 foi um deles... Fiz 14 anos em 29 de janeiro de 1961 e já acompanhava, com ansiedade e até angústica, os "acontecimentos" desse "annus horribilis"...

Infelizmente, não o podemos "rasurar"...Foi há 60 anos, ainda nas nossas vidas, não foi há 500 anos... Fizeste bem em lembrar-nos o que aconteceu nesse terrível ano, cá e lá... Como dizes, foi o primeiro ano do resto das nossas vidas... E fizeste bem em recordar os mortos de Loures (incluindo Odivelas, que é agora a tua terra).

Cuida-te. Luís

Anónimo disse...

Correcção:

O inicio oficial da guerra na Guiné terá sido o ataque a TITE em 1973!
O ano terá sido em 1963, um lapso numérico, julgo eu.
Virgilio Teixeira



Carlos Vinhal disse...

Lapso corrigido.
Muito obrigado.
Carlos Vinhal
Coeditor

Anónimo disse...

José Martins:
Consultório histórico:
Cumprimento as excelentes narrativas do início das nossas guerras, até ao fim do Império, da autoria do nosso historiador José Martins:
Estado Português da India:
As hostilidades tiveram início em 1954 com a ocupação de Dadrá e Nagar Aveli, por parte do grupo de insurretos indianos, denominados de ‘Sati Agras’.
Na sequência desta insurreição aumentou de imediato o envio de tropas novas para aquele Estado Português há mais de 500 anos.
Em fins de 1955, antes do natal, o meu próprio pai, militar de carreira, tinha eu 12 anos, partiu no Quanza a caminho da India, onde chegou com a restante tropa e civis, passados cerca de 40 dias. A permanência foi relativamente calma, tendo regressada a casa já em meados de 1958.
Em 1960, não sei precisar o mês, embarcou o meu irmão, também militar de carreira, com apenas 19 anos, do Cais da Rocha de Conde de Óbidos, não sei em que navio, para a India.
Em 18 de Dezembro de 1961, após o início da guerra de Angola, deu-se a invasão do Estado Português da India, com enorme e desproporcional número de militares, na sua maioria os ‘Sikhs’ os barbudos, tendo as nossas tropas resistido em princípio àquela brutal invasão, sem meios para se defenderem como devia ser, pois que, entretanto tinham sido enviadas tropas e material para Angola, desguarnecendo militarmente a India Portuguesa, tendo então o Nehru aproveitado esta falha para o seu golpe fatal.
A ordem de Salazar enviada para o Estado Maior da India, era para ‘resistir até ao último homem’. Felizmente o Bom Senso do Governador Geral, Vassalo e Silva, deu ordens às tropas para a sua rendição incondicional. Claro que nada foi pacifico, havendo histórias contadas pelos próprios protagonistas que se perdem no tempo.
Desconhecia que, apesar de tudo, ainda se saldou em tão elevado número de mortos, feridos e prisioneiros. Este período de quase 6 meses, foi um martírio para os prisioneiros e para as suas famílias que poucas informações recebiam.
Estas são as verdades de quem viveu no terreno esta crise, chamada de ‘o início do Fim do Império’.
Guiné:
Na sequência nas narrações de grande rigor histórico do José Martins, gostaria de acrescentar, que tal como já li em várias citações, incluindo aqui no Blogue, o real início dos conflitos armados do PAIGC contra as nossas tropas e aquartelamentos foi em São Domingos, Susana e Varela – estância turística -, a noroeste da Guiné, encostadas ao Senegal, com flagelações, destruição de pontes e estradas de / e para S. Domingos, isolando esta guarnição do resto do território a norte Sector OB1.
As deslocações, durante muito tempo passaram a ser feitas apenas por via fluvial e aérea.
Situações que eu próprio tomei conhecimento, nos 18 meses passados em S. Domingos – 1968 a 1969 -, e nas minhas deslocações a Susana, Varela até ao Cabo Roxo, num barco Sintex da Engenharia, em missões de reabastecimento.
Espero que sirvam para melhorar a história, único propósito deste meu comentário.
Virgilio Teixeira
Ex – Alf. Mil do SAM (67/69)



João Carlos Abreu dos Santos disse...

O texto, supra publicado neste 'post 21857', de autoria do veterano José da Silva Marcelino Martins, merece-me as seguintes notações:
1.- Qualificar o acto de pirataria marítima em alto-mar, executado pelo DRIL sobre o navio português de passageiros 'Santa Maria', como «uma acção político-militar [...] levada a cabo por um grupo de activistas», trata-se de interpretação extensiva e que não corresponde à apreciação jurídica dos factos;
2.- Dadrá e Nagar-Avely (enclaves interiores do distrito de Damão do Estado da Índia Portuguesa), não foram tomados de assalto no dia 26Jun1954, sim ao longo da noite de 21Jul1954 e madrugada seguinte, tendo sido assassinados o subchefe e um guarda do posto policial de Dadrá;
3.- Em 18-19Nov1961, no decurso da invasão do EIP por forças da UI, não foram foram mortos 31 militares e guardas de polícia, sim 23;
4.- Em 03Ago1959 as mencionadas «50 mortes» não «se verificaram», porquanto se trata de estimativa empolada e como tal desde então propagandeada;
5.- Na sequência do precedente no cais de cabotagem do Pidjiguiti, um pelotão de pára-quedistas, oriundo do contingente do 'Exercício Himba' e em escala aérea Luanda-Lisboa, desembarcou em Bissalanca no dia 10Ago1959 e manteve-se em Bissau até chegada do N/M 'António Carlos' com a "Companhia Expedicionária do BC5" (CCac52);
6.- A 'cegada' irrompida na Baixa do Cassanje a 04Jan1961 não foi «contra o regime», sim contra a administração distrital da Cotonang; e o «exército» nunca lançou qualquer «ataque aéreo»;
7.- O celerado «04Fev1961» não constituiu qualquer «início das hostilidades», tal é - como acima afirmo -, interpretação neo-historicista;
8.- Não é verdade que «No dia 15 de Março [...] partiam de Lisboa, as primeiras tropas metropolitanas [etc]»; pf consulte-se o pdf RHMCA_7-I-2_draft-UTW disponível 'online';
9.- Em 23Jan1963, do citado «ataque perpetrado pelo PAIGC a Tite» não resultaram quaisquer baixas à NT, ocorreu sim uma emboscada em Guinala (itinerário Fulacunda>Buba), que causou a morte de um soldado condutor e ferimentos em cinco militares (da CCS/BCac237);
10.- No que respeita ao teatro-de-operações de Moçambique, as ocorrências mencionadas em várias fontes da "nova história", relativas a «um ataque a Chai [posto administrativo da] província [?!, isto é, distrito] de Cabo Delgado, nos dias 24 e 25 de Setembro de 1964», como tendo sido «data do início da insurreição [sic]», constituem igualmente um atropelo às mais elementares regras de apuramento e divulgação da verdade, factual, isenta de ganga ideológico-doutrinária;
11.- Por último e não menos importante, ao expôr e afirmar, por intermédio de um blogue de acesso público, que «só após as datas acima indicadas, para cada um dos Teatros de Operações, é que são consideradas as baixas em campanha. Até essas datas, os militares que sucumbiram, em campanha, não constam em listagens oficiais», ficamos perante inverdades, afirmações genéricas, gratuitas pois que não consubstanciadas, ademais arredadas de factos consignados em bibliografia oficial.
De tudo, no entanto, releve-se a nobreza de atitude ao enunciar militares portugueses caídos em campanha e locais onde se encontram inumados.

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Pode não ser importante colocar, com precisão, uma régua temporal para o início das hostilidades na Índia, em Angola, Moçambique ou Guiné.
Em relação à Índia, a ocupação de Nagar Aveli e a morte do Aniceto Rosário pode marcar o início das hostilidade. Contudo a questão começa, uns anos antes com a questão do "Padroado das Índias" que marca as dificuldades simplesmente políticas que Portugal tinha em se manter naqueles territórios.
Os movimentos guerrilheiros terão outro entendimento. Em relação à Guiné, sempre ouvi falar de acções da FLING no NE da Guiné ou, já em 1963, num ataque a TITE em que o Exército teve um morto. Sempre tenho ouvido dizer que a guerra em Angola começou em 04FEV61 com o ataque às prisões (à moda cubana). Em Moçambique foi o ataque a Chai, Distrito de Cabo Delgado, nos dias 24 e 25 de Setembro de 1964».
Poderemos balizar aqui o início. E o fim? Qual foi a última acção dos guerrilheiros sobre as NT ou vice-versa?
Não tem valor(?). Mas é uma curiosidade...

Um Ab.
António J. P. Costa

Valdemar Silva disse...

Caro Pereira da Costa
'Qual foi a última acção dos guerrilheiros sobre as NT ou vice versa?'
Terá de haver cuidado com possíveis respostas, até porque 'guerrilheiros sobre as NT' pode não corresponder a uma apreciação jurídica dos factos.

E o Zé Martins, que talvez utilize o corrector do google para a ortografia em uso, deve utilizar o corrector oficial/salazarista dos acontecimentos, não vá ter problemas jurídicos com descrições de forte tendência ideológica/25 de Abril de 1974.
Já chegamos a isto?!?!. É uma chatice, mesmo assim, o nosso blogue estar de portas abertas como uma igreja.

Abracelos e cuidado com o bicho que por aí anda
Valdemar Queiroz

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... a quem interessar, oito publicações em formato pdf (disponíveis 'online' no Portal UTW):
- Sombras_a_Oriente
- Cronica-do-assalto-final
- Goa-Portuguesa_Maio-1962
- Rumores_de_Guerra_1955-1959
- Rumores_de_Guerra_1960
- Rumores_de_Guerra_Cassanje-e-Luanda
- Rumores_de_Guerra_nos_Dembos
- Entregar_ao_IN

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... citando:
- «Amigo ou camarada da Guiné: A tua opinião é muito importante para nós. Escreve aqui, com inteira liberdade e responsabilidade. Tal significa: respeitar as boas regras de convívio que estão em vigor entre nós.»
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Pelos vistos e acontecidos, ao Zé Valdemar nada lhe interessa acrescentar algo que útil a temas expostos nos respectivos 'post', tão somente a notória verrina de comentar comentários; mormente, os de minha lavra; o que, ao fim e ao resto, muito me sensibiliza o tempo que gasta com a minha pessoa; grato por ler.
Cpts
(JCAS)

Anónimo disse...

> corrigenda: onde acima se lê «algo que útil», pf ler «algo de útil».
(JCAS)