1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), enviada hoje mesmo ao nosso Blogue com um texto alusivo ao Dia da Mãe, que neste dia se comemora:
MÃE
Muito sangue já correu a dar vida a meninos, meninas, mulheres e homens, muito sangue se perdeu lavado em águas de lavadouros e ribeiros. Sangue de mães, com lágrimas de dor e de alegria, que dão vida, amor e carinho, (mãe porque partiste, diz a canção).
Uma avó paterna que por índole ou necessidade, (enviuvou cedo) deu uma educação espartana, com pouco carinho aos filhos varões (o meu pai adorava-a).
Uma avó materna, mais severa para o homem do que para os filhos, por causa de alguns excessos. Soube escolher o homem certo, humilde, honrado, trabalhador, com alguns desequilíbrios e desgostos afectivos, aos sete anos, sendo filho único estava órfão de pai e mãe, ela com palavras severas e meigas ajudou-o a fazer um bom marido e um bom pai.
Tantas tias que tive, do lado do meu pai, da minha mãe, das primas da minha mãe que tiveram tantos filhos, alguns morreram pequeninos, outros, a maioria, "vingaram" e criaram-se. A elas, tal como à minha mãe, nunca as ouvi queixar das dores e dos trabalhos que eles davam. Mulheres heróicas, com quatro, oito, dez e doze filhos que choravam pelos "anjinhos" quando morriam mas que passado um ano iam dar o mesmo nome ao outro filho que nascia.
Do amor maternal dessas mulheres mais próximas que conheci não me atrevo a dizer qual era o maior, nem de outras que conheci menos, isso não se pode medir, é um segredo afectivo, é uma reserva de vida, que cada filho guarda.
As mães nunca se esquecem, nunca morrem, estão sempre ao nosso lado para nos apoiarem, estão dentro de nós como nós já estivemos dentro delas.
Obrigado minha mãe
Um beijo grande
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Nota do editor
Último poste da série de 2 DE MAIO DE 2011 > Guiné 63/74 - P8201: As Nossas Mães (15): Carta à Minha Mãe (José Eduardo Oliveira)
4 comentários:
Obrigado Francico Baptista por este extraordinário texto.
Lembro-me, numa reportagem sobre a guerra na Guiné, uma nossa dedicada Enfermeira Paraquedista estar a socorrer um soldado muito ferido e ele dizer: p.f. não digam nada à minha querida mãe.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Muito obrigado Valdemar Queiroz pelo teu elogio simpático!
Numa situação idêntica a que referes pensei que o ex-furriel enfermeiro Antunes, me iria morrer nos braços, atravessado por uma granada de RPG, disparada por acidente (caso único em toda a Guerra do Ultramar). Despediu-se da mãe, com emoção e da namorada, que felizmente viria a ser a sua companheira e mãe dos seus filhos. Somos amigos e contactamos frequentemente.
O meu obrigado ao Carlos Vinhal por ter ilustrado tão bem o meu texto. Lá por termos sido ambos, durante alguns meses da Cart, 2732 e por actualmente sermos vizinhos no Litoral Norte, a cerca de doze quilómetros, não me sobrecarregues com mais esta distinção, pois eu não estou habituado a distinções ou destaques.
Um grande abraço camaradas.
Francisco Baptista
"Caso único da Guerra do Ultramar, foi a granada tê-lo atravessado, não ter explodido, nem lhe ter afectado órgãos vitais" Para melhor entendimento
Francisco Baptista
Não há palavras por mais adjecivadas ao mais alto grau: Que possam rezumir ou classificar casos como este o amor de mãe e filhos.
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