quinta-feira, 6 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22175: 17º aniversário do nosso blogue (5): homenageando todas as "nossas lavadeiras", na pessoa da Amélia de Bissorã (Maria Dulcinea, "Ni", esposa do ex-fur mil Henrique Cerqueira, 3ª C/BCAÇ 4610/72, e CCAÇ 13, Biambe e Bissorã, 1972/74)

 

Guiné > Região do Oio > Bissorã > c. Out 1973 / jun 1974 > A Amélia de Bissorã, "uma senhora muito bem esclarecida, muito divertida e muito bonita".

Foto (e legenda): © Maria Dulcine (NI)  (2011). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Em homenagem às "nossas lavadeiras" e celebrando também o nosso 17º aniversário, voltamos a reproduzir aqui um belíssimo testemunho, já com 10 anos,  da Maria Dulcinea (NI), membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 3 dezenas de referências no noss blogue, e esposa do nosso camarada Henrique Cerqueira (. Esteve com o marido e o filho em Bissorã, de outubro de 1973 a junho de 1974; recorde-se que o Henrique Cerqueira foi fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72, e CCAÇ 13, Biambe e Bissorã, 1972/74] (*)

As nossas lavadeiras: A Amélia de Bissorã

por Maria Dulcinea ("Ni") (**)



Hoje resolvi escrever um pequeno texto em homenagem às “Lavadeiras” da Guiné e muito especialmente à “nossa” Lavadeira,  de seu nome Amélia.

Creio que na generalidade todos os militares na Guiné “tiveram“ ao seu serviço essas valorosas Mulheres que conseguiam um meio de subsistência lavando as roupas dos militares em serviço na Guiné e,  como não fugia à regra, o meu marido tinha a “sua” Lavadeira. 

Quando cheguei a Bissorã e após a nossa instalação de acomodamento aos usos e costumes da nossa “Tabanca”, o Henrique disse-me que iríamos continuar com a Amélia. De pronto foi-me apresentada a “Famosa“ e desde logo se criou uma grande empatia entre nós, pois que a Amélia era uma senhora muito bem esclarecida, muito divertida e, como a foto documenta, era muito bonita.

Na realidade o que eu pretendo é fazer uma singela homenagem a todas as “Amélias” que de uma forma ou de outra acabaram por fazer parte da vivência dos militares que permaneciam longe dos seus familiares, sendo muitas vezes as suas "Lavadeiras"  as suas confidentes e quiçá terem que aturar os devaneios de jovens “desgarrados” e ausentes do convívio de suas mulheres ou namoradas.

Quero ainda salientar o quanto eram importantes aquelas horinhas certas, no final da tarde, quando as “Lavadeiras” com as suas trouxas de roupa lavada percorriam os locais dos militares a entregar as suas roupas e recolhendo outras. Que giro era vê-las em “bandos”, entrando pelo quartel, falando muito alto e rindo,  como se aquele momento também fosse de alegria para elas porque sentiam que o seu trabalho era útil e ajudava à sua subsistência .

Jamais esquecerei a Amélia e alguns momentos de cumplicidade que existiram entre nós, assim como jamais esquecerei tudo o que passei e aprendi com as Mulheres da Guiné. Daí o meu sincero reconhecimento a todas elas.

Fui de certo modo despertada para esta lembrança quando esta semana visitei um menino internado no Hospital de S. João, que é da Guiné, de seu nome Tigná e que, segundo ele, a sua avó é de Bissorã e assim todas as lembranças despertaram.

Não incomodo mais, até porque não tenho muito jeito para a escrita e só escrevi este texto porque fui incentivada pelo Henrique. No entanto se virem que não tem pés nem cabeça podem enviar para o “arquivo”.

Um beijinho para todos os Tertulianos e um especial para as mulheres da Guiné.
NI (Maria Dulcinea Rocha)  (***)

[Revisão / fixação de texto / bold e realce a amarelo, para efeitos de edição deste poste: LG ]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8329: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (11): Como fui parar à Guiné (Maria Dulcinea)

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