terça-feira, 4 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22170: Consultório militar do José Martins (66): Heráldica Militar: Respondendo a dois "enigmas" apresentados pelo Serra Vaz (ex-fur mil inf / op esp, CCAÇ 2335, Angola, 1968/70)



Imagem nº 1


Imagem nº 2


Imagem nº 3

Fotios: Cortesia de Serra Vaz (2021)



1. Mensagem do Serra Vaz, ex Fur Mil Inf / Op Esp CCAÇ 2335, Angola (Madureira, Nambuangongo, Zala, Malange), 1968/70, membro da nossa Tabanca Grande, estudioso da heráldica militar e dos nossos memoriais:

Date: quarta, 21/04/2021 à(s) 11:10
Subject: Pedido de informações


Amigo Luís Graça:


Os meus cumprimentos. Já falámos há algum tempo, e apesar de eu ser um sanzaleiro porque estive em Angola, tu tiveste a amabilidade de me incluir no teu Blogue.

Como eu disse na altura, estudo diversas matérias sobre a nossa guerra passada , sendo uma dessas matérias a HERÁLDICA MILITAR: O estudo de toda a simbologia de todas as Unidades militares mobilizadas para as Campanhas de Africa 61/74.

São milhares de guiões, flâmulas, bandeiras, emblemas, crachás. E também incluo o estudo das divisas; nomes etc, etc.

Assim sendo, venho por este meio expor junto dos meus ilustres camaradas tabanqueiros, dois enigmas na expectativa de que alguém me possa elucidar:

ENIGMA 1; duas primeiras imagens em anexo (Vd,. imagens nºs 1 e 2, acima.)

Em toda a simbologia relativa à Guiné aparece (quase) sempre no canto superior direito aquele pequeno "pau" encimado por uma cabeça de um negro. O que é aquilo? Um amuleto? E que significado tem? Refere-se a alguma etnia em particular?

ENIGMA 2. A terceira imagem: emblema da Companhia de Milícias de Jugudul.... Em cima, no que parece ser uma divisa lê-se: "Ape Cumbainhi". O que quer dizer? E em que dialecto?

Desde já muito grato pela atenção dispensada, me subscrevo com abraço, 

Serra Vaz
ex Fur Mil Inf /  Op Esp  CCAÇ. 2335
Angola (Madureira; Nambuangongo; Zala, Malange) Jan 1968 / Abr70
 
José Martins, ex-Fur Mil Trms,
CCAÇ 5, Gatos Pretos, 
Canjadude, 1968/70)

2. Resposta do nosso colaborador permanente José Martins, com data de 3 de maio, às 22:28:

Viva

De heráldica nada sei. Quanto à Heráldica Militar sei que não obedece a qualquer norma, ou seja, parece que é naïf.

Dos exemplos que foram anexados, existe uma analogia entre todos os Brasões das antigas províncias.

Em baixo, o ondeado significa o mar: à esquerda, tem as quinas nacionais e á direita tem um símbolo diferente para cada uma das províncias.

No da Guiné sempre ouvi tratar-se da "cabeça de um preto", não sabendo qual o simbolismo.

Abraço, Zé Martins

5 comentários:

Valdemar Silva disse...

Serra Vaz, então colccionador de Heráldica e não sabes a simbologia do antigo Brazão da Guiné Portuguesa?
É só consultar os brasões dos antigos territórios portugueses e o da Guiné apresenta:
- .... um ceptro de ouro com cabeça de africano..., alusão ao ceptro utilizado por D. Afonso V, rei de Portugal, à época da exploração a África.
E quanto a "APE CUMBAINHI", muito provavelmente será uma expressão em crioulo da Guiné "EM FRENTE COMPANHIA", mas não sei ao certo.

Abraço e saúde
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar e Zeca Macedo, agradeço as vossas dicas... ESpero que o Serra Vaz nos esteja a ler... O principal interesse dele são os memoriais militares, que lá deixámos, no antigo ultramar português... A heráldica vem por tabela... LG

Anónimo disse...

Caros amigos,

A primeira vez que vi esta figura de boneco "cabeça carapinha" foi nos ombros de um comandante de pelotão de milicias fazendo figura de divisa (galões). O homem também exercia a função de régulo (regente). O Alferes (de segunda linha?) tinha um pau com a "cabeça carapinha" e, salvo erro, o Tenente tinha dois. Na altura, não me pareceu boa ideia e, de mais a mais, para os iniciados na matéria,
era anti-islámico, pois esta religião não admitia figuras humanas. Rapidamente a voz do povo viu ali a cabeça do ilustre Honório Barreto, antigo governador da Guiné, e que tinha uma certa lógica, pois de certeza absoluta que não seria a cabeça do ACabral.

Caro Valdemar, não é Crioulo não, também não é fula nem mandinga. A chave deste enigma deve passar, talvez, por descobrir a composição étnica do tal Pelotão de Jugudul. De resto a tua intuição sobre o signigicado, parece lógica, mas...

Abraços,

Cherno Baldé



Tabanca Grande Luís Graça disse...

Muito bem Cherno, acabas de salvar a honra do comvento, neste caso da Tabanca Grande... Aceitemios, provisoriamente, que o cetro é encimado pela cabeça... do ilustre guineense Honório Barreto... (que tanto quando se sabe nunca perdeu)....


Quanto à ezxpressão "APE CUMBAINHI", não me parece correta a proposta de tradução do Valdemar: "Em Frente, Companhia"... O meu crioulo não chega a tempo... Mas a divisa é apenas a de um pelotão de milícias... Que raio de dialetos se fala em Jugudul ? Balanta ?

Anónimo disse...

Serlipe
7 mai 2021 10:53


Amigo LUÍS GRAÇA

Muito obrigado por toda a informação recebida, que já está a ser tratada. Também agradeço todos os emblemas; crachás, etc que me enviaram. Por acaso já os tinha todos, Inclusive o da tua CCaç 2590, que resultou na africana CCaç 12.

Tenho a mania que viajo muito na net, mas afinal sou um cibernauta “ de trazer por causa”, porque a informação que eu precisava está (quase) toda lá, e ainda não me tinha lembrado disso.

Abraço grande, Serra Vaz