Espinho > 20.º Encontro do Pessoal do HM 241 (Bissau) > 7 de Outubro de 2023 > O António Reis e a esposa, Rosa, na convívio anual do pessoal do HM 241 (Bissau)
Foto (e legenda): © António Reis (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
António Reis, ex-1º cabo aux enf, HM 241 (Bissau, 1966-68)
membro da nossa Tabanca Grande, nº 882.
É natural de Avintes, Vila Nova de Gaia.

Capa do livro de António Reis, "A minha jornada de África",
1ª ed., s/l, Palavras e Rimas, Lda, 2015, 111 pp.
1. Tenho especial carinho pelos nossos camaradas dos serviços de saúde militar, não só alferes milicianos médicos (não conheci os do QP, a não ser mais tarde como professor...), mas também furriéis enfermeiros, 1ºs cabos aux enf, soldados maqueiros, e outros.
Nunca entrei felizmente no HM 241 (devia tê-lo feito, ainda em Bissau, antes de regressar a casa, para visitar camaradas internados, o que nunca se proporcionou).
Também nunca fui, como devia ter ido, ao HMP, à Estrela, depois da "peluda"...Visitar os doentes é uma das 14 obras de misericórdia que um cristão deve cumprir. Mas depois da guerra acabar (?) para mim, ainda houve camaradas que conheceram o calvário do Hospital Militar Principal... Não fui cristão para com eles.
Penitencio-me agora, mais de 50 anos depois, dando-lhes a palavra, não os esquecendo, valorizando o seu papel... O mesmo se passa com as nossas antigas enfermeiras paraquedistas, que pertenciam ao serviço de saúde da Força Aérea. Temos que falar mais deles e delas. porque "nunca tantos deveram tanto a tão poucos e tão poucas"...
O António Reis foi um dos nossos camaradas que passou toda a comissão no HM241. Nunca saiu de Bissau, e se deu um "tiro" de G3 só para dazer o gosto ao dedo e... "perder os três" como combatente; enfim, nunca viu o "mato" mas viu os "horrores do mato" nos corpos e nas almas dos que chegavam, de helicóptero, ao HM241, onde trabalhava por turnos.
Não o conheço pessoalmente, mandou-me há 10 anos atrás dois ou três exemplares da nova edição do seu livrinho de memórias. Tenho que publicar um dia destes a sua pequena grande história de vida. Gosto do seu sentido de humor, da sua bonomia, da sua bondade e da sua...marotice.
Esta cumplicidade entre dois avintenses, o Toinho e o Feiteira é uma grande história, a nº 101 da série "Humor de caserna".
Dar de beber à dor
por António Reis
Fonte: Excertos e adapt. de António Reis - "Em nome do próximo" e "Saudade". In: "A minha jornada de África", 1ª ed., s/l, Palavras e Rimas, Lda, 2015, pp. 45/46 e 49/50.
Observações:
O autor queria muito provavelmente escrever " Coramina" e não "Coromina"...
"La niquetamida es un estimulante que afecta principalmente al ciclo respiratorio. Ampliamente conocido por su antiguo nombre comercial de Coramina, se utilizó a mediados del siglo XX como contramedida médica contra las sobredosis de tranquilizantes" (...). Fonte: Wikipedia.
O medicamento "Coramina®", dos Laboratórios Ciba, era "a marca registrada da substância (C10H14N2O) derivada do ácido nicotínico, indicada como estimulante cardíaco e respiratório". Etimologia: vocábulo composto do latim, "cor + amina". Fonte: Michaelis.
(Seleção, digitalização, título, observações: LG)
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Nota do editor:
Último poste da série > 5 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26460: Humor de caserna (100): A piçada do general: "Ó nosso alferes, qual bicha, qual carapuça!... Saiba que no exército português não há bichas e muito menos de pirilau!"... (disse ele para o ten mil José Belo, sendo o 1º cabo mil Carlos Silvério testemunha)
14 comentários:
João Crisóstomo, Nova Iorque
Definitivamente tenho de arranjar mais tempo para ler estes testemunhos/recordações ou o que lhes quiserem chamar. Para mim comoveu-me a humanidade deles dois homens, um "tentando fugir com o rabo da da porra da seringa" e o outro… que até estava pronto a "espetar-lhe a seringa” e tudo o mais que ele pudesse fazer para o ajudar.
Bem hajam os dois.
João Crisóstomo
Pena de não haver mais histórias dos nossos "desenfiancos"...
Quem, no mato, não fazia uma "escapadinha" até Bissau ? Claro, não era para todos...
Não há ninguém que se confesse? Sessenta anos depois o "crime" prescreveu...
João, nunca te "desenfiaste" ?
Ó Toinho, para um gajo apanhar "uma de caixão à cova" com a famosa "água de Lisboa" (ou melhor do Beato, que fica à beira-Tejo, e onde eram os armazénns de vinho do afamado Abel Pereira da Fonseca) era preciso um garrafão de 5 litros ou até de 10!...
Mas adorei a tua história e a tua cumplicidade na "proteção" de um amigo e conterrâneo, "desenfiado" em Bissau...Espero que o Feiteira ainda esteja na lista dos vivos... Dá-lhe um alfabravo da malta toda que andou por aquelas terras dos irãs...
Ao hospital 241 fui várias vezes era um dos meus passa tempos, pedia boleia e ia visitar falar com camaradas feridos além de lhes dar um pouco de conforto também servia para tomar conhecimento como estava a situação no quase todo o território da Guiné, quando estive em Bissau de Dezembro de 1964 a Maio de 1965. Ao Hospital da Estrela fui em 1966 a umas consultas devido ao paludismo que me acompanhou no meu regresso da guerra na Guiné.
Grande bioxene, quem nunca? Mas essa da “água de Lisboa” não era vinho baptizado com água, mas sim bagaço por se parecer na cor com a água. Valdemar Queiroz
Tenho o António Reis em grande apreço, porque tem a honestidade de nos trazer imagens reais de situações que, se não foram muitos frequentes aconteceram algumas vezes. Fugir do mato, para alívio transitório, foi coisa que também me aconteceu. Quis eu tirar a carta, mas mais queria sair do mato por alguns dias. Então arranjei maneira de reprovar no exame prévio, que era aquela coisa de fazer andar umas rodinhas em sentido contrário uma da outra, fazendo tudo descoordenado. O Alferes aborrecido despachou-me como inapto. E fiquei convencido que poderia mais tarde obter autorização para voltar a Bissau para o mesmo efeito. Não tive essa sorte.
Carvalho de Mampatá
Porque é que o diminuitivo de António haveria de ser Toino ou Tonho, e não Tono? Se ele era de Avintes, no concelho de Gaia, então era mesmo Tono ("Tóno") que era chamado, e nunca Toino ou Tonho. Numa localidade rural, como era o caso de Avintes até recentemente, era assim; se ele fosse da cidade de Gaia ou do Porto, seria chamado Toni.
Fernando, tenho que dar a mão â palmatória. Tu é que és do Norte... Eu só lá vou há 50 anos... E até passo o Natal, a Páscoa e outras festas não longe de Avintes, na Madalena, no mesmo concelho, Vila Nova de Gaia...Não conheço os avintenses, a não ser o António Reis, e só pelo "telelé", o Facebook e o seu livrinho "A minha jornada em África"...
Retiro a minha sugestão: no livrinho dele, ele sempre usa, aplicado a ele próprio, o diminuitivo "Tono"...Nunca o encontrei em parte nenhuma, mas deve fazer parte da lista dos diminuitivos de António... Tenho um amigo (e camarada) Tony, que é que aqui do sul; tenho um cunhado Tó (que é do Marco de Canaveses e vive em Matosinhos)... Toinho eram os gajos da Nazaré (e os saloios da Estremadura) /Náo váds ao mar, Toinho").... Toninho era o senhor professor António de Oliveira Salazar, que usava botas de elástico...Mas também há o Tom, etc.
Perguntar, sugerir, comentar, ter dúvidas, etc., nunca ofende. E muito o nosso amigo e camarada Tono, de Avintes, casado com a Rosa...E, espero bem, ainda por muitos e bons anos. Com um abraço ao Fernando, ao Tono e à Rosa. Luis
Retirei esta observação "(i) Provavelmente a grafia mais correta para o diminuitivo de António, será Toino ou Tonho, e não Tono"...
António Carvalho (by email)
11 fev 2025b12:44
De facto o diminutivo ou redução de António tem muitas versões , uma delas, a de Gondomar e redondezas é Tono. Assim chamavam e chamam por mim familiares e alguns amigos da infância.
Sinto-me confortável quando assim me tratam antigos colegas da primária.
Um grande abraço.
O meu cunhado já falecido eu tratava o por TONE, e o outro meu cunhado chamava lhe de TONHO!
A nossa língua é do car@@ho!
Quando eu tinha um ano e daí por diante até à chamada volta da criança, eu chamava o meu [falecido] irmão, mais velho que eu um ano e sete meses, [290143 - 29 Agosto 41] por simplesmente DADE, e ele era Jorge!
E não sei porquê?
Abraço
Virgílio Teixeira
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